J. R. Ward Amante Revelado



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CAPÍTULO 33
Quarenta e cinco minutos depois, Butch estava parado na soleira da cozinha, olhando para Marissa com Mary e John. Os três estavam inclinados sobre um diagrama que explicava como se entrelaçavam as agências humanas de serviços do estado de Nova Iorque. Mary tinha dado o enfoque do estudo de um caso, para ensinar Marissa como funcionava tudo, e John se ofereceu voluntariamente para ser o caso.

Jesus, o menino não o tinha tido uma vida fácil. Nascido no quarto de banheiro de uma estação de ônibus. Pego por um porteiro e levado a um orfanato católico. Depois mandado para casa de pais adotivos que não se importavam com ele, depois que receberam o dinheiro do programa. E ficou pior: deixou a escola aos dezesseis anos. Escapou do sistema. Viveu na imundície enquanto se mantinha trabalhando como ajudante de garçom no centro da cidade. Tinha sorte de estar vivo.

E Marissa claramente ia ajudar a meninos como ele.

À medida que a discussão continuou, Butch notou que a voz da vampira mudou. Fez-se mais profunda. tornou-se mais direta. Seus olhos se aguçaram e suas perguntas se tornaram mais agudas. Deu-se conta de que era incrivelmente preparada, e de que ia ser boa nisto.

Deus, amava-a. E desejava desesperadamente ser o que precisava. O que merecia.

Como se tivesse dado um sinal, ouviu passos e cheirou o tabaco turco do V.

—Wrath está esperando, policial.

Butch olhou fixamente a sua mulher durante um momento mais.

—Vamos.

Marissa levantou a cabeça.



—Butch? Eu adoraria escutar suas idéias sobre uma força policialcial —apontou o diagrama—Posso ver muitas situações nas que vamos precisar a aplicação da lei. Wrath vai ter que considerar começar algum tipo de polícia civil.

—O que desejar, carinho. —Os olhos de Butch memorizaram seu rosto—Só me dê uns minutos, OK?

Marissa assentiu, sorriu de maneira distraída, e voltou de novo para trabalho.

Incapaz de resistir, Butch se aproximou e lhe tocou o ombro. Quando levantou a vista um momento, beijou-a na boca e sussurrou:

—Amo você.

Quando seus olhos flamejaram, beijou-a outra vez e partiu. Deus, esperava como o inferno que desta regressão de antepassados saísse algo diferente de uma grande quantidade de irlandeses mauricinhos de classe média.

Ele e Vishous subiram ao escritório e encontraram o adornado quarto decorado a francesa vazio à exceção de Wrath... Que estava parado frente do fogo, com um grosso braço apoiado no suporte da chaminé. O Rei parecia padecer de cansaço cerebral enquanto olhava fixamente as chamas.

—Meu senhor? —Disse V—Este é um bom momento?

—Sim. —Wrath lhes indicou que passassem, seu anel de diamante negro cintilando no dedo do meio—Fechem as portas.

—Importa-se se trouxer um pouco de músculo? —V indicou o corredor—Eu gostaria de ter Rhage aqui para segurar o policial.

—Muito bem. —Quando Vishous partiu, Wrath olhou fixamente Butch com grande intensidade, seus olhos eram como tochas ardendo atrás de seus óculos de sol—Não contava com que a Virgem Escriba nos deixasse fazer isto.

—Me alegro de que o fizesse. Muito.

—Entende no que está se metendo aqui? Vai doer como a merda e poderia acabar como um vegetal do outro lado.

—V me deu a informação completa. Estou bem.

—Estava comprovando —murmurou Wrath com aprovação—. Está tão firme a respeito disto.

—Quais são minhas opções se desejo saber? Nenhuma. Assim deixar tudo na cabeça não vai ajudar.

As portas duplas se fecharam e Butch olhou através do escritório. Rhage tinha o cabelo úmido e usava jeans azuis desgastados, uma jaqueta de lã negra, e nada de sapatos ou meias três-quartos. Ridiculamente, Butch notou que inclusive os pés do cara eram magníficos. Sim, nada de dedos peludos ou unhas danificadas para Hollywood. O bastardo era perfeito, dos pés a cabeça.

—Deus, policial —disse o irmão—Tem certeza que vai fazer isso?

Quando Butch assentiu, Vishous ficou na frente dele e começou a tirar a luva.

—Preciso que tire a camisa, companheiro.

Butch se despiu até a cintura, deixando seu Turnbull & Asser no sofá.

—Posso ficar com a cruz?

—Sim, não deverá derreter. Muito. —V guardou a luva no bolso traseiro, depois tirou o cinturão negro dos quadris e lhe entregou a correia de couro a Rhage—Quero que coloque isso na boca e que a mantenha aí para que não se quebre os dentes. Mas não tenha nenhum contato com ele. De qualquer maneira vai ter uma queimadura, estando tão perto.

Rhage se colocou atrás, mas o som de golpes nas portas interrompeu tudo.

A voz da Marissa penetrou através dos painéis de madeira.

—Butch? Wrath? —Mais golpes. Voltando-se mais estrepitosos—Meu senhor? Está acontecendo algo?

Wrath levantou uma sobrancelha para Butch.

—Me deixe falar com ela.

Quando Wrath abriu as portas, Marissa irrompeu no escritório. Deu um olhar à mão sem luva de V e ao peito nu de Butch e ficou branca como a neve.

—O que estão fazendo?

Butch caminhou até ela.

—Vamos descobrir se existe algo de sua espécie em mim.

Sua boca se abriu. Então se voltou para o Wrath.

—Diga a ele que não. Diga que não podem fazer isto. Diga …

—É sua escolha, Marissa.

—Vai matá-lo!

—Marissa —disse Butch—aceito o risco para descobrir algo sobre mim.

Girou para ele, seu olhar fixo furioso, certamente brilhando com luz. Houve uma pausa. Depois lhe deu uma bofetada.

—Isto é por não se preocupar por você mesmo. —Sem fazer uma pausa, esbofeteou-o outra vez, outro rangido ressonando no teto—E esta por não me dizer o que estava fazendo.

A dor ardeu em sua bochecha, palpitou com o batimento do coração de seu coração.

—Meninos, podem nos dar um minuto? —disse brandamente, os olhos sem abandonar o pálido rosto de Marissa.

Quando os Irmãos desapareceram, Butch tentou segurar suas mãos, mas ela as colococou atrás, envolvendo-se com os braços.

—Marissa... Esta é a única saída que posso ver.

—Saída para que?

—Há uma oportunidade de que possa ser o que precisa…

—Quem preciso que seja? Preciso que você seja você mesmo! E preciso de você vivo!

—Isto não vai me matar.

—OH, e já fez isso antes, assim sabe com segurança? Estou tão aliviada.

—Tenho que fazer isto.

—Não tem…

—Marissa —a soltou—Quer se pôr em meu lugar? Quer pensar na idéia de que me ama mas eu tenho que estar com alguma outra, viver de alguma outra, enquanto não pode fazer nada sobre isso, mês após mês, ano após ano? Quer pensar sobre o que seria saber que vai morrer primeiro e me deixar sozinho? Quer ser uma cidadã de segunda classe no mundo que vivo?

—Está me dizendo que preferia estar morto a estar comigo?

—Sei que parece isso, mas isso não vai ser…

—Mas o que vem depois? Acredita que não posso seguir a lógica? Se descobrir que tem um familiar vampiro, quer me dizer que não vai tentar algo certamente estúpido?

—Amo muito você…

—Maldito seja! Se me amasse, não faria isto. Se me amasse… —a voz da Marissa se quebrou—. Se me amasse…

Lágrimas cairam de seus olhos, e com um movimento abrupto, ficou as mãos no rosto e tremeu. Simplesmente toda ela tremeu.

—Carinho... Tudo vai sair bem. —Graças a Deus, deixou-lhe rodeá-la com os braços—. Carinho…

—Agora mesmo estou tão zangada com você —disse contra seu peito—É um idiota arrogante e orgulhoso que está quebrando meu coração.

—Sou um homem que quer cuidar de sua mulher.

—Como disse... Um maldito idiota. E prometeu, nada de me proteger me deixando fora.

—Sinto muito, só queria dizer isso a você quando tudo tivesse passado. E confio em V com minha vida, de verdade. Não vou morrer por isso. —Butch levantou a cabeça dela e limpou suas lágrimas com as pontas dos dedos—É só que não posso deixar de pensar no futuro. Tenho trinta e sete e levei uma vida bebendo e fumando muito. Poderia estar morto em dez anos, quem sabe?

—E se morrer agora, teria perdido essa década. Quero esses anos com você.

—Mas eu quero séculos e não anos. E quero que deixe de se alimentar de... Rehvenge.

Ela fechou os olhos e sacudiu a cabeça.

—Disse que não é algo romântico…

—Por sua parte. Mas pode me dizer honestamente que não te deseja? —Quando não respondeu, ele assentiu—Foi o que pensei. Não o culpo, mas eu não gosto. Embora... merda, provavelmente deveria estar com alguém como ele, alguém de sua classe.

—Butch, já não me importa mais a glymera. Agora saí dessa vida, e sabe o que? É melhor. De fato, devo agradecer a Havers por me forçar a ser independente. Fez-me um favor.

—Sim, bom, não o leve a mal, mas ainda quero chutar o traseiro dele.

Quando a apertou mais forte, ela suspirou em seu peito.

—O que vão fazer se tiver algo da raça em você?

—Falaremos disso depois.

—Não. —Empurrou-o para trás—. Não me deixe de fora. Quer fazer isto por nós? Então tenho um voto, maldição. Falaremos disto agora.

Ele passou uma mão pelo cabelo e se preparou.

—Se tiver o antepassado, vão tentar ativar a mudança.

A boca da Marissa se abriu lentamente.

—Como?

—V diz que pode fazê-lo.



—Como?

—Não sei. Não chegamos tão longe.

Marissa o olhou fixamente durante muito tempo, e ele soube que estava repassando seus enganos. Depois de um momento, disse—. Quebrou a promessa que me fez me deixando fora de tudo isto.

—Eu... sim, quebrei. —colocou a mão sobre o coração—Mas te juro, Marissa, que ia ver você uma vez que soubesse se tínhamos uma possibilidade. Nunca tive intenção de passar pela transição sem falar com você primeiro. Juro isso.

—Não quero te perder.

—Não quero estar perdido.

Quando ela deu uma olhada à porta, o silêncio se estendeu pelo escritório até que ele pôde jurar que se tornou tangível, roçando contra sua pele como a névoa fria.

Finalmente, ela disse: —Se for fazer a regressão, quero estar aqui.

Butch deixou sair o ar em uma rajada.

—Vêem aqui, preciso abraçar você um segundo.

Puxando-a, envolveu seu corpo ao redor do dele. Marissa tinha os ombros rígidos, mas seus braços lhe envolviam a cintura. Com força.

—Butch?


—Sim?

—Não sinto haver esbofeteado você.

Deixou cair a cabeça no pescoço da vampira.

—Mereci isso.

Quando Butch pressionou os lábios sobre sua pele, respirou profundamente, tentando reter seu aroma não só nos pulmões mas também no sangue. Quando se afastou, olhou a veia que percorria seu pescoço e pensou, OH, Deus... por favor, me deixe ser algo mais do que sou.

—Vamos resolver isso logo. —disse ela.

Beijou-a e deixou que Wrath, V, e Rhage voltassem para dentro.

—Vamos fazê-lo? —perguntou Vishous.

—Sim, vamos.

Butch fechou as portas, e então ele e V foram para a chaminé.

Quando Rhage se moveu por trás e foi colocar o cinto em seu lugar, Butch olhou para Marissa.

—Está tudo bem, carinho. Amo você. —Depois deu uma olhada ao Wrath. Como se o Rei lesse mentes, aproximou-se e ficou ao lado da Marissa. Preparado para pegá-la. Ou retê-la.

V chegou realmente perto, tão próximo que seus torsos quase se tocavam. Com cuidado, reacomodou a cruz para que se pendurasse nas costas de Butch.

—Preparado para começar, policial?

Butch assentiu, encontrando uma mordida tão cômoda como pôde no couro. Preparou-se quando V levantou um braço.

Salvo que quando a palma de seu companheiro de quarto aterrissou em seu peito nu tudo o que sentiu foi um peso quente. Butch franziu o cenho. Era isto? Era isto fodidamente? Assustar por completo a Marissa por nenhuma razão…

Baixou o olhar, totalmente irritado.

OH, mão incorreta.

—Quero que você relaxe para mim, amigo —disse V, movendo lentamente a palma em um círculo, justo sobre o coração do Butch—Respire profundamente um momento. Quanto mais tranqüilo estiver, melhor será para você.

Divertida escolha de palavras. Exatamente o que Butch havia dito a Marissa quando o…

Não querendo ficar nervoso, abandonou esse pensamento e tentou afrouxar os ombros. Não conseguiu nada.

—Vamos respirar juntos durante um minuto, policial. Isso. Para dentro e para fora. Respira comigo. Sim, bem. Temos todo o tempo do mundo.

Butch fechou os olhos e se concentrou na sensação calmante esfregando seu torso. O calor. O movimento circular.

—Aí vai, policial. Isso está bom. Sente-se bem, certo? Logo que acalme-se...

O movimento circular se tornou mais lento e mais lento. E a respiração dr Butch se tornou mais profunda e mais fácil. Seu coração começou a deter-se brevemente antes dos batimentos do coração, os intervalos entre eles fazendo-se cada vez mais largos. E todo o tempo com a voz de V... as palavras preguiçosas que o seduziam, entravam no cérebro, pondo-o em transe.

—Muito bem, Butch. Me olhe. Mostre-me seus olhos.

Butch levantou as pesadas pálpebras e cambaleou ao olhar fixamente o rosto de V.

Então ficou tenso. A pupila do olho direito de V se expandiu até que não houve nada salvo escuridão. Nenhuma parte branca. Nem íris. Que CO…

—Não, tudo está bem, Butch. Não se preocupe pelo que está vendo. Simplesmente olhe dentro de mim. Venha, agora. Olhe dentro de mim, Butch. Sente minha mão em seu peito. Bem... Agora quero que caia em mim. Deixe ir. Cai... em... mim...

Butch se fixou na escuridão e tornou a centrar-se na palma que se movia sobre seu coração. Pela extremidade do olho viu a mão brilhante subindo no ar, mas estava muito além disso para que se importasse. Estava tropeçando da maneira mais maravilhosa e aprazível, em meio de uma suave viagem pelo ar fino, caindo em Vishous...

Afundando-se em um vazio...

De escuridão...

O Sr. X despertou e colocou a mão no peito, procurando as feridas. Ficou satisfeito ao ver quão rápido estavam se curando, mas menos força do que o normal.

Levantando a cabeça com cuidado, deu uma olhada ao que uma vez tinha sido um lugar acolhedor para uma família. Entretanto, agora que a Sociedade Lessening ocupava a casa, o quarto só tinha quatro paredes, um tapete descolorido, e cortinas murchas.

Van entrou da cozinha e se deteve de súbito.

—Está acordado. Jesus, pensei que ia ter que cavar um buraco no pátio dos fundos.

O Sr. X tossiu um pouco.

—Traz meu notebook.

Quando Van trouxe a coisa, o Sr. X se levantou com esforço até ficar recostado contra a parede. Do menu inicial do Windows XP, entrou em Meus Documentos e abriu um documento de Word titulado “Notas Operacionais”. Foi baixando até o cabeçalho chamado “Julho” e Passou pelas entradas feitas nove meses atrás. Havia uma para cada dia, quando tinha sido pela primeira vez Fore-lesser. Quando não se tinha importado uma merda.

Enquanto procurava, era consciente de ter Van o rondando.

—Temos um novo propósito, você e eu —disse o Sr. X ausente.

—Ah, sim?

—Esse humano que vimos esta noite. Vamos encontra-lo. —X se deteve nas notas do dia dezessete do mês, mas não lhe deram o que estava procurando—Vamos encontrar a esse ser humano, e vamos matá-lo. Encontrá-lo... matá-lo.

O cara tinha que morrer para que a má interpretação da situação feita pelo Sr. X se convertesse em fato e O Omega nunca soubesse que seu troyano humano não tinha sido morto pelos Irmãos.

Entretanto, outro lesser teria que levar a cabo o assassinato real do homem. Depois do enfrentamento desta tarde, o Sr. X ia sair da zona de perigo. Não podia correr o risco de outra lesão séria.

Julho... Julho... possivelmente tinha sido o mês equivocado, mas teria podido jurar que tinha sido esse então quando um policialcial igual a esse humano tinha passado pela Academia de Artes Marciais do Caldwell, o antigo Quartel Geral da Sociedade… ah... sim. Os arquivos bem guardados eram tão proveitosos. E também o era o fato de ter exigido ver a placa do cara.

O Sr. X falou.

—Seu nome é Brian O'Neal. Placa número oito cinco dois do Departamento de Polícia de Caldwell. Morava em um dos Apartamentos de Cornwell, mas estou certo de que se mudou. Nasceu no Hospital de Boston para Mulheres, em Boston, Massachussets, do senhor Edward e a senhora Odell O'Neal. —O Sr. X olhou Van e sorriu um pouco—Quanto você aposta que seus pais ainda estão em Boston?



CAPÍTULO 34
A chuva caía sobre o rosto de Butch. Estava fora? Tinha que estar.

Deus... devia estar desacordado em alguma farra ou algo assim. Porque estava deitado de costas e tinha na cabeça um grande peso, e a idéia de abrir os olhos parecia muito trabalho.

Provavelmente deveria ficar aí deitado e esperar um momento. Sim... poderia dormir um pouco...

Salvo que, santo inferno, esta chuva era incômoda. A merda fazia cócegas quando lhe golpeava o rosto e lhe escorregava pelo pescoço. Levantou um braço para cobrir seu rosto.

—Está voltando a si.

De quem era essa voz profunda? V... sim, e V era... seu companheiro de quarto? Ou algo assim. Sim... seu companheiro de quarto. Gostava muito de V.

—Butch? —Agora, uma mulher. Uma mulher muito assustada—Butch, pode me ouvir?

OH, realmente a conhecia. Era... o amor de sua vida... Marissa.

Os olhos do Butch se abriram preguiçosos, mas não estava muito certo do que era realidade e o que era absurda loucura. Até que viu o rosto de sua mulher.

Marissa estava inclinada sobre ele com a cabeça do Butch em seu colo. Suas lágrimas eram o que caíam em seu rosto. E V... V estava a seu lado, agachado, com a boca formando uma raia fina e tensa em meio a seu cavanhaque.

Butch lutou para falar, mas havia algo em sua boca. Quando empurrou a coisa, tentando que saísse, Marissa foi ajudá-lo.

—Não, ainda não —disse V—Acredito que tem um par mais nele.

Mais do que?

De alguma parte, Butch ouviu um ruído de pés.

Levantou a cabeça um pouco e se surpreendeu ao ver que era ele o que fazia o ruído. Seus sapatos estavam balançando de cima a baixo, e viu como os espasmos lhe subiam pelas pernas. Tentou lutar contra o avanço, mas o processo tomou o controle, percorrendo seus quadris e torso, lhe fazendo bater as asas nos braços e bater as costas contra o chão.

Agüentou a onda o melhor que pôde, tentando manter-se consciente até que foi impossível.

Quando voltou a si, estava enjoado.

—Essa não durou tanto —disse Marissa, afastando o seu cabelo—Butch, pode me ouvir?

Assentiu e tentou levantar o braço para ela. Mas então seus pés começaram outra vez com a rotina Fred Astaire.

Três viagens mais desse processo e finalmente tiraram o cinto de sua boca. Quando tentou falar, deu-se conta de que certamente estava bêbado. Seu cérebro logo começava a funcionar, estava tão perdido. A menos que... um momento… não podia lembrar de ter bebido uísque escocês.

—Marissa —resmungou, tomando a mão—. Não quero ver você beber tanto. —Espera, não era isso o que queria dizer—. Ah... não que me veja beber tanto... quero.

O que seja. Deus... Estava tão confuso.

V sorriu um pouco, mas era o tipo de sorriso falso que davam os médicos a pacientes que estavam a ponto de vomitar.

—Vai precisar de algo que tenha açúcar. Rhage, tem uma pirulito?

Butch levantou o olhar quando um loiro alucinantemente bonito se ajoelhou.

—Conheço você—disse Butch—. Não é... colega.

—Não é, amigo. —Rhage procurou no bolso de sua jaqueta e tirou um pirulito. Depois de rasgar o pacote, o colocou na boca de Butch.

Butch gemeu. Deus bendito, era a melhor coisa que tinha comido na vida. De uva. Doce. Ahhhh...

—Está tendo outro ataque? —perguntou Marissa.

—Acredito que gosta —murmurou Rhage—. Não é assim, policial?

Butch assentiu e quase perdeu o pirulito, assim Rhage pegou o controle do palito, colocando-o em seu lugar.

Deus, eram tão bons com ele. Marissa lhe acariciando o cabelo e lhe agarrando a mão. A palma de V um peso quente na perna. Rhage assegurando-se de que o pirulito permanecesse em seu lugar…

De repente, um r raciocínio maior e a memória a curto prazo apareceram em rajadas, como se seu cérebro fosse colocado de volta em seu crânio. Não estava bêbado. A regressão. A regressão de antepassados. A mão de V em seu peito. A escuridão.

—Qual foi o resultado? —perguntou, apavorado—. V... o que descobriu? Qual foi…

Todos os que estavam a seu redor respiraram profundamente e alguém murmurou—Graças a Deus que retornou.

Nesse momento, duas botas militares com a ponteira de aço se aproximaram da direita. Os olhos de Butch se cravaram nelas, depois foram subindo, percorrendo um par de pernas cobertas de couro, depois um corpo enorme.

Wrath se levantava sobre todos eles.

O Rei estirou a mão e tirou os óculos de sol, revelando um par de olhos verdes pálidos brilhantes . Como não pareciam ter pupilas, o olhar fixo era como ser machucado com um par de abajures klieg.

Wrath sorriu amplamente, mostrando presas realmente brancas.

—Tudo bem... primo.

Butch franziu o cenho.

—O que...?

—Tem algo de mim em você, policial. —O sorriso de Wrath permaneceu enquanto voltava a pôr os óculos—É obvio sempre soube que fosse da realeza. Só que não acreditei que fosse uma real dor no traseiro

—Fala... sério?

Wrath assentiu.

—É de minha linha, Butch. Um dos meus.

Quando o peito de Butch ficou tenso, preparou-se para outro episódio. Igual fizeram outros: Rhage lhe tirou o pirulito e esticou a mão para o cinturão. Marissa e V se esticaram.

Mas o que saiu dele foi uma corrente de risada. Uma ridícula, estúpida e idiota onda de feliz histeria, das que faziam saltar o estômago e soltar lágrimas.

Butch riu e riu e beijou a mão da Marissa. Então riu um pouco mais.

Marissa sentiu a satisfação e o entusiasmo zumbindo pelo corpo de Butch quando se deixou ir. Mas quando lhe deu um sorriso, não pôde compartilhar sua alegria.

Ele perdeu o sorriso.

—Carinho, tudo vai sair bem.

Vishous ficou de pé.

—Por que não damos a eles um minuto a sós?

—Obrigada —disse ela.

Depois que os Irmãos sairam, Butch se levantou.

—Esta é nossa chance…

—Se eu pedisse isso, não faria a transição?

Ele congelou. Como se o tivesse esbofeteado de novo.

—Marissa…

—Faria isso?

—Por que não me quer com você?

—Quero. E escolheria o futuro que temos agora por cima de um hipotético por séculos algum dia. Não pode entender isso?

Ele deixou sair o ar em uma longa respiração, seu queixo esticando-se.

—Cristo, amo você.

Muito bem, assim claramente não achava sua lógica atraente.

—Butch, se eu pedisse isso, você não faria?

Quando não respondeu, ela cobriu os olhos, embora já não ficassem mais lágrimas.

—Amo você—repetiu ele —Assim, sim... se me pedisse que não, não o faria.

Baixou a mão, recuperando o fôlego.

—Jura isso. Aqui e agora.

—Por minha mãe.

—Obrigada... —Envolveu-o em seus braços—. OH, Deus... obrigada. E podemos procurar uma solução para... para o problema da alimentação. Mary e Rhage o têm feito. É só... Butch, podemos ter um bom futuro.

Estiveram silenciosos durante um momento, só sentados no chão. Então sem se dar conta, Butch disse bruscamente:

—Tenho três irmãos e uma irmã.

—Como disse?

—Nunca falei a você sobre minha família. Tenho três irmãos e uma irmã. Bom, havia duas garotas, mas logo perdemos uma.

—OH. —Ela se sentou separando-se, pensando que seu tom era bastante estranho.

E sua voz oca a fez sentir um intenso temor quando disse:

—Minha primeira lembrança é de minha irmã Joyce vindo para casa do hospital como um bebê. Queria inspecioná-la, assim corri a seu berço, mas meu pai me empurrou para que meu irmão e irmã maiores pudessem olhá-la. Quando ricocheteei contra a parede, papai agarrou a meu irmão e o levantou para que pudesse tocá-la. Nunca me esquecerei da voz de meu pai... —O acento do Butch mudou, as vocais se esmagaram—. Esta daqui é sua irmã, Teddy. Vai amá-la e cuidar dela. Pensei, o que tem eu? Eu gostaria de amá-la e cuidá-la. Disse, pai, eu também quero ajudar. Nem sequer me olhou.

Marissa se deu conta de que estava apertando com tanta força a mão do Butch que devia estar machucando os ossos, mas não parecia notá-lo. E ela não podia afrouxar o contato.

—Depois disso —continuou—comecei a olhar meus pais, vendo como eram diferentes com os outros filhos. O assunto principal era nas noites da sexta-feira e no sábado. Meu pai gostava de beber, e eu era usado quando precisava bater em algo. —Quando Marissa ofegou, Butch sacudiu a cabeça com total falta de consideração—Não, está tudo bem. Era bom. Posso devolver golpes como os me deu, graças a ele, e me acredite, foi-me útil. Bom, de toda forma, em 4 de Julho... Demônios, naquela época tinha quase doze... —esfregou a mandíbula, arranhando-se com a barba que despontava—Sim, chegou em 4 de Julho e fizemos a festa familiar na casa de meu tio, no Cabo. Meu irmão tirou algumas cervejas da geladeira e ele e seus colegas foram à parte de trás da garagem e as abriram. Ocultei-me nos arbustos porque queria que me convidassem. Já sabe... esperava que meu irmão... —esclareceu a garganta—Quando meu pai veio buscando-os, os outros meninos partiram e meu irmão quase se cagou nas calças. Meu pai só riu. Disse a Teddy que se assegurasse de que minha mãe nunca se inteirasse disso. Então me viu agachado nos arbustos. Aproximou-se, agarrou-me pelo pescoço da camisa, e me deu um tapa tão forte que me saiu sangue.

Quando Butch sorriu de uma maneira dura, ela olhou a aparência desigual de seu dente da frente.

—Disse-me que era por ser um espião e um delator. Jurei-lhe que só estava olhando, que não ia dizer a ninguém. Agarrou-me outra vez e me chamou de pervertido. Meu irmão... sim, meu irmão simplesmente olhou enquanto tudo acontecia. Não disse uma palavra. E quando passei ao lado de minha mãe com o lábio partido e me faltando uma parte de dente, ela só sustentou a minha irmã Joyce mais perto e olhou para outro lado. —Sacudiu a cabeça lentamente—Acima na casa, fui ao banheiro e me limpei, depois me dirigi ao quarto em que dormia. Deus não me importava uma merda, mas me pus de joelhos, pus minhas pequenas mãos juntas, e rezei como devia um bom católico. Roguei a Deus que essa não fosse minha família. Por favor não permita que o seja. Por favor, que haja algum outro lugar em que possa ir...

Ela teve a sensação de que não sabia o que tinha passado o tempo presente. Ou que tinha subido a mão e agarrava a sólida cruz de ouro ao redor do pescoço como se sua vida dependesse disso.

Seus lábios se abriram em um meio sorriso.

—Mas Deus deve saber que não estava certo disso porque não aconteceu nada. Então nesse outono minha irmã Janie foi assassinada. —Enquanto Marissa ficava sem fôlego, ele indicou a parte de trás—Isso é a tatuagem em minhas costas. Conto os anos desde que se foi. Fui o último a vê-la viva, antes de que entrasse no carro com esses rapazes que a... A violentaram atrás de nossa escola.

Esticou uma mão para ele.

—Butch, sinto t…

—Não, deixa que termine isto, OK? Esta merda é como um trem, agora que se está movendo não posso pará-la. —Deixou cair a cruz e passou a mão pelo cabelo—Depois que Janie desapareceu e encontram seu corpo, meu pai nunca mais tornou a me tocar. Não se aproximava. Não me olhava. Tampouco me falava. Minha mãe se ficou louca e pouco tempo depois tiveram que levá-la a um hospital psiquiátrico. Foi por essa época quando comecei a beber. Percorri as ruas. Usei drogas. Meti-me em brigas. A família simplesmente seguia para frente coxeando. Embora nunca entendi a mudança em meu pai. Quero dizer... Durante anos me bateu, depois... Nada.

—Me alegro tanto de que parasse de te bater.

—Não fez nenhuma diferencia para mim. A espera para ser pego era tão ruim como ter o traseiro destroçado. E não saber porquê... Mas descobri. Na despedida de solteiro de meu irmão mais velho. Tinha então tinha uns vinte e tinha me mudado do Southie… é… o Sul de Boston para cá porque começava como policialcial no Departamento de Polícia de Caldwell. Voltando para o assunto, retornei para casa para a festa. Estávamos na casa de alguém com muitas strippers. Meu pai tomava um monte de cervejas. Eu estava cheirando raia de cocaína e bebendo uísque escocês. A festa acabou e eu estava zumbindo fora de controle. Tinha tomado muita coca... Deus, estava tão fodidamente poluído essa noite. Assim... Meu pai estava saindo... Alguém ia leválo para casa, e de repente tive que falar com o filho da puta.

—Acabei o seguindo até a rua, mas me ignorou e toda essa merda. Assim na frente de todos os caras, simplesmente o agarrei. Estava mais que de saco cheio. Comecei a me lançar sobre ele, sobre como pensava que tinha sido uma merda de pai para mim, quão surpreso tinha estado de que deixasse de me bater, já que gostava. Continuei e continuei, até que finalmente meu velho me olhou no rosto. Congelei-me. Havia... completo terror em seus olhos. Estava totalmente assustado comigo. Então me disse: Deixei você em paz só porque não podia ter você matando mais filhos meus , certo? Eu fiquei... Que porra está dizendo? Começou a chorar e disse: Sabia que era minha preferida... Sabia e por isso a colocou no carro com aqueles rapazes. Fez e sabia o que aconteceria. —Butch sacudiu a cabeça—Deus, todos o ouviram. Todos os caras. Também meu irmão mais velho... Meu pai realmente pensava que assassinei a minha irmã para lhe devolver os golpes.

Marissa tentou abraçá-lo, mas outra vez a afastou e respirou profundamente.

—Nunca mais voltei para casa. Nunca. A última coisa que sei, é mamãe e papai passam um pouco de tempo na Florida cada ano, mas o resto do tempo ainda permanecem na casa em que cresci. Como minha irmã Joyce, seu bebê acaba de ser batizado? A única razão de que saiba é porque seu marido me ligou por culpa.

—Esta é a situação, Marissa. Toda minha vida me faltou um pedaço. Sempre fui diferente das outras pessoas, não só em minha família mas também quando trabalhava aqui no corpo policialcial. Nunca me encaixei... Até que conheci a Irmandade. Conheci sua gente... e, merda, agora sei por que. Era um estranho entre os humanos. —Butch amaldiçoou em voz baixa—Queria passar pela mudança não só por você, mas também por mim. Porque me sentia como agora... Poderia ser quem se supõe que sou. Quero dizer, demônios, estive vivendo à margem toda minha vida. De algum jeito queria saber como se sentiria ao estar no centro.

Em um poderoso movimento, levantou-se do chão.

—Isso é por que quero... Por isso queria fazer isto. Não era só por você.

Aproximou-se de uma janela e afastou um lado das cortinas de veludo azul pálido. Enquanto olhava fixamente a noite, o resplendor de um abajur no escritório se derramou pelos planos de seu rosto, os grandes ombros, o grosso perfil de seu torso. E a cruz de ouro que caia sobre seu coração.

Deus, como desejava enquanto olhava para fora da janela. Desejava tão ferozmente que seus olhos quase brilhavam.

Ela pensou em como luzia ele na noite em que se alimentou do Rehvenge. Entristecido, dolorido, paralisado pela biologia.

Butch encolheu de ombros.

—Mas... já sabe, às vezes não podemos ter o que desejamos. Assim joga e segue em frente. —Tornou a olhá-la—Como disse, se não quiser que eu faça, não o farei.


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