História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez



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Dois trechos curiosos
É impossível não se surpreender e também encantar com um irônico trecho da obra do padre Feijó:
[...] Paulo Jovio conta que, tendo Alcyonio traduzido mal alguns livros de Aristóteles (cum aliqua ex Aristotele perperam, insolenterque vertisse), o erudito espanhol Juan de Sepúlveda escreveu contra ele expondo tão claramente os defeitos de sua tradução, que Alcyonio, confuso e irritado, apelou para o recurso de comprar nas livrarias todos os exemplares que pôde do escrito de Sepúlveda e os transformou em cinzas [...].

Segundo as más línguas da época, Alcyonio era um tradutor que, diante dos trechos obscuros ou difíceis, preferia corrigir os originais com suas próprias palavras. Essa censura, ao que parece, radicalizou sua posição ao ponto de ele decidir utilizar uma pira para refutar os questionamentos críticos.

É bem excêntrico o caso do veneziano André Navagero, que idolatrava a obra do poeta romano Catulo e não passava um dia sem lê-la, traduzi-la e discutir linha por linha suas ambigüidades. Acreditava, como acontece a muitas pessoas em relação a Homero, Shakespeare ou Neruda, que toda a literatura residia em Catulo. Chegou ao extremo de acender todos os anos uma fogueira em sua homenagem, onde queimava, impaciente, livros com os Epigramas de Marcial. O ritual culminava com uma leitura, em voz alta, dos textos de seu venerado autor.


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