Língua Portuguesa volume 1



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. Acesso em: 1o mar. 2016.

7. Em Filosofia, existe um método de discussão ou raciocínio usado como meio de tentar explicar a realidade. Trata-se do método dialético, que consiste em apresentar uma tese, que é a ideia inicial, e a antítese, que é a oposição a essa ideia. Do embate entre tese e antítese deve emergir a síntese, uma reflexão nova que combina a tese e a antítese, conservando o que há de legítimo nelas.

Em sua opinião, é possível destacar esses três elementos no cordel “A peleja do cérebro com o coração”? Identifique-os, se for o caso.



Habilidades leitoras

Para interpretar o texto e resolver as questões propostas, você:



identificou as marcas linguísticas indicadoras da voz do narrador e diferenciou-a das vozes dos personagens;

identificou as virtudes, os defeitos e os argumentos apontados pelos personagens no cordel;

identificou as diferentes estratégias adotadas para a disputa entre as partes
(o autoelogio, a ofensa ao opositor e a tentativa de conciliação);

relacionou a estratégia adotada para a apresentação da disputa ao método dialético.

Texto 2

Leia agora o poema de um tradicional cordelista de nossa literatura, Patativa do Assaré. Compare-o ao texto anterior quanto ao tema, à forma e à organização das informações.

Aos poetas clássicos

Patativa do Assaré

Poetas niversitário,

poetas de Cademia,

de rico vocabularo

cheio de mitologia;

se a gente canta o que pensa,

eu quero pedir licença,

pois mesmo sem português

neste livrinho apresento

o prazê e o sofrimento

de um poeta camponês.

Eu nasci aqui no mato,

vivi sempre a trabaiá,

neste meu pobre recato,

eu não pude estudá.

No verdô de minha idade,

só tive a felicidade

de dá um pequeno insaio

in dois livro do iscritô,

o famoso professô

Filisberto de Carvaio.

No premêro livro havia

belas figuras na capa,

e no começo se lia:

a pá — o dedo do papa,

papa, pia, dedo, dado,

pua, o pote de melado,

dá-me o dado, a fera é má

e tantas coisa bonita,

qui o meu coração parpita

quando eu pego a recordá.

Foi os livro de valô

mais maió que vi no mundo,

apenas daquele autô

li o premêro e o segundo;

mas, porém, esta leitura,

me tirô da treva escura,

mostrando o caminho certo,

bastante me protegeu;

eu juro que Jesus deu

sarvação a Filisberto.

Depois que os dois livro eu li,

fiquei me sintindo bem,

e ôtras coisinha aprendi

sem tê lição de ninguém.

Na minha pobre linguage,

a minha lira servage

canto o que minha arma sente

e o meu coração incerra,

as coisa de minha terra

e a vida de minha gente.

Poeta niversitaro,

poeta de Cademia,

de rico vocabularo

cheio de mitologia,

tarvez este meu livrinho

não vá recebê carinho,

nem lugio e nem istima,

mas garanto sê fié

e não istruí papé

com poesia sem rima.

Cheio de rima e sintindo

quero iscrevê meu volume,

pra não ficá parecido

com a fulô sem perfume;

a poesia sem rima,

bastante me disanima

e alegria não me dá;

não tem sabô a leitura,

parece uma noite iscura

sem istrela e sem luá.

Se um dotô me perguntá

se o verso sem rima presta,

calado eu não vou ficá,

a minha resposta é esta:

sem a rima, a poesia

perde arguma simpatia

e uma parte do primô;

não merece munta parma,

é como o corpo sem arma

e o coração sem amô.

[...]


Sou um caboco rocero,

sem letra e sem istrução;

o meu verso tem o chero

da poera do sertão;

vivo nesta solidade

bem destante da cidade

onde a ciença guverna.

Tudo meu é naturá,

não sou capaz de gostá

da poesia moderna.

Deste jeito Deus me quis

e assim eu me sinto bem;

me considero feliz

sem nunca invejá quem tem

profundo conhecimento.

Ou ligêro como o vento

ou divagá como a lesma,

tudo sofre a mesma prova,

vai batê na fria cova;

esta vida é sempre a mesma.



Luciano Tasso/Arquivo da editora
Pulsar Imagens/Ismar Ingber

ASSARÉ, Patativa do. Aos poetas clássicos. Livreto de cordel, [s.d.].


sarau: reunião festiva, geralmente noturna, para ouvir música, conversar, dançar, declamar poemas.
Cordel quer dizer corda fina, barbante. A literatura de cordel tem esse nome porque, muitas vezes, é exposta em cordéis, na forma de folhetos, em feiras populares, sobretudo no Nordeste.

O autor

D.A Press/CB/Carlos Moura

O cordelista e músico Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré (1909-2002), nasceu em Assaré (CE). Ao ingressar na escola, aos 12 anos, frequentando-a por alguns meses apenas, começou a escrever poemas e a produzir pequenos textos. Tempos depois ganhou da mãe uma viola e despontou na arte dos repentes, apresentando-se em saraus e pequenas festividades em sua cidade. O nome Patativa lhe foi atribuído aos 20 anos pela semelhança entre seu canto e o da ave nordestina de mesmo nome.



©Roberta Guimaraes

Diversas fases do trabalho do xilógrafo J. Borges em seu ateliê em Bezerros, Pernambuco.

Interpretação do texto

1. Escreva no caderno o significado das palavras e expressões a seguir. Pelo contexto, conclua o sentido das que não encontrar no dicionário.

“recato” (2a estrofe)

“verdô de minha idade” (2a estrofe)

“de dá um pequeno insaio” (2a estrofe)

“eu pego a recordá” (3a estrofe)

“primô” (8a estrofe)

“solidade” (9a estrofe)

“vai batê na fria cova” (10a estrofe)

2. Chamamos de eu lírico a voz que se expressa em um poema indicando sentimentos, opiniões, observações sobre o mundo que podem ou não coincidir com o que pensa e sente o autor. Identifique no texto e responda:

  1. A quem se dirige o eu lírico?

  2. Como o eu lírico se apresenta e por que ele pede licença para falar?

  3. Qual é o objetivo do eu lírico nesse cordel?

3. Esclareça a oposição que o eu lírico estabelece entre a poesia que ele chama de moderna e a poesia que ele aprecia.

4. Pela forma como o cordelista apresenta a si mesmo e sua obra, entendemos que ele tem uma opinião bem definida sobre o que os poetas valorizados nas universidades considerariam importante em um poema ou em um livro de poemas.

a) Segundo o eu lírico, o que seria importante para esses poetas?

b) O poeta manifesta preocupação com a forma como seu cordel pode ser lido por não ter “português”. O que ele teme?

c) Em sua opinião, esse temor se justifica?

5. Embora não tenha formação escolar, o eu lírico afirma não invejar o conhecimento de quem estudou bastante. A concepção de mundo que o leva a ter essa postura está expressa na última estrofe. Explique-a.

6. Atente ao esquema de rimas do poema (para cada rima, atribuímos uma letra: A, B, C, D, E) nestas estrofes:

Poetas niversitário, A

poetas de Cademia, B

de rico vocabularo A

cheio de mitologia; B
se a gente canta o que pensa, C

eu quero pedir licença, C

pois mesmo sem português D

neste livrinho apresento E


o prazê e o sofrimento E

de um poeta camponês. D


Deste jeito Deus me quis A

e assim eu me sinto bem; B

me considero feliz A

sem nunca invejá quem tem B


profundo conhecimento. C

Ou ligêro como o vento C

ou divagá como a lesma, D

tudo sofre a mesma prova, E


vai batê na fria cova; E

esta vida é sempre a mesma. D

Agora, escolha outra estrofe do poema, copie-a no caderno e indique ao lado de cada verso o esquema de rimas. Ao final da atividade, você poderá conferir o rigor formal adotado pelo poeta.

7. O esquema de rimas ABABCCDEED não foi o único recurso adotado na construção do poema. Veja como escandimos alguns desses versos, ou seja, como contamos suas sílabas poéticas.

Sou / um / ca / bo / co / ro / ce / ro, sem / le / tra e / sem / is / tru / ção; /

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Observe que os versos de todas as estrofes têm sete sílabas poéticas e, quando lidos em voz alta, revelam grande musicalidade. Faça a escansão de qualquer outra estrofe para verificar o cuidado do autor na elaboração do poema.



8. Nas duas questões anteriores, percebemos o cuidado que o poeta teve ao selecionar e distribuir as palavras nos versos. Já na atividade 4, vimos que o eu lírico manifesta preocupação por “não ter português” como os universitários e os acadêmicos.

Com base nesses dois aspectos propostos nas questões, o que podemos concluir quanto à preocupação do eu lírico?



Conhecimentos linguísticos

Variedades linguísticas

Releia o poema “Aos poetas clássicos”, de Patativa do Assaré, para responder às questões a seguir.



1. O eu lírico imagina que seu poema pode não ser apreciado por pessoas instruídas e pede licença a elas para mostrar seu livrinho “sem português”. Em sua opinião, o que seria um texto “sem português”? E o que é saber português?

2. Ao dizer que seu poema é “sem português”, o poeta expõe um tipo de preconceito linguístico que é muito forte em nossa sociedade. Qual é esse preconceito?

A língua portuguesa, como todas as outras línguas, é um conjunto muito amplo de palavras e de regras para combiná-las. É natural, portanto, que haja diferenças na forma como é empregada.

Diversos fatores influenciam a maneira como as pessoas usam a língua: a região onde moram, o grupo social a que pertencem, a idade, o sexo, o nível de escolaridade, a profissão, etc. Assim, são muitas as variedades linguísticas empregadas no Brasil. Na escola, aprendemos a variedade que é considerada padrão.

Opção Brasil Imagens/Marcos André

Opção Brasil Imagens/christian knepper

opção brasil imagens/marcos andré

©glowimages/jag images

Fatores como idade, sexo, região, condição social, acesso à educação, entre outros, influenciam as variedades linguísticas empregadas por falantes de uma língua em determinada situação comunicativa.

3. Tendo por base as informações lidas, reescreva a frase a seguir no caderno completando-a com a alternativa mais adequada. Faça adaptações se necessário.

A variedade empregada pelo eu lírico de “Aos poetas clássicos” está relacionada:

a) a fatores geográficos: trata-se da reprodução de um falar típico da região onde o poeta viveu.

b) à idade: trata-se de uma variedade empregada apenas por pessoas de determinada faixa etária.

c) ao sexo: essa variedade é característica das pessoas do sexo masculino.

4. Copie no caderno o único verso que tem relação com fatores geográficos.

a) “pois mesmo sem português”

b) “vivi sempre a trabaiá”

c) “Eu nasci aqui no mato”

d) “eu não pude estudá”

e) “canto o que minha arma sente”



5. Observe as palavras destacadas nestes versos:

“o prazê e o sofrimento”

“pra não ficá parecido”

“Se um dotô me perguntá”

“Ou ligêro como o vento”

a) Observe que o poeta, para reproduzir na escrita algumas regularidades da fala, emprega artifícios que também são regulares. Como ele indica a transformação na pronúncia do ditongo ei e a supressão do r final das palavras?

b) Note que o poeta mostra conhecimento da língua ao registrar as palavras seguindo regularidades da pronúncia. Assim, no contexto do poema, essa grafia pode ser considerada inadequada?

Dependendo da região em que você vive, a palavra caboclo — empregada no poema de Patativa do Assaré — pode soar menos ou mais familiar. E, caso você a conheça, talvez a empregue com significado diferente do que tem no poema.

Além das variações de pronúncia, as variedades linguísticas apresentam diferenças de vocabulário. Ao conversar com pessoas de outras regiões, você pode observar o uso de palavras ou expressões que não fazem parte do seu vocabulário cotidiano.

6. Leia o texto a seguir com um colega, pesquisem quais são as palavras nele citadas que são mais utilizadas nas regiões, nos estados ou nas cidades mencionadas, substituindo adequadamente os símbolos por elas.

Alimentos iguais, nomes diferentes

Devido a sua grande extensão territorial e influência de diversos povos, encontramos no Brasil os mesmos alimentos com nomes diferentes dependendo da região. Veja os vários nomes para cada alimento Brasil afora.

Macaxeira, mandioca ou aipim?

©Shutterstock/encikcasper

Planta da família das euforbiáceas, tem a casca marrom, fibrosa e a polpa branca e dura. Existem 2 tipos: a amarela e a branca. Esse alimento tão frequente na mesa dos brasileiros recebe nomes diferentes de acordo com a região. No Sul e Sudeste é conhecido como ___, no Norte e Nordeste é ___ ou ___ [...].

Bergamota, tangerina ou mexerica?

©Shutterstock/ekavaleva_ka

Os três termos se referem à mesma fruta. Na região Sul do país, principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina, é conhecida como ___. Já no Sudeste e Nordeste a encontramos como ___ou ___.

Em Curitiba, ela já é encontrada com outro nome: mimosa.
As variedades mais conhecidas são a ponkan, mexerica, cravo, mandarina e morgote. [...]

Batata-baroa, mandioquinha ou batata-salsa?



©Shutterstock/Luis Echeverri Urrea

Esse tubérculo é fonte de vitaminas do complexo B, ferro e potássio, veio dos Andes e espalhou-se rapidamente pelo Brasil. Aqui recebeu diversos nomes de acordo com cada região; as mais conhecidas são: mandioquinha, batata-baroa, salsa, cenoura branca, batata-fiuza, entre outras. Os paranaenses a chamam por ___, os cariocas por ___ e para os paulistas é ___ . Muito utilizada no preparo de sopas e purê, cada 100 g de mandioquinha cozida tem em média 80 kcal.

[...]

Esses foram somente alguns exemplos; com certeza, devido à grande extensão territorial e variedade cultural existente no Brasil, encontramos outros alimentos com denominações diferentes. Mas uma coisa é certa, independente da região em que você mora, o consumo desses e de outros alimentos pode e deve fazer parte de uma dieta saudável e balanceada.



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