per_capita.html>. Acesso em: 9 out. 2015.
Segundo a WWF-Brasil, organização não governamental dedicada à conservação da natureza, as sociedades muito industrializadas geralmente utilizam mais espaços do que as sociedades menos industrializadas. Portanto, suas pegadas são maiores, uma vez que, ao usarem recursos de todas as partes do mundo, afetam locais cada vez mais distantes.
Estudos indicam que, desde a década de 1980, a humanidade está usando 25% de recursos naturais a mais do que o planeta pode dispor. Nesse ritmo, precisaríamos de um planeta e mais um quarto dele para sustentar nosso estilo de vida.
Conexões
Secas severas, mudanças no regime de chuvas, aumento do nível do mar. Deslocamentos populacionais, escassez e aumento do preço de alimentos, problemas de nutrição. Como você viu neste capítulo, não há consenso entre os cientistas sobre o aquecimento global. Mesmo assim, diante de tantas incertezas, é inevitável pensar sobre os cenários climáticos que o futuro reserva para a humanidade, em especial, para os biomas brasileiros. Leia mais sobre isso no texto a seguir.
Fotos Públicas/Prefeitura de Igrapiúna/William Boy
Além de prejuízos materiais e mortes, as enchentes podem facilitar a incidência de diversas doenças. Igrapiúna (BA), 2014.
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Extremos do clima
Os cientistas familiarizados com a obra do historiador inglês marxista Eric Hobsbawm, falecido no ano passado [2012], bem que poderiam tomar emprestado o título de seu livro dedicado às transformações político-econômicas do século XX e empregá-lo para descrever o cenário climático previsto para o Brasil das próximas décadas. Se o assunto são as mudanças climáticas, a era dos extremos (nome do livro de Hobsbawm) apenas se iniciou e, segundo os pesquisadores, veio para ficar por um bom tempo. Em razão do aumento progressivo da concentração de gases de efeito estufa – em maio passado [2013], os níveis de dióxido de carbono (C02) atingiram pela primeira vez na história recente da humanidade as 400 partes por milhão (ppm) – e de alterações na ocupação do uso do solo, o clima no Brasil do final do século XXI será provavelmente bem diferente do atual, a exemplo do que deverá ocorrer em outras partes do planeta.
As projeções indicam que a temperatura média em todas as grandes regiões do país, sem exceção, será de 3° a 6 °C mais elevada em 2100 do que no final do século XX, a depender do padrão futuro de emissões de gases de efeito estufa. As chuvas devem apresentar um quadro mais complexo. Em biomas como a Amazônia e a Caatinga, a quantidade estimada de chuvas poderá ser 40% menor. Nos pampas, há uma tendência de que ocorra o inverso, com um aumento de cerca de um terço nos índices gerais de pluviosidade ao longo deste século. Nas demais áreas do Brasil, os modelos climáticos também indicam cenários com modificações preocupantes, mas o grau de confiabilidade dessas projeções é menor. Ainda assim, há indícios de que poderá chover significativamente mais nas porções de Mata Atlântica do Sul e do Sudeste e menos na do Nordeste, no Cerrado, na Caatinga e no Pantanal. “Com exceção da costa central e sul do Chile, onde há um esfriamento observado nas últimas décadas, estamos medindo e também projetamos para o futuro um aumento de temperatura em todas as demais áreas da América do Sul”, diz José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que trabalha com projeções futuras a partir de modelos regionais do clima. “A sensação é de que as estações estão meio ‘loucas’, com manifestações mais frequentes de extremos climáticos.”
A expressão significa que os brasileiros vão conviver tanto com mais períodos de seca prolongada como de chuva forte, às vezes, um após o outro. Isso sem falar na possibilidade de aparecimento de fenômenos com grande potencial de destruição, que antes eram muito raros no país, como o furacão Catarina, que atingiu a costa de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul em março de 2004. Nas grandes áreas metropolitanas, e mesmo em cidades de médio porte, o avanço do concreto e do asfalto intensifica o efeito ilha urbana de calor, tornando-as mais quentes e alterando seu regime de chuvas.
PIVETTA, Marcos. Extremos do clima. Pesquisa Fapesp, ed. 210, ago. 2013. Disponível em: 2013/08/13/extremos-do-clima/>. Acesso em: 23 out. 2015.
Responda no caderno
1. O que as projeções para 2100 indicam sobre as temperaturas médias nas grandes regiões do Brasil? E sobre as chuvas nos diversos biomas?
2. O que se entende por “estações meio loucas”?
Responda no caderno
1. James Lovelock (1919-) é um famoso pesquisador britânico. Ele ficou conhecido por sua hipótese de Gaia e por previsões a respeito das mudanças climáticas e do futuro da vida no planeta Terra. Leia o texto a seguir, que explica um pouco sobre essa hipótese e as previsões de Lovelock.
James Lovelock, pessimista ou realista?
O cientista inglês James Lovelock é bastante conhecido como proponente da chamada hipótese Gaia, que defende que a Terra age como um superorganismo e, portanto, se autorregula. Embora tenha bom suporte científico em evidências e modelos, essa hipótese foi fortemente combatida por cientistas de várias áreas durante 25 anos, e apenas os climatologistas a consideraram útil. Atualmente, é mais aceita [...].
O auê em torno da hipótese Gaia ofuscou outra parte da biografia desse cientista, muito interessante e produtiva, que incluiu, nos anos 1950, o desenvolvimento de detectores de captura de elétrons, que, acoplados a cromatógrafos a gás, permitiram aumentar consideravelmente a sensibilidade dos [cromatógrafos] [...]. Isso permitiu quantificar resíduos de pesticidas no ambiente e em alimentos, evidenciando sua ampla dispersão ambiental, assim como medir os níveis atmosféricos dos famosos CFCs (clorofluorocarbonetos), responsáveis pela ampliação do buraco de ozônio em altas latitudes. [...]
Isso não o impede de defender com fleuma tipicamente britânica ideias que enfurecem muitos ambientalistas, como a de que já ultrapassamos os limites de emissão de carbono que permitiriam a autorregulação do clima, o que torna o aquecimento inevitável; de que devemos aderir maciçamente à geração de energia por via nuclear; de que energias alternativas como eólica e solar não nos salvarão; de que as previsões do IPCC são otimistas demais. [...]
Migrações, epidemias, colapso
Com as dificuldades de sobrevivência e as migrações em massa, virão as epidemias.
Até 2100, a população da Terra encolherá dos atuais 6,6 bilhões de habitantes para cerca de
500 milhões, sendo que a maior parte dos sobreviventes habitará altas latitudes – Canadá, Islândia, Escandinávia, bacia ártica.
Mas Dr. Lovelock, desculpe, o Sr. não comentou nada sobre as altas latitudes do sul, só sobre as do norte. Consulte o mapa-múndi e concluirá que não foi esquecimento, só misericórdia. De fato, a zona temperada vai se deslocar para ambos os polos, equitativamente, mas, no caso do hemisfério Sul, ela ocupará a ponta da Patagônia, na América do Sul, e mais nada, já que simplesmente não há outras terras emersas nesse futuro círculo temperado. [...]
Lovelock considera que Gaia encontrará novo equilíbrio e que nossa civilização, como conhecemos até aqui, é a que corre perigo.
“Eu gostaria de poder dizer que turbinas de vento e painéis solares vão nos salvar”, comenta Lovelock. “Mas não posso. Não existe nenhum tipo de solução possível. Hoje, há quase 7 bilhões de pessoas no planeta, isso sem falar nos animais. Se pegarmos apenas o CO2 de tudo que respira, já são 25% do total emitido – quatro vezes mais CO2do que todas as companhias aéreas do mundo liberam. Então, se você quer diminuir suas emissões, é só parar de respirar. É apavorante. Simplesmente ultrapassamos todos os limites razoáveis em números. E, do ponto de vista puramente biológico, qualquer espécie que faz isso tem que entrar em colapso.” [...]
GUIMARÃES, Jean Remy Davée. James Lovelock, pessimista ou realista? Instituto Ciência Hoje, 24 abr. 2015. Disponível em:
http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/2845/n/james_lovelock,_pessimista_ou_realista>. Acesso em: 29 jun. 2017.
Cromatógrafo: aparelho usado para realizar a cromatografia, técnica que identifica substâncias e faz a separação e a purificação de misturas.
a) Do que se trata a hipótese de Gaia?
b) Além da hipótese de Gaia, qual foi a outra contribuição de Lovelock para a ciência?
c) Quais são as previsões de Lovelock sobre o futuro da vida na Terra?
2. A teoria do aquecimento global é motivo de controvérsias. Ao mesmo tempo que a maioria dos cientistas acredita no aquecimento, existem outros com posições contrárias. Leia, a seguir, uma notícia que expõe argumentos contrários ao aquecimento.
"Homem não controla o clima e mundo está esfriando", diz professor Molion
Esqueça tudo o que falaram sobre efeito estufa e aquecimento global, para o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e pesquisador do Inpe, Luis Carlos Baldicero Molion, nada disso existe.
"Não existem mudanças climáticas atualmente, o homem não controla, absolutamente, o clima global. Na verdade, vai haver um ligeiro esfriamento global nos próximos 15 anos", declarou Molion na manhã desta terça-feira [3/6/2014] [...].
Polêmico, o professor prega que os modelos climáticos usados pela maioria dos ambientalistas e climatologistas estão errados. Com isso, todas as projeções de aumento de temperatura "são fictícias", segundo Molion.
O professor usa o exemplo do gás carbônico, cuja emissão é criticada pela maioria dos ambientalistas. De acordo com Molion, o mundo natural [...] [joga], por ano, 200 bilhões de toneladas de CO2 no ar; a ação humana, no entanto, é responsável por "apenas 7 bilhões" de toneladas.
"O gás carbônico não controla o clima global, não faz sentido essa discussão toda em cima da emissão de gás carbônico. Ele não é um vilão, não é tóxico, é o gás da vida. Se acabasse o gás carbônico, acabariam as plantas", fala Molion.
O professor mostrou que, apesar da emissão do gás ter aumentado, a temperatura tem se mantido nos continentes. Segundo dados de satélite, a temperatura dos trópicos tem oscilado entre 1,5 grau positivo e 1,5 negativo desde 1979; os números desta medição mostram, inclusive, que desde 2007 a temperatura média dos trópicos vem caindo, mesmo com o aumento da emissão dos gases. [...]
Para ele, o efeito estufa não existe e "é uma forma de neocolonialismo" dos países mais ricos, uma vez que há uma pressão para que os países em desenvolvimento diminuam a emissão do CO2. "O efeito estufa nunca foi provado cientificamente. O protocolo de Kyoto indica que os países precisam reduzir 5,8% das emissões de gases, o que significa 0,3 bilhão de toneladas, um número pequeno demais."
FOLHA de S. Paulo. "Homem não controla o clima e mundo está esfriando", diz professor Molion. 3 mar. 2014. Disponível em:
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