Conclusão
Estas considerações corroboram a minha esperança de que estamos testemunhando uma expansão da Psicologia, não o desenvolvimento de um novo “ismo” que possa redundar numa antipsicologia ou uma anticiência.
É possível que o existencialismo não só enriqueça a Psicologia, mas constitua também um impulso adicional no sentido do estabelecimento de outro ramo da Psicologia: a Psicologia do Eu autêntico e plenamente desenvolvido, e de seus modos de ser. Sutich sugeriu que se desse a isso o nome de Ontopsicologia.
Sem dúvida, parece cada vez mais evidente que aquilo a que chamamos “normal” em Psicopatologia é, realmente, uma Psicopatologia do indivíduo comum, tão vulgar e tão generalizada que, habitualmente, nem a notamos. O estudo existencialista da pessoa autêntica e da existência autêntica ajuda a colocar esse artificialismo geral, essa existência baseada em ilusões e no medo, sob uma luz crua e forte que revela claramente a sua natureza doentia, ainda que amplamente compartilhada.
Não creio que necessitemos tomar excessivamente a sério o martelar exclusivo dos existencialistas europeus sobre o temor, a angústia, o desespero etc., para os quais o único remédio parece ser a manutenção de uma conduta de altaneira superioridade e estoicismo. Essa lamúria em torno de um alto QI numa escala cósmica ocorre sempre que uma fonte externa de valores deixa de funcionar. Eles deveriam ter aprendido com os psicoterapeutas que a perda de ilusões e a descoberta de identidade, embora dolorosas no começo, podem ser, finalmente, estimulantes e fortalecedoras. E depois, é claro, a ausência de qualquer menção de experiências culminantes, de experiências de júbilo ou êxtase, ou mesmo de felicidade normal, leva à forte suspeita de que esses autores são “não-culminativos”, isto é, pessoas que não experimentam alegria em toda a sua plenitude. É como se pudessem ver apenas com um olho e esse olho tivesse sua visão deformada. A maioria das pessoas experimenta tragédia e alegria em diversas proporções. Qualquer Filosofia que deixe de fora uma ou [pág. 43] outra não pode ser considerada abrangente.1 Colin Wilson (307) distingue claramente entre existencialistas “afirmativos” e existencialistas “negativos”. Quanto a esta distinção, devo concordar completamente com ele. [pág. 44]