História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez



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História Universal da Destruição dos Livros

Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque
Fernando Báez
Tradução

Léo Schlafman


2004
Ediouro

Prólogo
Incêndios, enchentes, terremotos. Guerras e regimes autoritários causaram a morte de milhões de pessoas. Mas nesta notável obra temos a chance de conhecer uma história nunca antes contada de forma tão minuciosa: a da destruição de livros. O autor venezuelano Fernando Báez nos leva de volta ao Mundo Antigo para acompanhar, desde o início, a trajetória dessa prática que teve entre seus adeptos não só homens ignorantes ou perversos, mas também grandes filósofos, eruditos e escritores, como Descartes, Platão e Heidegger. Alguns porque acreditavam que, eliminando os vestígios do pensamento de uma determinada época, estariam promovendo a superação do conhecimento humano. Outros, mais modestos, lançavam ao fogo suas obras simplesmente por vergonha do que haviam escrito. No entanto, os principais destruidores de livros sempre tiveram como maior motivação o desejo de aniquilar o pensamento livre. Os conquistadores atribuíam à queima da biblioteca do inimigo a consagração de sua vitória.

E assim o autor nos conduz através dos tempos e pelos mais diversos continentes para refazer o percurso dessa pesquisa dolorosa, mas que ironicamente ameniza o nosso sofrimento. Afinal, ao remontar à perda de incontáveis obras, idéias, conhecimentos e memórias, é possível reconstruir lendas e mistérios que envolveram essa história de horror que parece não ter chegado ao fim.

Em 2003, a guerra levou à extinção mais de 1 milhão de livros e 10 milhões de documentos da Biblioteca Nacional do Iraque, berço da Civilização Ocidental. Inertes, assistimos em tempo real a um verdadeiro genocídio cultural, cujas conseqüências para as próximas gerações serão irreparáveis.
Sumário
17 Introdução

17 O enigma de Bagdá

19 Entre livros destruídos

21 Mitos apocalípticos

24 A eliminação da memória

26 As formas do fogo

27 A cultura da destruição

27 Pós-Escrito, 2004

PRIMEIRA PARTE

O Mundo Antigo


CAPÍTULO 1

31 Oriente Médio

31 A destruição de livros começa na Suméria

34 Ebla e as bibliotecas sepultadas da Síria

36 As bibliotecas da Babilônia

38 A grande biblioteca de Assurbanipal

40 Os livros dos misteriosos hititas
CAPÍTULO 2

43 Egito


43 O Ramesseum do Egito

44 A queima de papiros secretos

45 As Casas da Vida no Egito

46 Os escritos proibidos de Tot

CAPÍTULO 3

49 Grécia

49 Entre ruínas e fragmentos

54 A destruição dos poemas de Empédocles

54 Censura contra Protágoras

55 Platão também queimou livros

57 A destruição do templo de Artemisa

58 Um antigo médico grego

59 Dois biblioclastas

CAPÍTULO 4

61 Apogeu e fim da biblioteca de Alexandria
CAPÍTULO 5

75 Outras antigas bibliotecas gregas destruídas

75 A biblioteca de Pérgamo

76 O desaparecimento de centenas de obras de Aristóteles 84 Mais bibliotecas em ruínas


CAPÍTULO 6

87 Israel

87 A Arca e a destruição das Tábuas da Lei

88 O livro de Jeremias

88 A adoração do livro hebraico

89 Os manuscritos do Mar Morto

90 Os profetas bibliófagos
CAPÍTULO 7

93 China


93 Shi Huandi, o Destruidor

95 A perseguição aos textos budistas

CAPÍTULO 8

97 Roma


97 Censura e perseguição no Império

99 Um mundo de bibliotecas perdidas

103 Os papiros queimados de Herculano

CAPÍTULO 9

105 As origens radicais do cristianismo

105 São Paulo contra os livros mágicos

106 Os livros de Porfírio contra os cristãos

106 Os textos dos gnósticos

107 A heterodoxia dos primeiros anos

108 O assassinato de Hipátia


CAPÍTULO 10

111 O esquecimento e a fragilidade dos livros

111 Quando o desinteresse destrói

113 O idioma como domínio


SEGUNDA PARTE

Da Era de Bizâncio ao Século XIX


CAPÍTULO 1

117 Os Livros Perdidos de Constantinopla


CAPÍTULO 2

121 Entre monges e bárbaros

121 Quando as bibliotecas ficaram fechadas como túmulo

122 Os manuscritos da Irlanda 125 Os mosteiros

125 De palimpsestos e outros paradoxos

126 Os defensores dos livros

CAPÍTULO 3

127 O mundo árabe

127 Alamut e a biblioteca dos assassinos

128 Hulagu e a destruição dos livros de Bagdá


CAPÍTULO 4

131 Um confuso fervor medieval

131 Os livros proibidos de Abelardo

131 Eriúgena, o rebelde

132 O Talmude e outros livros hebraicos

133 A censura a Maimônides

134 A tragédia de Dante

134 Heresias


CAPÍTULO 5

137 Espanha muçulmana e outras histórias

137 As queimas de Almançor

138 Os versos proibidos de Ibn Hazm

138 A destruição do Corão na Espanha da Reconquista
CAPÍTULO 6

143 Os códices queimados no México

143 A eliminação sistemática de códices pré-hispânicos

146 A destruição de livros pelos indígenas


CAPÍTULO 7

147 Em pleno Renascimento

147 O desaparecimento da biblioteca de Matias Corvino

148 A destruição da Bíblia de Gutenberg

149 Miguel Servet, o herege

152 Os anabatistas de Münster

153 A biblioteca de Pico delia Mirandola

154 Perseguições e destruições

156 Dois trechos curiosos

CAPÍTULO 8

159 A Inquisição

159 O Santo Ofício e a censura de livros

163 A Inquisição no Novo Mundo
CAPITULO 9

167 A condenação dos astrólogos

167 A destruição da biblioteca de Henrique de Villena

168 Uma obra misteriosa: a "Esteganografia"

169 O livro proibido de Nostradamus

169 A biblioteca secreta de John Dee


CAPÍTULO 10

173 A censura inglesa

173 Os delitos da ortodoxia

174 O censor perseguido

174 As lutas religiosas inglesas
CAPÍTULO 11

177 Entre incêndios, guerras e erros

177 O grande incêndio de Londres

178 El Escorial e a queima de manuscritos antigos

180 Isaac Newton entre livros destruídos

181 A biblioteca de Arni Magnusson

182 Séculos de acidentes e desastres

192 A biblioteca de Pinelli

193 Naufrágios célebres

194 A batalha contra os livros

196 A queima da biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

197 Os textos de Cotton

199 A biblioteca do Colégio Seminário de Mérida (Venezuela)
CAPÍTULO 12

201 De revoluções e provocações

201 A hostilidade contra o pensamento livre

203 Ataques contra intelectuais na França

204 A destruição de livros durante a Revolução francesa

205 O despotismo ilustrado e colonial

206 A Comuna de 1871

208 Guerras de Independência e Revolução Hispano-Americana


CAPÍTULO 13

213 Em busca da pureza

213 Jacob Frank

214 Nachman de Bratislava

215 Os manuscritos obscuros de Burton

216 Livros queimados por imoralidade

217 Darwin e seu livro polêmico

217 Um inquisidor em Nova York


CAPÍTULO 14

219 Alguns estudos sobre a destruição de livros

TERCEIRA PARTE

O SÉCULO XX E O INÍCIO DO SÉCULO XXI


CAPÍTULO 1

229 Os livros destruídos durante a Guerra Civil Espanhola


CAPÍTULO 2

241 O bibliocausto nazista


CAPÍTULO 3

253 As bibliotecas bombardeadas na Segunda Guerra Mundial


CAPÍTULO 4

261 Censura e autocensura literárias modernas

261 Os ataques a Joyce

262 Outros escritores com livros destruídos

262 A censura estatal nos Estados Unidos

263 Escritores perseguidos

264 Salman Rushdie diante do fundamentalismo

266 Quando os autores se arrependem


CAPÍTULO 5

271 Um século de desastres

271 Hanlin Yuan e a Grande Enciclopédia do Mundo

272 Quando a memória está em perigo

277 Dois grandes incêndios de bibliotecas: Los Angeles e Leningrado

CAPÍTULO 6

281 Os regimes do terror

281 Confisco e censura no Báltico

282 Regimes censores

285 A Revolução Cultural na China

286 A ditadura na Argentina

289 Fundamentalistas

290 Cuba: o duplo discurso

290 Palestina, um país em ruínas


CAPÍTULO 7

293 O ódio étnico

293 O livrocídio sérvio

299 A Chechênia sem livros


CAPÍTULO 8

301 Religião, ideologia, sexo

301 Expurgos sexuais

302 Os expurgos culturais

303 Os estudantes e seu ódio pelos livros didáticos

305 O caso "Harry Potter"

CAPÍTULO 9

307 Entre inimigos naturais e legais

307 Sobre os inimigos naturais dos livros

309 Papéis autodestrutivos

313 Exemplares únicos

314 Quando as editoras destroem livros

315 O caso das alfândegas

CAPÍTULO 10

317 O terrorismo e a guerra eletrônica

317 O terrorismo contra as bibliotecas

318 O ataque ao World Trade Center

318 O caso dos livros-bomba

319 A aniquilação de livros eletrônicos
CAPÍTULO 11

323 Os livros destruídos no Iraque

343 Notas

377 Bibliografia

418 Agradecimentos
Onde queimam livros, acabam queimando homens.

HEINRICH HEINE

Almansor, 1821
... Cada livro queimado ilumina o mundo...

R. W. EMERSON

Essays. First series, 1841



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