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pp. 33-34.

(83) Para a explicação deste termo na estrutura dos sistemas de

parentesco omaha, veja-se F. G. Lounsbery, The Structural Ana-

lysis, cit.; no que se refere ao latim nepos, veja-se Ol'derogge,

Sistema rodstava bakong, cit., p. 16; sobre a diferença entre os

sistemas omaha-crow e os «elementares», veja-se C. Lévi-Strauss,

«Vingt ans après», em Les temps modernes, ano XXIII, Setembro,

1967, pp. 400-401.

(84) S. S. Hoogshagen e W. P Merrifield, «Coatlan Mixe Kinship»,

em Southwestern Journal of Anthropology, vol. XVII (1961), nota

3~ p. 223.

(85) A. Healy, «Linguistic Aspects of Telefonin Kinship Terminology>,,

em Anthropological Linguistics, Outubro, 1962, p. 25.

(86) Hocart, Caste, cit., pp. 74 e 109-110.

(87) Um ensaio tipológico destas contraposições figura no livro de

Ivanóv-Toporov, Slanianskie jazykovye, cit.~ C. Lém-Strauss, Le cru

et le cuito, Paris, 1964; Le miel et les cendres, Paris, 1966.

Prática de Análise: Leituras Semióticas 199

(88) IvIão parecem justificadas as dúvidas acerca da realidade des-

tes sistemas de contraposições, dúvidas recentemente colocadas na

recensão que J. Goody fez do livro de M. Griaule Conversations

with Ogotemmêli, em American Anthropologist, vol. LXIX (1967),

nota 2, p. 240.

(89) D. A. Ol'derogge, «Trechrodovoi soiuz v Jugo-Vostocnoi Azür,

em Sovietskaia etnografia, nota 4 (1946), pp. 171-186; R. Needham,

A Structural Analysis of Purum Society, cit., p. 97.

(90) E. Durkheim e M. Mauss, «De quelques formes primitives de

classifications», em Année sociologique, vol. VI (1903), pp. 9-10; Zo-

lotariev, Rodovoi stroi, cit.

(91) Hocart, Kings and Councillors, cit.; Caste, cit.

(92) Hocart, Kings and Councillors, cit., p. 250 (onde se propõe a

comparação com a estrutura dos mosteiros do Ceilão); G. Thomp-

son, Studies in Ancient Greek Society, vol. II, The First Philo-

sophers, Londres, 1955, cap. IV, e. Apesar da inaceitabilidade da

orientação sociológica geral do livro de Thompson, este contém

uma série de justas observações tipológicas Sobre o signo do cír-

culo, dividido em quatro sectores nos tamborzinhos chamânicos,

veja-se S. V Ivanóv Materialy po izobrzitel' nomu iskusstvu naro-

dov Sibiri XIX-nacala XX vv, Moscovo-Leninegrado, pp. 163 e segs.

(93) H. Frankfort, Kingship and The Gods, Londres, 1948, p. 74. A

propósito da tipologia da contraposição Terra-Céu a respeito do

duplo poder real, Hocart Kings and Councillors, cit. cap. XX, e

Heaven and Earth, pp. 256 e segs. (na página 282 lembram-se tam-

bém os acontecimentos egípcios, mas não estão expostos com am-

plitude suficiente).

***


A SEMIÓTICA DO COMPORTAMENTO

HUMANO EM CERTAS SITUAÇÕES

(PRINCÍPIO E FIM DA CERIMÓhIIA,

FÓRMULAS DE CORTESIA)

(1973)

T. V. CIV'IAN



Em qualquer sociedade é condição necessária para um

comportamento humano correcto a execução dum con-

junto de comportamentos particulares, cuja função prin-

cipal (mesmo que a pessoa não se dê conta) é a de deter-

minar a posição do indivíduo relativamente aos restantes

membros da sociedade; neste sentido, o aspecto do con-

teúdo (ou prático) do comportamento de cortesia (prestar

serviços, manifestar simpatia, prestar atenção, interesse,

recriminação, etc.) passa a um segundo plano, ou, dito de

outra forma, a função referencial dos comportamentos de

etiqueta pode passar a ser secundária relativamente à que

podemos chamar social.

A este conjunto de comportamentos damos o nome de

comportamento de etiqueta ~'~ (sem interpretar este termo

num sentido estritamente linguístico). O seu variado e rico

equipamento - a linguagem natural na sua forma escrita

ou oral, onde se distingue um determinado estrato de fór-

mulas fixas ~2~; os gestos e num sentido mais amplo os

kinemas; os acessórios, quer dizer, os objectos que adqui-

rem um significado ritual (trajes, flores, adornos, cosmé-

ticos, menus, obras de arte, etc.) ~3> - contempla determi-

nadas regras de combinação de signos. A sintaxe é tanto

mais complexa quanto mais amplamente se utiliza o «lé-

xico» de etiqueta. Este alcança a sua máxima dimensão nas

cerimónias (como, por exemplo, o protocolo diplomático),

onde, em geral, se utilizam os comportamentos das três

secções do conjunto de etiqueta, enquanto na vida quoti-

diana nos limitamos às fórmulas ou aos kinemas, ou en-

tão às suas combinações elementares. Se o conjunto de

202 Ensaios de Semiótica Soviética

comportamentos de etiqueta é considerado como uma Iín-

gua organizada de maneira particular, deverão destacar-se

os seus traços específicos: a heterogeneidade dos elemen-

tos materiais que a formam; a sua abertura, como o de-

monstra o facto de todos os meios de comunicação (pala-

vras, gestos, objectos, etc.) quando levados a uma situação

de etiqueta, quer dizer, quando entram na zona de acção

do «campo de etiqueta», começarem a desempenhar o papel

de comportamento de etiqueta e, independentemente da

complexidade da sua própria estrutura, serem entendidos

como signo unitário (veja-se, por exemplo, a diferença

entre «serenata debaixo da janela» e serenata em geral,

como género musical); o particular carácter de uso e de

união dos elementos com amplas possibilidades de combi-

nação, duplicação, redução, ocasionalidade, etc.

A observação e a simples experiência mostram que na

vida quotidiana para alcançar o fim atrás mencionado,

quer dizer, para manter uma orientação correcta na socie-

dade, é suficiente possuir um conhecimento mínimo de

comportamentos (a sua execução pode ser automática, e

isso pode ser interpretado como um alto nível de orien-

tação por parte do indivíduo em situação de etiqueta, quer

dizer, como correcta definição da posição social relativa

dos participantes).

O continuum do comportamento social pode romper-

-se em situações de etiqueta (SE) (que se sucedem no tempo

e no espaço), cada uma das quais exige um comporta-

mento de etiqueta (CE) correspondente, quer dizer, a apli-

cação de comportamentos determinados. A elaboração e a

classificação das SE favorecerá uma adequada tradução de

linguagem dos factos para a linguagem do CE (como aca-

bámos de dizer atrás, é essencial justamente esse fragmento

dos factos que ajuda no momento de estabelecer a hie-

rarquia social). É natural que a eleição dos comportamen-

tos não dependa somente das SE (que podem até ter ape-

nas o significado concretizante) mas também o satus social

dos seus participantes, expresso na forma do conjunto

de contra-senhas diferenciais por nós propostas, de que à

frente falaremos mais em pormenor.

De certa maneira, todo o comportamento do homem

como membro duma determinada sociedade pode definir-

-se como sendo de etiqueta porque a sociedade nunca lhe

permite que se esqueça nem da sua existência nem das

Prática de Análise: Leituras Semióticas 203

suas leis, independentemente do facto de estar represen-

tada in corpore por um grupo mais ou menos numeroso

ou por um único indivíduo. Assim, obtém-se a verificação

constante da estrutura mediante um mecanismo de f eed

back.

Em situações habituais da vida quotidiana (trabalho,



serviço-repouso-casa) o homem não tem, em geral, difi-

culdade no momento de se relacionar com as pessoas que

o rodeiam. Isto é consequência do carácter habitual e repe-

tido das situações, nas quais os pesos (ou os valores) recí-

procos dos participantes estão definidos duma vez por

todas, e assim nas referidas situações, porventura até bas-

tante variadas, são-lhes fixados comportamentos constantes

(em regra, mínimos ou reduzidos); mas também é possível

que se verifiquem casos contrários: a execução escrupu-

losa dum amplo conjunto de comportamentos que pode

determinar-se não tanto por causas objectivas, mas pela

individualidade do executante. Fórmulas verbais fixas po-

dem introduzir-se nestes comportamentos: saudações a fa-

miliares, companheiros, conhecidos; formas de dirigir-se

a um empregado de balcão, a um empregado de restau-

rante, a um cobrador, a um engraxador, etc. IvIão pode

surgir aqui o problema da auto-apreciação estética: eviden-

temente, toda a inovação perturbaria de igual forma os

participantes na SE. Isto é explicado pelo facto de nos

casos mencionados apenas se precisar da confirmação do

código de etiqueta estabelecido, já que este, por sua vez,

será a confirmação da solidez do status social que conside-

ramos como a garantia da nossa integridade. Por isso

- vejam-se as várias obras literárias existentes -, a rebe-

lião da pessoa contra a sociedade (ou contra uma das suas

unidades, por exemplo o eterno problema entre pais e

filhos), em geral, começa com uma mudança do código nas

situações vulgares; coisa que os destinatários interpretam

como uma deformação da hierarquia social numa direcção

determinada (e pode adquirir um matriz tanto cómico como

trágico).

Em geral, o homem encontra-se em dificuldade quando

se enfrenta com situações novas ou raras. Estas dificulda-

des podem referir-se tanto ao conteúdo («significado»)

como à forma («significante»). Ivio primeiro caso verificam-

-se SE em que o participante, por qualquer razão, não pode

determinar correctamente o peso dos partners, quer dizer,

204 Ensa:os de Semiótica Soviética

não pode orientar-se correctamente numa dada sociedade;

além disso pode ter dúvidas quanto à exactidão das suas

avaliações (dificuldades semelhantes, por exemplo, podem

surgir numa sociedade desconhecida). Do ponto de vista

da forma, trata-se então da escolha dos comportamentos

perfeitamente conhecidos pelo executante (podendo porém

conservar-se na sua reserva passiva): por exemplo, X duvida

se deve saudar Y só verbalmente ou se à forma verbal deve

acrescentar também o acto de estender-lhe a mão, e assim

por diante. I~Io segundo caso trata-se de situações que exi-

gem comportamentos desconhecidos para o executante

(como, por exemplo, o medo comum diante dum talher

complicado num almoço oficial ou diante dum prato desco-

nhecido. Embora, segundo o senso comum, o essencial seja

a superação das dificuldades de conteúdo (em qualquer

caso pode estar repleto de consequências), em geral os erros

«formais» são vistos de maneira mórbida. Talvez isto seja

devido à própria tendência do homem (ainda que a um

nível inconsciente) para confirmar a posição social própria,

no caso de estar mais ou menos satisfeito com ela,

ou (e isto é o mais frequente) para elevar, ou, em todo 0

caso, para demonstrar a sua conformidade com o grau se-

guinte (veja-se a expressão inversa desta tendência na auto-

-humilhação, na autodeterminação voluntariamente incor-

recta e reduzida na escala social, sobretudo, naturalmente,

em Dostoiévski) ~4>

As dificuldades derivadas da ignorância dos compor-

tamentos superam-se com elementar facilidade, espe-

cialmente se o executante está interessado em superá-las.

Tudo depende da sua receptividade. Por esta razão não

trataremos aqui deste problema e dedicaremos a nossa

atenção sobretudo ao problema duma correcta orientação

do homem na sociedade, já que está ligado ao tema das si-

tuações fixas, e precisamente ao princípio e ao fim dos CE.

Já dissemos anteriormente que o contircuum do CE se

pode dividir numa série de SE discretas (que escolher como

unidade mínima, quais serão as suas características espa-

ciais e temporais, tudo isso é um problema de investiga-

ção especial prática, que ultrapassa os limites da nossa

competência), cada uma das quais tem um princípio e um

fim. As unidades mínimas agrupam-se em unidades maio-

res, cada uma das quais, por sua vez, tem princípio e fim.

Como resultado podemos considerar as situações compa-

Prática de Análise: Leituras Semióticas 205

ráveis a um segmento de texto coerente de etiqueta, limi-

tado por um princípio e um fim distintos ou, pelo menos,

dotado de antecedente e continuidade. Pode distinguir-se

nestes segmentos uma SE, cujo princípio seja um cum-

primento e cujo fim seja a despedida (por exemplo, um

encontro, conhecer alguém, uma visita, etc.).

Em trabalhos anteriores já falámos da importância

essencial do princípio e do fim nas SE, já que é exacta-

mente nestes diferentes momentos que se afirma e se

acentua com maior determinação a relação da posição

social (dos pesos) dos participantes, o que também indica

a sua posição na hierarquia social duma determinada so-

ciedade (posição que o homem em geral não se sente in-

clinado a trocar por uma mais baixa, o que só faria em

caso de protesto e, por conseguinte, por causa de determi-

nadas convicções), e que portanto também conforma a

solidez da sociedade que protege os seus membros. Esta

diferenciação começa já na determinação de quem diante

dos participantes tem direito a começar e/ou terminar a

SE, e durante ela a passar duma etapa a outra; os parti-

cipantes que não gozam deste direito são independentes e

encontram-se inteiramente no interior da situação (veja-se

a proibição para o homem de ser ele o primeiro a estender

a mão a uma mulher, a proibição para um subalterno de

interromper uma reunião, etc.). Isto mesmo sucede no

momento de usar determinados elementos ou novos com-

portamentos de etiqueta, como, por exemplo, as liberdades

aristocráticas. ~ natural que as características dos partici-

pantes tenham um significado essencial, a forma da SE

(veja-se mais à frente), etc., pois que há vários modos, pa-

tentes ou ocultos, delicados ou decididos, de desenvolver

uma situação de etiqueta. Além disso, em geral, os partici-

pantes são divididos em passivos e activos, e os primeiros

são os que aceitam a táctica que lhes é imposta.

A análise das SE que indicámos deve ser precedida

da seguinte premissa: apesar de nos termos imposto uma

tarefa puramente descritiva, sem querer, aparecem os con-

ceitos de norma, valoração, boa ou má estratégia, com-

portamentos denominados correctos ou incorrectos, o CE

correcto ou incorrecto. E, na nossa opinião, isto sucede

não pelo facto de o tema «etiqueta» impor um estudo da

etiqueta, mas porque a classificação social não é um facto

natural determinado. Pelo contrário, toda a sociedade nova,

206 Ensaios de Semiótica Soviética

se se instaura de modo gradual e pacífico ou, melhor

ainda, pela via revolucionária, decreta para os seus mem-

bros uma estrutura social determinada. É condição neces-

sária da sua existência a constante confirmação da estru-

tura dada, a garantia do seu desenvolvimento segundo

uma (a) lógica de desenvolvimento da própria sociedade.

Uma vez que um membro comum da sociedade não tem a

liberdade de escolher a sua própria posição social (que

pode ser determinada muito antes da sua vinda ao mundo,

permanecendo a sua importância durante muitas gera-

ções: cf. os «estados»), a sociedade determina a sua posi-

ção, o que particularmente a nível formal se expressa

no facto de dotar o indivíduo dum determinado conjunto

de comportamentos de etiqueta obrigatórios, quer dizer,

uma indicação suplementar dos limites que o homem não

tem o direito de ultrapassar para não perder o seu lugar

e deste modo violar a intangibilidade da estrutura social

que tão cuidadosamente por nós é protegida. I~Ios casos

em que, graças a determinadas condições objectivas, a po-

sição hierárquica do homem muda realmente numa ou

outra direcção, a sociedade permite-lhe as correspondentes

variações no conjunto dos comportamentos de etiqueta.

Mas se apesar de tudo o indivíduo continua a usar os com-

portamentos da aantiga reserva», estes anacronismos ser-

virão para indicar (ou desmascarar) a sua anterior posi-

ção. É frequente que uma pessoa que deseje mudar a sua

posição social recorra a uma mudança arbitrária, para a

classificar de alguma maneira, do seu equipamento de

etiqueta (enriquece-o ou, pelo contrário, simplifica-o), o

que nunca conduz aos resultados desejados. Entre outras

coisas, pode dizer-se que para uma definição correcta da

diferença social tem grande significado a auto-avaliação

e a apreciação do partner no decorrer da SE e depois

desta («X é mal-educado», aY é educado», «pôr no seu lu-

gar», «fazer compreender», «acolher bem-todos estão sa-

tisfeitos», etc.). Estas valorações formam parte das con-

traposições correcto-incorrecto, conveniente-inconveniente,

permitido-proibido, bons modos-maus modos, etc. De al-

guma maneira, todas estas contraposiçôes conduzem à

contraposição sacro-mundano por um lado, e não-sacro-não-

-mundano por outro, contraposição que revela determina-

dos tipos de orientação no espaço social ~5~.

Prática de Análise: Leituras Semióticas 207

I~Io momento de passar à análise das situações sauda-

ção-despedida, recordemos que os participantes da SE se

dividem sempre em dois grupos: emissor (A) e destinatá-

rio (a). rIo decorrer da relação, isto é, quando se realiza

a SE, estes papéis alternam-se, uma vez que, em primeiro

lugar, à resposta pode seguir-se uma mensagem e, em se-

gundo lugar, a própria resposta pode conter uma mensa-

gem e precisar duma pergunta. I~Iós só analisamos aqui a

SE do princípio e do fim, terminando a análise na primeira

resposta, pelo que os papéis (A) e (a) serão fixos.

A iniciativa da escolha do código pertence a (A), pelo

que a sua tarefa é mais complexa que a de (a), que, em

qualquer caso, não se encontra frente ao desconhecido e

pode servir-se do código proposto. Ao começar uma SE,

(A), no decorrer dum espaço de tempo limitado, tem de

fazer uma análise do ambiente e dos partners a fim de

escolher do arsenal de comportamentos de saudação-des-

pedida, que é limitado, os comportamentos apropriados

ao caso e executá-los de modo que se crie um quadro

adequado das posições sociais dos participantes na men-

cionada (determinada) SE. Por isso, a tarefa de (A) pode

definir-se como social ~6>. Além disso, tem ante si outras

tarefas bastante importantes: a indicação dos limites da

SE, quer dizer, a indicação do princípio e do fim. (A) aplica

comportamentos que indicam que a partir dum certo

momento um determinado grupo de pessoas se unem, pas-

sando a ser os participantes numa SE, e que desde esse

momento as suas acções (palavras, movimentos, etc.) ad-

quirem um significado semiótico (e não já, digamos, pura-

mente pragmático ou mesmo biológico) correspondente

às tarefas da SE determinada: tarefas de ordem pessoal:

expressar ou esconder os próprios sentimentos aos part-

ners, produzir uma impressão que garanta um desenvol-

vimento, óptimo para (A), desta e das seguintes SE, exe-

cutar os comportamentos de maneira impecável sob um

ponto de vista estético, etc. (por outro lado, [A] pode as-

pirar a alcançar uma indeterminação máxima da sua pró-

pria estratégia que no futuro lhe permita uma maior li-

berdade de acção; um procedimento neutral, em especial,

pode aplicar-se também quando [A] deseja transmitir a

[a] a possibilidade de escolher o código, o que, numa pers-

pectiva de cortesia, é muito apreciado).

208 Ensaios de Semiótica Soviética

A escolha dos comportamentos da SE está substan-

cialmente condicionada pelos seguintes factores:

a) O conjunto fundamental das contra-senhas dife-

renciais (eCD) dos participantes

Isto foi descrito no nosso trabalho Contribution à

l'étude de certains systèmes sémiologiques simples. Por

isso limitar-nos-emos a enumerar aqui as contra-senhas

mais relevantes. Em cada par, a primeira posição é ocu-

pada por quem tem um significado proeminente:

1) Feminino-masculino.

2) Velho-jovem (por idade).

3) Superior-inferior (por posição social).

4) Estranho-familiar (por pertença a uma determi-

nada célula social ou a uma determinada socie-

dade).

Para sermos exactos, o eCD é um índice objectivo da



posição social do indivíduo, e em cada situação dada de-

termina a sua posição proeminente-não-proeminente rela-

tivamente aos partners. A determinação do peso dos par-

ticipantes em referência à combinação dos CE é bastante

complexa, pois as relações de superioridade não existem

apenas no interior de cada conjunto mas também existem

entre eles, e isto está ligado ao tipo de SE, às característi-

cas complementares dos participantes (veja-se mais

adiante), etc.

b) Características complementares dos participantes

A lista destas informações pode variar mais ou menos

livremente já que nos vários casos as diferentes contra-se-

nhas podem ser essenciais, e a sua enumeração mais ou

menos completa é possível graças a uma experimentação

social e psicológica razoavelmente ampla. Apenas enume-

raremos algumas: nacionalidade, fé religiosa, relaçôes de

parentesco, amizade, simpatia, hostilidade, antipatia, indi-

ferença, alguns factos e alguns dados biográficos (infor-

mação sobre acontecimentos e acções da vida de [A] e [a]),

aspecto exterior, estado de saúde, temperamento, estado

de ânimo, carácter, etc. Nesta secção cabem também con-

Prática de Análise: Leituras Semióticas 209

tra-senhas de outra ordem: a educação, isto é, a capacidade

para utilizar os comportamentos de etiqueta, a quantidade

destes últimos, a liberdade de execução, a atenção à fun-

ção estética (gosto, sentido de medida), etc.

As características complementares quase nunca têm

um único significado secundário ou auxiliar: pelo contrá-

rio, com frequência podem determinar a estratégia do CE,

superando o eCD (como, por exemplo, as festas nacionais

e religiosas; o laço de parentesco e o grau de conhecimen-

tos: por isso se introduzem os critérios de «não se fazem

favoritismos», mo trabalho não há nem parentes nem ami-

gos»; lembremos, aliás, que uma mulher jovem e interes-

sante tem quase sempre uma prerrogativa independente-

mente do eCD dos partners). E isto sucede, segundo 0

nosso ponto de vista, porque o eCD é-nos imposto desde


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