Historia do Espiritismo


O Depois-da-Morte Visto pelos Espíritas



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O Depois-da-Morte Visto pelos Espíritas




LEVA o Espírita uma grande vantagem sôbre os das velhas dispensações. Quando entra em comunicação com inteligências do Outro Lado e que já viveram em corpos terrenos, natural­mente as interroga, curioso, sôbre suas atuais condições, bem como sôbre os efeitos de suas ações terrenas sôbre a sua sorte posterior. As respostas a estas últimas perguntas, de um modo geral, justificam os pontos de vista sustentados em muitas religiões, e mostram que o caminho da virtude também é a estrada para a felicidade final. Entretanto um sistema definido é apre­sentado à nossa consideração, o qual elucida a vacuidade das velhas cosmogonias. Êsse sistema apareceu em vários livros que descrevem a experiência dos que viveram a nova vida. Devemos lembrar que tais livros não são produzidos por escritores profissionais. Dêste lado está o chamado escritor “automático”, que recebe a inspiração; do outro lado, a inteligência que o transmite. Mas nem foi dotado pela Natureza com a menor capacidade literária, nem jamais fêz a experiência de reunir nar­rativas. Também devemos ter em mente que o que quer que venha é resultado de um processo complicado, que em muitos casos deve ser incômodo para o compositor. Se pudéssemos ima­ginar um escritor terreno que tivesse de usar uma ligação inte­rurbana em vez da pena, poderíamos estabelecer uma grosseira analogia com as dificuldades do operador. E ainda, a despeito dessas grandes inconveniências, em muitos casos as narrativas são claras, dramáticas, intensamente interessantes. Raramente deixam de o ser, desde que o caminho que descrevem hoje é o que teremos que palmilhar amanhã.

Tem-se dito que essas narrativas variam enormemente e são contraditórias. O autor não achou tal. Num longo período de leitura, no qual examinou muitos volumes de supostas expe­riências póstumas, e também num grande número de mensa­gens obtidas particularmente em famílias e sem público, êle ficou chocado com a sua concordância geral. Aqui e ali aparece alguma história contendo êrros claros e, ocasionalmente há lapsos no sensacionalismo; mas em geral as descrições são elevadas, razoáveis e concordantes, entre si, mesmo quando diferem nas minúcias. As descrições de nossas próprias vidas naturalmente seriam diferentes nos detalhes e um crítico de Marte que recebesse histórias de um camponês hindu, de um caçador esquimó ou de um professor de Oxford bem poderia recusar-se a crer que tão divergentes experiências se encontrassem no mesmo planêta. Essa dificuldade não existe no Outro Lado; e não há, tanto quanto o saibamos, tão extremos contrastes na mesma esfera de vida — na verdade deve dizer-se que a característica da vida presente é a mistura de tipos diversos e dos graus de experiência, enquanto que a da outra vida é a subdivisão e a separação dos elementos humanos. O céu é diverso do inferno. Neste mundo e atualmente o homem devia fazer — e por vêzes o consegue por algum tempo — o céu. Mas há longos períodos que são muito intoleráveis imitações do inferno, enquanto purgatório deve ser o nome dado à condição normal.

No Outro Lado as condições devem ser, esquemàticamente, divididas em três. Há os que se acham presos à Terra e que trocaram os seus corpos mortais por corpos etéricos, mas que são mantidos na superfície dêste mundo, ou próximos dela, pela grosseria de sua natureza ou pela intensidade de seu interêsse mundano. Tão áspera deve ser a contextura de sua forma extra-terrena, que devem ser reconhecidos mesmo por aquêles que não possuem o dom especial da clarividência. Nessa infeliz classe errante está a explicação de todos aquêles fantasmas, espectros e aparições, as casas assombradas que têm chamado a atenção da humanidade em tôdas as épocas. Essa gente, até onde pode­mos compreender a sua situação, ainda não começou a sua vida espiritual, nem boa, nem má. Sômente quando se rompem os fortes laços da Terra é que se inicia uma vida nova.

Os que realmente começaram aquela existência encontram-se naquela faixa da vida que corresponde à sua própria condição espiritual. É o castigo do cruel, do egoísta, do fanático, do frívolo, que se encontram em companhia de seu semelhante e em mundos de luz que, variando do nevoeiro à escuridão, tipifica o seu próprio desenvolvimento espiritual. Êsse ambiente, entre­tanto, não é permanente. Os que não fizeram um esfôrço ascen­sional, entretanto, ficarão aí indefinidamente, enquanto outros que dão ouvidos ao ensino de Espíritos auxiliadores, mesmo de baixos círculos da Terra, cedo aprendem a lutar para subir a zonas mais brilhantes. Em comunicações dadas na própria família do autor, êle aprendeu o que era ter contacto com êsses sêres das trevas exteriores e teve a satisfação de receber os seus agradecimentos por uma visão mais clara de sua situação, as suas causas e os meios de cura (1).
1. Em “Trinta Anos Entre os Mortos”, do Senhor Wickland, e no Apêndice de “Glimpses of the Next State”, do Almirante lis-borne Moore, temos um relato completo da situação dos que se acham presos à Terra.
Tais Espíritos pareceriam uma ameaça constante à humani­dade porque se a aura protetora do indivíduo fôsse de certo modo defeituosa, aquêles poderiam tornar-se parasitas, estabelecendo-se nela e influenciando as ações de seu hospedeiro. É possível que a ciência do futuro possa verificar que muitos casos de inexplicável mania, de insensata violência, de súbita incli­nação para hábitos viciosos tenham essa causa, o que oferece um argumento contra a pena capital, de vez que o resultado deve ser dar mais fõrças para o mal do criminoso. Deve admi­tir-se que o assunto ainda é obscuro, que é complicado pela existência de pensamentos-forma e de formas de memória, e que, em todo caso, todos os Espíritos presos à Terra não são necessàriamente maus. Parece, por exemplo, que os monges devotos de qualquer venerável Glastonbury deveriam estar presos às suas ruínas assombradas pela simples fôrça de sua devoção.

Se o nosso conhecimento das exatas condições dos que estão presos à Terra é defeituoso, maior ainda é o dos Círculos de punição. Há uma história de certo modo sensacional em “Gone West”, de Mr. Ward; há outra mais temperada e crível na “Vida Além do Véu”, do Reverendo Vale Owen; e há muitas cor­roborações nas visões de Swedenborg, no “Espiritismo”, do Juiz Edmonds e em outros volumes. Nossa falta de informações de primeira mão é devida ao fato de que não somos Hamlets e que não temos contacto direto com os que vivem nessas esferas inferiores. Delas temos notícias indiretamente, através dos mais altos Espíritos que nelas realizam trabalhos missioná­rios, trabalhos que parecem ser realizados com tamanhas di­ficuldades e perigos quanto os que rodeariam o homem que tentasse evangelizar as mais selvagens raças da Terra. Lemos histórias da descida de Espíritos elevados às mais baixas esfe­ras, de seus combates com as fõrças do mal, de grandes príncipes do mal que são formidáveis em seus próprios reinos e de tôda uma imensa cloaca de almas nas quais os esgotos psíquicos do mundo são derramados incessantemente. Entretanto tudo isto deve ser considerado antes do ponto de vista do remédio do que do castigo. Essas esferas são as salas de espera — hos­pitais para almas doentes — onde a experiência punitiva é intentada para trazer o sofredor à saúde e à felicidade.

Nossa informação é mais completa quando nos voltamos para regiões mais felizes, nas quais parece que a beleza e a felicidade são graduadas conforme o desenvolvimento espiritual dos seus habitantes. A coisa se torna mais clara se substituirmos a bondade e o altruísmo pela expressão “desenvolvimento espi­ritual”, pois nessa direção se encontra todo o crescimento da alma. Por certo que é um assunto muito diverso do intelecto, embora a união das qualidades intelectuais com as espirituais naturalmente produzam efeitos mais perfeitos.

As condições de vida no além normal — e seria um reflexo da justiça e da misericórdia da Inteligência Central se o além normal não fôsse também o feliz além — são descritos como extraordinariamente felizes. O ar, as vistas, as casas, o am­biente, as ocupações, tudo tem sido descrito com tantos detalhes e geralmente com o comentário de que as palavras não são capazes de lhes pintar a gloriosa realidade. Pode ser que haja algo de parábola e de analogia nessas descrições, mas o autor se inclina a lhes dar inteiro valor e acredita que a “Summer­land”, como Davis a chamou, é tão real e objetiva aos seus habitantes quanto o nosso mundo para nós. Fácil é levantar uma objeção: “Por que, então, não a vemos?” Mas devemos imaginar que uma vida etérica se exprime em têrmos etéricos e que, exatamente como nós, com cinco sentidos materiais, nos afinamos com o mundo material, êles com seus corpos etéricos, se afinam com as vistas e os sons do mundo etérico. Aliás o vocábulo “éter” só é usado por conveniência, para exprimir algo muito mais sutil que a nossa atmosfera.

Absolutamente não temos prova de que o éter dos físicos seja também o meio no mundo espiritual. Pode haver outras essências finas, muito mais delicadas que o éter, como é o éter em comparação com o ar.

O céu espiritual, pois, pareceria uma sublimada e etérica reprodução da Terra e da vida terrena, em condições melhores e mais elevadas. “Embaixo — como em cima, dizia Paracelso, e fêz soar a nota fundamental do universo, quando o pro­clamou. O corpo leva, consigo, suas qualidades espirituais e intelectuais, imutáveis pela transição de uma sala da grande mansão universal para a vizinha. É inalterado na forma, salvo que o jovem e o velho tendem para uma expressão normal de completa maturidade. Garantindo que assim é, devemos admi­tir a racionalidade da dedução de que tudo o mais deve ser do mesmo modo e que as ocupações e o sistema geral de vida deve ser tal que permita oportunidades para os talentos especiais do indivíduo. O artista sem arte e o músico sem música seriam figuras trágicas e o que se aplica a tipos extremos deve esten­der-se a tôda a humanidade. Há, de fato, uma sociedade muito complexa, na qual cada um encontra o trabalho a que mais se adapta e que lhe causa maior satisfação. Por vêzes há uma escolha. Assim, em “O Caso de Lester Coltman”, escreve o estudante morto: “Algum tempo depois que eu tinha passado, tinha dúvidas sôbre qual seria o meu trabalho: se música ou se ciência. Depois de muito pensar determinei que a música deveria ser um passatempo e minha maior atividade deveria diri­gir-se para a ciência em todos os aspectos”.

Depois de uma tal declaração naturalmente a gente deseja detalhes de como um trabalho científico era feito e em que condições. Lester Coltman é claro em todos os pontos.

O laboratório sob a minha direção é inicialmente ligado ao estudo dos vapores e fluídos que formam a barreira que, penso, por meio de profundo estudo e experiência, somos capazes de atravessar. O resultado dessa pesquisa, pensamos nós, provará o “Abre-te Sésamo” da porta de comunicação entre a Terra e essas esferas.” (2)


2. “Case of Lester Coltman”, by Lilian Walbrook, página 34.
Lester Coltman dá outra descrição de seu trabalho e do ambiente, que bem pode ser citada como um modêlo de muitas outras. Diz ele (3)
3. Ibid. páginas 32-33.
O interêsse mostrado por seres terrenos em relação ao caráter de nossas casas e dos estabelecimentos onde se realiza o nosso trabalho é, aliás, natural, mas a descrição não é muito fácil de ser feita em têrmos terrenos. Meu estudo servirá como um exemplo, do qual deduzirei o modo de vida de outros, con­forme o temperamento e o tipo de mente.

Meu trabalho continuou aqui como tinha começado na Terra, por canais científicos e a fim de prosseguir meus estudos, visitei com freqüência um laboratório que possuía extraordinárias e completas facilidades para a realização de experiências. Tenho a minha casa, extremamente agradável, completada por uma biblioteca com livros de referência — histórica, científica e médica — e, de fato, com todos os tipos de literatura. Para nós tais livros são tão substanciais, quanto os usados na Terra. Tenho uma sala de música, contendo todos os modos de ex­pressão dos sons. Tenho pinturas de rara beleza e móveis de desenho esquisito. Atualmente vivo só, mas freqüentemente os amigos me visitam, assim como os visito, e se um pouco de tristeza por vêzes se apodera de mim, visito aos que mais amei na Terra.

Da minha janela se avista um campo ondulante de grande beleza e a pouca distância da casa existe uma comunidade, onde boas almas que trabalham em meu laboratório vivem em feliz con­córdia... Um velho chinês, meu assistente-chefe, de grande valor nas pesquisas químicas, é o diretor, como o era, da comu­nidade. É uma alma admirável, de grande simpatia e dotado de enorme filosofia.”

Eis outra descrição que trata do mesmo assunto (4):
4. “Thought Lectures from “The Spiritualist Reader”, página 53.
É muito difícil dizer-vos acêrca do trabalho no mundo espiritual. A cada um é designada a sua tarefa, conforme o progresso que haja realizado. Se uma alma tiver vindo diretamente da terra, ou de algum mundo material, então deve aprender tudo quanto haja desprezado na passada existência, a fim de desenvolver o seu caráter para a perfeição.

Como tiver feito sofrer na terra, assim sofrerá. Se tiver muito talento, levá-lo-á à perfeição aqui. Porque se tiverdes muito talento musical ou qualquer outro, nós os temos aqui e maiores. A música é uma das forças motoras do nosso mundo. Mas, conquanto as artes e os talentos sejam desenvolvidos ao máximo, o grande trabalho das almas é o seu aperfeiçoamento para a vida eterna.

Há grandes escolas que ensinam os Espíritos-criança. Além de aprenderem tudo acerca do universo e de outros mundos, acerca de outros reinos sob as leis de Deus, aprendem lições de altruísmo, de verdade e de honra. Os que aprenderam antes como Espíritos-criança, se tiverem que voltar ao mundo, aparecem como os mais elevados caracteres.

Os que passaram a existência material em menores trabalhos físicos tem que aprender tudo quando aqui chegam. O trabalho é uma coisa maravilhosa e os que se tornam mestres de almas aprendem consideravelmente. As almas de literatos se tornam grandes oradores e falam e ensinam em linguagem eloqüente. Há livros mais de forma muito diversa dos vossos.

Um que estudou as vossas leis terrenas entraria na escola espírita como professor de justiça. Um soldado que tenha aprendido as lições da verdade e da honra, guiará e ajudará, as almas, de qualquer esfera ou mundo, a luta pela correta fé em Deus.

No grupo doméstico do autor, o Espírito íntimo falou de sua vida no além, respondendo à pergunta: “Que faz você?”

- “Ocupo-me de música, de criança, amando e cuidando de uma porção de outras coisas. Mais muito mais do que na velha Terra. Nada aborrece a gente aqui. E isto torna tudo mais feliz e mais completo.”

- “Fale acerca da morada.”

- É bonita nunca vi uma casa na Terra que se comparasse com ela. Tantas flores! – Um mundo de cores em todas as direções; e tem perfumes tão maravilhosos, cada qual diferente, mas tão agradáveis!”

- “Vê outras casas?”

- “Não; se o fizesse estragaria a paz. A gente só as vezes procura a natureza. Cada casa é um oásis, se assim posso dizer. Além, há cenários maravilhosos e outras casas cheias de gente querida, suave, brilhante, risonha, alegre, pelo sim­ples fato de viver em tão maravilhoso ambiente. Sim, é belo. Nenhuma mente terrena pode conceber a luz e a maravilha disso tudo. As côres são muito mais delicadas e, de um modo geral, a vida doméstica é muito mais radiosa.”

Outro resumo do Grupo Doméstico do autor, talvez seja permitido, de vez que as mensagens foram misturadas com mui­tas provas que inspiram a mais completa confiança naqueles que estão ligados aos fatos:

Pelo amor de Deus sacuda essa gente, êsses cabeçudos que não querem pensar. O mundo necessita dêsse conhecimento. Se ao menos eu tivesse tido tal conhecimento na Terra! êle teria alterado a minha vida — o Sol teria brilhado sôbre o meu caminho sombrio, se eu tivesse conhecido o que está àminha frente.

Nada é chocante aqui. Não há atravessadores. Estou interessado em muitas coisas, a maioria delas humanas, o desen­volvimento do progresso humano e, acima de tudo, a regeneração do plano terreno. Sou um dos que trabalham pela causa braço a braço convosco.

Nada temais. A luz será tanto maior quanto maior a escuridão que tiverdes atravessado.



Voltarei muito breve, se Deus quiser. Nada poderá opor-se. Nem as fôrças das trevas prevalecerão um minuto contra a Sua luz. Todo o trabalho em massa será varrido. Apoiai-vos ainda mais em nós, porque a nossa capacidade de ajuda é muito grande.”

“Onde estais?”

“É tão difícil explicar-vos as condições aqui. Estou onde mais desejava estar, isto é, com os meus entes queridos, onde posso estar em íntimo contacto com todos no plano terreno.”

“Tendes alimento?”

“Não no vosso sentido, mas muito mais fino. Tão amáveis essências e tão maravilhosos frutos, além de outras coisas que não tendes na Terra!

Muita coisa vos espera com as quais ficareis surpreen­didos — tudo belo e elevado e tão suave e luminoso. A vida foi uma preparação para esta esfera. Sem aquêle treinamento não teria sido capaz de entrar neste mundo glorioso de mara­vilhas. É na Terra que aprendemos as lições e neste mundo está a nossa maior recompensa o nosso verdadeiro e real lar e a vida — o Sol depois da chuva.”



O assunto é tão enorme que apenas pode ser tocado em têr­mos gerais num só capítulo. O leitor é remetido para a mara­vilhosa literatura que se desenvolveu, dificilmente conhecida pelo mundo, em tôrno do assunto. Livros como o “Raymond”, de Oliver Lodge; “A Vida Além do Véu”, de Vale Owen; “A Tes­temunha”, de Mrs. Platts; “O Caso de Lester Coltman”, de Mrs. Walbrook e muitos outros dão uma clara e sólida idéia dessa vida do Além.

Lendo essas numerosas descrições da vida depois da morte, a gente naturalmente pergunta até onde podem ser acredita­das. É confortador verificar quanto são concordes, o que constitui um argumento em favor da verdade. Poderiam contestar que tal concordância se deve ao fato de derivarem, tôdas, cons­cientemente ou não, de uma fonte comum. Mas é uma supo­sição inconsistente. Muitas delas vêm de gente que absolutamente não podia conhecer os pontos de vista dos outros, mas ainda concordam, até nos mínimos detalhes. Por exemplo, na Austrália o autor examinou tais relatos escritos por homens que viviam em lugares remotos, que honestamente se conten­tavam com aquilo que haviam escrito. Um dos mais notáveis casos é o de Mr. Herbert Wales (5).
5. “The New Revelation”, página 146.
Êsse cavalheiro, que tinha sido, e talvez ainda seja, um céptico, leu uma história do autor, sôbre como são as condições além da morte; e foi rebuscar um trabalho que havia escrito há anos, mas que recebera com incredulidade. E escreveu: “Depois de ler o vosso artigo fiquei chocado, quase estatelado, pelas circunstâncias de que as coisas imaginadas por mim e relativas às condições da vida de além­túmulo — penso que até nos menores detalhes — coincidem com as que descreveis como resultado de vossa coleção de materiais obtidos de várias fontes.” O resto das conclusões de Mr. Wales se acham no Apêndice.

Tivesse essa filosofia girado sôbre os grandes altares rece­bendo uma adoração perpétua, poderiam dizer que era um reflexo daquilo que nos ensinaram na infância. Mas é muito diferente — e, certamente, muito mais razoável. Um campo aberto éapresentado para o desenvolvimento de tõdas as capacidades com que fomos dotados. A ortodoxia permitiu a continuada existência de tronos, de coroas, de harpas e de outros objetos celestes. Não será mais sensato admitir que se algumas coisas podem sobreviver, tôdas o poderão, em formas tais que se adap­tem ao ambiente? Como examinamos tôdas as especulações da humanidade, talvez os Campos Elísios dos Antigos e as felizes regiões de caça dos Peles-Vernelhas estejam mais próximas dos fatos atuais do que essas fantásticas representações do céu e do inferno, descritas nas visões extáticas dos teólogos.

Um céu tão vulgar e caseiro pode parecer material a muitas mentes, mas devemos lembrar que a evolução foi muito lenta no plano terreno e ainda o é no espiritual. Em nossa presente baixa condição, não podemos atingir o que é celestial. Será trabalho de séculos — possivelmente de anos. Ainda não esta­mos preparados para uma vida puramente espiritual.

Como, po­rém, nós mesmos nos tornamos mais finos, também se transfor­mará o nosso ambiente e nós evoluiremos de céu a céu, até que o destino da alma se perca no fogo da glória, onde não pode ser acompanhada pelos olhos da imaginação.

APÊNDICE 1

NOTAS AO CAPÍTULO 4 - PROVA DA ASSOMBRAÇÃO DA CASA DE HYDESVILLE ANTES DE SER HABITADA PELA FAMÍLIA FOX
Atesta a Senhora Ann Pulver:

Eu mantinha relações com o Senhor e Senhora Reli, que habitavam a casa em 1844. Visitava-os freqüentemente. Minhas agulhas de tricô ficavam em seu quarto e lá eu fazia o meu trabalho. Uma manhã, quando lá cheguei, a Senhora Reli me disse que se sentia muito mal: quase não dormira de noite. Quando lhe perguntei a razão respondeu que não sabia senão de rumores; mas pensava ter ouvido alguém a andar de um quarto para o outro e que tinha feito o marido levantar-se e trancar as janelas. Depois disso sentiu-se mais segura. Perguntei-lhe se imaginava alguma coisa. Disse que podiam ser ratos. Ouvia-a falar, posteriormente, de rumores que não podia descrever.



A senhorita Lucretia Pulver deu o seu testemunho:

“Vivi naquela casa durante um inverno, com a família Reli. Trabalhava para ela uma parte do dia e o resto do tempo ia a escola ou bordava. Vivi assim cêrca de três meses. No fim dêsse período freqüentemente ouvia batidas na cama e abaixo dos pés da mesma. Ouvi uma porção de noites, pois dormia nesse quarto todo o tempo que lá estive. Uma noite parece-me ter ouvido um homem andando pela dispensa. Esta peça era separada do quarto pela escada. A senhorita Aurélia Losey ficou comigo naquela noite; ela também ouviu o barulho e ambas ficamos muito assustadas; levantamo-nos e fechamos as janelas e trancamos a porta. Parece que alguém andava pela despensa, na adega, e até no porão, onde o barulho cessava. Nessa ocasião não havia mais ninguém na casa, exceto meu irmãozinho, adormecido no mesmo quarto que nós. Isto foi cêrca de meia-noite. Não tínhamos ido para a cama senão depois das onze e ainda não tínhamos dor­mido quando ouvimos o barulho, O Senhor e Senhora Bell tinham ido a Loch Berlin, onde ficariam até o dia seguinte”.

Assim fica provado que ruídos estranhos eram ouvidos na­quela casa em 1844.

Outra família, chamada Weekman, aí viveu de 1846 a 1847 e observou as mesmas experiências.
DEPOIMENTO DA SENHORA HANNAH WEEKMAN
Ouvi falar nos ruídos misteriosos que eram ouvidos na casa agora ocupada pelo Senhor Fox. Nós moramos na mesma casa cêrca de um ano e meio, daí nos mudando para onde agora estamos. Há cêrca de um ano, quando lá habitávamos, ouvimos alguém, conforme pensamos, batendo de leve na porta de entrada. Eu acabara de me deitar, mas meu marido ainda não. Assim, ele abriu a porta e disse que não havia ninguém. Voltou e já estava para se deitar quando novamente ouvimos bater à porta. Ele foi então abri-la e disse que não via ninguém; não obstante esperou um pouco. Então voltou e deitou-se. Veio muito zangado, pois supunha fôsse algum garôto da vizinhança querendo aborrecer-nos. Assim, disse que “eles podiam bater, mas não o levariam na brincadeira”, ou coisa semelhante.

As batidas foram ouvidas novamente; depois de algum tempo êle se levantou e saiu. Eu lhe disse que não saísse, pois temia que alguém quisesse pegá-lo fora e o agredisse. Ele voltou e disse que nada tinha visto. Ouvimos muito barulho durante a noite; dificilmente poderíamos dizer onde era produzido; por vêzes pare­cia que alguém andasse na adega. Mas a casa era velha e pen­samos que fôssem estalos da madeira ou coisa semelhante.

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