Gustavo Bernardo educaçÃo pelo argumento colaboração de gisele de carvalho rio de Janeiro – 2000 Copyngh, 2000 by Gustavo Bernardo Direitos desta edição reservados à editora rocco ltda rua Rodrigo Silva, 26 5° andar


André Comte-Sponville. Obra citada, p 264



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164 André Comte-Sponville. Obra citada, p 264

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EDUCAÇÃO PELO ARGUMENTO

amor do ato criador. As religiões que conceberam essa renúncia, essa distância voluntária, esse apagamento voluntário de Deus, sua ausência aparente e sua presença secreta aqui embaixo, essas religiões são a verdadeira religião, a tradução em diferentes línguas da grande Revelação. As religiões que representam a divindade como comandando em toda parte onde tenha o poder de fazê-lo são falsas. Mesmo que monoteístas, são idólatras.165

Há um amor, que contém Eros mas o supera, que se atesta sobretudo por uma força que não se exerce, pelo recuo, pela doçura, pela delicadeza de existir menos. Há um amor potente justo ao recusar toda forma de onipotência, limitando a si mesmo e preferindo se negar a se afirmar, preferindo se retirar a se estender, preferindo até mesmo perder a possuir - ou a controlar. Esse amor refuta o amor platônico, na medida em que pode, na fórmula de Pavese, ”mostrar sua fraqueza sem que o outro se sirva dela para afirmar sua força”.

Esse amor é muito raro. Por isso mesmo, devemos colocálo em nosso horizonte regulador. Por isso mesmo, talvez, possa inspirar não thefiction ofGod, mas uma ficção de mestres e de discípulos que se encontrem aqui, e agora.

»165 Idem, ibidem, p. 294.

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15 À GUISA DE CONCLUSÃO

A primeira parte deste livro propôs uma prática escolar que articulasse todas as disciplinas a partir do ensino de redação e de lógica do discurso, enfocando o desenvolvimento da argumentação.

A segunda parte deu um passo adiante, argumentando a favor de um sistema de avaliação para a escola, inteiramente centrado em textos argumentativos e que transformasse a cola consentida em consulta necessária.

Acreditamos que as partes são coerentes uma em relação à outra. Em ambos os casos, fazemos uma proposta radicalmente interdisciplinar, que pretende justamente envolver todas as disciplinas, optando não pela superficialidade de um ”tema comum”, mas pela construção de um programa de investigação comum - programa este eminentemente ético.

Mas esta é a nossa crença. O leitor, por favor, nos conte a sua.

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