Igor moreira



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FAO. Disponível em: . Acessos em: 18 set. 2015.

Mudanças globais na vegetação

Como você viu anteriormente, a atmosfera é uma fina camada de gases que envolve a Terra e é constituída principalmente por nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). Juntos, esses dois gases compõem cerca de 99% da atmosfera. Entre os demais gases que a formam, estão o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor de água, conhecidos como “gases de efeito estufa”, por terem a função de reter o calor na superfície terrestre.

A maioria dos compostos químicos existentes na atmosfera tem carbono na sua composição. O carbono é um elemento químico essencial para a vida no planeta e está presente nos solos, nas rochas, na água e, sobretudo, nos seres vivos. Mas o carbono não está fixo em nenhum desses elementos: há uma série de processos interativos por meio dos quais ele é absorvido e expelido, em um circuito chamado de ciclo do carbono, como você pode ver na figura abaixo.
Ciclo do carbono

Getulio Delphim/Arquivo da editora

Queima de combustíveis fósseis

Mudanças no uso da terra

Vegetação terrestre

5,5


61

60

0,5



1,5

A decomposição ou a queima de matéria orgânica ou de seus derivados provoca a liberação de CO2 na atmosfera. As plantas, por meio da fotossíntese, transformam CO2 e água em hidratos de carbono, liberando oxigênio. Esse processo é chamado de ciclo do carbono.

92

90

Oceano



Valores em bilhões de toneladas

Emissões para a atmosfera

Absorção pelos oceanos, pela
vegetação e pelos solos

Fonte: Elaborado com base em ADUAN, Roberto Engel; VILELA, Marina de Fátima; REIS JÚNIOR, Fábio Bueno dos.


Os grandes ciclos biogeoquímicos do planeta. Planaltina (DF): Embrapa Cerrados, 2004. p. 16. Disponível em:
. Acesso em: 15 set. 2015.

O oxigênio do ar é indispensável para a vida. Por meio da respiração, seres humanos, animais e plantas absorvem oxigênio e liberam gás carbônico (CO2) para a atmosfera. Uma compensação é feita pelas plantas: empregando a energia do sol, recebida pela luz, elas realizam a fotossíntese – processo mediante o qual absorvem gás carbônico do ar e liberam o oxigênio para a atmosfera.

Por esse processo, as plantas empregam o carbono retirado da atmosfera para, com a água do solo, transformar elementos minerais ou inorgânicos em substâncias orgânicas – hidratos de carbono ou carboidratos –, constituintes principais da massa vegetal, ou biomassa.

As plantas também transpiram, eliminando gás carbônico, o que é realizado principalmente à noite, quando cessa a fotossíntese em virtude da falta de luz solar. Por essa razão, não é conveniente dormir com plantas em um mesmo recinto fechado, pois elas disputam conosco o mesmo estoque de oxigênio a ser consumido pela respiração.

A maior parte do gás carbônico presente na atmosfera é absorvida pelos oceanos, por meio do plâncton. Por conta disso, os oceanos exercem papel fundamental na chamada purificação do ar atmosférico.
Plâncton: conjunto de organismos que vivem dispersos na água, sem capacidade de locomoção.

Além dos oceanos e mares, as plantas são outro grande absorvedor de carbono da atmosfera, pois a quantidade de CO2 retirada do ar, necessária para realização do processo de fotossíntese, é maior do que a quantidade de carbono que as plantas emitem por meio da transpiração. Assim, além de serem fundamentais para a manutenção do ciclo da água na superfície terrestre, as florestas são essenciais para a regularidade do ciclo do carbono.

Por essas razões, a derrubada de uma floresta é altamente nociva ao equilíbrio da natureza. Primeiro porque, deixando de existir, desaparece com ela um poderoso agente de absorção de carbono da atmosfera. Depois porque a biomassa libera para a atmosfera, por meio do CO2, o carbono que a primeira contém, seja por meio da queimada, seja mediante a simples decomposição. Desse modo, o desmatamento contribui para a concentração na atmosfera de um gás fundamental para o efeito estufa.

Embora a maior parte dos gases de efeito estufa seja proveniente da queima de combustíveis fósseis, os desmatamentos e as queimadas têm papel significativo na concentração de CO2 na atmosfera. Globalmente, respondem por cerca de 20% das emissões de gás carbônico.


kino.com.br/Werner Rudhart

Glow images/Newscom/KRT



A queima de combustíveis fósseis aumenta a concentração de CO2 na atmosfera. Na foto, poluição do ar em São João Del Rei (MG), em 2012.



Queimada em área da Floresta Amazônica, no estado de Roraima, em 2014.

Mesmo que não seja praticada à custa de desmatamento, a agropecuária também contribui para a emissão de gases de efeito estufa, ainda que modestamente. Por serem cada vez mais mecanizadas em escala mundial, as lavouras, por meio das máquinas que são empregadas, emitem mais CO2 do que o carbono que é absorvido pelas plantas cultivadas.

Na pecuária, os bovinos liberam o gás metano pela ruminação, processo mediante o qual digerem o alimento vegetal, transformando-o em massa corporal.

Ao alterar o ciclo natural do carbono, elevando a concentração de CO2 na atmosfera, ações humanas respondem pela intensificação do efeito estufa e, em consequência, pelo chamado aquecimento global, isto é, o aumento anormal da capacidade de a atmosfera reter calor.

O aquecimento global pode provocar mudanças nos padrões globais da vegetação. Há estudos que indicam que, para um aumento de 2 °C a 3 °C na temperatura média, até 25% das árvores do cerrado e até 40% das árvores da Amazônia, por exemplo, poderiam desaparecer até o fim deste século.

Contudo, é importante destacar que não há consenso sobre isso entre os cientistas. Alguns estudiosos acreditam que a elevação da temperatura do planeta é um processo natural, que não está diretamente associado às atividades humanas.

Mudanças do clima, mudanças de vida

Direção de Todd Southgate. Brasil: Greenpeace, 2006. 51 minutos.

Documentário sobre os efeitos do aquecimento global e sua influência na vida da população.



Para saber mais

O contra-ataque do aquecimento global sobre a Amazônia

Efeitos do aquecimento global têm sido devastadores para a Floresta Amazônica. Secas e tempestades, cada vez mais frequentes, têm matado árvores e deixado cicatrizes difíceis de serem curadas. Estudos publicados recentemente demonstram que os danos provocados por esses eventos extremos, relacionados às mudanças climáticas, podem durar anos e resultam na emissão de milhões e até toneladas de gases de efeito estufa.

O ano de 2005 foi tragicamente marcante para a floresta. Tempestades devastadoras no início do ano causaram a morte de milhões de árvores em toda a região. Nos meses seguintes, veio uma grande seca, com pico em outubro, que atingiu 30% da bacia Amazônica, ou o equivalente a 1,7 milhão de quilômetros quadrados, deixando estragos que continuaram a ser observados muito tempo depois.

Em secas extremas, árvores podem perder galhos e morrer aos poucos. Para a atmosfera, significa liberação de gases de efeito estufa, que alimentam o aquecimento global. As emissões de carbono provocadas pela seca de 2005 são estimadas entre 1,2 e 1,6 bilhão de toneladas. Para comparação, a média histórica de emissões por desmatamento na Amazônia desde 1975 está próxima de 200 milhões de toneladas por ano.

[...] Em 2010, a seca atingiu metade da bacia Amazônica, provocando emissões que podem ter chegado a mais de três bilhões de toneladas de carbono.

[...]


Pulsar Imagens/Du Zuppani

A Amazônia também sofre as consequências do aquecimento global, que pode provocar danos a longo prazo. Na foto, entardecer em Alta Floresta (MT), em 2014.

FONSECA, Vandré. O contra-ataque do aquecimento global sobre a Amazônia. O eco, 29 jan. 2013. Disponível em:

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