the-world-factbook/>. Acesso em: 14 out. 2015.
Observe, no esquema abaixo, a evolução da divisão internacional do trabalho e o papel do comércio, principalmente, a partir de 1980. Com a nova DIT, é possível identificar três grandes frações ou esferas no espaço mundial:
▸ centro – formado por países altamente industrializados e com tecnologia mais avançada, como Estados Unidos, Japão e Alemanha;
▸ periferia imediata – constituída por países que se industrializaram tardiamente, muitos sob influência
▸ estrangeira, como é o caso do Brasil, do México e da Argentina, mas também da China, da Índia e da Coreia do Sul, entre outros, que exportam manufaturados variados.
▸ periferia afastada – onde se encontram os países menos integrados à economia-mundo, permanecendo como fornecedores de produtos primários ao mercado internacional, como Etiópia, Somália e Moçambique.
Evolução esquemática da divisão internacional do trabalho (DIT)
Ilustrações: getulio delphim/arquivo da editora
Capitalismo comercial (século XVI a XVIII)
Formação da DIT
metais preciosos, especiarias,
escravizados, etc.
colonialismo
manufaturas
Consolidação da DIT
produtos primários: matérias-primas
e alimentos
imperialismo
produtos industrializados
DIT clássica
produtos primários: matérias-
-primas e alimentos
expansão capitalista (1950-1980)
produtos industrializados, capitais,
empréstimos e investimentos (poucos)
Nova DIT
produtos primários, produtos industrializados,
capitais, lucros, royalties e juros de dívida
globalização (1980)
produtos industrializados (em geral,
de tecnologia superior), tecnologia e
capitais (empréstimos, investimentos
produtivos e especulativos)
metrópoles (expansão marítima)
colônias
(exploração)
Capitalismo industrial (1750-1850) e financeiro (1850-1950)
metrópoles (Revolução Industrial)
colônias (exploração)
Capitalismo financeiro (após a Segunda Guerra Mundial)
países desenvolvidos
países menos desenvolvidos
(não industrializados)
países em desenvolvimento
(industrializados)
países desenvolvidos
Esquema simplificado idealizado pelo autor para fins didáticos.
Texto & contexto
1. Quais atividades compõem o setor terciário da economia?
2. O preço de uma mercadoria aumenta até chegar ao consumidor final. Por que isso ocorre?
3. Pense nos produtos que sua família consome e identifique a escala de que cada um deles provém: local, regional, nacional ou global. Faça uma lista e, depois, compare-a com as listas dos colegas.
Economia global e comércio
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o processo de mundialização da economia intensificou-se em virtude dos avanços das relações comerciais entre os países. A necessidade de reconstrução econômica no período pós-guerra levou diversas nações europeias a desenvolver novos eixos de exportações e importações, além de aprofundar os já existentes. Essa estratégia foi de suma importância, visto que o comércio internacional é a principal fonte de divisas para um país e essencial para manter a balança comercial equilibrada, tentando ser favorável, ou seja, exportar mais do que importar. O mesmo princípio se aplica ao chamado balanço de pagamentos de determinado país, um indicador mais abrangente que a balança comercial, pois, além das trocas comerciais, envolve a troca internacional de serviços, como empréstimos e pagamento de royalties, que são os direitos sobre o uso de marcas.
Em 1948, foi criado o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), agência da ONU com o objetivo de elaborar normas de regulação do comércio internacional. Uma das funções do Gatt era controlar a entrada e a saída de mercadorias, estabelecendo taxas de importação mais elevadas ou mais reduzidas, conforme se pretendesse conter ou incentivar uma troca comercial. Em alguns casos, a entrada de certos produtos em determinados países passou a ser limitada ou até proibida.
Assim, o principal choque de interesses a ser resolvido internacionalmente, ainda hoje, é a fixação de limites entre as práticas comerciais livre-cambistas e as protecionistas. O livre-cambismo se baseia no livre trânsito de mercadorias, com o pagamento de baixas tarifas alfandegárias. Já o protecionismo visa a favorecer as empresas nacionais pela elevação das taxas de importação de produtos que podem concorrer no mercado interno. Outra prática protecionista bastante frequente são as “barreiras sanitárias” ou “fitossanitárias”. Muitos países impõem severas regras de controle para a entrada de produtos perecíveis vindos do exterior, especialmente alimentos, as quais acabam por inviabilizar sua importação.
Com a acelerada internacionalização da economia nas últimas décadas, no entanto, o estabelecimento de regras que regulam – e, por vezes, dificultam – a circulação de produtos, serviços e capitais representa um obstáculo às atividades dos grandes grupos internacionais que atuam em escala global, seja no setor produtivo, seja no financeiro.
As grandes empresas, principalmente as multinacionais, necessitam de espaços cada vez maiores para a livre-circulação de bens, serviços e capitais. Além disso, indicadores econômicos têm mostrado que a abertura comercial leva a um aumento da oferta de produtos, o que resulta na queda do preço das mercadorias. O aumento da concorrência pode também favorecer a melhoria da qualidade dos produtos nacionais e a redução de custos, o que tornaria esses produtos mais competitivos no mercado internacional.
As exportações, entretanto, dependem de fatores além do custo de produção, como a taxa de câmbio – quando a moeda de um país está muito valorizada no mercado internacional, os produtos nacionais ficam caros em relação aos dos demais países e perdem competitividade. O mesmo ocorre dentro do país com mercadorias importadas.
Para discutir e resolver questões como as de tarifas aduaneiras, preços e práticas comerciais, os países interessados realizam, por vezes, as chamadas rodadas de negociação, que, em geral, levam o nome do país onde ocorrem. Desses encontros, originou-se a Organização Mundial de Comércio (OMC), criada em 1995 por ocasião da Rodada Uruguai. Gradualmente, a OMC substituiu o Gatt.
A OMC trata das regras que envolvem o comércio entre as nações. Os países-membros da organização negociam e assinam acordos comerciais, que depois são ratificados pelos órgãos competentes de cada país envolvido. Além de acompanhar as negociações, a OMC supervisiona acordos e gerencia disputas, controvérsias e conflitos gerados pela aplicação de acordos no comércio internacional.
Divisas: títulos de crédito (letras, ordens de pagamento, cambiais, etc.) e cheques expressos em moeda estrangeira e pagáveis no exterior.
Glow images/Zuma Press/Xinhua/Pan Siwei
Cerimônia de encerramento da 10a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Nairóbi, Quênia, 2015. Na ocasião, foram tomadas decisões que favoreceram as exportações de produtos agrícolas de países menos desenvolvidos, como o Brasil, para países ricos, como os Estados Unidos.
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Para saber mais
Querem um PIB bem maior? Deixem as mulheres trabalharem
No início de abril, duas das mulheres mais poderosas do mundo se reuniram para uma entrevista conjunta no 5º Encontro de Mulheres do Mundo, em Nova York.
De um lado, Hillary Clinton, ex-senadora e Secretária de Estado e líder indiscutível na corrida presidencial de 2016 [...].
Do outro, a francesa Christine Lagarde, primeira mulher da história a dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Com a mediação de Thomas Friedman, colunista do New York Times, elas concordaram que o “teto de vidro” continua firme e forte mesmo para as mulheres mais respeitadas e bem-sucedidas.
Um exemplo singelo, para Lagarde, é “aquele sorriso que eu vejo frequentemente, quando há muitos ternos cinza em volta da mesa e eu falo de questões femininas, do acesso das mulheres ao mercado de trabalho e da sua parcela na economia. Eu vejo aquele sorriso imperceptível e falo: sim! Eu sou
a mulher lunática que fala sobre mulheres!”.
Ela vem tentando não só ampliar o escopo e melhorar a imagem do FMI, mas também consolidar a ideia de que a inclusão feminina é uma necessidade básica de uma economia saudável.
Hillary concorda: “o argumento para a igualdade das mulheres era principalmente moral e político, mas onde ele está agora – como argumento econômico – representa tanto a maturidade da hipótese de que direitos femininos são direitos humanos quanto uma forma de angariar um apoio maior”.
Efeitos
As mulheres são metade da população mundial, mas só um terço da força de trabalho. Para a Organização Internacional do Trabalho, o trabalho feminino (pago e não pago) é hoje nada menos do que o fator mais importante para reduzir a pobreza nas economias em desenvolvimento.
Um estudo recente do FMI dá os números: se as mulheres estivessem trabalhando na mesma proporção que os homens, o PIB seria 34% maior no Egito, 27% maior na Índia e 5% maior nos Estados Unidos.
E mesmo quando as mulheres trabalham, elas estão desproporcionalmente concentradas em setores de serviços e no trabalho informal ou de meio período – caracterizados por menor pagamento e status.
Até as que chegam ao topo continuam enfrentando obstáculos. Das 250 maiores empresas brasileiras, apenas 3 são lideradas por mulheres. Entre as 500 maiores companhias do mundo (o Fortune 500), há apenas 23 presidentes-executivas.
CALEIRO, João Pedro. Querem um PIB bem maior? Deixem as mulheres trabalharem. Exame.com, 13 maio 2014. Disponível em:
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