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pilação quase impossível de encontrar hoje ~a~.

Nesse artigo introduz-se o conceito de modelo poético.

Entende-se por amodelo poético do texto o seu significado

poético, não redutível ao significado de tradução interli-

near, já que o modelo poético não abarca apenas o con-

teúdo imediato da composição poética..., mas também

abarca o modelo da sua estrutura. Entendido desta ma-

neira, o modelo poético... é um facto de literatura, e não

de psicologia do poeta e dos diversos leitores» (p. 370),

que é comparável ao conceito, já conhecido da ciência pa-

Prática de Análise: Leituras Semióticas 251

leoindiana, do dhvani. Do sistema sígnico da poesia diz-se

«... a linguagem dos textos poéticos é uma linguagem criou-

lizada, e formou-se graças à interacção do sistema sígnico

da poesia e do sistema sígnico da linguagem vulgarN

(p. 375). Aqui o autor baseia-se nas ideias de O. E. Man-

delchtam (veja-se o ensaio Razgovor o Dante [Conversa-

ção sobre Dante], Moscovo, pp. 5-6) e de Ju. IvI. Tynianov.

A tradução mecânica afastou-se rapidamente dos ou-

tros sectores, convertendo-se num sector em si, puramente

prático, e os problemas semióticos começaram a ser exami-

nados prescindindo de toda a relação com ela.

No que diz respeito às influências que exercem sobre

a orientação semiótica a mitologia e a linguística histórico-

-comparadas, é necessário fazer referência à actividade dum

grupo de hinduólogos - V. IvI. Toporov, A. M. Piatigorskü,

T. Ja. Elizarenkova, A. Ja. Syrkin e outros -, sem esquecer

V. V. Ivanóv, que também trabalha activamente neste

campo. Esta influência nasce do nexo entre as ideias das

línguas antigas, tanto como dos termos dos distintos sis-

temas semióticos difundidos na antiga Índia, cuja elevada

semioticidade da cultura é universalmente conhecida ~9~.

Na mencionada comunicação da conferência sobre a tradu-

ção mecânica, V. IvI. Toporov examina os problemas gerais

do desenvolvimento da linguística do século XX (antiposi-

tivismo, antievolucionismo, superação do empirismo e da

linearidade). São indubitáveis os isomorfismos entre a ciên-

cia do século XX e as ideias enunciadas pelos gramáticos

paleoindianos, nos quais se revela a substancial regulari-

dade do desenvolvimento das actuais investigações estru-

turais. Examina-se o problema da organização duma meta-

linguagem, da qual se serviram os linguistas paleoindianos,

e classificam-se os tipos de signos que a constituem. Por

último, afirma-se que a particularidade da linguística pa-

leoindiana em combinação com os dados análogos das ou-

tras ciências, artes, sistemas sígnicos religiosos, filosóficos,

etc., paleoindianos formam a configuração especificamente

peleoindiana dos fenómenos culturais ~t°>. A comunicação de

V. I~. Toporov foi publicada integralmente na recompila-

ção em memória de Ju. hI. Rerich ("). hIesta mesma colecção

foi publicado o estudo de A. M. Piatigorskü Opyt sopostav-

lenüa vedüskich i tamil'skich gimmov [Experiência duma

comparação entre hinos védicos e tamílicos], onde, pela

primeira vez na história da nossa literatura filológica, se

252 Ensaios de Semiótica Soviética

efectua uma análise semiótico-estrutural da pragmática

dos textos.

Em princípios dos anos 60 as investigações no campo

da semiótica adquirem um carácter mais sistemático, es-

tabelece-se uma separação entre os aspectos puramente

linguísticos, e são estes que passam a ser exclusivo objecto

da semiótica. Em Agosto de 1960 cria-se uma secção de ti-

pologia estrutural das línguas eslavas no Instituto de Esla-

vística da Academia de Ciências, que cedo se converteu no

centro das investigações semióticas no campo humanístico,

agrupando à sua volta especialistas das mais diversas or-

ganizações.

Precisamente em princípios de 1961, celebrou-se em

Moscovo a Conferência sobre a Elaboração da Informação,

a Tradução Mecânica e a Leitura Automática do Texto ~'2~.

Houve duas comunicações especificamente dedicadas à pro-

blemática semiótica: a comunicação de Ju. V. Knorozov

K voprosy ob izucenü teorü signalizacü [Em torno do pro-

blema do estudo da teoria da sinalização] ~'3~. De V. V. Iva-

nóv, fazyk v sopostavienü s drugimi sredstvami perdaci i

chranenija in f ormacü [A linguagem em comparação com

outros meios de transmissão e conservação da informa-

ção] ~'"~. IvIa comunicação de V. V. Ivanóv é estudada a

necessidade dum único ponto de vista semiótico sobre fenó-

menos tão diferentes como a linguagem comum e a artifi-

cial, as linguagens de sinalização (de tambores, de apito) e

a linguagem da arte (incluindo os sistemas sígnicos especí-

ficos das artes figurativas e do cinema), as «linguagens»

dos animais e os sistemas sígnicos das crianças e doentes

mentais.


A comunicação de Iu. V. Knorozov, sumamente inte-

ressante e revolucionária em muitos aspectos (sobretudo

a teoria da personalidade em relação com a teoria da co-

municação, não encontrou infelizmente o eco merecido

em sucessivas investigações semióticas.

Em geral, 1961 foi um ano rico em simpósios e con-

ferências que trataram as questões relativas à semiótica.

Centrava-se o interesse nas análises da literatura em fun-

ção de conceitos derivados do património da linguística

estrutural e da semiótica. A isto mesmo foi especialmente

dedicada uma reunião celebrada em Setembro de 1961, em

Górki, sobre a aplicação dos métodos matemáticos ao es-

tudo da linguagem literária ~'~. É compreensível a tendên-

Prática de Análise: Leituras Semióticas 253

cia para analisar a literatura com os métodos da semiótica

e da linguística estrutural. Esta baseia-se no exame da obra

artística como sistema funcional total, no qual o plano de

expressão não é casual (veja-se o conceito de modelo poé-

tico de V. V. Ivanóv). O objectivo é descrever o modelo

artístico, que, indubitavelmente, está presente em toda a

verdadeira obra de arte, tornar observável este modelo,

demonstrar a obrigatoriedade duma organização complexa

e idónea do plano da expressão e do plano do conteúdo, na

presença e existência entre elas de relaçôes conforme cer-

tas leis.

No simpósio de Górki foram examinadas algumas das

questões que mencionámos atrás ~'6~. Antes de mais, nas

comunicações de A. N. Kolmogorov e colaboradores, que

determinaram substancialmente as orientaçôes da confe-

rência, demonstrou-se a complexidade e não-casualidade de

, fundo do plano da expressão dos textos poéticos. Seguindo

o rumo das investigaçôes iniciado nos anos 10 e 20 com os

' trabalhos de A. Beelyi e B. Tomachevskü, Kolmogorov re-

vela que determinada configuração do plano de expressão

na obra de qualquer grande poeta está adaptada de ma-

neira única à transmissão justamente desse determinado

conteúdo, o que se torna possível graças à utilização óptima

de todas as possibilidades presentes por princípio no plano

de expressão da linguagem, independentemente do con-

, teúdo.


Nessa mesma reunião foram discutidos os problemas

do estudo estrutural das obras literárias. Por um lado, ma-

nifestou-se a necessidade de recorrer às ideias da escola

formal russa na crítica literária {comunicação de A. K.

Zolkovski e de Ju. K. Cheglov Obzor nekotorych starych

rabot po poetike [Resenha de alguns antigos trabalhos so-

ì bre poética ~t'~]), e por outra parte, abriram-se perspectivas

para usar no estudo dos textos poéticos os métodos da lin-

guística estrutural e histórico-comparada actual (comu-

; nicações de V. V. Ivanóv O novych poetiheskich teorijach

[Em torno das novas teoria poéticas] e Sravnitel'noe jazy-

' koznanie i sravnitel'noe literaturovedenie [Linguística com-

' parada e crítica literária comparada]), nas quais se abor-

' davam os problemas da relação existente entre as regras

da linguagem poética e da língua natural, dos métodos

. de análise da sintaxe e da semântica da linguagem poética,

T

254 Ensaios de Semiótica Soviética



assim como também o problema da reconstrução dos mo-

delos originários - rítmicos e compositivos - no folclore.

Em Novembro de 1961 celebraram-se duas conferên-

cias: uma dedicada aos problemas do método de transfor-

mação na linguística; outra à aplicação dos métodos estru-

turais e estatísticos nas investigações sobre a composição

do vocabulário linguístico.

Em ambas as conferências, V. N. Toporov apresentou

comunicações directamente relacionadas com a problemá-

tica semiótica. Na comunicação apresentada na primeira

conferência ~18~, Toporov referiu-se aos outros sistemas síg-

nicos. A comunicação apresentada na segunda conferên-

cia ~19~ influenciou a formação dessa perspectiva da análise

semiótica que mais tarde apareceu nas investigaçôes de

todo um grupo de semiólogos soviéticos (investigação e

construção dos «modelos do mundo»). Infelizmente, este

trabalho não passou da forma de tese, embora as teses

dêem a impressão de ideias formuladas sinteticamente

num plano semiótico geral: «...a palavra é... a unidade

pragmática mais importante do discurso que tem impor-

tância primária para quem se serve da linguagem. Pode

pôr-se em dúvida que a palavra como unidade sintética do

discurso possa actuar como unidade da língua e ao mesmo

tempo funcionar como elemento dum sistema do tipo lin~

guístico corrente» (p. 35). A sinteticidade da palavra mani

festa-se no facto de que esta se representa como m

cromito ou como mitologema e de que cumpre uma funçã

essencial na poesia: « Se se fala de análise comparada rig

rosamente científica do léxico, esta é oportuna precia

mente em conexão com o estudo da linguagem no amj

contexto da `cultura'» (p. 36); e mais à frente: «Não há c

esquecer a particularidade singularíssima que cada p

vra e todo o léxico no seu conjunto têm - com a aj

de unidades sintéticas mutáveis e não determinadas t~

mente - de modelizar um mundo mutável e obscuro

muitos aspectos» (p. 36).

Todo o ano de 1962 transcorreu com os prepara

do simpósio sobre o estudo estrutural dos sistemas

cos, que se celebrou em Dezembro. Apareceram en'

Strukturnotipologicheskie issledovanüa [Investigaç~

pológico-estruturais]. Em ambos os acontecimento~

ram parte muitos linguistas, psicólogos, mitólogos,

de arte. Tal como a recompilação, o simpósio foi

Prática de Análise: Leituras Semióticas 255

rado também pela Secção de Tipologia Estrutural do Ins-

tituto de Eslavística.

É traço distintivo da colecção a notável ampliação do

âmbito dos problemas da semiótica. A colecção com-

preende uma secção especial Nelingvistìcheskie semioti-

cheskie sistemy [Os sistemas semióticos não linguísticos],

na qual oferecem particular interesse os artigos de A. A.

Zalizniak, V. V. Ivanóv e V. IvI. Toporov O vozmoznosti

strukturno-tipologisccskogo izucenija nekotorych modeli-

rujuscich semioticeskich sistem [Em torno da possibilidade

dum estudo tipológico-estrutural de alguns sistemas semió-

ticos de modelização], de A. M. Piatigorskü Nekotorye ob-

chie zamecanüa otnositel' no rassmotreüa teksta kak raz-

novidnosti signala [Algumas observações gerais sobre o

exame do texto como variedade de sinal], de Ju. K. Che-

glov O strukture Metamorfoz Ovidüa [Sobre a estrutura

das Metamorfoses de Ovídio], e de A. A. Zalizniak Opyt

analiza odnoi otnositel'no prosto i znakovoi sistemy [En-

saio de análise de um sistema sígnico relativamente sim-

ples]. No primeiro dos artigos aqui enumerados é-nos dada

uma fundamentação teórica do conceito de sistema de mo-

delização. Examinam-se as possibilidades duma descrição

estrutural dos sistemas da religião e da mitologia em ter-

mos de algumas contra-senhas distintivas (contraposições

semânticas), como, por exemplo, bom-mau, morte-ressur-

reição, mundo superior (céu) - mundo inferior (inferno),

e analisa-se a possibilidade de reconstruir sistemas e textos

religiosos. A exposição desenvolve-se em função da teoria

das comunicações, o que permite alargar também as con-

clusões dos autores aos sistemas semióticos que não são

religiosos no sentido estrito da palavra, mas que são tipo-

logicamente semelhantes.

Piatigorskü, no seu artigo, generaliza, no plano teó-

rico, algumas considerações enunciadas nas suas investi-

gações sobre os textos religiosos paleoindianos. Os textos

são classificados com base na sua relação com o tempo, o

espaço e o objecto. São ainda examinadas as relaçôes en-

tre o texto e o sujeito.

O artigo de Cheglov abre todo um ciclo de investiga-

ções sobre a descrição da estrutura semântica interna das

obras literárias. Neste artigo, o autor, partindo da análise

da própria intuição como leitor, põe a claro a estrutura

operante que a obra de Ovídio encerra. A escolha feliz do

25 , Ensaios de Semiótica Soviética

objecto permite ao autor demonstrar algumas teses sobre

a estrutura do mundo das Metamorfoses. Este mundo apa-

rece construído com base em determinadas contra-senhas,

bastante simples, que descrevem as qualidades materiais

das coisas (recto-curvo, dureza-brandura, aridez-humidade,

plenitude-vacuidade, etc.). Estas contra-senhas distinguem-

-se mediante a análise dos epítetos. Desta maneira, a estru-

tura da acção poética mostra ser isomorfa da estrutura do

modelo poético (vejam-se as ideias de L. S. Vygotskü sobre

a catarse).

E, por último, o artigo de A. A. Zalizniak revela um as-

pecto absolutamente novo das investigações semióticas: o

estudo de sistemas semióticos simples, criados artificial-

mente. O autor oferece uma descrição exaustiva do sistema

de ordenação do tráfico.

A respeito do simpósio sobre o estudo estrutural dos

sistemas sígnicos, o leitor pode informar-se através das pu-

blicações de materiais escolhidos, especialmente da comu-

nicação introdutória de V. V. Ivanóv sobre a imprensa es-

trangeira (nas revistas Questo e altro e Tel-Quel). Não foi

editado integralmente o material do simpósio, mas publi-

caram-se posteriormente trabalhos soltos em várias edi-

çôes (em particular, as colecções sn~scwTcn, II, cit., e

Poetics. Poetyka. Poetika, II, Varsóvia, 1966); além disso,

o pequeno volume das teses, publicado aquando do simpó-

sio, reflecte de maneira bastante completa a sua proble-

mática.

Na primeira secção, Estestvennyi iazyk kak znakovaia



sistema [A linguagem natural como sistema sígnico], exa-

minavam-se os usos puramente sígnicos dos objectos lin-

guísticos (equivalentes aos «ícones» ou aos «índices»): as

comunicações de V. V. Ivanóv O funkcijach sloznosokras-

chennych slov [Sobre as funções das palavras compostas

abreviadas] (em que se colocava o problema da possibili-

dade de deduções sociológicas com base no carácter da

forma do signo), de I. I. Revzin K semioticheskomu analizu

«tainych àazykov» [Para uma análise semiótica das «lin-

guagens secretas,~ ] (a utilização do calão, como signo de

pertença aos «nossos>,) e de P. G. Bogatyriov Vykriki raz

noscikov i remeslennikov - znaki reklamy [Os gritos dos

pregoeiros e dos artesãos ambulantes como signos publici-

tários]; assim como para os problemas da análise linguís-

tica (a semântica em particular) à luz da semiótica: as co-

Prática de Análise: Leituras Semióticas 257

municações de I. I. Revzin Nekotorye trudnosti pri pos-

troenü semanticeskich modelei estestvennych iazykov

[Algumas dificuldades na construção de modelos semânti-

cos para as linguagens naturais] e de A. A. Zalizniak Ob

ispol'zovanü ponjatü aavtomaticeskoi vyvodimosti» i aza-

visimogo priznaka» pri opisanü znakovych sistem [Sobre

o uso dos conceitos de «deducibilidade automática» e de

«contra-senha dependente» na descrição dos sistemas sígni-

cos] e O vozmoznoi svaiazi mezdu operacionnnymi ponja-

tüami sinchronnogo opisanüa e diachronü [Sobre um pos-

sível nexo entre os conceitos operativos de descrição sin-

crónica e diacrónica]. Esta última comunicação marcou o

início de toda uma série de trabalhos de Zalizniak, que

comprovam a deducibilidade de conceitos diacrónicos par-

tindo duma correcta análise sincrónica.

Estiveram suficientemente representados no simpósio

os trabalhos sobre a análise dos sistemas simples. Temos

de lembrar aqui antes de mais o estudo de T. V. Civ'jan

K opisanüu etiketa kak semioticheskoi sistemy [Para a

descrição da etiqueta como sistema semiótico], que pros-

seguiu depois. O trabalho de M. I. Lekomceva e de B. A.

Uspenskü Gadanie na igral'nych kartach kak semiotices-

kaia sistema [A cartomancia como sistema semiótico] é

até agora o único ensaio de análise sobre os três aspectos

do sistema sígnico (sintaxe, semântica e pragmática).

IvIa secção sobre os sistemas semióticos modelizantes

foram comunicados alguns resultados preliminares de in-

vestigações no campo do sistema mitológico dos Kety, efec-

tuadas pela expedição de 1962, na qual participaram, em

particular, V. hI. Toporov e V. V. Ivanóv. A resenha destes

dois autores sobre o modelo do mundo dos Kety iniciou

toda uma orientação da semiótica e da mitologia compa-

rada russas, isto é, a construção de modelos paradigmáti-

cos ~zl~. Posteriormente, esta orientação vê-se continuada

nos trabalhos de V. V. Ivanóv e V. IvI. Toporov sobre a mi-

tologia proto-eslava ~Z2~, nos quais se reconstrói coerente-

mente o sistema hierárquico da mitologia dos antigos es-

lavos e se descobrem as contraposições binárias fundamen-

tais, graças às quais se torna possível descrever o plano

do conteúdo. IvIa comunicação de D. M. Segal O nekotorych

problemach semiotìceskogo izucenüa mitologü [Sobre al-

guns problemas do estudo semiótico da mitologia] é ana-

lisada a possibilidade dum estudo semiótico dos sistemas

258 Ensaios de Semiótica Soviética

mitológicos do ponto de vista dos aspectos sintáctico, se-

mântico e pragmático.

Na secção Iskusstvo kak semioticeskai sistema [A arte

como sistema semiótico] estão compreendidas as teses

dum amplo trabalho de L. S. Vygotskü, Psichologüa is-

kusstva [Psicologia da Arte], escrito em 1925, e publicado

posteriormente pela casa editora Iskusstvo ~~~. Este livro

contem uma análise da pragmática dos objectos estéticos.

Nele se estabelece que o fundamento desta pragmática é

a catarse provocada pela solução da tensão dinâmica entre

«forma» e amaterial». B. A. Uspenskü no artigo O semiotike

iskusstva [Sobre a semiótica da arte] coloca o problema

duma interpretação semiótica da arte que estaria chamada

a dar fundamento à especificidade da arte: «A polissemia

(a possibilidade, em princípio, de admitir muitas interpre-

tações) é um aspecto essencial das obras de arte.» ~24~

A comunicação de L. F. Zegin Prostranstvennocre-

memnnoe edinstvo zivopsnogo proivedenüa [Unidade es-

paço-temporal da obra pictórica] ~~> suscitou um notável

interesse. Nela se continha uma interpretação semântica das

peculiaridades formais da pintura icónica russa (perspectiva

ao contrário, união de diferentes momentos temporais,

etc.).

Mais diversificada nas suas orientações estava a secção



Strukturnoe i matematicheskoe izucenie literaturnych

proizvedenü [Estudo estrutural e matemático das obras li-

terárias], em que se apresentaram tanto as comunicações

referentes à análise das situações semióticas nas obras de

arte (B. A. Uspenskü, Semiotika u Chestertona [A Semió-

tica em Chesterton], como as que continham as descrições

de caracteres formais: M. L. Gasparov, O ritmike russkogo

triechundarnogo dol'nika [Sobre a rítmica do dol'nik russo

com três acentos], V. V. Ivanóv, Ritmicheskoe ctroenie

aBallady o cirke», A. Mezirova [A estrutura rítmica da

Balada ou cirke de A. Mezirov] (26). Sob o aspecto folclórico

é interessante o ensaio de V. N. Toporov de exaustiva des-

crição da estrutura da balada popular lituana ~z'~

Posteriormente, houve também nas sessões do simpó-

sio toda uma série de intervenções de notável interesse (de

A. S. Esénin-Vollpin sobre pragmática, concebida no plano

abstracto, de A. V. Dolgopolskü e do linguista húngaro

Ferenczi Papp sobre o específico da interpretação de al-

guns sistemas gestuais, de Iúri Levin sobre a aplicação das

Prática de Análise: Leituras Semióticas 259

matemáticas à poética, etc.). O simpósio suscitou um inte-

resse clamoroso entre a opinião pública científica que se

' manifestou através duma série de ecos na imprensa (tam-

bém polémicos) e, sobretudo, na expansão dos conceitos

semióticos também aos sectores (filosofia) que desde o

princípio se tinham esforçado por conservar a sua própria

soberania.

Após o simpósio de 1962 houve um período de des-

canso nas conferências, reuniões e simpósios. Este inter-

valo foi aproveitado para aprofundar as investigações prá-

ticas e na delimitação do âmbito dos objectos sujeitos à

análise. O simpósio de 1962 foi, em certos aspectos, uma

espécie de declaração programática, cuja execução, em al-

guns pontos, foi aprovada (problemas da comunicação ges-

tual, estudo de alguns sistemas simples), enquanto a legi-

timidade da proposta de outros, em geral, foi posta em

dúvida devido à falta de adequação do mecanismo proposto

para a correspondente investigação.

A partir de 1964, o fórum principal onde se discutiram

os problemas de semiótica foram as conferências organiza-

das pela Universidade de Tártu em Káãriku. Até agora,

; foram realizadas três conferências - em 1964, 1966 e

I968 ~'~~. A característica destas conferências de Káãriku é

a elaboração gradual dum estudo geral da análise semió-

tica dos chamados sistemas secundários de modelização:

«Chegou-se a acordo quanto a considerar como sistemas

. secundários de modelização aqueles que, tendo como base

a linguagem (sistema primário), recebem uma estrutura

secundária suplementar de tipo especial» ~z9>. O referido

, estudo caracteriza-se pela atenção concedida à descrição

dos sistemas sintéticos que podem ser considerados como

modelos do mundo, os quais se formam na mente de colec-


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