História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez



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CAPÍTULO 3

O mundo árabe
Alamut e a biblioteca dos assassinos
Assassino, segundo a etimologia mais aceita, procede de haxixino, nome dado aos adeptos de uma seita consumidora de haxix, droga alucinógena obtida a partir das plantas fêmeas de um cânhamo denominado Cannabis indica. Outra versão dos fatos, bem convincente, assinala que assassino vem de hasasinos, seguidores de Hassan. O erudito Arkon Daraul tem afirmado que assassin se traduz em árabe como "guardião". Assassino seria então o guardião das doutrinas esotéricas.

A seita dos assassinos era liderada por ai-Hassan ibn-al-Sabbah, chamado o Velho da Montanha, persa nascido por volta do ano 1054, amigo de Omar Khayyam, autor dos famosos Rubaiyat. Iniciado na doutrina ismaelita, Hassan era um missionário supremo que, em 1090, subjugou uma região chamada Alamut, no Irã, e criou ali uma ordem com uma hierarquia muito complexa de nove graus, onde havia aprendizes (lassik), sagrados (fedawi) e companheiros (refik). Os fedawi se encarregavam de missões suicidas: ao receber instrução especial de matar alguém, agiam à custa de qualquer sacrifício.

A sede da seita dos assassinos era em Alamut (a 1.800m de altitude, em Mazenderan, ao sul do mar Cáspio), onde, além de refeitórios e instalações de entretenimento, os seguidores contavam com uma extraordinária biblioteca que continha centenas de documentos comprometedores para metade dos grandes líderes do mundo árabe.

A biblioteca de Alamut caiu com a fortaleza em dezembro de 1256. Depois de uma resistência heróica, os membros da seita sucumbiram ao ataque dos mongóis. Uma história preservada se refere a alguém que pediu licença para examinar os livros da biblioteca."" Descobriu, com surpresa, que, além dos textos religiosos, havia grande quantidade de livros de poesias e tratados de astronomia, alguns dos quais mandou levar a cavalo. O cronista Arif Tamir escreveu que, depois disso, "os mongóis destruíram a biblioteca ismaelita que continha um milhão e meio de volumes". Outras fontes afirmam que não havia mais de duzentos mil livros em Alamut, mas estes foram igualmente destruídos.

O historiador Steven Runciman precisou: "Em Alamut os assassinos tinham uma grande biblioteca cheia de livros de filosofia e ciências ocultas. Hulagu enviou seu camarista muçulmano, Ata al-Mulk Juveni, para inspecioná-la. Juveni separou exemplares das edições do Corão e outros livros de valor científico e histórico. As obras heréticas foram queimadas. Por estranha coincidência, ao mesmo tempo se produziu um grande incêndio, originado por um raio, na cidade de Medina, e sua biblioteca, que possuía a maior coleção de livros de filosofia ortodoxa muçulmana, foi totalmente destruída.

E de Alamut, os mongóis seguiram para Bagdá.



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