Geografia Espaço e identidade Levon Boligian, Andressa Alves 2 Componente curricular Geografia



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Dívida externa brasileira

Como vimos, a implantação da infraestrutura necessária ao processo de industrialização do país foi viabilizada por grandes investimentos públicos. Para realizar tais investimentos, o Estado brasileiro contraiu vários empréstimos em bancos e instituições financeiras internacionais, a maioria deles com sede nos países desenvolvidos.

A dívida pública externa não é novidade: no período imperial, no século XIX, o Brasil já devia a bancos ingleses. No século XX, os débitos começaram a crescer na década de 1950, com os empréstimos contraídos para financiar o projeto desenvolvimentista nacional. Contudo, foram os governos militares que contraíram os maiores volumes de empréstimos, com os quais pretendiam sustentar o chamado milagre econômico brasileiro (fenômeno caracterizado pelas altas taxas de crescimento do PIB nacional – cerca de 10% ao ano – durante parte da década de 1970, proporcionadas pelo vertiginoso crescimento da indústria no país).

Acordos foram firmados entre os governos militares, empresas multinacionais e grandes empreiteiras nacionais, criando, dessa forma, a infraestrutura necessária ao alavancamento da economia. Tal fato alçou o Brasil, durante essa década, ao posto de país mais industrializado da América Latina, posição ocupada até hoje. O ritmo intenso impresso ao crescimento econômico foi viabilizado pela injeção, nos setores produtivos, de dinheiro público adquirido por meio de empréstimos internacionais em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird) e o chamado Clube de Paris, grupo formado por várias instituições financeiras internacionais.

Observe o gráfico.

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Gráfico: ©DAE

Fontes: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008. p. 296; THE WORLD BANK. *Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

Atual situação da dívida externa

Os empréstimos internacionais viabilizaram os investimentos estatais em infraestrutura e em fomento à produção, mas nas últimas décadas do século XX o crescimento da dívida externa comprometeu o desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

Grande parte dos recursos públicos obtidos por meio da arrecadação de impostos e dos lucros de empresas estatais, que deveriam ser aplicados nos setores produtivo (por meio da concessão de empréstimos a pequenos e médios empresários e produtores rurais) e social (como os investimentos na melhoria dos serviços de saúde, educação, habitação etc.), foi destinada ao pagamento de parcelas da dívida (acrescidas de juros exorbitantes) aos bancos internacionais.


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A dívida externa brasileira continua sendo uma das maiores do mundo subdesenvolvido, mas desde 2003 está sendo paga regularmente e tem sido resgatada com alguns credores. No ano de 2005, por exemplo, o Brasil saldou sua dívida de aproximadamente US$ 15,5 bilhões com o FMI. Observe no gráfico a situação atual da dívida externa brasileira e de outros países.



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Gráfico: ©DAE

Fonte: THE WORLD BANK. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

Indústria brasileira na atualidade

A partir da década de 1990, o governo federal estabeleceu um intenso processo de privatização de diversas empresas estatais, como Embratel, Vale do Rio Doce e Embraer, abrindo o mercado brasileiro para a entrada de capital internacional.

O objetivo foi atrair investimentos externos, buscar tecnologia de ponta e colocar a indústria nacional em concorrência direta com o mercado global, já que o parque industrial brasileiro se apresentava cada vez mais obsoleto. Nesse sentido, diversas empresas multinacionais passaram a investir maciçamente em nosso território, destacando-se aquelas do setor de mineração, automobilístico, alimentício e de insumos agrícolas, entre outros.



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Mapa: ©DAE/Allmaps

Fontes: Anfavea. Anuário da Indústria Automobilística Brasileira 2015. Disponível em: ; Indústria Automobilística Brasileira 50 anos: 1956-2006. Disponível em: . Acessos em: 6 jan. 2016.

Entre os setores da indústria que mais receberam investimentos estrangeiros está o das montadoras de automóveis. Até a década de 1990, havia 12 plantas de montadoras instaladas no Brasil. Com a abertura do mercado nacional, atualmente há 27 plantas de montadoras em diferentes regiões do país, cuja produção está voltada tanto ao abastecimento interno quanto à exportação.


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Complexos industriais e agroindustriais no Brasil

No decorrer do recente processo de industrialização brasileiro, determinadas características de ordem socioeconômica e natural próprias de cada região colaboraram para o surgimento de centros industriais especializados em certos segmentos da produção fabril. Isso ocorreu não somente no Sudeste, mas também nas demais regiões do país. Vejamos alguns exemplos:

• A proximidade com a área portuária de Santos e com as indústrias da Região Metropolitana de São Paulo fez do município de Cubatão um dos mais importantes polos petroquímicos do Brasil.

• As jazidas de ferro localizadas no Quadrilátero Ferrífero fizeram da região do Vale do Aço, a nordeste de Belo Horizonte, um dos principais centros siderúrgicos do país.

• A implantação de grandes montadoras de automóveis na Região Metropolitana de São Paulo e entorno fez que o segmento industrial de autopeças (pneus, bancos, vidros, amortecedores etc.) também se desenvolvesse nessa área.

• As extensas lavouras de cana-de-açúcar na Zona da Mata nordestina, na região norte fluminense e no interior do estado de São Paulo possibilitaram o desenvolvimento da indústria sucroalcooleira nessas regiões.

Indústria sucroalcooleira: segmento fabril que compreende o processamento da cana-de-açúcar e a fabricação de diversos produtos dela derivados, como o álcool combustível e o açúcar refinado.

• As lavouras de fumo no sul de Santa Catarina e no norte e nordeste do Rio Grande do Sul propiciaram o desenvolvimento da indústria fumageira nessa região do país.

• As criações de gado, aves e suínos nos três estados sulistas permitiram o crescimento de grandes frigoríficos e processadoras de alimentos na Região Sul.

Cada conjunto de indústrias especializadas, situadas em determinada porção do espaço geográfico brasileiro, é chamado complexo industrial ou agroindustrial (especializado no processamento ou no fornecimento de matérias-primas agropecuárias). A formação desses complexos demonstra que, de maneira geral, as indústrias pertencentes a um mesmo segmento fabril instalam-se próximo umas das outras.



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Delfim Martins/Tyba

Foto aérea da Refinaria Presidente Bernardes em Cubatão, São Paulo (SP), 2014

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João Prudente/Pulsar Imagens

Criação de gado das raças charolela e pinzgauer na zona rural Tibagi (PR), 2014.
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Revisitando o capítulo

Resolva os exercícios no caderno.



1. Cite as principais características da população e da economia do Brasil até o início do século XX.

2. Por que o modelo de industrialização adotado pelo Estado a partir da década de 1930 foi, segundo especialistas, baseado na substituição de importações?

3. Como atuou o Estado na economia brasileira durante o chamado período desenvolvimentista?

4. Por que o Estado brasileiro optou por rodovias e hidrelétricas como base da infraestrutura no país?

5. Qual é a origem da atual crise energética pela qual passa o Brasil?

6. Quais foram os fatores que permitiram que o Brasil se tornasse um dos maiores produtores de automóveis do mundo?

7. Busque informações sobre a existência de complexos industriais e/ou agroindustriais no estado em que você vive. Procure saber em que segmentos fabris eles estão enquadrados, o que produzem, quais são as principais matérias-primas que utilizam e em que municípios e regiões do estado estão localizados.

TRABALHANDO COM GÊNEROS TEXTUAIS

Veja a charge.

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Iotti


a. De acordo com os estudos do capítulo, você diria que a fala do personagem está correta? Explique por quê.

b. Qual é a principal origem da dívida externa brasileira?

c. Junte-se a alguns colegas e pesquisem informações recentes sobre a dívida externa brasileira. Procurem saber:

• se o atual governo continua pagando juros e parcelas em dia e qual é o montante da dívida externa;

• que problemas o pagamento da dívida pode causar à economia do país;

• o que é moratória.

ANÁLISE DE GRÁFICO

Observe o gráfico.



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Gráfico: ©DAE

Fonte: BADIE, Bertrand. Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 123.

a. De acordo com o gráfico, como se comportou a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil até a década de 1990?

b. Quais são as mudanças que ocorrem para que houvesse uma disparada nos IED, a partir da década de 1990? Cite duas consequências da entrada de IED para a indústria no país.
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Enem e Vestibulares

Resolva os exercícios no caderno.



1. (Enem – 2014)

A urbanização brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma radical alteração nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram construídos. O bonde foi a primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte coletivo saiu definitivamente dos trilhos.

JANOT, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: . Acesso em: 9 jan. 2014 (adaptado).

A relação entre transportes e urbanização é explicada, no texto, pela

a. retirada dos investimentos estatais aplicados em transporte de massa.

b. demanda por transporte individual ocasionada pela expansão da mancha urbana.

c. presença hegemônica do transporte alternativo localizado nas periferias das cidades.

d. aglomeração do espaço urbano metropolitano impedindo a construção do transporte metroviário.

e. predominância do transporte rodoviário associado à penetração das multinacionais automobilísticas.

2. (Enem – 2015)

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No período de 1964 a 1985, a estratégia do regime militar abordada na charge foi caracterizada pela

a. priorização da segurança nacional.

b. captação de financiamentos estrangeiros.

c. execução de cortes nos gastos públicos.

d. nacionalização de empresas multinacionais.

e. promoção de políticas de distribuição de renda.

3. (UFRGS – 2015) A política para o desenvolvimento do governo Getúlio Vargas, no período do Estado Novo, priorizou

a. a tecnificação da agricultura para exportação.

b. a promoção da indústria de base, a exemplo da siderurgia.

c. a estatização dos meios de comunicação, com o surgimento da Embratel.

d. a produção de bens de consumo, a exemplo da indústria automotiva.

e. a privatização dos setores industriais de base.



4. (Unesp-SP – 2015)

Observado de um ângulo distinto, o desenvolvimento da primeira metade do século XX apresenta-se basicamente como um processo de articulação das distintas regiões do país em um sistema com um mínimo de integração.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil, 2013.

Considerando o processo histórico de desenvolvimento econômico e territorial brasileiro, ao longo da primeira metade do século XX, é correto afirmar que

a. o estabelecimento de redes comerciais protecionistas estimulou a produção cafeeira, a partir deste momento voltada ao sólido mercado consumidor nacional.

b. o fortalecimento do mercado interno reforçou o movimento de substituição das importações, fomentado na região Sudeste pela ação do Estado e do capital estrangeiro.

c. a adoção de superintendências locais financiou a modernização da economia açucareira do litoral nordestino, reinserindo-a no mercado internacional.

d. a implantação de um sistema nacional integrado solidificou os empreendimentos agroindustriais da Região Centro-Oeste, agora protegidos pelo planejamento desenvolvimentista nacional.

e. a articulação regional garantiu o crescimento da exploração aurífera em Minas Gerais, fornecendo subsídios técnicos e amplo mercado consumidor.
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CAPÍTULO 9 MODERNIZAÇÃO DO CAMPO BRASILEIRO

Até o início do século XX, aproximadamente, o campo e as atividades agrárias nele desenvolvidas tinham preponderância, em termos econômicos, no Brasil. Isso porque no país se destacava a produção de recursos primários de origem agrícola, mineral e florestal.

A maioria dos núcleos urbanos tinha apenas função político-administrativa ou de ponto de trocas comerciais e de consumo das mercadorias produzidas no espaço rural. Nesse sentido, pode-se dizer que as cidades tinham papel secundário na organização socioespacial brasileira.

Com o processo de industrialização, iniciado na década de 1930, essa realidade se modificou profundamente. Empreendedores de diversos setores fabris começaram a buscar junto aos produtores rurais o fornecimento de matérias-primas, como grãos, fibras, óleos vegetais, couro, resinas e madeira para as indústrias. Para suprir a crescente demanda industrial, nas décadas seguintes houve a introdução de novos tipos de culturas e de técnicas mais modernas e produtivas.

Na realidade, a chamada modernização do campo fez que os proprietários rurais investissem em maquinários (tratores, semeadeiras, pulverizadores etc.) e insumos (fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes selecionadas, entre outros), produtos que antes precisavam ser importados da Europa, dos Estados Unidos ou do Japão.

A partir da década de 1950, o Estado passou a ser um dos principais responsáveis pelo incremento do setor agroindustrial do país, apoiando a implantação de indústrias nacionais e de várias multinacionais especializadas na produção de equipamentos e de insumos agrícolas, com o objetivo de atender o mercado interno. As atividades praticadas no campo ficaram cada vez mais dependentes dos produtos agroindustriais fabricados nas cidades. Assim, o espaço urbano brasileiro ganhou destaque na produção de riquezas, deixando de ser apenas um espaço de consumo, e pôde se estabelecer uma integração mais efetiva entre o campo e as cidades.



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Coleção Particular

A introdução de maquinário moderno e de novos tipos de insumo causou profundas alterações na forma de produzir no campo brasileiro. Dentre os maquinários, o trator é peça fundamental em uma propriedade agrícola. Com incentivos do governo federal, a primeira fábrica de tratores foi implantada no Brasil em 1960. Na imagem, propaganda dos tratores da marca Valmet, em 1962.
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Crédito rural e commodities

Desde a década de 1960, o Estado passou a orientar diretamente a produção no campo. Para que os produtores rurais pudessem investir na modernização das técnicas utilizadas e na mecanização das propriedades, o governo federal começou a operar de forma mais direta na liberação de linhas de crédito bancário aos proprietários de terras e às cooperativas agrícolas. O chamado crédito rural facilitou a aquisição dos equipamentos e dos insumos necessários.

No entanto, o aumento da dívida externa nas décadas de 1970 e 1980 fez o governo direcionar a liberação de créditos bancários para os produtores rurais que passassem a plantar commodities, gêneros agrícolas de maior valor no mercado externo, como café, trigo, soja e laranja (para a fabricação de suco concentrado).

A meta do Estado passou a ser a produção de grandes safras de gêneros agrícolas para exportação, a fim de conquistar divisas por meio de superávits, ou seja, saldos positivos em sua balança comercial (isso ocorre quando o Estado e as empresas nacionais exportam mais do que importam). Esse excedente financeiro foi utilizado em grande parte para o pagamento dos juros da dívida externa.

Divisa: moeda estrangeira aceita no mercado internacional (sobretudo o dólar estadunidense, o euro e o iene japonês) como forma de pagamento nas transações comerciais (importações e exportações) entre os países.

Veja como evoluiu a produção de algumas commodities e de gêneros alimentares no Brasil entre 1961 e 2013, notando as diferenças na escala da tonelagem de produção entre os gráficos abaixo.



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Gráfico: ©DAE

Fonte: ONU. Food and Agriculture Organization (FAO). Statistics Division. Disponível em:


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