História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez


A grande biblioteca de Assurbanipal



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A grande biblioteca de Assurbanipal
Assurbanipal, soberano assírio de 668 a.C. a 627 a.C., perdeu as terras do Egito, conquistadas a sangue e fogo por seu cruel pai Asarhaddon. Lutou contra seu irmão até derrotá-lo e passou seus últimos anos em guerra. Seu reinado foi difícil, mas ele, primeiro rei a obter instrução necessária para escrever tabletas, esmerou-se em estimular uma atividade cultural e religiosa que preservasse seu nome do esquecimento. Provavelmente foi o primeiro governante a combinar a espada à escrita e à leitura.

A partir de 1842, arqueólogos ingleses, sob a coordenação de Henry Layard, encontraram as ruínas da biblioteca do palácio de Assurbanipal, na antiga cidade de Nínive (a moderna Kuyunjik). Tiraram 20.720 tabletas com milhares de fragmentos de outras e as depositaram no Museu Britânico. Alguns anos depois, se conheceu com precisão a organização da biblioteca. Confirmou-se que Assurbanipal foi o primeiro grande colecionador de livros do mundo antigo. Antes dele, o único rei de quem se tem memória com a mesma afeição foi Tiglah Pileser I, rei da Assíria de 1115 a.C. a 1077 a.C, ainda que em menor escala.

Assurbanipal se gabava de sua paixão:
[...] O melhor da arte do escriba, que nenhum de meus antecessores conseguiu; a sabedoria de Nabu, os signos da escrita, todos os que foram inventados, escrevi-os em tabletas, ordenei-os em série, colecionei-os e os coloquei em meu palácio para minha real contemplação e leitura [...].

Os escribas trabalhavam dia e noite e copiavam todos os escritos de todas as culturas. Não é raro, portanto, reconhecer em algumas tabletas o Código de Hamurabi, o Enuma Elish e o Gilgamesh; também continham descrições exatas de viagens ao inferno e fórmulas para a vida imortal. Hoje em dia o número de tabletas descobertas nessa área aumentou e alcançou a cifra de trinta mil, e pelo menos cinco mil são textos literários, com colofão.

De certo modo, a destruição de tabletas não devia ser rara já que foram encontradas inscrições como esta: "Quem quebrar esta tableta ou a puser na água [...] Asur, Sin, Shamash, Adad e Ishtar, Bel, Nergal, Ishtar de Nínive, Ishtar de Arbela, Ishtar de Bit Kidmurri, os deuses dos céus e da terra e os deuses da Assíria, podem todos amaldiçoá-lo."

Os ingleses, nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial, se deparam com os restos do palácio de Assurbanipal II e de seu filho Salmanasar III. Enquanto revistavam um poço, encontraram 16 tabletas de madeira, de 45 x 28 x 1,7 cm. Ao lado, havia umas dobradiças de metal. Uma vez decifradas, pôde-se ler o maléfico oráculo de Enuma Anu Enlil. Para surpresa dos especialistas, os assírios tinham livros com as páginas frente a frente unidas por dobradiças. Além da célebre biblioteca de Assurbanipal, houve outras duas em Nínive: a primeira se encontrava nas salas XL e XLI do palácio sudoeste, construído pelo rei Senaquerib, e a outra, provavelmente, a do templo do deus Nabu, o deus da escrita e do conhecimento dos assírios.

Até o ano 612 a.C., desgraçadamente, babilônios e medos destruíram Nínive e arrasaram suas bibliotecas. Frazer deu a seguinte versão a esse fato:
[...] A biblioteca se encontrava num dos andares altos do palácio, derrubado durante o último saque da cidade envolto em chamas, e sua queda reduziu a pedaços as tabletas. Muitas delas se encontram ainda rachadas e tostadas pelo calor das ruínas abrasadas. Mais tarde, as ruínas foram saqueadas por antiquários da espécie de Dousterswivel, que procurou nelas tesouros enterrados, e não o conhecimento, e sim ouro e prata, e com sua cobiça contribuíram ainda mais para destruir e desfazer as preciosas recordações. Para completar a destruição, a chuva, que penetra no solo todas as primaveras, empapa-as na água que contém em dissolução diversas substâncias químicas, cujos cristais, depositados nas fendas e fraturas, rompem, ao crescer, em fragmentos ainda menores, as já destroçadas tabletas.

Convém observar que, no período que vai de 1500 a.C. a 300 a.C., em pelo menos 51 cidades do Oriente Médio existiram mais de 233 arquivos e bibliotecas. Duzentos e vinte e cinco eram propriamente arquivos, e só 55 bibliotecas. Dessas bibliotecas, 25 foram do período de 1500 a.C. a 1000 a.C. e trinta do período de 1000 a.C. a 300 a.C. E todas estão em ruínas.




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