Observação Final
Desejo sublinhar um importante paradoxo de que tratei acima (número 2) e com que temos de nos defrontar mesmo que não o entendamos. O objetivo da identidade (autonomia, individuação, auto-realização, eu-real de Horney, autenticidade) parece ser, simultaneamente, [pág. 144] uma meta final em si e também uma meta transitória, um rito de passagem, um passo no caminho da transcendência da identidade. Isso é o mesmo que a sua função é apagar-se. Dito de outra maneira, se a nossa meta é a oriental de egotranscendência e obliteração, de superar a autoconsciêneia e a auto-observação, de fusão com o mundo e identificação com este (Bucke), de homonomia (Angyal), então parece que o melhor caminho para essa meta, para a maioria das pessoas, é através da realização da identidade, um forte eu real e a satisfação de necessidades básicas, e não através do ascetismo.
Talvez seja pertinente, para essa teoria, o fato dos meus sujeitos jovens serem propensos a relatar duas espécies de reação física às experiências culminantes. Uma é excitação e alta tensão (“Sinto-me desnorteado, como com vontade de dar saltos, de gritar a plenos pulmões”). A outra é de relaxamento, paz, silêncio, uma sensação de quietude. Por exemplo, após uma bela experiência sexual, ou experiência estética, ou furor criador, é possível uma ou outra reação; ou a continuação de intensa excitação, incapacidade para dormir ou ausência de sono, até perda de apetite, prisão de ventre etc. Ou, então, um relaxamento completo, inação, sono profundo etc. O que é que isso significa não sei. [pág. 145]
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