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ANABELA NAIA SARDO, IPG, GUARDA PORTUGAL



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ANABELA NAIA SARDO, IPG, GUARDA PORTUGAL




TEMA 1.3. ESCRITORES DA MADEIRA E DOS AÇORES NO PROJETO “HORIZONTES INSULARES”: POR ISSO VOLTAREI DE CARLOS ALBERTO MACHADO E OS MONSTROS DE ANA TERESA PEREIRA, ANABELA SARDO - INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA – UNIDADE DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR

As ilhas comunicam-se de forma subterrânea” (Derek Walcott & Malcolm de Chazal, 2010), convertendo-se num imenso “mega-arquipélago”.




  1. HORIZONTES INSULARES: PROJETO CULTURAL, ARTÍSTICO E LITERÁRIO

Derek Walcott e Malcolm de Chazal, citados por Nilo Panenzuela no prefácio da coletânea de livros Horizontes Insulares (2010: 6), afirmam que as “ilhas [se] comunicam de forma subterrânea”, convertendo-se num imenso mega-arquipélago, dialogando com as mesmas, de acordo com Panenzuela, “com raízes poéticas e míticas uma vez que partem de uma mesma unidade” (2010: 6). Contudo, também afirma que existem, similarmente,
pontos de encontro complexos, de raiz histórica, que mostram discursos diferentes nos espaços conquistados pela expansão ocidental. As criações artísticas e literárias apresentam-se, portanto, num território babélico e plural. Nele, as ilhas ignoram-se entre elas, apesar das suas muitas coincidências. (2010: 6)
Este artigo pretende explicitar o âmbito e os objetivos do projeto de literatura e arte contemporâneas Horizontes Insulares e analisar, especificamente, os autores e textos escolhidos para representarem, no mesmo, os arquipélagos portugueses dos Açores e da Madeira. Foram, selecionados, para fazer parte da coletânea literária, respetivamente, a poesia de Carlos Alberto Machado, no livro Por isso Voltarei, e contos de Ana Teresa Pereira, em Os Monstros.
Horizonte Insulares foi um projeto, lançado em 2010, apoiado pelo Governo das Canárias (através do seu programa cultural SEPTENIO) e com a cooperação da Sociedade Estatal para a Ação Cultural Exterior (SEACEX) do Ministério dos Assuntos Exteriores e do Ministério da Cultura do Governo de Espanha. O intuito crucial era a divulgação de trinta e seis autores de onze territórios insulares. Este propósito cultural, artístico e literário reuniu, pela primeira vez, e pôs em contacto um conjunto de criadores contemporâneos oriundos de múltiplas e diversas geografias insulares. Estava em causa “estabelecer ‘vasos comunicantes’, nos domínios poético e histórico, de uma sensibilidade contemporânea insular” (Palenzuela, 2010: 6).
A iniciativa procurava promover o diálogo entre a Arte e a Literatura de “lugares estreitamente vinculados por razões políticas, geográficas e históricas” (Palenzuela, 2010: 6), mas, igualmente, pelos motivos poéticos e “subterrâneos” a que se referiam Derek Walcott e Malcolm de Chazal.
Foram escolhidos escritores e artistas das chamadas regiões ultraperiféricas europeias, bem como de ilhas americanas que têm afinidades com a Europa, numa tentativa de fazer aproximar espaços culturais que, por vezes, se desconhecem. Deste modo, Açores, Canárias, Madeira, Cabo Verde, Porto Rico, República Dominicana, Cuba, Ilha da Reunião, Guadalupe, Martinica e a Guiana Francesa foram selecionados “sob o signo da unidade poética e da diversidade expressiva numa época complexa, contraditória e em permanente mutação” (Palenzuela, 2010: 6). Consequentemente, as línguas destas ilhas, ou seja, o português, o espanhol e o francês, são as línguas deste projeto.
Horizontes Insulares era composto por duas vertentes, como já foi referido: uma exclusivamente artística e outra artístico-literária. Em ambas, os artistas e escritores revelaram que é possível compreender a unidade na diferença e que o diálogo criador pode brotar sob a égide da condição insular. Orlando Britto e Nilo Palanzuela escolheram e visitaram os territórios insulares a considerar, bem como os respetivos mapas culturais, de forma a conhecerem e selecionarem os possíveis criadores artísticos e literários que pudessem fazer parte do projeto.
A primeira Exposição foi inaugurada, em maio de 2010, teve lugar no Centro de Arte La Regenta, em Las Palmas, Gran Canaria, foi comissariada por Orlando Britto Jinorio e esteve patente com trabalhos de doze artistas plásticos, a saber, Teresa Arozena, Ricardo Barbeito, Maria José Cavaco, Joëlle Ferly, Tchalê Figueira, Gregório González, Thierry Hoarau, Belkis Ramírez, Sandra Ramos, Roseman Robinot, Shirley Rufin e Júlio Suárez, provenientes das ilhas e arquipélagos mencionados. Foram apresentadas obras produzidas em diversas áreas, como o desenho, a pintura, a fotografia, o vídeo, a animação, entre outras. Maria José Cavaco foi a artista convidada para representar os Açores e Ricardo Barbeito para representar a Madeira. Depois, a Exposição fez um percurso itinerante em Cuba, República Dominicana, Madeira e Martinica. Na Ilha da Madeira, decorreu, de 28 de janeiro a 12 de março de 2011, no Museu de Arte Contemporânea do Funchal. Esta mostra teve, como suporte informativo, a edição de um belíssimo catálogo – um livro com cerca de trezentas e sessenta e seis páginas, totalmente produzido pelo Governo de Canárias, contendo textos de vários especialistas.
No que diz respeito aos representantes dos arquipélagos portugueses Ricardo Barbeito e Maria José Fonseca, referiremos, apenas, algumas informações breves sobre os mesmos e a obra. Ricardo Barbeito nasceu no Funchal em 1979. No âmbito do seu Mestrado em Arte e Património, apresentou o projeto de arte pública efémera “A Bilhardice: projeto de intervenção estético-artística para a cidade do Funchal” (2008). Em 2012, integrou o Red Bull House of Art Lisboa, com o projeto “de PELE & URSO”, uma residência artística, comissariado por Alexandre Melo.114
Maria José Cavaco é natural de Ponta Delgada, onde nasceu em 1967. É licenciada em Artes Plásticas/Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Participa em exposições coletivas desde 1988 e fez a sua primeira Exposição individual em 199. Há já mais de duas décadas que as obras desta artista plástica fazem parte do roteiro cultural açoriano. Tem tido um percurso regular e estável ao nível da produção de trabalho e da realização de exposições, sem hiatos significativos, compondo um caminho sereno tradutor do seu crescimento pessoal.115
O projeto Horizontes Insulares englobava, também, como já referimos, a Literatura, sob a responsabilidade do escritor e catedrático de Literatura da Universidade de La Laguna, Doutor Nilo Palenzuela,
A Antologia, trilingue, é composta por doze obras, representando a proveniência de cada autor. Os escritores selecionados foram Carlos Alberto Machado, Ana Teresa Pereira, Jean François Samlong, Verónica Garcia, Anelio Rodriguez Conception, Vera Duarte, Lyne Marie Stanley, Nicole Cage Florentiny, Ernest Pepin, Maira Santos Febres, Alexis Gomez Rosa e Reina Maria Rodriguez. A tradução dos textos redigidos em português foi, para espanhol, de Ricardo Pérez Piñero e, para francês, de Nicole Siganos.
2. OS ESCRITORES ANA TERESA PEREIRA E CARLOS ALBERTO MACHADO NA ANTOLOGIA TRILINGUE DE LITERATURA CONTEMPORÂNEA INSULAR HORIZONTES PENINSULARES
Como acabámos de referir, os escritores selecionados para a Antologia de literatura contemporânea insular foram Carlos Alberto Machado, em representação do arquipélago dos Açores, e Ana Teresa Pereira, do arquipélago da Madeira.
Os livros, que compõem coletânea, têm, para além dos textos (prosa e poesia), belíssimas ilustrações criadas por artistas oriundos, igualmente, das ilhas selecionadas. No caso do livro Os Monstros (Los Monstruos, Les Monstres), de Ana Teresa Pereira, os desenhos são do artista plástico Eduardo Freitas (n. 1955)116. No livro de Carlos Alberto Machado, os desenhos são de Márcio Matos, natural do Pico.
Ana Teresa Pereira nasceu, na Ilha da Madeira, em 1959 e tem publicada uma extensa obra, desde 1989 (referenciada em anexo – ANEXO I), à qual já foram conferidos diversos Prémios dos quais destacamos o último recebido, em 2012, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (A.P.E.), atribuído ao livro O Lago, publicado nos finais de 2011.
A atribuição dos galardões reforça o que já temos escrito sobre Ana Teresa Pereira, entendimento reforçado pela apreciação de vários críticos, quando afirmamos que esta escritora é um caso particular no quadro atual da ficção narrativa portuguesa. Usamos as palavras de António Guerreiro, que enumera diversos atributos e particularidades da escritora, para reforçar a nossa opinião em relação à escritora:
(...) prolixa - trinta livros desde 1989, eclética — cultiva uma pluralidade de géneros, obsessiva - nas referências, nos cenários e nas personagens que transitam, com o mesmo nome, de livro para livro. (…) a escritora parece mover-se no mundo da ficção como se ele fosse a sua realidade, até ao ponto em que deixa de haver um interior e um exterior da literatura. (…). As narrativas desta escritora situam-se noutro lado: do lado de um mundo interior obsessivo, inquietante, (…) parece movida por uma hipermemória literária - ou melhor, por um imaginário fornecido pela literatura e pelo cinema (…). (Guerreiro, 2012: s. p.)
Podemos afirmar que a apreciação da qualidade e singularidade desta escritora se faz tendo em conta cada um dos seus livros, mas, sobretudo, o conjunto de toda a obra publicada. Rosélia Fonseca atesta a nossa opinião, que segue a de Rui Magalhães e de outros críticos literários, quando afirma que “a leitura dos livros de Ana Teresa Pereira permite a descoberta de um universo literário que se afasta dos cânones tradicionais e, dentro da moderna literatura, envereda por um mundo interior, onde a diegese é menos importante do que a personagem, onde o ser reclama um mundo, o lado de dentro. (Fonseca, 2003: 7)
Duarte Pinheiro reconhece que entrar no universo labiríntico de Ana Teresa Pereira
é entrar na casa dos espelhos. Tudo o que o constitui chega até nós, leitores, refletido. (…). As histórias sucedem-se indistintas, como se fossem todas versões de uma só, numa perspetiva autobiográfica, podíamos dizer que são monólogos provenientes do interior da autora para o interior da mesma, num egocentrismo aberto e, ao mesmo tempo, antagonicamente fechado. (Pinheiro, 2010: 2)
Patrícia Freitas reforça, ainda, uma das caraterísticas que consideramos basilares na construção literária de Ana Teresa Pereira e às quais nos havíamos já referido na nossa dissertação de Mestrado, em 2001:
Se a obra pereiriana começa por ancorar a história num enquadramento ainda (tenuemente) realista (…), vai-se progressivamente desligando e libertando do real (ou de efeitos de real), problematizando os tradicionais mecanismos de representação do mundo, e do próprio mundo, enquanto realidade única, empírica e material. (Freitas, 2011: 68)
Podemos afirmar que a obra pereiriana encerra uma marcante complexidade interpretativa, configurando-se num dos territórios mais fascinantes e, simultaneamente, mais inacessíveis da escrita ficcional contemporânea, por diversos aspetos dos quais destacamos, entre outros, a sua escrita obsessiva, a circularidade referencial, a obsidente reinvenção de personagens e espaços.
No que diz respeito ao espaço, os contos escolhidos deixam transparecer, ainda que sub-repticiamente, aquele que é o espaço fundamental na obra pereiriana, a Ilha, que facilmente identificamos com a própria Ilha da Madeira, mas também as ilhas da Grã-Bretanha, que povoam o imaginário da autora.
Ana Teresa Pereira selecionou, para a obra Os Monstros, publicada na coletânea Horizontes Insulares, três contos: “O prisioneiro”, “As estátuas” e o conto homónimo “Os monstros”, textos anteriormente publicados em três livros da escritora. O texto “O prisioneiro” tinha sido publicado no livro Contos de Ana Teresa Pereira (34 - 40), em A coisa que Eu Sou (131 – 138) e em Fairy Tales (25 - 31); “As estátuas” tinha sido, igualmente, patenteado em Contos de Ana Teresa Pereira (27 - 33), em A coisa que Eu Sou (123 – 129) e em Fairy Tales (19 - 24); o conto “Os Monstros” tinha saído já em Contos de Ana Teresa Pereira (41 – 45) e em A Última História (61 – 65).
Os contos escolhidos ilustram algumas das caraterísticas essenciais de Ana Teresa Pereira que aborda sempre os mesmos temas numa constância de sonho (e/ou pesadelo?) que provoca, a quem tenta ordenar esse mundo, a entrada num labirinto de significações perturbado pela presença constante da noite e da água (do nevoeiro que tudo envolve, da chuva que não para de cair e da proximidade do mar); perfumado pelo cheiro obsidiante das flores, sempre presentes; pela adjacência dos animais, penetrando o território dos humanos; e pela visão ambivalente de anjos e demónios. Nesse mundo fantástico e solitário, simultaneamente belo e diabólico, longe e, ao mesmo tempo, tão perto do vulgar mundo quotidiano, personagens especiais, sempre as mesmas, movem-se com estranha leveza.
Solidão e identidade são tópicos recorrentes na obra pereiriana, numa dependência que se verifica entre o espaço e o narrador, e se reiteram nestes três contos.
Carlos Alberto Machado nasceu em Lisboa, em 1954, é escritor, ator e produtor. Tem-se dedicado, desde 1969, à atividade teatral e à conceção e gestão de eventos culturais. Cooperou com o ACARTE da Fundação Gulbenkian; Centro Georges Pompidou, em Paris; Ministério da Cultura, no qual foi assessor; e Expo 98, Exposição em que foi programador de espetáculos.
Foi professor da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa, de 1999 a 2000, e da Universidade de Évora de 2001 a 2008. Dirigiu laboratórios de escrita para teatro com o CITAC, Quarta Parede, CEPiA e Teatro de Giz. Colaborou/colabora nas revistas Sete Palcos, Adágio, Belém, Periférica, Boca-de-incêndio e Telhados de Vidro. Também escreveu/escreve para os jornais O Diário, Semanário, Ilha Maior, Jornal do Pico e Expresso das Nove. Coordenou edições municipais do Concelho das Lajes do Pico, designadamente como codiretor da Revista Magma, juntamente com Sara Santos; Cadernos SIBIL, com José Augusto Soares; e, com Urbano Bettencourt, a Biblioteca Açoriana.
De acordo com a entrevista dada a António Rodrigues, vive atualmente nas Lajes do Pico “(...) para onde uma conferência sobre o amor o levou e a paixão (...) o fez ficar e casar” (Rodrigues, 2013: 18). Em 2011, fundou Companhia das Ilhas de que é Diretor de Arte e Comunicação. Desde o final do século XX, tem vindo a publicar inúmeros livros (referenciados em anexo – ANEXO II), sobretudo de poesia e teatro.
Registo Civil. Poesia Reunida, publicação de 2011, agrupa a obra poética de Carlos Alberto Machado que se revelou como um inovador e surpreendente poeta português no início do século XXI. Esta publicação é o sexto livro de poesia do autor e reúne a obra anteriormente publicada em Mundo de Aventuras (2000), Ventilador (2000), Mito e Palavras Gravadas na Calçada (2001), A Realidade Inclinada (2003) e Talismã (2004).
Aí se encontram também textos inéditos ou publicados em revistas ou coletâneas, como, por exemplo, Na Casa de Passar as Tardes, Uma Pedra sobre o Assunto, O Amor. Estudos para uma Queda e Por isso Voltarei. Em 2013, escreveu e editou o romance Os Hipopótamos em Delagoa Bay. Carlos Alberto Machado é, igualmente, autor de textos dramáticos, de ensaios, contributos diversos para a história do Teatro em Portugal.
Nascido em Portugal Continental, Carlos Alberto Machado optou por viver nos Açores e a sua obra, na qual reiteradamente emergem os temas da escrita, dos corpos e da finitude, revela também a ambiência insular como atestam os poemas de Por Isso Voltarei.
Neste conjunto de textos desnuda-se o íntimo do sujeito poético na sua decisão de ir viver para a ilha: “Gosto do seu olhar a indagar quem é este de fora / apostado em namorar uma menina da minha terra? (...) “o segredo que quero desvendar não é o da sua aguardente / por isso prometo que hei de voltar / senhor manuel alves” (Machado: 2010: 34); “Voltei senhor manuel alves voltei / e o senhor deu-me a honra / de dizer sim ao meu atrevimento (...); “por isso voltarei sempre senhor / manuel alves (...)” (Machado: 2010: 43).
Pejados de sentimentos e emoções, estes são poemas que libertam a cor e o cheiro do oceano, o sabor dos produtos da ilha, a lembrança das suas tradições: “Ando pela Ilha a falar de amor eu que nada sei de amor (...) ” (Machado: 2010: 29); “na ponta de são joão a olhar o cinzento do oceano (...) ” (Machado: 2010: 30); “ (...) faz hoje um ano que trouxeste / queijos do pico e garrafas de lagido (...) ” (Machado: 2010: 31); “Em dia de espírito santo de segunda-feira” (Machado: 2010: 42).
Revela-se claramente que o poeta quis voltar à ilha, porque nela habita o ser amado: “de facto o que me apetece é voltar a ser ilha junto de ti (...) “(Machado: 2010: 29). Porque o poeta não é ilhéu nem o mar o torna como tal, como nos confessa na estrofe que a seguir citamos a encerrar esta brevíssima alusão a Por Isso Voltarei de Carlos Alberto Machado:
Não sou ilhéu desta ilha segunda

nem tempestade aqui me reteve

não é o mar que me torna ilhéu

nem mesmo sei se essa natureza é

ou será alguma vez minha segunda pele

talvez fosse preciso rasgar a carne

(aqui ou em qualquer outra parte)

descer mais fundo sem rumo

ser ou não daqui não é destino

somos todos apátridas se um corpo

não se une ao nosso e funda um lugar

o meu sortilégio é apenas este

ser corpo noutro corpo aqui

eu ser ilha nele e ele em mim. (Machado: 2010: 31)

Contudo, podemos considerar Carlos Alberto Machado como um escritor “insularizado” ou “ilhanizado”, utilizando a designação feliz de Álamo Oliveira, a propósito de todos os que consideram as ilhas como “suas” de um ponto de vista de matriz existencial. Revela, pois, nos seus textos, vivências e mundividências de Açorianidade.


Ana Teresa Pereira acrescenta o facto de ter nascido também numa ilha, a Ilha da Madeira, nela viver até ao momento, revelando-se a “ilha”, nas suas narrativas, como o espaço fundamental das mesmas, marcando a mundividência das personagens das suas histórias.
BIBLIOGRAFIA
CLARA, Isabel Santa (2010), “Caminhos da contemporaneidade artística na Madeira”, in JINORIO; Orlando Britto et al (2010), Horizontes Insulares, Gobierno de Canarias/SEACEX, pp. 181-199.

FONSECA, Rosélia Maria Ornelas Quintal (2003), A personagem Tom. Unidade e pluralidade em Ana Teresa Pereira. Dissertação de Mestrado, Funchal: Extensão da Universidade Católica Portuguesa.

FREITAS, Patrícia Ferreira Mota (2011), Do Escritor como predador: Mistério e (Re)visões na obra de Ana Teresa Pereira. Dissertação de Mestrado, Porto: Universidade do Porto.

GUERREIRO António (2012), “A escritora que na semana a passada viu o seu último livro premiado pela A.P.E. não é facilmente classificável.” Atual n.º 2088, 3 de novembro.

MACHADO, Carlos Alberto (2010), Por Isso voltarei. Vol. 7, Canárias, ISBN: 978-84-7947-559-8 (ISBN obra completa: 978-84-7947-552-9).

MAGALHÃES, Rui (1999b), O Labirinto do Medo: Ana Teresa Pereira. Braga: Ed. Angelus Novus.

PEREIRA, Ana Teresa

(1996b), Fairy Tales. Black Son Editores, (53 pp.). Depósito Legal n.º 104 149/96.

(1997b), A Coisa Que Eu Sou. Lisboa: Relógio d’ Água Editores, (162 pp.). Depósito Legal n.º 118377/97.

(2003), Contos de Ana Teresa Pereira. Lisboa: Relógio d’ Água Editores, (370 pp.). Depósito Legal n.º 202326/2003.

(2010), Os Monstros. In Horizontes Insulares, vol. 9, Canárias, ISBN: 978-84-7947-561-1 (ISBN obra completa: 978-84-7947-552-9).

PINHEIRO, Duarte

(2009), “O fantástico em Ana Teresa Pereira”. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Fernando Pessoa, n.º 6, pp. 10 – 16. ISSN 1646-0502.6.

(2010) Além-Sombras: Ana Teresa Pereira. Tese de Doutoramento, Porto: Universidade Fernando Pessoa.

(2011) Além-Sombras: Ana Teresa Pereira. Fonte da Palavra. ISBN: 9789896670849.

ROCHA, Luís (2011), “Horizontes Insulares no MAC-Funchal”. Diário de Notícias, 23 de janeiro, p. 25

"Horizontes Insulares no Forte de são Tiago". Diário de Notícias, 29 de janeiro, p. 32.

RODRIGUES, António (2013), “Tratado sobre a cobardia sem mestre”. Ípsilon, 16 de agosto, p. 18.

S.a. (2006), “A arte é uma forma de felicidade”.

(http://www.azoresglobal.com/canais/noticias/noticia.php?id=11998 , consulta a 31/08/2013).

SARDO, Anabela,

(2001a) A temática do amor na obra de Ana Teresa Pereira. Dissertação de Mestrado, Aveiro: Universidade de Aveiro.

(2001b), “Ana Teresa Pereira: histórias de amor e solidão”. Artigo acerca do livro de Ana Teresa Pereira Até que a Morte nos Separe, Lisboa, Relógio d’Água Editores, 2000, publicado na Revista CIBERKIOSK, Livros, Artes, Espetáculos, Sociedade, junho (Disponível em http://www.ciberkiosk.pt/livros/index.html e em http://anateresapereira.no.sapo.pt/historiasdesolidao.html ).

(2001c), “A Sedução do diabólico”. Artigo acerca do livro de Ana Teresa Pereira Se Eu Morrer Antes de Acordar, Lisboa, Relógio d’Água Editores, 2000, publicado na Revista CIBERKIOSK, Livros, Artes, Espetáculos, Sociedade, 3 de agosto (Disponível em http://www.uc.pt/ciberkiosk/livros/atp.html e em http://anateresapereira.no.sapo.pt/seducao.html ).

(2001d), “O Rosto de Ana Teresa Pereira”. In Revista da Universidade de Aveiro – Letras, n.º 18: 29 - 54.

(2005), “Ana Teresa Pereira: uma ‘geografia interior’ de sombras e cores”. Românica, Revista de Literatura, Cores, n.º 14, Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: Edições Colibri: 89 - 105.

(2011), “A ilha, ‘território privilegiado onde as leis são abolidas, onde o tempo se detém’, em Matar a Imagem de Ana Teresa Pereira”. Atas finais, Edição ASSOCIAÇÃO DOS COLÓQUIOS DA LUSOFONIA, outubro 2011, 16º COLÓQUIO DA LUSOFONIA - 7º ENCONTRO AÇORIANO DA LUSOFONIA, Santa Maria, AÇORES. ISBN: 978-989-95891-8-6.

SIMÕES, Maria João (2007), “Fantástico como categoria estética: diferenças entre os monstros de Ana Teresa Pereira e Lídia Jorge”. In O Fantástico, Coimbra: Edições do Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, pp. 65 - 81.

XAVIER, Leonor, “ Histórias submersas”. Máxima, Ano 20, N.º 232, Jan.º 2008, pp. 28-30.
SÍTIOS E DOCUMENTOS WEB CONSULTADOS

http://www.dnoticias.pt/actualidade/5-sentidos/247146-horizontes-insulares-no-museu-de-arte-contemporanea ; consulta a 16 de julho de 2013.

http://www.jornaldepoesia.jor.br/camachado.html ; consulta a 29 de agosto de 2013.

http://macgaleria.blogspot.com/2011/02/exposicao-colectiva-horizontes.html , consulta a 8 dezembro de 2011.


ANEXO I

BIBLIOGRAFIA DE ANA TERESA PEREIRA

LIVROS PARA ADULTOS

(1989) Matar a Imagem. Lisboa: Editorial Caminho, SA, Coleção Caminho Policial, (170 pp). ISBN 972-21-0432-2.

(1990) As Personagens. Lisboa: Editorial Caminho, SA, Coleção O Campo da Palavra, (174 pp.). ISBN: 972-21-0469-1.

(1991) A Última História. Lisboa: Editorial Caminho, SA, Coleção Caminho Policial, (188 pp.). ISBN: 972-21-0578-7.

(1993) A Cidade Fantasma. Lisboa: Editorial Caminho, SA Coleção Caminho Policial, (172 pp.). ISBN: 972- 21-0813-1.

(1996a) Num Lugar Solitário. Lisboa: Editorial Caminho, SA, Coleção Caminho Policial, (177 pp.). ISBN: 972-21-1061-6.

(1996b) Fairy Tales. Black Son Editores, (53 pp.). Depósito Legal n.º 104 149/96.

(1997a) A Noite Mais Escura da Alma. Lisboa: Editorial Caminho, SA, Coleção O Campo da Palavra, (152 pp.). ISBN: 972-21-1135-3.

(1997b) A Coisa Que Eu Sou. Lisboa: Relógio d’ Água Editores, (162 pp.). Depósito Legal n.º: 118377/97.

(1998a) As Rosas Mortas. Lisboa: Relógio d’ Água Editores, (221 pp.). Depósito Legal n.º: 125326/98.

(1998b) A Noite Mais Escura da Alma. Lisboa: Círculo de Leitores, (147 pp.).

(1999) O Rosto de Deus. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (178 pp.). Depósito Legal n.º: 139050/99.

(2000a) Se Eu Morrer Antes de Acordar. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (184 pp.). Depósito Legal n.º: 152716/00.

(2000). Até que a morte nos separe. (Inédito).

(2000b) Até Que a Morte Nos Separe. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (100 pp.). Depósito Legal n.º: 158759/00.

(2000c) O Vale dos Malditos. Black Son Editores, (75 pp.).

(2001a) A Dança dos Fantasmas. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (168 pp.). Depósito Legal n.º: 172270/01.

(2001b) A Linguagem dos Pássaros. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (104 pp.). Depósito Legal n.º: 171517/01.

(2002a) O Ponto de Vista dos Demónios. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (101 pp.). Depósito Legal n.º: 187546/02.

(2002b) Intimações de Morte. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (184 pp.). Depósito Legal n.º: 188335/02.

(2003) Contos de Ana Teresa Pereira. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (370 pp.). Depósito Legal n.º: 202326/2003.

(2004) Se Nos Encontrarmos de Novo. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (154 pp.) Depósito Legal n.º: 219139/04.

(2005a) O Mar de Gelo. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (127 pp.). Depósito Legal n.º: 234666/05.

(2005b) O Sentido da Neve. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (85 pp.). Depósito Legal n.º: 227445/05.

(2006a) Histórias Policiais. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (250 pp.). Depósito Legal n.º: 243253/06.

(2006b) A Neve. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (108 pp.). Depósito Legal n.º: 249475/06.

(2007) Quando Atravessares o Rio. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (109 pp.). Depósito Legal n.º: 258573/07.

(2008a) O Fim de Lizzie. Lisboa: Biblioteca Editores Independentes, Lisboa: Relógio d’Água Editores, (137 pp.). ISBN: 978-989-641-024-7.

(2008b) O Verão Selvagem dos Teus Olhos. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (129 pp.). Depósito Legal n.º: 23871/08.

(2009a) As Duas Casas. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (145 pp.). Depósito Legal n.º: 293111/09.

(2009b) O Fim de Lizzie e Outras Histórias. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (210 pp.). Depósito Legal n.º: 320441/09.

(2010a) Inverness. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (131 pp.). Depósito Legal n.º: 310/205/10.

(2010b) A Outra. Lisboa: Relógio d’Água Editores, (68 pp.). Depósito Legal n.º: 316181/10.

(2010c) Los Monstruos; Os Monstros; Les Monstres. Edição trilingue, Canárias: Horizontes Insulares, (61 pp.). ISBN: 978-84-7947-552-9 (obra completa). ISBN: 978-7947-561-1 (Vol. 9); Depósito Legal: TF 995-2010 (vol. 9).

(2011a) A Pantera. Lisboa: Relógio d’Água Editores (115 pp.) Depósito Legal n.º: 327271/11.

(2011b) O Lago. Lisboa: Relógio d’Água Editores (144 pp.) ISBN: 978-989-641-266-1.

(2012) Si nos encontramos de nuevo. Tradução de Silvia Capón Sánchez, Espanha: Baile del Sol; ISBN: 978-84-15019-85-5.

LITERATURA JUVENIL

(1991a) A Casa dos Pássaros. (78 p.).

(1991b) A Casa dos Penhascos. (85 p.).

(1991c) A Casa das Sombras. (75 p.).

(1991d) A Casa da Areia. (83 p.).

(1992e) A Casa do Nevoeiro. (85 p.).

Lisboa: Editorial Caminho, Coleção Labirinto.

ANEXO II

PRINCIPAIS OBRAS DE CARLOS ALBERTO MACHADO

(1999), Teatro da Cornucópia. As Regras do Jogo. Frenesi. (ensaio)

(2000), Transportes & Mudanças. Três Peças em um Ato. Frenesi. (ensaio)

(2001), Mito, seguido de Palavras Gravadas na Calçada. & etc. (poesia)



Os Nomes que Faltam. Teatro Nacional S. João/Cotovia. (teatro)

(2002), Restos. Interiores. Ed. de autor.

(2003), Aquitanta. Ed. de autor. (teatro)

A Realidade Inclinada. Averno. (poesia)

(2004), Talismã. Assírio & Alvim. (poesia)

(2008), Hamlet & Ofélia, Escola Portuguesa de Moçambique. (teatro)

(2009), 5 Cervejas para o Virgílio. & etc. (teatro)

(2010), Hoje Não Há Música. Escola Portuguesa de Moçambique. (teatro)

Registo Civil. Assírio & Alvim. (poesia reunida)



Por eso volveré / Por isso voltarei / C’est pourquoi je reviendrai. Horizontes Insulares, Gobierno de Canarias (poesia)

(2011), Corpos. Azulcobalto - Milideias (poesia)



(2013), Hipopótamos em Delagoa Bay. Abysmo (romance)


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