Geografia Espaço e identidade Levon Boligian, Andressa Alves 2 Componente curricular Geografia



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. Acesso em: 16 jan. 2016.
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Por que existe fome?

A pobreza e a fome não estão necessariamente vinculadas aos índices de crescimento natural das populações, como se pensava no passado. Tais flagelos humanos relacionam-se muito mais ao modelo de desenvolvimento agrícola adotado pela maioria dos países, baseado no agronegócio, que visa à produção de matérias-primas para a indústria de alimentos processados, para a produção de biocombustíveis, para a alimentação de rebanhos e para as redes de comércio de alimentos atacadistas e varejistas.

A implantação desse modelo não respeitou as práticas agrícolas de subsistência que já existiam em muitos países há milhares de anos e, ainda, impôs o plantio das culturas que interessavam ao mercado mundial de produtos agrícolas. Isso fez com que muitas comunidades rurais, além de perder suas terras, alterassem suas tradições alimentares.

Calcula-se, por exemplo, que até o início da década de 1960, metade das proteínas ingeridas diariamente pelos camponeses de nações subdesenvolvidas provinha de plantas leguminosas e de tubérculos. A introdução de plantações monocultoras de cereais (com cerca de um terço da quantidade de proteínas) e de produtos alimentares industrializados mudou os hábitos de consumo da população, provocando um quadro de carência alimentar crônica em vários países, sobretudo na Ásia, África e América Latina (leia o texto complementar, a seguir).

Além desses fatores, a ascensão social de parcela significativa da população à classe média, nos chamados países de economia emergente, como China, Índia e Brasil, desencadeou na última década uma alta brutal no preço dos alimentos no mercado internacional, agravando a dificuldade de acesso a alimentos básicos pela população das nações mais pobres. Observe o gráfico.

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Gráfico: ©DAE

Fonte: BARBOSA, Marina Zeferino; BUENO, Carlos Roberto Ferreira. Perspectivas para o mercado mundial de alimentos. In: Análises e Indicadores do Agronegócio, vol. 9, n. 4, abr. 2014. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

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Yi Chang/AFP

Nas últimas décadas, 25% da população chinesa (cerca de 350 milhões de pessoas) ascenderam à classe média, fazendo disparar o consumo de alimentos industrializados. Esse fato colaborou para o encarecimento desses produtos no mercado mundial. Na foto, consumidores chineses em supermercado na cidade de Yichang, província de Hubei, China, em 2015.
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Frango no Solimões



Pesquisa aponta que ribeirinhos comem hoje menos peixe

Substituição de cardápio tradicional expõe população a várias doenças.

A alimentação da população ribeirinha da Amazônia, historicamente baseada no consumo de peixes locais e nos produtos derivados da mandioca, vem sendo substituída por um cardápio com produtos mais industrializados. A mudança dos hábitos alimentares foi revelada por um estudo de pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do seu Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira (Nepecab).

A pesquisa tem o objetivo de determinar o quanto o padrão alimentar da população residente ao longo do rio Solimões está vinculada ao acesso à economia de mercado e ao processo de urbanização. [...]

A pesquisadora Gabriela Bielefeld Nardoto, doutora em Ecologia Aplicada pela USP e professora da Universidade de Brasília (UnB), disse que, de uma forma geral, a transição alimentar no Brasil está ocorrendo no sentido da urbanização do meio rural, isto é, a economia de consumo e a economia de excedente estão sendo substituídas pela economia de mercado, ocasionando, assim, mudanças socioculturais.

“Os principais fatores que contribuem no processo de transição nutricional ao longo do rio Solimões parecem estar relacionados tanto ao aumento do papel-moeda oriundo de diferentes programas sociais que chegam às mãos dos ribeirinhos, mas também têm um componente cultural. Com o acesso à televisão, eles acabam se identificando com os produtos valorizados no meio urbano, como a diversidade de comida processada. Obter e preparar o peixe tende a dar mais trabalho do que o frango, que já chega congelado e pronto para ser consumido. Além disso, na época das cheias dos rios, pode sair mais barato comprar o frango congelado do que pescar”, explicou a pesquisadora.

Ela ressaltou também que as implicações desse novo hábito alimentar levam ao sedentarismo, uma vez que os ribeirinhos não gastam mais energia física para obter o alimento diário. Além disso, há um expressivo aumento no consumo de gorduras, açúcares e sal, por exemplo.

“Essas populações estão tendo acesso a uma maior variedade de produtos industrializados, que muitas vezes se enquadram dentro daqueles de uma alimentação tipo ‘fast food’, nada saudável. O grande desafio está em relacionar educação e a prevenção de doenças relacionadas ao abandono progressivo dos alimentos locais e à adoção de alimentos processados”, enfatizou a pesquisadora. [...]

Rede Diário de Comunicação, Manaus, 13 abr. 2016. Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2016.

Responda


Converse com os colegas: Quais os problemas de saúde que podem acarretar a troca de uma dieta de baixa caloria – como é tradicionalmente a dos ribeirinhos amazônicos, baseada em peixes, mandioca e frutas – por uma baseada em carne de frango e produtos industrializados? Que relação pode ser estabelecida entre esse fato e o problema da desnutrição crônica que afeta povos de várias partes do planeta?
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Um mercado comandado pelas commodities

No atual estágio do capitalismo financeiro-industrial, os grandes investimentos das empresas multinacionais ligadas ao setor agrícola no desenvolvimento de tecnologias aplicadas à produção de insumos (fertilizantes, agrotóxicos, rações, vacinas, sementes selecionadas e geneticamente modificadas etc.), assim como os subsídios financeiros concedidos por bancos estatais e privados aos produtores rurais, são preferencialmente destinados àqueles alimentos e matérias-primas que alcançam maior valor de comercialização no mercado internacional, produtos estes denominados pelos especialistas de commodities.

Entre as commodities de maior destaque estão a soja, o milho, o trigo, o café e o algodão, comercializados em centros financeiros especializados nesses tipos de transação (compra e venda) ou em bolsas de valores, como as de Chicago, Nova York e Londres. Há ainda outras commodities importantes e que são comercializadas semiprocessadas, como o suco concentrado de laranja e a carne bovina e de frango. Por sua vez, culturas alimentares tradicionais, como o arroz, as batatas nativas, a mandioca e o milhete, que são a base da subsistência de boa parte da população mundial, encontram-se à margem desse mercado global de alimentos, como é possível observar por meio dos gráficos abaixo. Fique atento à diferença da escala dos gráficos que mostra a tonelagem da produção.

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Gráfico: ©DAE

Fonte: ONU. Food and Agriculture Organization (FAO). Statistics Division. Disponível em:


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