Historia do Espiritismo


A Carreira de Eusapia Palladino



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A Carreira de Eusapia Palladino



A MEDIUNIDADE de Eusapia Palladino marca um estágio importante na história da pesquisa psíquica, porque foi ela a primeira dos médiuns de fenômenos físicos a ser examinada por um grande número de homens de ciência. As principais manifes­tações que ocorreram com ela consistiam no movimento de ob­jetos sem contacto, a levitação de uma mesa e outros objetos, a levitação do médium, o aparecimento de mãos materializadas, de rostos, de luzes, além da execução de músicas em instrumen­tos, mas sem contacto humano.

Todos êsses fenômenos ocorreram, como vimos, muito anteriormente com o médium D. D. Home, mas quando Sir William Crookes convidou seus colegas para que viessem examiná-lo, êles declinaram do convite. Agora, pela primeira vez êsses fatos estranhos eram submetidos a pro­longada investigação por homens de reputação na Europa. Des­necessário é dizer que êsses experimentadores inicialmente eram cépticos no mais alto grau e os chamados testes — freqüente­mente mesquinhas precauções que comprometem o objetivo visa­do — estavam na ordem do dia. Nenhum médium em todo o mundo foi mais duramente examinado do que essa mulher e, desde que foi capaz de convencer a grande maioria dos assis­tentes, é claro que a sua mediunidade não era do tipo comum. Desnecessário dizer que nenhum pesquisador deveria ser admi­tido à sala das sessões sem, pelo menos, um conhecimento ele­mentar das complexidades da mediunidade e das corretas con­dições para a sua manifestação ou sem, por exemplo, uma com­preensão da verdade básica que não é o médium só, mas igual­mente os assistentes, que são fatôres no êxito da experiência. Nem um só homem de ciência em mil reconhece isto; e o fato de ter Eusapia triunfado a despeito dessa tremenda desvantagem, éum eloqüente tributo à sua fôrça.

A carreira mediúnica dessa napolitana humilde e iletrada, de tão grande interêsse e de extrema importância quanto aos resul­tados, ainda oferece outro exemplo da humildade empregada como instrumento para esmagar os sofismas dos sábios. Eusapia nas­ceu a 21 de janeiro de 1854 e morreu em 1918. Sua mediuni­dade começou a manifestar-se quando tinha cêrca de catorze anos. A mãe morrera quando ela nasceu e o pai quando ela estava com doze anos. Em casa de amigos, com quem foi morar, persuadiram-na a que se sentasse à mesa com outras pessoas. No fim de dez minutos a mesa foi levitada, as cadeiras come­çaram a dançar, as cortinas da sala a ser puchadas, os copos e garrafas a se moverem. Cada assistente foi examinado por sua vez, para se descobrir quem era responsável pelos movimentos; no fim constatou-se que Eusapia era o médium. Ela não tomou interêsse nas experiências e só consentiu em fazer novas sessões para agradar aos hóspedes e evitar ser mandada para um con­vento. Só aos vinte e dois ou vinte e três anos é que começou a sua educação espírita e então, de acôrdo com Flammarion, foi dirigida por um ardoroso espírita, Signor Damiam.

Em conexão com êsse período Eusapia relata um incidente interessante. Em Nápoles uma senhora inglêsa que se havia casado com o Senhor Damiani foi aconselhada nossa sessão, por um Espírito que dava o nome de John King, a procurar uma senhora chamada Eusapia, num determinado enderêço. Disse que se tratava de uma poderosa médium, através da qual êle pretendia manifestar-se. A Senhora Damiani foi ao enderêço mar­cado e encontrou Eusapia Palladino, de quem jamais ouvira falar. As duas senhoras fizeram uma sessão e John King controlou a médium, de quem passou, daí em diante, a ser o guia.

Sua primeira apresentação ao mundo científico europeu foi através do Professor Chiaia, de Nápoles, que em 1888 publicou num jornal de Roma uma carta ao Professor Lombroso, dando detalhes de suas experiências e convidando êsse célebre alie­nista a fazer investigações diretas com a médium. Só em 1891 Lombroso aceitou o convite e em fevereiro daquele ano fêz duas sessões com Eusapia, em Nápoles. Converteu-se e escreveu:

Estou cheio de confusão e lamento haver combatido com tanta persisténcia a possibilidade dos fatos chamados espíritas”. Sua conversão levou muitos cientistas importantes da Europa a in­vestigar e daí em diante a Senhora Palladino estêve ocupada durante muitos anos em sessões experimentais.



As sessões de Lombroso em Nápoles em 1891, foram se­guidas pela Comissão de Milão em 1892, que contava com o Professor Schiaparelli, Diretor do Observatório de Milão, o Professor Gerosa, Catedrático de Física, Ermacora, Doutor em Filosofia Natural, Aksakoff, Conselheiro de Estado do Tzar da Rússia, Charles du Prel, Doutor em Filosofia de Munique, e o Professor Charles Richet, da Universidade de Paris. Foram realizadas dezesseis sessões.

Depois veio a investigação em Nápoles, em 1893; em Roma, entre 1893 e 1894; em Varsóvia e na França em 1894 esta última sob a direção do Professor Ri­chet, de Sir Oliver Lodge, de Mr. F. W. H. Myers e do Doutor Ochorowicz; em 1895, em Nápoles; e no mesmo ano na Ingla­terra, em Cambridge, em casa de Mr. F. W. H. Myers, em pre­sença do Professor e de Mrs. Sidgwick, de Sir Oliver Lodge e do Doutor Richard Hodgson. Foram continuadas em 1895, na França, em casa do Coronel de Rochas; em 1896 em Tremezzo, em Auteuil e em Choisy Yvrac; em 1897 em Nápoles, Roma, Pa­ris, Montfort e em Bordéus; em Paris, em novembro de 1898, em presença de uma comissão de cientistas, composta dos senho­res Flammarion, Charles Richet, A. de Rochas, Victorien Sardou, Jules Claretie, Adolphe Bisson, G. Delanne, G. de Fontenay e ou­tros, também em 1901 no Clube Minerva, de Genebra, em pre­sença dos Professores Porro, Morselli, Bozzano, Venzano, Lombroso, Vassalo e outros. Houve muitas outras sessões experimen­tais com homens de ciência, tanto da Europa quanto da Amé­rica.

Em sua carta ao Professor Lombroso, já referida, o Pro­fessor Chiaia fêz uma vívida descrição dos fenômenos que ocor­riam com Eusapia. Convidou-o a observar um caso especial, que considera digno de atenção da mente de Lombroso, e con­tinua:

Refiro-me ao caso de uma mulher inválida, da mais humil­de camada social. Tem cêrca de trinta anos e é muito igno­rante; seu olhar nem é fascinante nem dotado daquele poder que os modernos criminalistas chamam irresistível. Mas quando ela quer, seja dia ou noite, pode divertir um grupo durante uma hora ou mais, com os mais curiosos fenômenos. Tanto amarrada a uma cadeira, quanto segura pelas mãos pelos assistentes, atrai a si móveis e objetos que a cercam, levanta-os, mantendo-os suspensos no ar, como o féretro de Maomé, e fá-los descer nova­mente com um movimento ondulatório, como se obedecessem à sua vontade. Aumenta ou diminui à vontade o seu pêso. Ouvem-se arranhaduras e batidas nas paredes, no teto, no soalho, com muito ritmo e cadência. Em resposta a perguntas dos assisten­tes, algo como jatos de eletricidade emana de seu corpo e a envolve ou aos espectadores dessas cenas maravilhosas. Dese­nha sôbre cartões que os outros seguram, aquilo que se deseja —figuras, assinaturas, números, sentenças — apenas estirando a mão na direção indicada.



Se se colocar num canto da sala uma bacia contendo uma camada fina de cal, no fim de algum tempo aí se encontra a im­pressão de uma pequena ou de uma grande mão, um rosto, de frente ou de perfil, do qual se poderia tirar um molde. As­sim têm sido conservados retratos tirados de vários ângulos e os que desejam podem assim fazer sérios estudos.

Essa mulher ergue-se no ar, sejam quais forem as amarras que a sustenham. Parece librar-se no ar como se sôbre um colchão, contrariando tôdas as leis da gravidade. Toca instru­mentos de música — órgãos, sinos, tamborins — como se êles tivessem sido tocados por suas mãos ou movidos pelo sôpro de invisíveis gnomos... Essa mulher por vêzes aumenta a sua estatura de mais de dez centímetros.”

Como vimos, o Professor Lombroso interessou-se bastante por essa descrição e investigou. O resultado foi que se conver­teu. A Comissão de Milão, que foi a seguinte a experimentar, em 1892, assim diz em seu relatório:

É impossível dizer o número de vêzes que uma mão apa­receu e foi tocada por um de nós. Basta dizer que a dúvida já não era possível. Realmente era uma mão viva que víamos e tocávamos, enquanto, ao mesmo tempo, o busto e os braços do médium estavam visíveis e suas mãos eram seguras pelos que se achavam ao seu lado.”



Muitos fenômenos ocorreram à luz de duas velas ou lâm­padas de óleo e as mesmas ocorrências foram testemunhadas em plena luz, quando o médium estava em transe. O Doutor Ochoro­wicz persuadiu Eusapia a visitar Varsóvia em 1894 e as experiên­cias aí foram feitas em presença de homens e senhoras emi­nentes nos círculos científicos e filosóficos. O relato dessas sessões diz que levitações parciais e completas da mesa e muitos outros fenômenos físicos foram conseguidos. Essas levitações se deram quando os pés do médium eram vistos à luz ou quando eram amarrados e seguros por um assistente ajoelhado debaixo da mesa.

Depois das sessões em casa do Professor Richet, em 1894, na Ilha de Roubaud, fazendo um relatório à Sociedade de Pesquisas da Inglaterra, disse Sir Oliver Lodge:

Conquanto os fatos devam ser explicados, sou forçado a ad­mitir a sua possibilidade.



Em minha mente não há mais lugar para dúvidas. Qualquer pessoa sem invencível preconceito que te­nha tido a mesma experiência terá chegado à mesma larga con­clusão, isto é, que atualmente acontecem coisas consideradas im­possíveis... O resultado de minha experiência é convencer-me de que certos fenômenos geralmente considerados anormais, per­tencem à ordem natural e, como um corolário disto, que êsses fenômenos devem ser investigados e verificados por pessoas e socie­dades interessadas no conhecimento da natureza (1).
1. Journal SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH Volume 6º - Novembro de 1894. páginas 334 e 360.
Na sessão em que Sir Oliver Lodge leu o seu relatório, Sir William Crookes chamou a atenção para a semelhança entre os fenômenos que ocorriam com Eusapia e os que se davam em pre­sença de D. D. Home.

O relatório de Sir Oliver Lodge foi combatido pelo Doutor Ri­chard Hodgson, então ausente nos Estados Unidos, e, como con­seqüência, Eusapia Palladino e o Doutor Hodgson foram convi­dados para uma série de sessões na Inglaterra, em Cambridge, as quais se realizaram em agôsto e setembro de 1895, em casa de Mr. F. W. II. Myers. Essas “Experiências de Cambridge”, como foram chamadas, na sua maioria foram mal sucedidas e alegou-se que a médium foi seguidamente pilhada em fraude. Escreveu-se muito pró e contra, na acesa controvérsia que se seguiu. Basta dizer que observadores competentes recusaram êsse veredicto contra Eusapia, e condenaram formalmente os méto­dos empregados em Cambridge pelo grupo de experimenta­dores.

É interessante lembrar que um repórter americano, por ocasião da visita de Eusapia aos Estados Unidos em 1910, lhe perguntou à queima-roupa se alguma vez havia sido surpreendida em fraude. Eusapia respondeu francamente: “Muitas vêzes di­zem-me que sim. O senhor vê, é assim. Alguns dos que estão à mesa esperam truques; na verdade os desejam.

Eu estou em transe. Nada acontece. Eles ficam impacientes; pensam em truques, e eu — Eu — automàticamente respondo. Mas não é freqüente. Apenas querem que eu os pratique. Eis tudo”. Isso parece uma engenhosa adaptação de uma defesa, que Eusapia ouviu outros fazerem a favor dela. Ao mesmo tempo há nisso, inquestionàvelmente, um elemento de verdade, que é o aspecto psicológico da mediunidade ainda pouco compreendido.

Em relação ao caso podem ainda fazer-se duas observações importantes. Primeiro, como bem indicou o Doutor Hereward Car­rington, várias experiências conduzidas com o fito de repetir os fenômenos por meios fraudulentos resultaram em completo fracasso em quase todos os casos. Em segundo lugar, ao que parece, os assistentes das sessões de Cambridge eram comple­tamente ignorantes da existência e do modo de agir daquilo que pode ser chamado de “alavanca ectoplásmica”, fenômeno obser­vado no caso de Slade e de outros médiuns. Diz Carrington:

Tôdas as objeções de Mrs. Sidgwick podem ser resolvidas se ad­mitirmos, em certas ocasiões, um terceiro braço, que produz êsses fenômenos e que se recolhe ao seu próprio corpo quando êsses se realizaram”. Agora, por mais estranho que pareça, é justamente essa a conclusão a que conduzem abundantes indicações. Já em 1884 Sir Oliver Lodge viu aquilo que descreve como uma apa­rência de membros extra”, em continuação do corpo de Eusapia ou muito junto a êste. Com essa segurança que muitas vêzes a ignorância se permite, o comentário editorial no Jornal da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, no qual foi publicado o relato de Sir Oliver, diz: “É absolutamente necessário observar que a continuidade dos membros do “Espírito” com o corpo do médium é, prima facie, uma circunstância altamente sugestiva de fraude”.



Mas, posteriores cientistas investigadores confirmam ampla­mente a suposição de Sir Oliver Lodge. Declara o Professor Botazzi:

De outra feita, mais tarde, a mesma mão se colocou sôbre o meu antebraço direito, sem fazer pressão. Nessa ocasião não só levei a mão esquerda para o lugar, como olhei, de modo que podia ver e sentir ao mesmo tempo: e vi uma mão humana, de côr natural, e com os meus dedos senti os dedos e as costas de uma mão tépida nervosa e áspera. A mão se dissolveu — eu vi com os próprios olhos — retraindo-se como se para dentro do corpo da senhora Palladino, descrevendo uma curva. Confesso que tive dúvidas se a mão esquerda da senhora Palladino se tinha libertado da minha direita, para alcançar o meu ante braço, mas no mesmo instante fui capaz de provar a mim mesmo que essa dúvida não tinha fundamento, porque nossas duas mãos permaneciam em contacto, como de costume. Se todos os fenômenos observados nessas sete sessões desaparecessem da minha memória, eu jamais esqueceria êste.”



Em 1907 o Professor Galeotti viu aquilo a que chamou o duplo do braço esquerdo do médium. E exclamou: “Olhem! eu vejo dois braços esquerdos, de idêntica aparência! Um está sôbre a mesinha e é tocado pelo senhor Bottazzi e o outro parece que sai de seu ombro — para se aproximar dela, tocá-la e voltar a fundir-se novamente em seu corpo. Isto não é uma alucinação”. Numa sessão em julho de 1905, em casa do senhor Berisso, quando as mãos de Eusapia eram inteiramente controladas e visíveis a todos, o Doutor Venzano e outros presentes “viram dis­tintamente uma mão e um antebraço, coberto por uma manga escura que saia da frente e da parte superior do ombro direito da médium”. Um testemunho muito semelhante poderia ser dado.

Como contribuição para o estudo das complexidades da mediunidade, principalmente de Eusapia, o caso seguinte merece séria atenção. Numa sessão com o Professor Morselli, Eusapia tinha sido apanhada libertando-se da mão do professor e tentando apanhar uma cameta que se achava sõbre a mesa. Foi obstada de o fazer. Então, diz o relatório:

Neste momento, quando certamente mais rigoroso era o contrôle, a cameta foi erguida da mesa e desapareceu dentro da cabine, passando entre a médium e o Doutor Morselli. Evidentemente a médium tinha tentado fazer com a mão o que a seguir fêz mediunicamente. Um esfôrço tão fútil e tão inútil para fraudar é inexplicável. Não há dúvidas a respeito; desta vez a médium não tocou, nem podia tocar na cameta; e, mes­mo que a tivesse alcançado, não a teria levado para a cabine, que fica às suas costas.”



Deve ser lembrado que o canto da sala tinha uma cortina, que formava a chamada cabine, isto é, um recinto fechado para reunir fôrça, e que Eusapia, ao contrário dos outros médiuns, sentava-se do lado de fora, a cêrca de trinta centímetros, ficando a cortina as suas costas.

Em 1895, a Sociedade de Pesquisas Psíquicas tinha deci­dido que todos os fenômenos de Eusapia eram fraudulentos e não queria mais contacto com ela. Mas no continente europeu grupo após grupo de cientistas investigadores, tomando as mais rigorosas precauções, atestaram os dons de Eusapia. Então em 1908 a Sociedade de Pesquisas Psíquicas decidiu examinar a médium mais uma vez. Nomeou três de seus cépticos mais capa­citados. Um dêles, Mr. W. W. Baggally, membro do Conselho, tinha investigado os fenômenos psíquicos por mais de trinta e cinco anos e, durante êsse tempo — com exceção, talvez, de uns poucos incidentes numa sessão com Eusapia, poucos anos antes — jamais havia testemunhado um único fenômeno físico legítimo. “Em tôdas as suas investigações sempre tinha verifi­cado fraudes e nada mais que fraudes”. Ainda mais, era um hábil ilusionista. Mr. Everard Fielding, secretário honorário da Sociedade, tinha feito investigações por alguns anos, mas “du­rante todo êsse tempo jamais tinha visto um fenômeno físico que lhe parecesse conclusivamente provado” a não ser, talvez, um caso em sessão com Eusapia. O Doutor Hereward Carrington, o ter­ceiro nomeado, conquanto tivesse assistido a inúmeras sessões, po­dia dizer que até assistir a uma sessão com Eusapia, “jamais tinha visto uma única manifestação de ordem física que pudesse consi­derar autêntica”.

À primeira vista êsse registro dos três investigadores parece esmagador para o que pensavam os Espíritas. Mas nas investigações de Eusapia Palladino êsse trio de cépticos teve o seu Waterloo. A história completa de sua longa e paciente pesquisa desse mé­dium em Nápoles encontra-se no livro do Doutor Hereward Car­rington “Eusapia Palladino and Her Phenomena” (1909) (2).
2. Eusapia Palladino e os seus Fenômenos (1909). — N. do T.
Como prova da cuidadosa investigação dos cientistas do con­tinente, devemos lembrar que o Professor Morselli observou nada menos que trinta e nove tipos diversos de fenômenos que se passavam com Eusapia Palladino.

Os incidentes que se seguem devem ser lembrados porque bem podem ser classificados sob o título de “Provas malucas”. De uma sessão em Roma, em 1894, em presença do Professor Ri­chet, do Doutor Schrenck Notzing, do Professor Lombroso e de outros, o relatório diz o seguinte:

Esperando obter o movimento de um objeto sem contacto, colocamos um pedacinho de papel dobrado em forma de “A” sob um copo em cima de um disco de papelão fino... Nada se tendo verificado, não quisemos fatigar a médium e deixamos as coisas em cima de uma grande mesa. Então tomamos os nos­sos lugares em redor da mesinha, depois de havermos fechado cuidadosamente tôdas as portas, cujas chaves pedimos aos con­vidados que guardassem nos bolsos, para que não nos acusas­sem de não havermos tomado tôdas as precauções.



A luz foi apagada. Logo ouvimos soar o copo sôbre a nossa mesa e, tendo acendido uma luz, encontramo-lo em nosso meio e na mesma posição, emborcado e cobrindo o pedacinho de papel. Só que o papelão estava faltando. Em vão o procura­mos. Terminada a sessão conduzi os convidados mais uma vez para a antecâmara. O Senhor Richet foi o primeiro a abrir a porta, bem aferrolhada por dentro. Qual não foi a sua surprêsa quan­do percebeu, perto da soleira da porta e do outro lado, na caixa da escada, o disco que tanto procuráramos! Apanhou-o e todos reconheceram o papelão que fôra pôsto debaixo do copo.”

Uma forte prova digna de registro é a de que o Senhor de Fon­tenay fotografou várias mãos que apareciam sôbre a cabeça de Eusapia e numa das fotografias as mãos da médium aparecem bem seguras pelos investigadores. Essas fotografias são repro­duzidas nos “Annais of Psychical Science”, de abril de 1908, página 181 e seguintes.

Na sexta e última sessão dessa série em Gênova, com o Professor Morselli, em 1906 e 1907, foi obtida uma prova decisiva. A médium estava amarrada no divã com uma larga faixa, como as camisas de fôrça usadas nos asilos. Morselli, com a expe­riência de um alienista, realizou a operação e ainda amarrou-lhe os punhos e os tornozelos. Depois foi acêsa uma lâmpada ver­melha de dez velas. A mesa, que estava livre de qualquer con­tacto, movia-se de vez em quando, foram vistas pequenas luzes e uma mão. Num dado momento, abriu-se uma cortina em frente à cabine, deixando ver a médium estirada e bem amarrada. Diz o relatório: “Os fenômenos eram inexplicáveis, de vez que, dada a sua posição, qualquer movimento era impossível.

Em conclusão, aqui estão os relatos de dois casos, entre muitos, de materializações convincentes. O primeiro é descrito pelo Doutor Joseph Venzano, nos “Annais of Psychical Science”, volume 6º, página 164, de setembro de 1907. Havia a luz de uma vela, que permitia se visse a figura da médium:

A despeito da pouca luz, eu podia ver distintamente a Se­nhora Palladino e meus companheiros. De súbito, percebi que detrás de mim havia uma forma, bastante alta, que estava incli­nando a cabeça sôbre o meu ombro esquerdo e soluçando violen­tamente, tanto que os presentes ouviam os soluços: beijava-me repetídas vêzes. Percebi claramente os traços fisionómicos, que me tocavam o rosto e senti os seus cabelos finos e abun­dantes em contacto com a minha face esquerda, de modo que eu tinha certeza que era uma mulher.



Então a mesa começou a mover-se e pela tiptologia deu o nome de uma ligação de famí­lia, de todos desconhecida, exceto por mim. Tinha morrido algum tempo antes e, devido a uma incompatibilidade temperamental houve sérios desacordos com ela. Eu estava tão longe de espe­rar essa resposta tiptológica que a princípio pensei que fôsse mera coincidência de nome; mas enquanto mentalmente eu fazia tal reflexão, senti uma bôca, com o sôpro quente, tocar-me a ore­lha esquerda e sussurrar, em voz baixa, em dialeto genovês, uma porção de frases que os assistentes podiam ouvir. Essas sentenças foram interrompidas por um soluço e o tema era, repetidamente, o pedido de perdão de injúrias feitas a mim, com uma riqueza de detalhes ligados a assuntos familiares que só poderiam ser conhecidos da pessoa em questão. O fenômeno parecia tão real que me vi obrigado a responder aos pedidos de desculpas com frases afetuosas e, por meu turno, pedir perdão se qualquer ressentimento pelos mal-entendidos tinham sido excessivos. Mal eu tinha pronunciado as primeiras sílabas e duas mãos, com excessiva delicadeza, se aplicaram sôbre os meus lábios, evitando que eu continuasse. Então a forma me disse obrigado, abraçou-me, beijou-me e desapareceu.”

Com outros médiuns têm havido melhores materializações do que esta e com melhor luz; mas no caso havia uma prova interior e mental de identidade.

O último exemplo que daremos ocorreu em Paris, em 1898, numa sessão em que se achava presente Flammarion, quando o Senhor Le Bocain se dirigiu em árabe a um Espírito materializado e disse: Rosália, se és tu que te encontras entre nós, puxa-me três vêzes o cabelo na parte posterior da cabeça”. Cêrca de dez minutos depois e quando o Senhor Le Bocain quase havia esquecido o pedido, sentiu que lhe puxavam o cabelo três vêzes, exatamente como havia pedido. E disse: “Certifico êste fato que, além disso, constituiu para mim a mais convincente prova da presença de um Espírito familiar junto a mim”. E acrescenta que é des­necessário dizer que Eusapia não sabe árabe.

Os adversários e uma parte dos pesquisadores de psiquis­mo acham que os fenômenos que ocorrem numa sessão têm pouco valor probante, porque os observadores comuns não conhecem os recursos dos mágicos. Em 1910, em New York, o Doutor Here­ward Carrington levou a uma sessão de Eusapia Mr. Howard Thurston, que descreve como o mais notável mágico da América. Mr. Thurston que, com o seu assistente, controlava as mãos e os pés da médium em boa luz, descreve:

Fui testemunha pessoal das levitações da mesa da Senho­ra Paladino... e estou. absolutamente convencido de que os fenô­menos que vi não eram devidos à fraude e não foram executados nem por seus pés, nem por seus joelhos ou mãos.”



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