Introdução a Psicologia do Ser



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7. Dependência e Independência do Ambiente

— As necessidades de segurança, filiação, relações de amor e respeito só podem ser satisfeitas por outras pessoas, isto é, somente de fora da pessoa. Isso significa uma con­siderável dependência do ambiente. De uma pessoa nessa [pág. 60] posição dependente não se pode dizer, realmente, que se governa a si mesma ou que exerce o controle do seu pró­prio destino. Ela deve estar vinculada às fontes de supri­mento das satisfações necessárias. Os desejos, caprichos, regras e leis dessas fontes governam a pessoa e têm de ser apaziguados, para que ela não ponha em risco as suas fontes de abastecimento. Em certa medida, ela deve ser “alterdirigida” e deve ser sensível à aprovação, afeição e boa-vontade de outras pessoas. Isso é o mesmo que dizer que ela deve adaptar-se e ajustar-se, sendo flexível e re­ceptiva, e modificando-se para se harmonizar à situação externa. Ela é a variável dependente; o ambiente é a variável fixa, independente.

Por isso é que o homem motivado pela deficiência deve temer mais o seu ambiente, visto que existe sempre a possibilidade de que o ambiente não o ajude ou o desa­ponte. Sabemos agora que esse tipo de dependência an­siosa também gera hostilidade. Tudo isso se soma numa ausência de liberdade, dependendo, mais ou menos, da boa ou má fortuna do indivíduo.

Em contraste, o indivíduo capaz de individuação, aquele que, por definição, satisfez as suas necessidades básicas, é muito menos dependente, está muito menos vinculado, é muito mais autônomo e egodirigido. Longe de precisar de outras pessoas, o indivíduo motivado para o crescimento pode, realmente, ser embaraçado por elas. Já descrevi (97) a sua predileção especial pela vida íntima, pelo distanciamento e pela meditação (ver também o ca­pítulo 13).

Essas pessoas tornam-se muito mais auto-suficientes e senhoras de si. As determinantes que as governam são agora, primordialmente, de natureza interna, em vez de sociais ou ambientais. Elas são as leis de sua própria na­tureza íntima, de suas potencialidades e capacidades, seus talentos, seus recursos latentes, seus impulsos criadores, suas necessidades de se conhecerem a si próprias e de se tornarem cada vez mais integradas e unificadas, cada vez mais cônscias do que realmente são, do que realmente querem, da natureza de sua vocação ou destino.

Como dependem menos de outras pessoas, são menos ambivalentes a respeito delas, menos ansiosas e menos hostis, necessitando menos de seu apreço e afeição. Estão [pág. 61] menos ansiosas pela obtenção de honras, prestígio e recom­pensas.

A autonomia ou relativa independência do ambiente também significa a independência relativa de circunstân­cias externas adversas, como os azares, os reveses, tragé­dia, tensão e privação. Como Allport sublinhou, a noção do ser humano como essencialmente reativo, o homem E-R, poderíamos chamá-lo, que é posto em movimento por es­tímulos externos, torna-se completamente ridículo e in­sustentável para as pessoas com capacidade de individuação. As fontes de suas ações são mais internas do que rea­tivas. Essa relativa independência do mundo externo e de seus desejos e pressões não significa, é claro, falta de intercurso com esse mesmo mundo ou de respeito pelo seu “caráter exigente”. Significa apenas que, nesses contatos, os desejos e planos da pessoa individuacionante são os fatores determinantes primordiais, em vez das tensões do meio. A isso chamei liberdade psicológica, em contraste com a liberdade geográfica.

O contraste expressivo de Allport (2) entre determi­nação “oportunista” e determinação “propriada”1 do com­portamento corresponde estreitamente à nossa oposição exterodeterminada e intradeterminada. Também nos re­corda a concordância uniforme entre os teóricos biológicos ao considerarem a crescente autonomia e independência dos estímulos ambientais como sendo as características de­finidoras da individualidade total, da verdadeira liberdade, do processo evolucionário em seu todo (156).



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