Língua Portuguesa volume 1



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. Acesso em: 29 mar. 2016.

Copie no caderno trechos do conto em que é possível perceber alguns elementos históricos, culturais e políticos desse período em Angola e, particularmente, na vida da família do narrador-autor.

a) O país estava em guerra civil.

b) O partido que governava Angola era apoiado pelo chamado bloco socialista (mais especificamente pela União Soviética e por Cuba).

c) A cultura estadunidense — ou seja, do país que liderava o bloco capitalista nesse período de Guerra Fria — fazia parte do repertório cultural dos luandenses.

d) Na casa do narrador-autor circulavam obras da literatura europeia e latino-americana, produtos da longa história de colonização que mudou o perfil do mundo.


2. Pode-se dizer, resumidamente, que, no conto “Palavras para o velho abacateiro”, o narrador-autor conta o momento em que recebe a notícia de que vai deixar sua casa e sua família e se mudar de Angola.

a) Quem dá essa notícia ao narrador?

b) Qual é a primeira reação do narrador? Ele entende de imediato o que lhe está sendo dito? Justifique sua resposta com passagem(ns) do texto.

c) E o leitor, entende de imediato a notícia que o protagonista está recebendo? Explique.

d) Releia o trecho abaixo e explique-o à luz do que você respondeu nos itens c e d desta atividade.

“[...] aquele era, de qualquer modo, o tempo deles, dos meus pais, aí talvez os meus lábios dissessem que esse tempo de sabermos o momento de partir tinha acontecido fora do meu próprio tempo, e que nos últimos anos eu havia estado perdido, triste e confuso [...].”



3. Assim como no Texto 1, a chuva é elemento de destaque no Texto 2. Que semelhanças e diferenças é possível apontar no modo como esse elemento da natureza se articula com os acontecimentos narrados, nos dois textos?

4. Outro ponto em comum entre o Texto 1 e o Texto 2 é o fato de que, em ambos, avós desempenham papel essencial. Explique como isso ocorre nos dois textos.

Texto 3

O texto a seguir tem algo em comum com os dois textos que você leu até aqui — o que será? Trata-se de uma crônica que foi publicada originalmente no site Terra Magazine, em dezembro de 2008.



Elegia para todas as avós

Milton Hatoum

Uma das avós mais terríveis do mundo é também uma das mais populares e continua viva no conto “A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada”. Nenhuma avó é mais vingativa e punitiva do que a personagem desse relato de Gabriel García Márquez.

Os leitores das memórias do escritor colombiano sabem que sua avó verdadeira não inspirou la abuela diabólica da ficção. Ao contrário: dona Tranquilina contava histórias e anedotas mirabolantes para o neto. Muito tempo depois, o autor de Crônica de uma morte anunciada transformou essas histórias em literatura.

Avós são seres inesquecíveis. Raramente são frágeis ou indiferentes, quase sempre são poderosas, ativas, afetuosas além da conta e dispostas a darem tudo pelos netos.

Tua avó preparava esse prato melhor do que eu. Só a tua avó tinha paciência contigo, diz uma mãe ao filho pequeno.

E quando essa mãe ralha com a criança, esta responde: Minha avó não me trata assim.

Claro, avós geralmente não impõem limites, sua tolerância tende ao infinito, seus netos já nascem anjos, que são seres perfeitos. Às vezes, o mimo e a tolerância excessivos de uma avó transtornam os pais do anjo. Mas cada família resolve isso a seu modo.

Um dos legados de uma avó-matriarca é a memória do clã. Outro dia, uma índia wanano, do alto rio Negro, me disse que sua avó quase centenária reunia os netos para contar histórias de sua tribo.

Ela nos ensinou os mitos de origem, disse a neta. Mitos esquecidos pelos mais jovens. Agora quero pôr tudo o que ela me contou num livro.

As palavras de uma avó terminam nas páginas de um livro, pensei.

Até mesmo uma criança que não conheceu sua avó constrói aos poucos uma imagem dessa mulher ausente, evocada com saudade nas conversas domingueiras e admirada nas fotografias dos álbuns de família. Ela acaba por se tornar um ente mitológico, um ser sublime que habita a imaginação da infância. Tenho a impressão de que, mesmo ausentes, nossas avós e bisavós existem.

Por exemplo: Salma, minha bisavó paterna, que eu não conheci. Meu pai contava que ela fazia uma armadilha para os passarinhos que frequentavam o pomar da casa da infância, em Beirute; de manhãzinha, os netos viam as tamareiras cheias de pássaros, os dedinhos presos ao galho pela resina de uma fruta. Salma deixava a turma de crianças soltar as aves, brincar com elas, engaiolá-las, fazer o diabo com os bichinhos. No almoço, os netos comiam outros pássaros, temperados com alho e limão; as crianças sequer suspeitavam da relação entre o cativeiro noturno das aves e o cardápio do almoço.


Salma chorou quando meu pai, ainda jovem, migrou para o Brasil, onde viveu mais de meio século. Ele era órfão desde os quatro anos de idade, de modo que Salma reunia os atributos de avó e mãe numa só mulher. Ele nunca mais a viu. Mas dela ficaram fotos antigas e histórias que lampejam na minha memória.

Avós também influenciam a economia de um país. Quando vivas, ninguém troca a comida que elas preparam por um almoço num restaurante. Duas amigas, donas de ótimos restaurantes (um italiano e outro árabe), me afirmaram que suas grandes concorrentes são as avós dos clientes. Com frequência, essas amigas ouvem frases como: “Minha avó fazia melhor essa lasanha... Só minha avó sabia preparar kafta, falafel e tabule”.

Os netos, já marmanjos, afirmam isso na bucha, sem o menor constrangimento, dizem minhas amigas.

Bem-aventurados os que ainda têm duas avós. Eu, que só tive uma, sinto saudades dela nessa época natalina, quando a mesa era para lá de farta; e fartos também o carinho e a devoção que ela dedicava aos netos.

Há pouco tempo, um amigo que perdeu sua mãe me contou como o filho dele reagiu à notícia da morte da avó.

Ela está sonhando para sempre, murmurou entristecido o neto de cinco anos.

Que o leitor perdoe o tom nostálgico desta crônica. Afinal, a nostalgia é também humana.

HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 58.


elegia: texto (em geral, um poema) de tom afetuoso e triste.

la abuela: “a avó”, em espanhol, língua materna de Gabriel García Márquez.

legado: aquilo que se transmite às gerações seguintes.

clã: agrupamento familiar.

kafta: comida árabe, uma espécie de espetinho de carne moída.

falafel: espécie de bolinho de grão-de-


-bico e temperos.

tabule: salada de triguilho com alface e tomate picados, temperada com hortelã e outros condimentos.

na bucha: no ato, imediatamente.

O autor

O manauense Milton Hatoum (1952-) é escritor, professor e tradutor. Fez o Ensino Médio em Brasília e formou-se em Arquitetura pela USP. Atualmente, vive em São Paulo. Alguns de seus romances, como Relato de um certo Oriente (1989) e Dois irmãos (2000), contêm traços de sua biografia de descendente de libaneses que migraram para Manaus após a Segunda Guerra Mundial. É considerado um dos mais importantes escritores brasileiros vivos.

Fotoarena/Corbis

1. Que marcas da vivência pessoal do autor manauense descendente de imigrantes libaneses é possível perceber nessa crônica?

2. Releia estes dois trechos: o primeiro é da crônica de Hatoum; o segundo, do conto de Ondjaki.

“[...] de manhãzinha, os netos viam as tamareiras cheias de pássaros, os dedinhos presos ao galho pela resina de uma fruta. Salma deixava a turma de crianças soltar as aves, brincar com elas, engaiolá-las, fazer o diabo com os bichinhos. No almoço, os netos comiam outros pássaros, temperados com alho e limão; as crianças sequer suspeitavam da relação entre o cativeiro noturno das aves e o cardápio do almoço.”

“[...] um gato vesgo ficou parado em cima do outro telheiro a olhar para mim seria o gato vesgo que eu tinha acertado no olho com o chumbo da pressão de ar? tive um pouco de medo, [...] ali fora o gato calmo tinha ficado parado

a olhar para mim, olhava mais com o olho vesgo que com o olho que via bem, perto de mim estava um ferro abandonado das obras do vizinho, sempre desconfiei dos gatos calmos, não me mexi, ele sim, devagarinho, saltou até perto das raízes da mangueira, parou de novo, foi a andar muito devagar, parecia que para ele não chovia e fazia um sol que lhe causava preguiça de partir [...].”

O que esses trechos têm em comum?

3. Os textos de Saramago e de Hatoum são crônicas. Aponte elementos que os distinguem, nesse sentido, do conto de Ondjaki.
4. Como ocorrera com o Texto 1 e o Texto 2, o tema central da crônica de Hatoum são avós. Em que “Elegia para todas as avós” se aproxima e se distingue dos outros dois textos?
5. Releia este trecho.

“As palavras de uma avó terminam nas páginas de um livro [...].”

Embora pertença à crônica de Hatoum, ele poderia servir de epígrafe tanto ao conto de Ondjaki quanto ao texto de Saramago. Você concorda com essa afirmação? Explique.
6. Imagine que esses três textos fossem escolhidos para fazer parte de uma coletânea de textos sobre tempo e memória. Proponha um título para essa coletânea e justifique sua escolha.

7. Imagine também que lhe pedissem que escolhesse um novo e único título para os três textos. Para isso, esse título deveria ser adequado a cada um deles. Que título seria esse? Justifique sua escolha.

As contribuições do leitor na atividade de leitura literária

O texto literário reproduz a linguagem de forma artística. Se de um lado temos na literatura textos ficcionais que parecem a mais pura reprodução da realidade, de outro, temos as descrições reais de experiências de seus autores estruturadas por elementos linguísticos, por escolhas lexicais que alçam essas descrições à categoria de arte literária. Os três textos trabalhados neste capítulo têm em comum o fato de relatarem vivências significativas de seus autores. Por conta de escolhas como o emprego da primeira pessoa do singular, do diálogo direto com o leitor (caso das duas crônicas), da plausibilidade dos fatos, o leitor aceita o relato como verdadeiro. E assim este deve ser entendido. Mas isso não impede o leitor de identificar muitos dos artifícios que dão novas dimensões às vivências dos autores. Estes trabalham uma experiência que, ao ser escrita, é ressignificada pela linguagem, que transforma a memória, reorganiza cenas, interpreta momentos, e os utiliza para comunicar algo que vai para além das linhas do texto. Segundo a educadora chilena Mabel Condemarín, há um momento em que os textos literários são enfrentados por um leitor independente e crítico, capaz de realizar duas contribuições para o texto:



“Primeiro: é capaz de reconstruir as situações, as demonstrações, as instruções, etc. que o texto dá por subentendidas; como resultado desta operação, o texto adquire unidade e sentido.”

“Segundo: aplica ao texto o conjunto de códigos e subcódigos que maneja, que podem ser muito diferentes dos do autor, e ‘faz o texto falar’, isto é, é capaz de manejá-lo como uma linguagem.”

A primeira dessas contribuições pode ser alcançada por meio de uma paráfrase bem feita, ou seja, compreendidas as linhas, faz-se a reprodução de forma mais ou menos precisa das informações relevantes do texto lido. A segunda, menos simples, obriga o leitor à mobilização de outros expedientes, como a atenção não só aos fatos, mas aos cenários, à atmosfera do relato (observe-se, por exemplo, no conto “Palavras para o velho abacateiro”, a relação entre a tempestade e a sensação experimentada pelo narrador diante da certeza da mudança); como a inserção da história em um contexto de época (observe como aspectos da história política tanto de Angola quanto do Líbano aparecem nos textos de Ondjaki e de Milton Hatoum, respectivamente); como o conhecimento de características do conjunto da obra daquele escritor; como a identificação de temas caros à literatura que ganham diferentes tratamentos a partir das diversas experiências. Os três textos, por exemplo, citam os avós, dois deles (Texto 1 e Texto 3) os trazem como os motivadores das crônicas; mas fica claro, ao longo das leituras, que os três destacam cada um a seu modo um instante de melancolia, de nostalgia, todos relacionados ao seu grande desencadeador: a impermanência das coisas — as mudanças são parte da existência de qualquer indivíduo. No caso dos textos de Saramago e de Hatoum, a sensação de certa injustiça da vida com as pessoas queridas retratadas.

Como aproveitar ao máximo o que o texto literário pode oferecer? Vamos responder, em parte, a essa pergunta novamente com uma contribuição de Mabel Condemarín:

“Em resumo: estamos dizendo que os códigos e subcódigos que o leitor maneje e seu patrimônio cultural são algumas das fontes que se podem apontar para compreensões profundas.”

Assim, pode-se aproveitar melhor o texto literário quanto mais se adquirir o domínio do uso desses códigos, sobretudo por meio da atividade leitora consciente, constante. É também fundamental, para esse proveito, conhecer o patrimônio cultural de seu país, de sua família e, o quanto for possível, o patrimônio cultural da humanidade. Por fim, lançar mão desses recursos para aproveitar o que de melhor a arte da palavra pode oferecer ao leitor, esteja essa em forma de ficção ou de relato pessoal; entender que é a partir da palavra, de seu potencial simbólico, que se criam e recriam sentidos.

epígrafe: título ou frase que serve de tema ou introdução de assunto.

Samuel Casal/Arquivo da editora
Para ler outras linguagens

Tempo e memória nas artes plásticas

Agora vamos ver algumas obras visuais que também tratam de questões ligadas ao tempo, cada uma a seu modo.

Flickr.com/Régine Debatty

Detalhe de obra produzida pelo angolano Paulo Kapela (1947-), autodidata. Kapela foi faxineiro da UNAP (União dos Artistas Angolanos). Sua obra é reconhecida internacionalmente, mas ainda hoje ele vive em condições precárias em Luanda. Seus trabalhos são sincréticos: entre pinturas, instalações e colagens, mescla referências animistas e católicas, nacionais e universais, renovação e reconstrução da memória.

sincrético: que funde elementos culturais e religiosos diferentes.

animista: que segue uma visão de mundo segundo a qual animais, plantas, objetos e fenômenos da natureza possuem uma alma, um espírito.


Silvio Alvarez/Coleção Particular, México

Silvio Alvarez. O abacaxi, 2010. Colagem sobre MDF. Dimensões: 85 cm × 64 cm. Para compor seus trabalhos, o artista paulistano Silvio Alvarez (1967-) recorta e cola, uma por uma, imagens de revistas, folhetos, etc. O resultado são cenários muitas vezes surreais que retratam a relação do ser humano com a natureza e com a cidade. Nessa colagem, o artista cita Salvador Dalí e seus famosos relógios derretidos, flácidos.

©Wikimédia Commons/The Yorck Project

Gustav Klimt/Leopold Museum, Áustria



Na foto, detalhe do afresco pintado por Francesco de Rossi, c. 1552-1554; no Palácio Sacchetti, em Roma. Nessa pintura destaca-se Kairós, o deus do momento oportuno e favorável, do tempo em potencial, imprevisível, não linear, na mitologia greco-romana. No século XVI, De Rossi o representou em busca do ponto-
-momento exato numa balança, que simboliza o desequilíbrio que o tempo implica. As asas do deus simbolizam sua rapidez.



Gustav Klimt. Morte e vida, 1916. Óleo sobre tela. Dimensões: 178 cm × 198 cm. Nessa obra do austríaco Gustav Klimt (1862-
-1918), a morte, à esquerda, não parece inquietar os seus seres humanos, à direita: estes parecem serenos, belos, envolvidos uns com os outros. O contraste das cores também indica certa “superioridade” da vida — multicolorida — sobre a morte (sóbria e sombria).

1. A obra de Paulo Kapela e a de Silvio Alvarez aqui reproduzidas se valem da reunião de objetos para sua composição. Observe os objetos reunidos em cada um desses trabalhos e explique de que maneira eles se relacionam com a ideia da passagem do tempo e com o conceito de memória.

2. A obra que representa Kairós dá ao tempo uma forma semelhante à humana. Seus objetos, como a balança, assim como sua atitude, ou seja, a busca por um equilíbrio, simbolizam uma ideia de tempo. Reúna-se com um colega para refletir e escrever em um parágrafo: qual é a ideia de vocês sobre a passagem do tempo? Que imagem pode expressá-la?

3. Na obra de Klimt, nota-se um contraste entre vida e morte. Em uma folha avulsa, crie uma imagem — por meio de colagem, desenho, pintura, ou como preferir — para representar a sua concepção do vínculo entre vida e morte.
E por falar em...

Idosos na sociedade

Você, com certeza, já viu placas indicativas de assentos ou de filas preferenciais para pessoas com deficiência, gestantes, pessoas com crianças de colo e idosos. Mas será que já parou para pensar no modo como essas placas representam esses grupos? Note que os desenhos transmitem valores e concepções da sociedade em relação a eles.

Observe, especificamente, a representação dos idosos na placa ao lado e converse com os colegas: que concepção sobre as pessoas de mais de 60 anos ela transmite? Foi a partir dessa reflexão que a reportagem a seguir foi elaborada. Leia-a.

©Placas Online


http://www.cartacapital.com.br/sociedade/um-novo-olhar-sobre-um-velho-tema-o-idoso-8394.html

Um novo olhar sobre um velho tema, o idoso

No Dia do Idoso, o movimento Nova Cara da Terceira Idade convoca a sociedade para repensar a imagem dos maiores de 60 anos

Luis Nassif — publicado em 02/10/2013

Hoje se comemora o Dia do Idoso e, no ano de 2050, as pessoas com mais de 60 anos farão a diferença neste mundo. Uma comemoração pede uma nova ação. Vejamos.

Segundo o relatório da “UN Population Fund”, esta fatia da população chegará a 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. E, na esteira, a previsão também leva para um esperado rombo nas contas da Previdência Social, com seu gasto aumentado em mais de 20 vezes, com mais aposentados que pessoas na ativa para suportar o sistema. Daí vem a pergunta crucial, feita pela idealizadora da campanha “Nova Cara da Terceira Idade”, a agência Garage IM, “qual será o novo papel do idoso na sociedade e na economia?”

Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), foi constatado que as pessoas com mais de 60 anos arcam com, pelo menos, metade da despesa familiar em 53% dos domicílios brasileiros. E esses percentuais vão se elevando na medida em que os idosos sejam de classes mais modestas, tornando-


-se primordiais no sustento da família. Ainda, segundo a pesquisa, 81% se declararam independentes para as tarefas cotidianas e 64%, que costumam viajar. Ou seja, todos são consumidores ativos.

É neste contexto que entra o movimento Nova Cara da Terceira Idade. A agência Garage IM foi feliz na idealização da campanha ao convocar a sociedade para repensar a imagem dos maiores de 60 anos. A ideia foi, primeiro, propor a mudança de símbolo de acessibilidade dos idosos (um velho curvado, apoiado em uma bengala e utilizado em locais públicos). Esta imagem é a que fica na cabeça da população. Mas esta imagem retrata a realidade dessas pessoas?

Não é bem assim. Em sua página do Facebook, o movimento, com 80% dos seguidores com mais de 55 anos, se vê como uma população conectada, ativa e com o firme propósito de mudar a imagem que o mundo cultivou sobre pessoas com mais de 60 anos.

“Queremos valorizar as grandes histórias de vida e toda a sabedoria que cada uma dessas pessoas pode oferecer para a sociedade. Não podemos retratar os idosos como decadentes, porque isso não é mais verdade. Sim, há perda de vitalidade, mas hoje nós vivemos mais, estamos mais saudáveis e produtivos”, diz Max Petrucci, líder do movimento.

Em seu website, o projeto reuniu as opiniões da população sobre como deve ser o novo símbolo do idoso e, com essas referências, designers especializados em sinalética fizeram diversas opções de pictogramas que foram disponibilizadas para votação. O símbolo poderá, então, ser adotado por

qualquer empresa que queira mudar esta imagem do idoso, retratando-o de uma maneira mais afinada com a nossa realidade.

Hoje foi divulgado o novo ícone, vencedor do concurso liderado pela agência Garage IM, que, definitivamente, aposentará a imagem tão utilizada para sinalizar o direito de pessoas com mais de 60 anos. A troca por um ícone mais afeito à realidade atual dessas pessoas chegou pelas mãos do professor e designer Ciro Roberto Matos. Confira o novo símbolo, e espalhe a boa nova: as pessoas com mais de 60 anos estão de bem com a vida.

Garage IM/Nova cara da 3ª idade



CARTA Capital. São Paulo, 2 out. 2013. Disponível em:
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