. Acesso em: 22 jul. 2010.
O uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, windows, download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela:
a) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real.
b) o uso da internet para preparação e envio de documentos, bem como a contribuição para as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura indígena.
c) a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais.
d) adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), que, em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web mesmo em ambiente inóspito.
e) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade de acesso à internet.
Produção de texto
Entrevista
Neste capítulo você teve a oportunidade de ler entrevistas. Provavelmente já leu outras, além de ter visto entrevistas pela TV ou mesmo ouvido pelo rádio.
Em qualquer uma dessas modalidades, o gênero entrevista costuma se dividir em dois blocos: uma apresentação breve do entrevistado e uma série de perguntas e respostas alternadas. Trata-se sobretudo de um diálogo, de uma espécie de conversa com aspectos especiais: em geral só um dos falantes faz as perguntas, o entrevistador. Ao entrevistado cabe responder às questões, de preferência de modo amplo, justificando o ponto de vista apresentado por ele a cada resposta ou detalhando suas explicações ou descrições.
A formalidade ou não das entrevistas depende do veículo de publicação, mas sobretudo do leitor que se supõe que a lerá. Por exemplo, a entrevista com um médico a ser publicada em uma revista da faculdade de Medicina, que vai ser lida por outros médicos, será feita num tom mais formal do que uma entrevista a ser publicada em um jornal para adolescentes, ainda que o entrevistado seja o mesmo médico. O mesmo vale para entrevistas em modalidade audiovisual ou só em áudio.
Não é só o tom que muda. O modo de tratar o assunto também. Ao tratar de certo assunto com seus colegas de profissão, um médico aponta determinados aspectos que talvez não comente se for falar para o público em geral.
Atividade 1 — Como escrever a introdução de uma entrevista
Na entrevista com Yeda Pessoa de Castro, os parágrafos iniciais apresentam a entrevistada de modo a despertar o interesse do leitor da revista pelo texto. Releia:
"Em Angola, ela é Yeda 'Mun-tu' Castro. Na Nigéria, é Yeda Pessoa 'Olobumim' Castro. Vem de longe a relação da etnolinguista e professora da Universidade do Estado da Bahia com a cultura africana. Ainda criança, em Feira de Santana, Yeda viu-se com o desejo de decifrar a incompreensível língua falada pelos negros. Desejo que a levou a desbravar um caminho em tudo pioneiro: mestrado na Nigéria, doutorado no Zaire e a descoberta de uma herança linguística fundamental para o português falado no Brasil.
Se nos orgulhamos de falar 'cantano', devemos agradecer ao gosto das línguas banto pelas vogais. Vem da mesma fonte africana o costume de abolir os plurais, como em 'as criança' e 'os menino'. A conversa de Yeda Pessoa de Castro com a RHBN foi cheia de exemplos saborosos assim. [...]
Omitida durante muito tempo na história oficial brasileira, a afrodescendência venceu a batalha da língua."
Observe que, no primeiro parágrafo, o entrevistador procura mostrar quem é a professora entrevistada do ponto de vista profissional, ressaltando sua ligação com a cultura africana, que é a base de seu estudo. Também descreve seus títulos acadêmicos, o que é um modo de confirmar a seriedade do trabalho da pesquisadora.
No segundo parágrafo, ele apresenta ao leitor uma ideia do resultado das pesquisas de Yeda Pessoa de Castro.
No último, ressalta a relação entre as pesquisas linguísticas, centro do interesse profissional da entrevistada, e a questão das lutas pela valorização da afrodescendência, uma questão bastante atual, que está em discussão na sociedade em geral.
Um dos símbolos da tradição cultural brasileira ligada à contribuição dos afrodescendentes é o samba, ritmo musical criado a partir dos batuques dos africanos escravizados, reconhecido pela Unesco em 2005 como Patrimônio da Humanidade. Em 2016, comemorou-se o centenário desse ritmo, pois em 1916 o compositor Ernesto Joaquim Maria dos Santos, mais conhecido como Donga, registrou o primeiro samba carnavalesco, de sua autoria, "Pelo telefone".
Imagine que você precise produzir o texto de apresentação de um sambista conhecido e publicar esse trabalho no mural da escola. Para elaborar o texto, siga estas etapas:
▸ Escolha um sambista e reúna textos sobre esse artista. Eles serão sua base para escrever, além de todo o conhecimento que você já tem sobre esse sambista.
▸ Verifique qual foi o último álbum lançado por ele ou qual foi seu último show e imagine que a entrevista aconteceria por ocasião desse evento.
O samba
A palavra samba vem da expressão africana semba (umbigada), empregada para designar dança de roda.
O samba tem origem nos batuques dos africanos trazidos como escravos para o Brasil. Esses batuques estavam geralmente associados a elementos religiosos que instituíam entre os negros uma espécie de comunicação ritual por meio da música e da dança.
Os ritmos do batuque aos poucos incorporaram elementos de outros estilos de música, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro do século XIX, que, com o estabelecimento da família real portuguesa ali em 1808, foi então elevada à capital.
Para essa capital encaminharam-se também inúmeros afrodescendentes vindos de outras regiões do país, sobretudo da Bahia. Formaram-se assim os aglomerados em torno das religiões iorubas na região central da cidade, sobretudo perto da praça Onze, onde atuavam mães e pais de santo. Para o samba, a mais famosa mãe de santo foi Tia Ciata: sua casa tornou-se um ponto de encontro de músicos da comunidade. Foi nas rodas de samba de Tia Ciata que Donga criou, em 1916, "Pelo telefone", o primeiro samba gravado na história do Brasil.
▸ Seu texto deve ter dois ou três parágrafos. Neles, procure apresentar o sambista, seu estilo, sua importância na história do samba. Comente sua trajetória musical, fale da época em que ele começou a fazer sucesso ou a ficar conhecido pelas pessoas que gostam desse gênero musical. Dê uma ideia do álbum em lançamento ou do show.
▸ Lembre que você estará escrevendo para colegas, ou seja, poderá usar um estilo menos formal. Use argumentos que atraiam o leitor para a leitura.
Atividade 2 — Observe a relação entre pergunta e resposta na entrevista
Esta atividade baseia-se na entrevista da cantora e compositora Marisa Monte ao site da Academia Brasileira de Cinema, que tem como objetivo promover, preservar e divulgar o cinema brasileiro.
A entrevista com a compositora ocorreu porque ela havia feito uma grande pesquisa sobre composições musicais dos anos 1940 e 1950 da Velha Guarda da Portela, formada pelos sambistas veteranos dessa tradicional escola de samba do Rio de Janeiro. Essa pesquisa deu origem ao documentário O mistério do samba, lançado em 2008 e dirigido por Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor. Foram anos de gravação, shows e relatos.
A entrevista com Marisa Monte foi transcrita a seguir, mas as respostas foram separadas das perguntas e postas fora de ordem. Só a pergunta final e sua resposta foram mantidas juntas e na disposição correta.
a) Leia as respostas e procure relacioná-las com as perguntas feitas pelo entrevistador. No caderno, escreva a correspondência entre letra e número.
b) Depois de encontrar a resposta de cada pergunta, pense qual seria a melhor ordem para as perguntas: se você fosse o entrevistador, em que ordem as faria? No caderno, escreva os grupos letra/número na ordem que imagina mais adequada. Compare com a organização de um colega e justifiquem as escolhas de cada um.
(A) Como foi a experiência cinematográfica?
(B) Como foi a escolha dos personagens que ficaram no filme?
(C) Qual foi o primeiro contato que você teve com a Velha Guarda?
(D) Como foi a sua emoção ao descobrir músicas inéditas de Manacea na casa de D. Neném?
(E) Fale sobre a origem do documentário, o CD Tudo azul, que você produziu.
(F) No documentário, você diz que a vida é melhor com esses sambas da Velha Guarda. Por quê?
@Conspiração Filmes/Reprodução
Marisa Monte e um dos componentes da Velha Guarda da Portela em cena do documentário O mistério do samba, dirigido por Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor, lançado em 2008.
|
(1) O Manacea sempre foi uma referência na Velha Guarda. A gente foi na casa da viúva dele, a D. Neném, e ela disse que não tinha mais nada do Manacea e que ele não havia deixado nenhum material. De repente, ela busca uma maleta e tinha um monte de manuscritos, letras de músicas,
fitas-cassete, coisas que ela não sabia que tinha e o que eram. Isso mostra o quanto existe para ser revelado e quanto se pode aprofundar nessa pesquisa. Encontrar aquele material, depois que ela já tinha tirado as nossas esperanças, foi como achar um tesouro.
(2) Foi com a importância natural que cada um deles adquiriu com a sua própria história. A gente só percebeu isso. Tivemos a oportunidade de conhecer sambistas como Argemiro e Jair que não estão mais aí, mas que são grandes compositores. O olhar da gente também era muito em cima do ser humano, das pessoas, de onde aquelas músicas surgiram, como cada um é, sente, vive e, através disso, quais músicas eles puderam criar. O que os inspira e por que se tornaram sambistas.
(3) Quando a gente começou a fazer a pesquisa para o CD Tudo azul, em 1998, ficou clara a importância de fazer um registro audiovisual dos encontros em que os sambistas estavam revelando muitas músicas inéditas. Eu tentava conduzir a conversa de forma a provocar a memória deles, lembrando compositor por compositor, e tentando levantar o máximo possível de canções que não tinham sido gravadas. A gente sabia que existia um material grande que só estava presente na tradição oral. Depois, passamos a filmar momentos que a gente achava que deveria registrar, como shows ao vivo, gravação em estúdio, ensaios, gravação dos CDs do Argemiro e do Jair. Em seguida, o foco foi criar o corpo para um documentário sobre eles. O bom de o filme ter demorado tantos anos para ficar pronto é que pudemos registrar momentos diferentes da Velha Guarda e de cada um deles. Isso é um ganho para o filme.
(4) Já tinha participado de documentários de outras pessoas, mas nesse projeto eu me envolvi na pesquisa, no roteiro, na edição e na direção musical. Para mim foi muito estimulante, porque é um assunto que me interessa conhecer e revelar.
(5) Esses sambas são fonte de sabedoria, de filosofia de vida. A gente aprende muito com as músicas. A experiência de vida que esses compositores passam pra gente por meio das canções traduz muito o que estamos querendo dizer num determinado momento e não sabemos como. É uma fonte de autoconhecimento e isso ajuda a viver.
(6) Comecei a ouvir a Velha Guarda da Portela na infância, por influência do meu pai, e alguns integrantes do grupo chegaram a frequentar a minha casa, como o Monarco. Quando fui gravar “Ensaboa” do Cartola para o disco Mais, em 1991, eu queria umas vozes rústicas e convidei as pastoras Surica, Doca e Eunice. Foi a primeira vez que eu trabalhei com a Velha Guarda. Depois, fui convidada para um show do Rafael Rabello, em que também estavam Paulinho da Viola e a Velha Guarda. Foi a primeira vez que eu trabalhei com eles, participei dos ensaios onde eles estavam, compartilhei o camarim e pude me aproximar e conversar. A consequência foi a gravação do samba “Esta melodia” para o Anil, amarelo, azul, cor-de-rosa e carvão (1994) e ter convidado o Paulinho da Viola e a Velha Guarda para cantar comigo. As pastoras ainda participaram do meu documentário Barulhinho bom (1996). Nessas experiências, eu fui percebendo que existiam músicas inéditas que nunca tinham sido gravadas e que estavam se perdendo. Eu fiquei com vontade de conhecer esse material. Então, em 1998, eu propus a eles esse projeto de pesquisa e gravação do CD Tudo azul. [...] Fiz muitos shows com esses bambas da Portela. O documentário é resultado desses anos de registro, de investigação, de observação e de aprendizado com a Velha Guarda.
Qual cena que mais te emociona no documentário?
Gosto das cenas mais íntimas quando eles estão sozinhos lembrando sambas. Também me emociona muito a cena em que eu e as pastoras cantamos “Quantas lágrimas”. Elas se emocionam porque a música é do Manacea e ele tinha morrido há pouco tempo. Era a primeira vez que a gente se encontrava depois da morte dele. Também fico emocionada com as sequências do Argemiro na casa dele. Dá saudade.
Adaptado de:
Dostları ilə paylaş: