Guadalcanal a ilha do Terror a série de vitórias japonesas iniciou-se em Pearl Harbor, seguindo-se Guam, Hong-Kong, Filipinas, Cingapura, Indonésia, Rabaul, Bougainville: conquistas retumbantes. Mas então, em Guadalcanal, tudo mudou



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Evacuação

 

A 31 de dezembro de 1942 o imperador concordou com a decisão do Alto-Comando nipônico de evacuar Guadalcanal. O sucesso, na guerra, estava lentamente abandonando os japoneses. Na verdade, a tenaz resistência americana em Guadalcanal muito contribuíra para virar a sorte, demonstrando que os japoneses não eram super-homens e que não possuíam o monopólio do espírito combativo. Muito da reputação militar nipônica havia sido deslustrada na ilha e arredores. O poderio aéreo do Japão esgotara-se contra os aviões e pilotos do "Campo Henderson" e dos porta-aviões da marinha. O exército e a marinha japoneses haviam sido incapazes de integrar com sucesso os seus ataques. Além disso, o Japão não dispunha dos recursos capazes de o equiparar aos Estados Unidos numa guerra prolongada. Suas forças armadas estavam excessivamente espalhadas. A 4 de janeiro de 1943, o QG Imperial emitiu a ordem para que todos os soldados japoneses fossem retirados de Guadalcanal. Salientou-se que se tratava de uma retirada puramente local; a campanha na Nova Guiné prosseguiria.



 

Os comandantes militares japoneses responsáveis pela campanha de Guadalcanal relutavam em interromper a luta ali. O Comandante do 8o Exército foi obrigado a curvar-se aos desejos de Tóquio, assim como o comandante naval mais graduado em Rabaul, Vice-Almirante Jinichi Kusara. A maquinaria necessária à realização da retirada começou a funcionar, embora as tropas que lutavam na ilha não fossem informadas da situação.

 

Tampouco os americanos tinham qualquer idéia de que os japoneses planejavam abandonar Guadalcanal. Cautelosamente, o General Patch continuou esperando até estar certo de que seus efetivos estavam completos. Ele queria ter absoluta certeza de que, quando se pusesse em ação, tudo estaria minuciosamente planejado. Os erros cometidos pelos primeiros fuzileiros navais desembarcados na ilha eram para Patch lições a serem bem dominadas, e lhe foram muito úteis em sua nova missão, como também de grande utilidade lhe foram os quase cinco meses de experiência de Vandegrift e seu Estado-Maior. Por volta do final de 1942, os americanos faziam uma idéia muito boa do que funcionaria e do que não funcionaria contra os japoneses em Guadalcanal.



 

Por exemplo, taticamente, ficara provado que, depois de um desembarque numa cabeça-de-praia, era melhor avançar em colunas cerradas paralelas, numa frente ampla, mas quando se tratava de penetrar a selva, a formação mais adequada era a marcha em coluna de filas. Também se aprendera ser aconselhável parar qualquer avanço no começo da tarde, para dar aos soldados tempo de se entrincheirarem e para um reconhecimento a ser feito ainda à luz do dia, bem como para os observadores de artilharia fazerem suas observações e determinar a distância. Depois de algumas salvas "erradas" desagradáveis, e vez por outra fatais, nos primeiros dias da campanha, os soldados americanos haviam ficado nervosos quanto à justeza do tiro de sua própria artilharia e os observadores avançados costumavam mandar que dessem a primeira rajada bem dentro das linhas japonesas, fazendo diminuir a distância nas rajadas subseqüentes.

 

Aceitava-se que o movimento tinha de ser lento, por pior que isto parecesse. Enquanto os caminhões podiam alcançar velocidades de 30 km/h nas poucas estradas boas, assim que estas ficavam para trás o avanço passava a ser extremamente lento. Os soldados, a pé e em trilhas na selva, podiam fazer 1.500 m numa hora; esta distância era reduzida para 800 m ou mesmo 400 m por hora, quando se abria caminho pela selva a baioneta ou facão. Os jipes podiam abrir caminho pela maioria dos obstáculos e trilhas; mas não havia quantidade suficiente deles, nem de caminhões, especialmente o caminhão de 2 1/2 toneladas, veículos muito úteis graças à tração nas rodas dianteiras, que lhes permitia percorrer quase todos os tipos de terreno. Algumas unidades de artilharia, muito engenhosas, usavam mulas como meio de transporte. Os tanques podiam ser úteis, especialmente na defesa, mas seu uso na selva era limitado; porque era difícil manobrá-los ali. As minas e canhões antitanques japoneses cobravam um tributo muito elevado dos tanques leves americanos usados em Guadalcanal.



 

As comunicações eram sempre um problema; os aparelhos de rádio costumavam desgastar-se no clima úmido, especialmente os usados para comunicação vocal. Sempre que possível, os soldados recorriam à comunicação por fio, embora os telefones nem sempre pudessem ser estendidos até a linha de frente. Durante toda a campanha, a ligação constante do ar para terra sempre foi quase impossível, o que dificultava os ataques cerrados de apoio aéreo.

 

No todo, as armas americanas eram superiores às japonesas, especialmente nos estágios finais da campanha. O fuzil automático MI (Garand) era considerado superior ao M-1903 (Springfield), de repetição, usado originariamente, enquanto que, das metralhadoras de mão, a Thompson calibre .45 era eficiente, mas tinha um som muito parecido com as armas de calibre .25 japonesas e, portanto, só podia ser usada com cautela, na frente de combate, especialmente em ações noturnas. O fuzil-metralhador Browning calibre .30 (BAR) era considerado uma boa arma, e as metralhadoras leves calibre .30, embora pesadas, eram armas defensivas eficazes. Fator considerado de grande importância, por causa do freqüente corpo-a-corpo travado, era o peso da arma. Era possível, por exemplo, transportar-se morteiros de 60 mm, mas os morteiros mais pesados eram um problema.



 

O fogo da artilharia americana também tinha de ser levado em linha de conta, na ilha. Os obuseiros de 105 mm e 155 mm eram excelentes. Os americanos acreditavam muito no trabalho de debilitação das posições inimigas com intenso bombardeio de artilharia antes de mandar a infantaria avançar. Outra tática muito comum consistia em evitar ou deixar de lado quaisquer bolsões de resistência difíceis, isolá-los, e depois voltar para cuidar deles, mais tarde.

 

Portanto, Patch possuía considerável soma de dados nos quais podia basear quaisquer ações futuras. Ele também começou a receber suprimentos e munição adequados para suas forças. Navios auxiliares da marinha começaram a encher a baía em Tulagi. O "Campo Henderson" passou a ser considerado importante base aérea estratégica. À medida que unidades, cansadas de tanto lutar e doentes, eram retiradas, novas tropas chegavam. O 5o de Fuzileiros Navais partiu a 9 de dezembro, seguido pelo 1o e, depois, pelo 7o. A incidência da malária subia em algumas unidades a 75%. Das novas tropas que estavam chegando a Guadalcanal, uma bem-vinda foi a 25a Divisão de Infantaria, do Major-General Lawton Collins, que fora desviada para a ilha quando viajava do Havaí para Sydney. Essa divisão chegou como resultado de uma barganha com MacArthur, que recebeu alguns dos fuzileiros navais de Vandegrift. A troca foi ruim para MacArthur, porque os navais passaram muitos meses sem estarem aptos para combate.



 

Em Guadalcanal também estava o 6o de Fuzileiros Navais, comandado pelo General Gilder Jackson, e unidades da 2a Divisão, elevando aquela divisão praticamente aos seus efetivos totais. Teoricamente, Patch contava com três divisões, totalizando 40.000 homens, mas algumas das suas unidades estavam com seus efetivos incompletos. Porém, seu poderio aéreo era já considerável. O novo comandante da força aérea em Guadalcanal, Brigadeiro-General Francis Mulcahey, administrava um aeródromo já agora utilizável em qualquer tempo e de onde as B-17 tinham condições de realizar missões até Rabaul, podia abrigar bombardeiros bimotores e até mesmo um esquadrão de reconhecimento de longa distância da Lockheed Hudsons, vindo da Nova Zelândia. A força aérea nipônica não era entretanto algo que se pudesse ignorar. Pelo contrário. A 7 de dezembro, por exemplo, eles derrubaram o líder dos bombardeiros de mergulho dos fuzileiros navais, Major Joe Salier, de grande prestígio na força a que pertencia. Em cinco semanas ele voara em 25 missões, combatera o inimigo em 19 ocasiões, lançara suas bombas em 12 delas, com seis impactos certeiros e três quase certeiros. Foi derrubado e morto quando tentava bombardear um destróier japonês.

 

No início de janeiro de 1943, Patch estava mais ou menos satisfeito com a força que tinha sob seu comando. Todas as forças de terra em Guadalcanal haviam sido agrupadas no recém-formado 14o Corpo. Houve certo constrangimento quando se descobriu que o Comandante da 2a Divisão de Fuzileiros Navais, Major-General John Marston, era mais graduado, por antiguidade, que Patch, mas a este último coube o comando de Guadalcanal, de modo que Marston entregou o posto ao seu chefe de Estado-Maior, Brigadeiro-General Alphonse de Carre, e deixou a ilha. O antigo posto de Patch, comandante da Divisão "Americal", foi confiado a Sebree.



 

A 10 de janeiro, Patch decidiu marchar contra Hyakutake, a oeste do Matanikau. O único problema era a resistência que os nipônicos vinham sustentando no Monte Austen, mas Patch decidiu que poderia destacar uma força para cuidar desse incômodo enquanto o ataque principal era feito para oeste.

 

A oeste do Matanikau, embora famintos e quase sem munição, os japoneses estavam colocados, em grande número, entre Ponta da Cruz e Kokumbona. Uma série de pontos fortes havia sido ligada por patrulhas e fuzileiros que protegiam as áreas intermediárias. Às 05:50 h de 10 de janeiro, a artilharia americana abriu fogo contra o flanco das forças japonesas na ilha. Durante 30 minutos os canhões pesados bombardearam as linhas japonesas com 6.000 salvas. Mal cessara o fragor quando doze aviões mergulharam sobre as linhas japonesas, cada um deles lançando uma bomba de 250 kg. Seguiram-se doze SBD, que lançaram cargas de profundidade de 325 libras.



 

Quando o bombardeio terminou, os soldados americanos avançaram. O I Batalhão do 27o de Infantaria avançou para a área conhecida como "Cavalo a Galope". À esquerda do I Batalhão, o III também avançou, encontrando alguma oposição. A seguir, os dois batalhões se entrincheiraram para passar a noite. O mesmo quadro se repetiu na manhã seguinte: os soldados de infantaria avançaram depois de um bombardeio inicial da artilharia. Desta vez, o III Batalhão encontrou dificuldades. Com escassez de água (os suprimentos novos só chegaram ao meio-dia), os homens começaram a desmaiar no calor. O comandante do batalhão, Tenente-Coronel George Brush, mandou que seus homens recuassem. Durante o recuo, os japoneses avançaram com morteiros de 90 mm e mataram vários americanos.

 

Na manhã seguinte, o III Batalhão foi retirado da linha e substituído pelo II, comandado pelo Tenente-Coronel Herbert Mitchell. O batalhão atacou pela encosta sul da área do "Cavalo a Galope"; mas foi retido por certeiro fogo de metralhadora japonês. Foi um dia de confusão mas também de muito heroísmo individual. As duas companhias do II Batalhão, passando sem água a maior parte do dia, sob o fogo constante das metralhadoras leves e pesadas japonesas, tentaram avançar. Depois de algum tempo, o Oficial Executivo (subcomandante) do batalhão, Capitão Charles Davis, conseguiu levar uma patrulha de três homens à frente e localizar os ninhos das metralhadoras antes de voltar.



 

Na manhã seguinte, 13 de janeiro, pouco antes do meio-dia, Davis levou outra patrulha, desta vez com cinco homens. Chegaram a 5 m de distância das metralhadoras japonesas e, observados por centenas de americanos, das saliências adjacentes, atacaram os canhões, pondo-os fora de ação. Vendo isto, o resto do batalhão também avançou e expulsou os japoneses da sua posição no "Cavalo a Galope".

 

Foi durante esta campanha, a oeste do Matanikau, que outra frase passou a fazer parte da história extra-oficial da campanha de Guadalcanal. Ela foi pronunciada pelo Capitão de Fuzileiros Navais Henry Pierson Crown, encarregado de uma companhia de apetrechos, que descobriu meia dúzia de fuzileiros encolhidos dentro da cratera de uma bomba, após um ataque da artilharia japonesa. Pierson olhou com raiva para os fuzileiros e berrou: "Seus desgraçados, não é se escondendo num buraco que vocês ganharão o Coração de Púrpura! Sigam-me!" E conduziu os homens numa carga contra uma posição japonesa (O Purple Heart, criado por George Washington na Guerra da Independência americana, é concedido por ferimentos recebidos em combate).



 

Entrementes, os japoneses ainda defendiam o Monte Austen. Os homens que ali estavam eram comandados pelo Coronel Oka e consistiam de elementos de batalhões do 124o e do 228o Regimentos e do 10o Regimento de Artilharia de Montanha. Encontravam-se entrincheirados em tocas e casamatas, entre duas colinas conhecidas como Cotas 31 e 27. Quinhentos homens ocupavam uma linha, em forma de ferradura, com cerca de 45 pontos fortificados. Cada pequena fortificação consistia de toras enterrados no chão e cobertos de terra e folhagens: Uma ou duas armas automáticas ocupavam cada fortificação, havendo ainda dois ou três fuzileiros em cada uma. Fora das fortificações ficavam metralhadores e fuzileiros de apoio. Embora colocados em posição defensiva bastante forte, talvez a mais forte de Guadalcanal, nessa época, os suprimentos e munições para chegarem até eles tinham de atravessar áreas dominadas pelos sitiantes americanos. A 13 de janeiro um pequeno grupo chegou até Oka, mandado pelo General Hyakutake, trazendo, além de suprimentos, ordens para o general render o "Ponto Forte Gifu" (assim chamado por causa de uma prefeitura no Japão), ordens que parecem ter sido ignoradas, porque os japoneses continuaram lutando. A 17 de janeiro, os americanos transmitiram mensagens por um alto-falante, conclamando os japoneses à rendição, mas também esse pedido foi recusado. Os americanos então se lançaram ao ataque, forçando os japoneses a recuarem para uma área menor, dominando finalmente a última posição.

 

Hyakutake ainda não havia recebido ordens para retirar sua força de Guadalcanal. A 10 de janeiro, no começo do avanço americano para oeste do Matanikau, ele dera ordens para que os arquivos secretos do 7o Exército fossem destruídos e para que preparassem a mudança de seu QG para a área de Tassafaronga. Quatro dias depois desembarcaram alguns reforços, os quais consistiam de uma pequena força de destróieres que haviam passado pela Fenda, sob o comando do Contra-Almirante Koniji Koyanagi, que substituíra Tanaka no Comando da Força de Reforço. Os destróieres foram atacados por sete barcos torpedeiros. Os japoneses danificaram dois dos torpedeiros e conseguiram desembarcar os soldados que haviam trazido, antes de recuarem.



 

A força desembarcada no Cabo Esperança a 14 de janeiro incluía um grupo que não viera ajudar os japoneses. Eram o Tenente-Coronel Kumao Imoto e uma escolta que havia trazido para Hyakutake a decisão do Alto-Comando japonês de abandonar Guadalcanal. Cada homem da expedição trazia um pacote, da 45 quilos, contendo uísque, cigarros, doces e peixe seco para serem distribuídos aos sobreviventes. Durante 18 horas, Imoto e seus homens caminharam vacilantes por entre os cadáveres do 7o Exército e eventualmente chegaram ao posto de comando na foz do Rio Bonegi. Ali o Coronel Imoto entregou sua mensagem e os planos para a retirada ao Coronel Haruo Konuma, o mais graduado oficial do Estado-Maior do 7o Exército. Konuma, deitado numa cama feita de galhos, dentro de uma tenda às escuras, nem sequer tinha os efetivos para o tipo de retirada planejado. Ele sugeriu que os sobreviventes fizessem uma última investida, mesmo que fadada ao fracasso. Imoto não tinha poderes para mudar as ordens que recebera, sendo levado à presença de Hyakutake. O general estava sentado num tapete, numa toca-abrigo que fora cavada para ele sob as raízes de uma grande árvore. Ele aceitou a ordem para retirada e os planos para sua execução traçados por Imoto, juntamente com uma carta pessoal do General Imamura. Quando Imoto acabou de transmitir sua mensagem verbal, Hyakutake, que ouvira de olhos fechados, disse: "O problema é muito grave. Quero pensar nisto calmamente e sozinho durante algum tempo. Por favor, deixem-me a sós até que os chame".

 

Ao meio-dia, Imoto recebeu ordens para voltar à presença do General Hyakutake; este disse-lhe que obedeceria as ordens e providenciaria para que seus soldados deixassem Guadalcanal. Mais tarde Hyakutake convocou uma reunião dos seus oficiais de Estado-Maior e lhes transmitiu a mensagem. Os oficiais queriam fazer uma última investida de morte e glória contra os americanos, mas Hyakutake respondeu que eles tinham de obedecer as determinações do Alto-Comando.



 

O Coronel Konuma recebeu ordens de ir à linha de frente na tarde de 17 de janeiro, para informar ao Major-General Maruyama e ao Major-General Sano da decisão de abandonar Guadalcanal. Somente os oficiais graduados sabiam da decisão. O resto do exército foi informado de que quaisquer movimentos eram apenas para novas posições defensivas. A 15 de janeiro chegou um batalhão vindo de Rabaul e que foi enviado para a linha de frente com os mais fortes dos sobreviventes. O resto dos veteranos foi retirado lentamente. Ao mesmo tempo, Hyakutake e seu Estado-Maior tomavam providências para destruir ou enterrar peças de artilharia, munição e outros suprimentos. Os destróieres desembarcaram mais alimentos, os quais foram armazenados em vários pontos, especialmente em Kukumbona, Tassafaronga, Kamimbo e Cabo Esperança. Os feridos também foram transportados para o Cabo Esperança, onde seriam embarcados nos destróieres.

 

Os japoneses retiraram-se lentamente, seguidos pelos americanos. Por volta de 18 de janeiro, Patch providenciou para que a posição americana, a pouco mais de 800 m a oeste do Matanikau, fosse consolidada. A luta estava quase no fim, embora só terminasse oficialmente em meados de fevereiro, mas os americanos receberiam, antes que ela se extinguisse, um lembrete de que os japoneses seriam sempre perigosos enquanto pudessem lutar. A 19 de fevereiro, Patch decidiu mandar um destacamento de soldados, pela costa, até Verahue, para isolar alguns nipônicos na retirada. A força consistia do II/132o de Infantaria e um pessoal destacado do III Batalhão, bem como pessoal de artilharia, comunicações, médicos e engenheiros. Esta força foi embarcada nos navios em Kukum e desembarcada com êxito em Verahue. Mas, ao voltar dessa escolta, o destróier De Haven foi atacado e posto a pique por violento ataque aéreo japonês, à vista de muitos soldados americanos que estavam na praia.



 

O ataque aéreo era parte de um plano japonês para fazer com que os americanos pensassem que o inimigo estava prestes a lançar outro ataque total contra Guadalcanal e proporcionar um manto protetor para a retirada iminente. A 30 de janeiro, uma força-tarefa japonesa, incluindo dois porta-aviões, dois couraçados e uma dúzia de outras belonaves, deixou Truk, rumando aparentemente para Guadalcanal. Em fins de janeiro, as sentinelas costeiras também comunicaram a presença de grande força naval japonesa em Rabaul e na Shortland.

 

Halsey e Patch chegaram à conclusão de que os nipônicos esperavam que chegassem. Os comandantes americanos julgaram que os japoneses estavam prestes a fazer um esforço espetacular para invadir Guadalcanal e reforçar o 7o Exército. Patch fez voltar algumas das suas forças para proteger o "Campo Henderson", parando o ataque contra os japoneses a oeste do Matanikau. Era exatamente isto que os japoneses vinham esperando. Eles, que se vinham atendo desesperadamente às trilhas costeiras dos arredores do Cabo Esperança, podiam então embarcar nos destróieres da última corrida do "Expresso de Tóquio" vindo de Rabaul. Os americanos não sabiam de nada do que estava acontecendo. Como um comandante japonês disse, mais tarde: "Para mim ainda é um dos milagres da guerra o fato de isto ter permanecido em segredo com tanto sucesso. E se torna mais maravilhoso ainda quando se pensa que o inimigo desfrutava de absoluta supremacia aérea nas vizinhanças de Guadalcanal, naquele momento".



 

Às 21:30 h de 1o de fevereiro, os primeiros 2.316 japoneses, o restante da força do General Sano, outrora de 8.000 homens, entraram nas barcaças ao largo do Cabo Esperança. Antes da meia-noite eles estavam em alguns dos 22 destróieres a serem usados na evacuação e já se afastavam dentro da noite. Três noites depois, foi a vez do que restava da Divisão "Sendai", de Saruyama, partir de Guadalcanal. Na mesma noite, Hyakutake e seu Estado-Maior embarcaram no destróier Hamakaze. Hyakutake saudou laconicamente o capitão do navio e desceu para sua cabina, de onde não saiu enquanto o destróier se afastava de Guadalcanal. A 7 de fevereiro, a retaguarda, sob comando do Coronel Matsuda, cerca de 3.000 homens, partiu de Kamimbo. A tripulação dos destróieres que os estavam recolhendo ficara tão horrorizada quanto os marinheiros dos outros navios, ao verem o estado dos soldados, macilentos, febris, e sofrendo de intensa fadiga de batalha, ferimentos horríveis e desnutrição. Contudo, a evacuação fora um êxito magnífico. Em três noites, a marinha japonesa recolhera e levara entre 11.000 e 12.000 homens.

 

Os americanos descobriram o que acontecera, mas tarde demais. Os japoneses devem ter-se sentido algo consolados, porque, depois de tudo o que haviam sofrido em Guadalcanal, o último grande sucesso tático fora seu. Como o Almirante Nimitz viria a admitir, um tanto pesarosamente, em seu Relatório de Ação, de 17 de abril de 1943: "Até quase o último instante, parecia que os japoneses estavam tentando um grande esforço para obter reforços. Somente a habilidade em manter seus planos disfarçados e a audaz rapidez na sua execução é que permitiram que eles retirassem os remanescentes da guarnição japonesa. Só depois que todas as forças organizadas haviam sido evacuadas, a 8 de fevereiro, é que compreendemos a finalidade das suas disposições aéreas e navais; em outras circunstâncias, com as poderosas forças à nossa disposição em Guadalcanal e nossa poderosa frota no Pacífico Sul, talvez tivéssemos transformado a retirada numa derrota esmagadora".



 

 

Resultados

 

Oficialmente, a luta terrestre em Guadalcanal terminou em meados de fevereiro, embora pequenos grupos de japoneses ainda fossem encontrados muito tempo depois. Na verdade, o último soldado japonês a render-se em Guadalcanal só o fez a 27 de outubro de 1947, quatro anos e meio depois de pacificada a ilha e dois anos depois do fim da guerra. Seus únicos pertences eram uma garrafa d'água, uma baioneta australiana quebrada e uma pá.



 

Guadalcanal continuou sendo uma base aliada até o fim da guerra. O "Campo Henderson" foi usado para incursões de bombardeio de longa distância e como área de onde as forças terrestres partiam para ataques. A guerra nas Salomão só terminou em agosto de 1945. Depois de Guadalcanal, os japoneses tiveram de ser expulsos sucessivamente, das Ilhas Russell, de Choiseul e da Nova Geórgia, nas Salomão Ocidentais.

 

O nome Guadalcanal passou a ser sinônimo de luta desesperada. Durante anos, após o fim das hostilidades, esqueletos de soldados japoneses continuaram sendo descobertos. A ilha se transformou num imenso depósito de munição, e ainda hoje, mais de meio século transcorrido, bombas e munições continuam sendo desmontadas ou tornadas inofensivas. A ilha também permanece famosa pelas muitas histórias de heroísmo e bravura. Entre as forças americanas, as seguintes medalhas foram concedidas: 5 Medalhas de Honra do Congresso; 113 Cruzes Navais; 4 Medalhas de Serviços Distintos; 3 da Ordem de Serviços Distintos (britânicas); 2 Medalhas por Bravura Notável.



 

Reconhece-se igualmente que Guadalcanal foi palco de luta decisiva na guerra no Pacífico. Do lado americano, o General George Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército, disse: "A defesa resoluta dos fuzileiros e a bravura desesperada das nossas forças-tarefa navais marcaram o momento decisivo no Pacífico". Os mesmos sentimentos foram repetidos por vários oficiais japoneses graduados. O Major-General Kawabe, subchefe do Estado-Maior-Geral do Exército, disse: "Quanto ao momento decisivo - quando a ação positiva cessou, ou se tornou negativa - creio que ocorreu em Guadalcanal". O Capitão Ohmae, o tático naval estacionado em Rabaul, concordou: "Depois de Guadalcanal, sabia que não podíamos vencer a guerra. Não pensei em derrota, mas me convenci de que não poderíamos ganhar".

 

A vitória americana na ilha deu-lhe várias vantagens. Os japoneses haviam mostrado que eram falíveis; sua marinha, embora uma força digna de se levar em conta, durante anos não apareceu em formação de combate; os americanos ganharam um trampolim para seus saltos pelo Pacífico; além disso, os japoneses haviam perdido milhares de homens e muito material em Guadalcanal, bem como centenas de aviões e pilotos insubstituíveis. Depois de Guadalcanal, os japoneses não tornaram a avançar. Lutaram tenazmente, mas sempre recuando.



 

Houve outros efeitos secundários, especialmente entre os habitantes das Ilhas Salomão. Durante a guerra, embora não soubessem muito bem o que estava acontecendo, eles mostraram-se fiéis à causa aliada, ajudando-a de muitas maneiras. Os ilhéus tinham até mesmo a sua canção, cantada em inglês arrevesado, a língua franca das Salomão, na qual zombavam dos conquistadores japoneses. A canção se chamava Japani Haha e cada verso terminava com o refrão "Eu rir de você, Japani, Ha-ha". Mas nem todos os resultados da guerra foram divertidos. Habitantes da Salomão foram mortos nos bombardeios, suas casas foram destruídas e suas plantações arruinadas. Mesmo assim, o efeito mais duradouro do conflito talvez seja a visão dos seus senhores britânicos, durante tanto tempo considerados todo-poderosos, fugindo do avanço japonês. Também o fato de que foram os americanos que reconquistaram a ilha, e não os britânicos, foi notado e lembrado. Os americanos mostraram-se generosos e amáveis; o tratamento que dispensaram à gente de cor foi considerado bastante humano. Depois de terminada a guerra, surgiu um culto que afirmava que os americanos voltariam em breve, carregados de presentes para os ilhéus. E quando esses presentes não se tornaram realidade, os ilhéus tornaram-se mal-humorados e obstrutivos. Eventualmente, isto culminou no movimento conhecido como "Regra da Marcha", que teve de ser dominado por uma demonstração de força.

 

Tulagi nunca mais voltou a ser a sede do governo. A administração britânica ocupou o local da base americana em Guadalcanal e fundou a cidade de Honiara; esta é agora a capital das Salomão. Nas aldeias remotas ainda existem lembranças da guerra; a maioria das escolas de aldeia têm uma cápsula de granada que serve de sino; espadas japonesas são utilizadas como ferramentas para cavar; os capacetes são usados como recipientes. Alguns nomes do tempo da guerra ainda permanecem - Praia Vermelha, Ironbottom Sound e outros. São memórias de um tempo distante, em que uma remota ilha do Pacífico Sul se transformou no centro sangrento de violento conflito.



 

 

 



 
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