Geografia Espaço e identidade Levon Boligian, Andressa Alves 2 Componente curricular Geografia



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. Acesso em: 18 dez. 2015.
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Contudo, o setor industrial não foi capaz de absorver a demanda de trabalhadores provenientes do campo. De maneira geral, a mão de obra foi absorvida pelo setor terciário da economia e, em sua maior parte, trabalhando de maneira informal. Dessa forma, uma das principais marcas da urbanização nesses países é a forte segregação socioespacial existente, sobretudo, nos grandes centros urbanos.



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André Horta/Fotoarena

Morro do Estado, bairro de Niterói (RJ), 2015.

A urbanização nos países com baixo nível de industrialização

Até o início da década de 1990, dezenas de países da Ásia, da África e da América Latina possuíam grande parte da população fixada no campo. Contudo, nas últimas décadas, um expressivo processo de urbanização, alimentado pelo êxodo rural, tem ocorrido entre essas nações, as quais têm em comum uma economia baseada na exploração de matérias-primas minerais e na produção agrícola voltadas para a exportação e com um baixo nível de industrialização. Como exemplos desse processo, é possível citar o Laos e o Camboja, na Ásia, o Equador e a Bolívia, na América do Sul, e vários países da África. Entre as causas do intenso fluxo migratório campo-cidade nesses países, desencadeado, sobretudo, nas últimas duas décadas, destacam-se:

• a miséria em que vivem os trabalhadores camponeses;

• a concentração de terras agricultáveis nas mãos dos latifundiários e de empresas estrangeiras ligadas ao agronegócio;

• as guerras civis e os conflitos entre grupos étnicos rivais;

• a guerrilha promovida por traficantes de narcóticos e de pedras preciosas.

Entre as consequências desse rápido afluxo de migrantes para as cidades, temos a explosão de áreas com moradias precárias, as chamadas megafavelas, onde faltam até mesmo as mínimas condições de infraestrutura, como o acesso a água potável.

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Olatunji Omirin/AFP

Mulheres e crianças no campo de refugiados Kabalewa, região de Diffa, no Níger. Foto de 2015.
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ESPAÇO E CARTOGRAFIA

A paisagem em texto, fotografia e imagem orbital

O texto que segue destaca algumas particularidades de Kibera, a favela mais populosa da África, em Nairóbi, na capital do Quênia. Leia com atenção.

Em 2001, conflitos étnicos entre núbios e luos, duas das principais tribos do Quênia – ao todo são mais de 40 –, resultaram em milhares de refugiados e centenas de mortos na maior favela da África: Kibera, localizada na capital Nairóbi. Ali, vivem hoje, numa área de aproximadamente um quilômetro quadrado, 800 mil pessoas. Os conflitos de outrora se estabilizaram, mas outros não pararam de emergir. Num país em que cerca de 57% da população sobrevive com menos de um dólar por dia e onde a taxa de desemprego é das maiores, Kibera não deixou de ser um lugar violento. Este, no entanto, não parece ser o principal problema das famílias que ali vivem, amontoadas em casas de pau a pique e telhado de zinco. O dilema desses homens e mulheres, e das crianças que correm pelas estreitas vielas da favela, é saber até quando ficarão ali.

Diferente do que acontece em algumas comunidades no Brasil, em Kibera ninguém detém a posse da terra. Pior: não há nenhuma perspectiva nem programa governamental que aponte no sentido da regularização da ocupação desta grande área próxima ao centro de Nairóbi. Pelo contrário, os diversos programas habitacionais desenvolvidos pelo governo queniano demonstraram, nos últimos anos, incapacidade para enfrentar a realidade local.

O último deles, alardeado pelo governo do presidente Mwai Kibaki, funciona sob a seguinte lógica: empreiteiras, com financiamento do Banco Mundial, compram áreas estatais ao redor de Kibera e ali constroem o que seriam, em teoria, conjuntos habitacionais populares. A população da favela, no entanto, está longe de conseguir pagar as prestações da moradia ofertada, a partir de então, pela iniciativa privada – com direito a toda sorte de especulação imobiliária. Às casas construídas em terreno público só resta serem vendidas para a classe média queniana, que se beneficia daquilo que deveria ser ofertado às famílias extremamente carentes de Kibera – por conta de tais programas, constantemente ameaçadas de despejo. [...]

BARBOSA, Bia. Maior favela da África aposta na juventude e organização popular como saída. Carta maior, São Paulo, 29 jan. 2007. Disponível em: . Acesso em: 11 abr. 2015.

Observe, nesta página, uma fotografia que mostra parte da favela de Kibera, no ano de 2014.

Por fim, analise com atenção a imagem orbital abaixo, que apresenta a localização da favela de Kibera dentro do sítio urbano de Nairóbi.

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Recep Canik/Anadolu Agency/AFP

Comunidade de Kibera, em Nairóbi, Quênia. Foto de 2014.

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Google Earth 2016

Imagem de satélite mostra a comunidade de Kibera (ao centro), em Nairóbi, Quênia. Foto de 2016.

Atividade cartográfica

Resolva os exercícios no caderno.

1. Quais são as características citadas no texto, a respeito de Kibera, que podem ser identificadas na fotografia e na imagem orbital apresentadas?

2. O texto menciona que Kibera possui uma extensão aproximada de um quilômetro quadrado. Como a imagem orbital nos permite ter ideia dessa dimensão? Cite duas maneiras diferentes de se identificar esse aspecto e explique sua opção.

Professor, retome o trabalho com escalas. Se possível, trabalhe em conjunto com o professor de Matemática.


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Competência de área 2: Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

Habilidade 09: Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

De olho no Enem – 2013

Embora haja dados comuns que dão unidade ao fenômeno da urbanização na África, na Ásia e na América Latina, os impactos são distintos em cada continente e mesmo dentro de cada país, ainda que as modernizações se deem com o mesmo conjunto de inovações.

ELIAS, D. Fim do século e urbanização no Brasil. Ciência geográfica, ano IV, n. 11, set./dez. 1988.

O texto aponta para a complexidade da urbanização nos diferentes contextos socioespaciais. Comparando a organização socioeconômica das regiões citadas, a unidade desse fenômeno é perceptível no aspecto:

a. espacial, em função do sistema integrado que envolve as cidades locais e globais.

b. cultural, em função da semelhança histórica e da condição de modernização econômica e política.

c. demográfico, em função da localização das maiores aglomerações urbanas e continuidade do fluxo campo-cidade.

d. territorial, em função da estrutura de organização e planejamento das cidades que atravessam as fronteiras nacionais.

e. econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a cidade e contribui para a fixação do homem ao lugar.

Gabarito: C

Justificativa: Questão de nível de exigência elevado, por demandar a interpretação comparativa dos processos de urbanização ocorridos no mundo periférico. A alternativa a está incorreta, pois a rede urbana dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento caracteriza-se por ser descontínua e desintegrada, ao contrário do proposto no distrator. A alternativa b está incorreta, pois embora haja, de fato, semelhanças entre determinados processos e algumas características comuns, não se pode ignorar a influência das identidades culturais próprias e dos contextos locais, que conferiram aspectos peculiares no processo de urbanização ocorrido nos diferentes espaços mencionados, o que impede tratá-los de forma padronizada. A alternativa d está incorreta, pois no mundo periférico a urbanização acelerada e a falta de planejamento produziram uma desorganização espacial das cidades, opostamente ao que está alegado no distrator. A alternativa e está incorreta por ignorar que a revolução agrícola provocou o deslocamento de milhares de trabalhadores rurais para os espaços urbanos, não havendo, portanto, a alegada fixação do homem ao lugar. A alternativa correta está na letra c, pois a continuidade dos fluxos demográficos do campo para a cidade é uma característica comum ao mundo periférico, e que está diretamente relacionada à tendência de formação de grandes aglomerações urbanas nessas regiões.

Urbanização: fenômeno mundial

Atualmente, cerca de 53% da população mundial, o equivalente a 3,5 bilhões de pessoas, vive em cidades, percentual que deve aumentar ainda mais nas próximas décadas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030, cinco bilhões de pessoas viverão em centros urbanos, o equivalente a 60% da população do planeta, que deverá ser, então, de 8,5 bilhões de habitantes. Observe, no gráfico ao lado, a evolução da população rural e da população urbana mundial no decorrer das últimas décadas e as estimativas para os próximos anos.



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Gráfico: ©DAE

Fonte: FAOSTAT. Disponível em:


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