L-0358 acapo aprender a ensinar, en$inar a aprender



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para melhor gerir os afectos projectados.


RpDEDDED D

Todavia, nesta como em todas as relações humanas, existem entro 

sados, a par dos conteúdos do tipo afectivo, conteúdos do tipo racional É

assim que ao clima existente na turma não é alheio a concepção ou o pen 

samento do professor acerca do que é estar na sala, das regras de sociali 

zação a implementar, dos valores a desenvolver ou do espaço permitido

para a expressão dos afectos.

Um dos fenómenos mais comuns na sala de aula é o das expectati 

vas Os primeiros grandes estudos sobre este fenómeno foram realizados

nos Estados Unidos, durante os anos sessenta, por Rosenthal, Lawson e

)acobson Uma das experiências desenvolvidas por estes autores (Rosen 

thal e Lawson, I 964) foi com estudantes de psicologia. Dois grupos de

alunos tinham como tarefa treinar ratos em provas de labirinto. Os autores

vão intervir neste processo através de uma falsa informação: a um dos

grupos comunicam que os seus ratos pertenciam a uma linhagem superior,

e ao outro que os deles eram vulgares (os ratos pertenciam todos à mesma

linhagem) Os resultados obtidos por estes dois grupos de estudantes foram

influenciados pelas expectativas criadas O grupo a quem foi dito que tinha

ratos seleccionados obteve com eles melhores resultados em menos tempo

do que os seus colegas.

Esta mesma hipótese de investigação foi experimentada em contextos

escolares com resultados similares A título de exemplo, narramos aqui um

desses estudos (Rosenthal e )acobson, I 968). Numa escola primária, no

princípio do ano, foram testados todos os alunos com um teste de Q.I.

(Flanagan). Foi comunicado aos dezoito professores que este instrumento

permitia predizer os resultados académicos e o desenvolvimento intelectual

dos alunos. A cada um dos docentes foi ainda dada uma lista com o nome

de cinco ou seis crianças cujos resultados do teste faziam



prever que iriam

obter grandes ganhos escolares (estes alunos foram escolhidos aleatoria 

mente entre todos os estudantes da turma)

No fim do ano escolar todos os alunos foram submetidos ao mesmo




teste, tendo as crianças da lista aumentado o seu Q I. consideravelmente,

mais que os seus colegas Os autores explicam este resultado através da

mudança das expectativas que a falsa informação introduziu nos profes 

sores e que, de forma subtil 4, passa para os alunos.

A polémica gerada por estes estudos levou vários autores a conti 

nuarem a aprofundar as implicações das expectativas nos resultados acadé 

micos dos alunos. É hoje sabido que variáveis como a classe social, o poder

económico, a etnia, a estrutura familiar e o percurso escolar, favorecem

a criação de esteriótipos que vão influenciar as interacções professor 

 aluno. Estas primeiras representações vão ser determinantes nas expecta 

tivas desenvolvidas e tendem a persistir mesmo que novas observações as

desmintam5.

Gilly foi outro autor a desenvolver importantes estudos experimentais

que prmitiram clarificar as expectativas entre aluno/professor/alunos ba 

seadas no conceito cognitivo de representação Um dos resultados por ele

encontrado foi que os alunos julgados pelo professor de forma positiva

nas características pessoais associadas ao sucesso académico, também são

representados de forma favorável noutras características de âmbito sócio 

 afectivo. Este fenómeno, vulgarmente conhecido por efeito de auréola

(hallo), pode ser corporizado em exemplos do género os melhores alunos

são os mais bonitos; os que têm comportamentos agressivos são aqueles com

mais dificuldades de aprendizagem.


4 <dos quais   provavelmente sem querer   os professores comunicam a sua expectativa

aos alunos. Esta comunicação pode ajudar a criança a mudar as suas concepções de si, a

antecipar o seu compor tamento, a sua motivação e as suas competências cognitivas>>.

Rosenthal e Jacobson ( I 968, pág. 23).

5 Gostaríamos de chamar a atenção para as vantagens, mas também possíveis desvantagens,

que a cademeta do aluno, enquanto dossier que acompanha o seu percurso escolar, pode !

representar como instrumento condicionador de representações viciadas e bloqueador de

mudanças.


Na sala de aula a representação que o professor faz dos alunos vai

repercutir se nos seus comportamentos verbais e não verbais   faz mais

perguntas aos melhores alunos, espera mais tempo pelas suas respostas,

ajuda os quando dão uma resposta errada, desculpa Ihes mais facilmente

as falhas, repara mais quando pedem a palavra, mantém uma maior proxe 

mia e contacto ocular, admoesta menos quando emitem comportamentos

perturbadores da classe  , resultando daí condições diferenciadas de ìnter 

acção e de tempo de ensino para os alunos considerados bons e maus.

É salientado muitas vezes o carácter paradoxal da relação educativa

De facto, a finalidade da educação é não precisar mais de quem o ajudou a

aprender, a crescer e a libertar se. Aqui reside também uma certa angústia

de quem ensina... mas também de quem aprende
CHPïTllI,0 
0 pOCESSO DE EIlSIIlO¨pEIlDIZGE

Segundo Doyle ( I 986), ao exercício da profissão de professor estão

associadas duas funções: aprendizagem e ordem, sendo que a primeira está

basicamente relacionada com o ensino e a segunda com a organização.

Destas funções resulta a definição de um conjunto de tarefas interrela 

cionadas, necessárias ao funcionamento efectivo da classe. O pressuposto

básico é: <

ordem é impossível>> Na verdade, é difícil separar na prática pedagógica os

dois processos   organização e ensino  , já que em qualquer comporta 

mento do professor na sala ambos estão presentes.

Confirmando esta realidade existem as observações de muitos critivo, é totalmente limitada do ponto de vista pedagógico e rela 

cional. A importância crescente atribuída à sala de aula enquanto cenário

onde os comportamentos de ensino aprendizagem têm lugar e, como tal,

local por excelência de compreensão e aplicação dos fenómenos de

aprendizagem, é recente Com efeito, durante muito tempo, a sala de aula

foi considerada como uma <> de que pouco se falava e de que

pouco se sabia.
Foi a partir dos anos sessenta que muitos investigadores a elegeram

como objecto de estudo e, paralelamente, passaram a atribuir aos fenóme 

nos aí vividos uma importância vital no processo de ensino e de a rendiza 

gemP


A sala de aula enquanto cenário pedagógico tem, segundo Doyle ( I 986),

seis características que influenciam os comportamentos do professor e dos

alunos, e que são:
Multidimensionalidade   esta característica refere se à quantidade

e qualidade dos acontecimentos que se passam na dasse e entre osuais o

professor tem que decidir a resposta a optar Por exemplo, se vai qepre 

ender um aluno que está a fazer barulho, ou, pelo contrário, ignorar esse

comportamento e continuar a expor a matéria; se vai explorar com o aluno

que deu uma resposta errada o porquê do erro, fazendo esperar o resto

da turma, ou se, pelo contrário, vai continuar com a sessão das perguntas e

deixar para mais tarde a explicação


Simultaneidade   os acontecimentos ocorrem em simultâneo De

facto, o professor tem de estar alerta em cada momento para um conjunto

elevado de ocorrências Se está a trabalhar com um grupo terá que, por

exemplo, controlar com o olhar o trabalho dos outros grupos, orientar as

tarefas de outros estudantes, avaliar o tipo de dificuldades que estão a sen 

tir e ainda perspectivar as estratégias a utilizar face aos acontecimentos im 

previstos.
Imediaticidade   os acontecimentos na sala não só ocorrem em si 

multâneo como rapidamente. Jackson ( I 968, citado por Doyle, I 986 , a

partir de observações em várias salas de aula, mostra que os profess es

interagem com cada aluno, num dia de aula, cerca de 500 vezes (olhar,

contacto fisico, trocas verbais e não verbais). Se multiplicarmos esse número
por 25 alunos, apercebemo nos da quantidade de comportamentos que

são emitidos numa sala pelo professor e facilmente damos conta da im 

possibilidade de controlar todas as interacções
Imprevisibilidade   esta quarta característica diz respeito à incapaci 

dade de prever o desenlace dos comportamentos Este facto faz com que

muitas das vezes os planos traçados pelo professor para determinado dia

tenham que ser revistos face à situação.


Lugar público   a maior parte dos comportamentos, se não todos,

são vistos e ouvidos pela maior parte dos alunos. Assim, quando o profes 

sor age de determinada maneira para com um aluno está a ser observado

pelos outros, ou seja, a ser avaliado. Se o professor permite ou pune um

determinado aluno por um comportamento, indirectamente toda a turma

vai saber quais são as regras que é necessário seguir.


Historicidade   toda a dasse tem uma história Como Doyle refere, a

vivência em comum de cinco horas por dia, durante cinco dias por semana,

ao longo de vários meses e anos, faz com que se acumulem um conjunto

de experiências, rotinas, normas e modos de estar. É assim que determi 

nadas situações ou comportamentos só podem ser lidos à luz do cenário

onde ocorrem, ou seja, numa sala com determinada história, fruto da dinâ 

mica dos vectores atrás descritos.
As diversas dinâmicas levam a que cada sala seja única e que o mesmo

professor também se comporte de maneira diferente consoante os alunos

que estão à sua frente. Quando um novo ano se inicia, quer o professor

quer os alunos estão já na posse, na maior parte das vezes, de muitas

informações acerca uns dos outros Apesar deste conhecimento prévio ter

muitas vezes vantagens, também é em si, não raramente, impeditivo de


mudanças quer para o professor quer para os alunos. Cada um dos ele 

mentos tem expectativas, condicionando desta forma os acontecimentos.

Não é raro ouvirmos aos alunos: aquele professor é muito exigente, ou

aquele é muito permissivo, e, claro está, os alunos vão frequentemente

testar a validade das suas expectativas

Este entendimerito da sala de aula facilita nos a compreensão da comple 

xidade do processo de ensino aprendizagem. Estas características tecem,

pois, o pano de fundo onde as aprendizagens e não aprendizagens, os com 

portamentos adaptados e não adaptados, as motivações e não motivações

devem ser referenciadas.

Para Emmer ( I 985), a organização da sala de aula inclui o conjunto de

comportamentos e de actividades do professor que estão primariamente

direccionados para obter a cooperação e envolvimento activo dos estu 

dantes nas tarefas escolares. Constituem exemplo disso o tipo de arranjo

do espaço físico da sala, os procedimentos para manter as regras, a orga 

nização das rotinas e das transições entre actividades, estratégias para

manter a atenção dos estudantes..., ou seja, todo o conjunto de activi 

dades que irão permitir que o ensino ocorra.

A pergunta que se coloca é então a de saber quais os critérios para

avaliar a eficácia de uma determinada organização da sala Contudo, a res 

posta a esta questão passa pela resposta a uma outra: <

volvidos activamente, isto é, produtivamente, nas actividades da sala?>>

Realmente para que a aprendizagem ocorra não basta que o ensino acon 

teça   condição necessária, mas não suficiente  , torna se necessário

que os alunos estejam com atenção. Ora, a investigação tem sido pródiga

em demonstrar a relação positiva entre uma organização eficaz da sala, a

atenção dos estudantes (tempo na tarefa) e os resultados académicos. Esta

noção de organização efcaz está associada aos comportamentos proac 

tivos do professor mais do que aos reactivos

Situam se na primeira categoria os comportamentos de preparação


das aulas, de organização espacial em função da actividade que vai ser pro 

posta, os comportamentos que se irão utilizar para motivar os alunos,

a forma como as transições e as rotinas são implementadas São, assim,

considerados comportamentos proactivos aqueles em que o professor é

capaz de antecipar as situações que vão acontecer, ao mesmo tempo que

prevê estratégias para as possíveis disfunções, evitando assim perdas de

tempo associadas às transições. Contrariamente, aos professores cujos com 

portamentos são maioritariamente reactivos, as situações impõem se 

 Ihes, sendo dominados pelas ocorrências momentâneas e acidentais, gas 

tando uma grande quantidade de tempo e de energia a organizar a classe

de forma a criar as oportunidades para que o ensino ocorra

As actividades de ensino são, desse modo, entrecortadas pelas situa 

ções de estabelecimento da ordem, longas transições para mudança de

actividade, quebrando assim o ritmo da aula, ao mesmo tempo que faz os

alunos prenderem se a aspectos superficiais.

Não é, pois, de admirar que vários estudos tenham demonstrado que

a diferença entre professores mais ou menos eficazes se situa na capaci 

dade de evitar os comportamentos perturbadores do funcionamento das

actividades e na capacidade de estruturar as situações de ensino aprendi 

zagem em função das necessidades de todos os estudantes.

São exemplo disso os estudos de Brophy e Good ( I 986) que, a partir

de uma revisão de investigações realizadas em 4 I classes do 2o ano e 54

do 5o ano, constatam <
classes onde os professores são bons organizadores, maximizam o tempo

atribuído ao ensino e minimizam o tempo dedicado à preparação, procedi 

mento e disciplina>> Esta pesquisa vai de encontro ao trabalho de )ones

( I 979). Este autor, a partir de observações feitas em várias escolas primá 

rias dos Estados Unidos, põe em relevo o pouco envolvimento dos estu 

dantes nas actividades, referindo que <

buído ao ensino pelo professor é perdido devido aos comportamentos de

desatenção dos alunos>>. A resultados similares chegam Whedall e Glynn

( I 989) em Inglaterra. Em Portugal, se bem que não conheçamos nenhum

estudo sistemático sobre o assunto, estamos em crer que a realidade seja

muito próxima desta, significando isso que o dia de aula fica bastante mais

curto.


Face a estes resultádos podemos então assumir a definição de Kounin

( I 970), segundo o qual uma organização de sala bem sucedida é aque 

la que <

um alto nível de envolvimento na tarefa>>. Através da análise de vídeos de

classes de alunos dos cinco aos onze anos o autor pode observar alguns

comportamentos dos professores que aumentavam o envolvimento dos

estudantes e subsequente rendimento Assim:
¨ Os professores comunicavam à classe, através do seu comportamento,

que sabiam o que cada um estava a fazer Conseguiam também fazer vá 

rias coisas ao mesmo tempo.
¨ Os professores conseguiam dar resposta a dois acontecimentos em si 

multâneo. Não precisavam de interromper o que estavam a fazer (ouvir,

por exemplo a leitura de um aluno) enquanto se dirigiam a um outro estu 

dante desatento.


¨ Os professores com uma organização eficaz providenciam estratégias

para ajudar as crianças com difculdades de aprendizagem   colocam 

 nas num espaço onde é mais fácil supervisionar o comportamento, con 

trolam a todo o tempo se estão a fazer o trabalho correctamente ou

se estão com dificuldades, e escrevem o que pretendem que se faça para

que estes alunos não se percam durante a tarefa (Brophy e Everston,

I976). Uma outra característica associada aos professores com uma boa

organização de sala de aula é a flexibilidade e a clareza nas tarefas, isto é,


cada criança pode trabalhar num exercício que esteja de acordo com

o seu nível de conhecimento, tendo compreendido bem as instruções da

tarefa.

Todas estas estratégias fazem com que o professor não precise de



gastar tanto tempo a chamar à atenção dos alunos, ficando mais dispo 

nível para o ensino. O clima relacional da sala fica aliviado porque é menos

admoestador Ao contrário do que se poderia supor numa primeira leitura,

o ambiente nestas classes não é de autoritarismo, vivendo se antes num

clima agradável de prazer (Anderson, Everston e Emmer, I 980).
Foram referenciadas, até este momento, algumas estratégias que estão

associadas a uma organização eficaz quer para os alunos quer para o pro 

fessor. Veremos de seguida uma organização possível de um dia de aula

Muitos professores referem a importâncìa que tem o ínicio do trabalho

nos seus aspectos simbólicos e reais A chegada à escola necessita de um

espaço de passagem, que prepare o aluno para as actividades do dia.

Deverá ser entendido como o <>, o espaço para desper 

tar e que marca a transição entre o exterior   casa, rua   e o interior

  as tarefas escolares. Assim, uma canção, uma história, o espaço das

novidades ou um jogo que promova a convivialidade e a coesão do grupo

são certamente algumas das formas agradáveis de receber os alunos A

nossa experiência com professores tem nos mostrado que os docentes

com menos problemas de comportamento e de aprendizagem começam

as activìdades comunicando, de várias maneiras, aos alunos como é bom

estarem juntos a trabalhar

O que vai ser ensinado e aprendido em cada dia deve ter sido objecto

de uma preparação prévia, isto é, o professor deverá ter um guião, não

abstracto, mas pensado em função do que ele conhece daqueles alunos

e do currículo Não propomos, evidentemente, que essa planificação seja

rígida Pretende se, antes, que ela possua uma margem de flexibilidade


capaz de a tornar sensível aos acontecimentos significativos, permitindo

assim, que o professor os possa aproveitar como material de trabalho.

Consideramos, aliás, que é mais fácil esse reaproveitamento quando há

uma estrutura base organizadora do processo Momentos há em que toda

a planificação para aquele dia deve ser abandonada, porque o importante

está a acontecer espontaneamente e não pode ser perdido.

Dessa planificação poderão fazer parte actividades onde os conheci 

mentos são estruturados e transmitidos pelo professor e actividades onde

os conhecimentos são estruturados e/ou produzidos pelos alunos.

Uma actividade escolar, quer no início quer no fim, levanta frequen 

temente problemas de aprendizagem e de disciplina: de aprendizagem,

porque para alguns alunos é difícil a passagem de um tipo de conteúdo

para outro, ou mesmo de uma metodologia para outra; de disciplina,

porque muitas vezes os alunos não percebem as instruções, ou porque

não foram claramente enunciadas, ou porque elas variam de dia para dia,

não havendo rotinas constituídas.

A importância das rotinas está claramente demonstrada pois consti 

tuem momentos estruturantes das actividades e dos comportamentos dos

alunos Muito do tempo perdido numa sala, do cansaço do professor e dos

alunos, ocorre na mudança de actividades. Vários professores dizem nos

que não mudam de tipo de estratégia, por exemplo, pôr os alunos a tra 

balhar em grupo, porque a confusão é muita Outros referem nos que os

momentos mais difíceis de gerir são os de mudança de conteúdo, por

exemplo, de Matemática para Português Perdem, dizem eles, tanto tempo

aí que é por isso que depois não ficam com tempo para trabalhar com os

alunos a expressão plástica ou a educação física. O que se passa nessas salas

é a inexistência de regras de funcionamento, o que leva a um subsequente

aproveitamento dessas alturas pelos estudantes para se libertarem dos

constrangimentos das actividades estruturadas. Assistimos, sem dúvida, a

uma má estruturação do tempo, já que não foram previstos espaços reais


de descanso e a confusão existente acaba por ter efeitos contrários,

cansando e irritando professor e alunos e constituindo muitas vezes as

alturas em que occorrem o maior número reprimendas.

ALGUMAS VARIåVEIS ECOLGICAS QUE INFLUENCIAM

O COMPORTAMENTO DO PROFESSOR NA SALA
A posição espacial dos alunos na sala de aula tem sido uma variável

muito investigada em Educação. Os primeiros trabalhos que a abordam

datam de I 92 I , com Griffith, e de I 934, com Dawe Nessas pesquisas

foram estabelecidas relações entre ocupação espacial dos alunos e me 

didas de realização académica

É assim que Whelddall e Gllyn ( I 989), a partir de uma revisão bibilio 

gráfica sobre os efeitos da disposição espacial dos alunos, salientam que

esta é uma das variáveis ecológicas que exerce maior influência no com 

portamento dos estudantes e do próprio professor

Estes estudos têm demonstrado que quando se compara a disposição

das carteiras em filas com a disposição em círculo é na primeira situação

que os alunos estão mais tempo na tarefa. Algumas das razões explicativas

para tal resultado prendem se com a menor distractibilidade que esta

situação implicaria. Na disposição em círculo, os estudantes têm muito

maior contacto ocular e corporal uns com os outros, o que implica um

maior número de interacções entre si A situação em filas proporciona um

menor número de interacções dos estudantes entre si e um maior controlo

da atenção por parte do professor.

Contudo, mesmo na disposição em filas, o lugar onde os alunos se

encontram não é indiferente ao seu comportamento de atenção na sala ou

ao comportamento do professor Ainda acerca da localização dos alunos
na sala, Stires ( I 980) refere que <

atenção em qualquer lugar da sala, algumas localizações facilitam esse acto,

enquanto outras o tornam difícil>>. É que a atenção do professor poderá

localizar se preferencialmente em determinadas zonas da sala. Tal circuns 

tância ditaria que os alunos inseridos nessas zonas tivessem mais proba 

bilidade de serem observados ou interrogados. A pressão a que estarão

sujeitos levá los ia a envolverem se com maior intensidade nas actividades

académicas (Sanches Ferreira, I 99 I ).

Com efeito, Adams ( I 968), através da observação de turmas no pri 

mário e secundário, notou que a zona fronta central da sala era o espaço

que concentrava as maiores interacções verbais entre professores e alunos.

Delefes e )ackson ( I 972) referem que na sua amostra os sujeitos sentados

nas últimas filas eram menos solicitados pelos professores. Como o tempo


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