História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez


A queima da biblioteca do Congresso dos Estados Unidos



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A queima da biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
Em 1812, a biblioteca do Congresso teve seu primeiro catálogo, sob a coordenação do encarregado, um mal-humorado, religioso e perturbado homem chamado Magruder. A lista era simples, austera, e classificava os livros por gêneros, em função de sua quantidade e até de seu preço. Havia 3.076 volumes e 53 mapas. A ambição dos bibliotecários era, na realidade, modesta, mas definida, e eles passavam os dias pendurados numa errata ou num livro raro. Infelizmente, essa tranqüilidade que parecia infinita logo se desvaneceu.

Em 12 de junho daquele ano, o presidente Madison pediu apoio ao Congresso para um ataque às tropas inglesas, e a luta não tardou a acontecer, embora ninguém esperasse que se tornaria tão hostil.

No entanto, nada saiu como o previsto. Em 1813, os soldados americanos tomaram o Canadá e York, queimaram o Parlamento e a biblioteca legislativa. Um avanço rápido permitiu aos ingleses, em compensação, chegar à baía de Chesapeake, em agosto de 1814. O coordenador da biblioteca do Congresso teve de sair para cumprir o serviço militar, mas não sem antes designar numa cerimônia o tímido reverendo J. T. Frost, que, ao pressentir o que iria ocorrer como vingança pelos feitos no Canadá, preparou a saída de centenas de livros em 22 de agosto. Ele salvou o que pôde, mas não possuía os recursos apropriados e os objetivos militares se destinavam a resguardar mais as vidas do que os livros.

Madison, forçado pela circunstância - não pequena - de falta de munição e de armamentos, fugiu de Washington, e foi então que começou o horror. Os ingleses avançaram sem piedade. O general Robert Ross mandou queimar tudo o que fosse representativo da cultura inimiga e recomendou fidelidade ao juramento da reciprocidade no combate.

Como conseqüência, a Casa Branca, a Casa do Tesouro e o Capitólio arderam em chamas. A Biblioteca do Congresso queimou em 24 de agosto, e a única coisa que se podia ver em seu lugar, no dia seguinte, eram as ruínas.

Thomas Jefferson, ao se inteirar da notícia, escreveu uma carta, hoje célebre, a Samuel H. Smith, datada de 21 de setembro de 1814, em que manifestou seu profundo sentimento de repúdio pela destruição da biblioteca: "Estimado senhor, soube pelos jornais que o vandalismo de nosso inimigo triunfou em Washington sobre a ciência e as artes, com a destruição da biblioteca pública com o nobre edifício onde ela estava depositada [...]."

Um informe procedente do Departamento de Estado advertiu claramente para a destruição da biblioteca, embora seu propósito central fosse dar conta dos milhares de livros e documentos destruídos como resultado dos ataques perpetrados. Um livro posterior, de George R. Gleig, também descreveu com certo grau de detalhes a queima do local.

A crise, uma vez terminada a guerra, demandava uma única alternativa racional, e era reconstruir tudo desde os alicerces. Pensou-se num novo diretor para a biblioteca e numa coleção idônea. Nem todos, certamente, mas pelo menos 2.600 livros foram destruídos, entre os quais exemplares dos livros de Edward Gibbon, dicionários, gramáticas, manuais teológicos, textos de literatura clássica, etc.

Thomas Jefferson, com cínica filantropia, sugeriu a compra de sua coleção de 6.487 volumes e, em 1815, foi-lhe entregue a soma de 23.950 dólares, o que não deixou de desagradar alguns de seus opositores. O catálogo preparado para a ocasião, em vez de ser alfabético, introduziu a novidade de estar dividido em temas.

No Natal de 1851, quando a coleção alcançava já os 55 mil volumes, um incêndio destruiu 35 mil livros na biblioteca do Congresso, e alguns dos escritos extintos pertenciam à coleção Jefferson, mas esse fato não impediu que com os anos a biblioteca crescesse até se tornar, um século depois, uma das mais renomadas do planeta. Hoje tem mais de 19 milhões de livros e 56 milhões de manuscritos.



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