Manual do professor solange dos santos utuari ferrari



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. Acesso em: 5 mar. 2015.
Página 25

Tema 3 - Sensações

Leia este trecho da letra de música.



Figura 17

Mariana Waechther

[...]

Quanto tempo leva pra aprender


Que uma flor tem vida ao nascer

Essa flor brilhando à luz do sol


Pescador entre o mar e o anzol

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar


Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar

[...]


Trecho da letra da música Shimbalaiê, de Maria Gadú. Editora Som Livre Edições Musicais.

Que som o som das coisas tem?

Os sons das músicas podem nos provocar sensações?

Podemos imaginar o nome dos sons? Brincar de criar palavras para eles?


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Foi isso que uma menina chamada Maria Gadú fez aos 10 anos de idade. Um dia, ao olhar para o mar no momento do pôr do sol, ela brincou de criar palavras. Shimbalaiê é uma palavra que, segundo Maria Gadú, não tem um significado descrito em dicionários. Há até palavras parecidas, mas não têm ligações com essa criada pela artista.



Criações e significados

Na música brasileira, vários compositores criam palavras sem um significado concreto. São sons conhecidos como “sons onomatopaicos”, “palavras-sons”. Por exemplo, sons que podem nos trazer a sensação de ter um animal por perto:

Au, au, au. Hi-ho, hi-ho
Miau, miau, miau, cocorocó.

[...]


Trecho da letra da música Bicharia. BARDOTTI, Sérgio; ENRIQUEZ, Luiz. Bicharia. Intérprete: Coro infantil. In: CHICO BUARQUE. Os Saltimbancos. Adaptação de Chico Buarque de Holanda. Rio de Janeiro: Phonogram, 1977. LP. Faixa 1.

Figura 18

Frosa


Certas sonoridades expressas em palavras podem nos levar a entrar em contato com ritmos e sensações na música. O compositor e cantor baiano João Gilberto (1931) criou a música Bim Bom em 1958, que tem as palavras-sons assim:

[...]


Bim bom bim bim bom bom
Bim bom bim bim bom bim bim
É só isso o meu baião
E não tem mais nada não

[...]


Trecho da letra da música Bim Bom. GILBERTO, João. Bim Bom. Intérprete: João Gilberto. In: _____. Chega de saudade. Rio de Janeiro, 1958. 78 rpm. Lado B.

Figura 19

Frosa
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O cantor e compositor carioca Jorge Ben Jor (1945), para contar a história originária da Índia sobre o amor de um príncipe por sua princesa, criou um refrão bem animado:

[...]


Taj Mahal
Dê dê dê, dêdêredê
Dê dê, dêdêredê
Dê dê, dêdêredê
Dê dê...

[...]


Trecho da letra da música Taj Mahal. BEN JOR, Jorge. Taj Mahal. Intérprete: Jorge Ben Jor. In: _____. Ben. Rio de Janeiro: Philips Records, 1972. LP. Lado B, faixa 5.

Figura 20

Frosa


Outras músicas usam palavras que estão dicionarizadas, ou seja, que têm significado nos dicionários, para nos lembrar de como são alguns sons:

[...]


Quando choca, cocoroca
Come milho e come caca
E vive reclamando
Que está fraca
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!

Trecho da letra da música A galinha-d’angola. MORAES, Vinicius; TOQUINHO. A galinha-d’angola. Intérprete: Ney Matogrosso. In: [Vários.] Arca de Noé 2. Rio de Janeiro: Ariola, 1980. LP. Faixa 10.



Figura 21

Frosa


Podemos, ainda, imaginar como são os sons sugeridos pelas músicas.

E a chuva? Que som tem? Como você pode escrever esse som?

Como você pode inventar “palavras-sons”?
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MUNDO CONECTADO

- A voz dos rios



Dica didática: se possível, apresente o documentário para os alunos. Depois, estimule o debate sobre os sons das águas, a paisagem sonora, além de temas transversais como o meio ambiente e a problemática das águas no Brasil e no mundo.

Você já prestou atenção no som das águas? Mar, rios, chuva ou até mesmo o som das torneiras da sua casa? Os sons são iguais?

O artista carioca Cildo Meireles (1948) se interessou muito pelo som das águas. Gostou tanto desses sons que resolveu viajar pelo Brasil à procura de mais sonoridades, vindas das bacias hidrográficas do nosso país. Para apresentar sua pesquisa, o artista cria instalações com nome RIO:OIR (desde 2011) usando os arquivos sonoros, registros de suas viagens. Imagine entrar em uma sala escura e ouvir diferentes sons das águas brasileiras? Mais uma pesquisa interessante é observada em outra sala, na qual os visitantes podem ouvir risos de pessoas de várias partes do Brasil.

Com base nos arquivos de imagens e sons do artista, a cineasta paulista Marcela Lordy dirigiu o documentário Ouvir o rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, lançado em 2012. No filme, além das águas dos rios, são mostrados sons e imagens de águas vertendo de torneiras, sons da chuva, água em piscinas e outros registros, assim como paisagens e risos das pessoas encontradas nesses caminhos.

Inicialmente, a intenção do artista na busca do registro de sons e imagens das águas brasileiras era criar produções artísticas que provocassem novas experiências no público, despertando a atenção para essas sonoridades e para as percepções e sensações que surgissem. Então, durante a viagem pelo Brasil, o artista e sua equipe começaram a perceber os problemas com a degradação da natureza. Observaram, lado a lado, a beleza das paisagens e as situações de descaso com a preservação desse bem natural tão importante que é a água.

A questão da água é uma preocupação de todo o planeta. No Brasil, de modo geral, também estamos preocupados. O que você pensa sobre essa situação? Em sua cidade, as autoridades e a população estão cuidando das nascentes, dos rios e reservatórios? Que tal realizar uma pesquisa com seus colegas e professores? Grave os sons das águas em sua região. Você pode usar até um celular para capturar sons de torneiras, chuveiros ou da chuva. Traga esses e outros sons de água para a escola, ouça, crie desenhos e palavras-sons com base em suas pesquisas. Essas pesquisas podem ser maneiras de criar sensações por meio da arte com base em sons e imagens.



Figura 22

Imagem do documentário Ouvir o rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, sobre o processo de criação da obra RIO:OIR, na qual esse artista plástico brasileiro registra a busca do som das principais bacias hidrográficas brasileiras. Direção de Marcela Lordy, 2012. 89 min.

Eskemar/Shutterstock/GlowImages Documentário de Marcela Lordy. Ouvir o Rio: Uma Escultura Sonora de Cildo

Meireles. Brasil, 2012. Foto: Janice d’Ávila



Dica didática: estude com os alunos a problemática das águas no Brasil e explore os temas transversais consumo e meio ambiente. Uma exposição com a pesquisa feita pelos alunos pode trabalhar aspectos artísticos em uma visão transversal, envolvendo a comunidade local. Estabeleça a potencialização de estudos interdisciplinares, organizando parcerias com as disciplinas de Geografia (características das bacias hidrográficas, ciclo das chuvas, aspectos da paisagem da região, como rios, mangues, praias e outros), Ciências (causa e efeito, transformações climáticas, poluição etc.), História (legislações criadas na região e no mundo, atitudes políticas, como era e como está a paisagem e o porquê dessas mudanças).
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LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS

- Pinturas gigantes em cores e relevos

Observe as imagens a seguir.



Figura 23

Jovens observando os painéis Guerra e Paz, obra de Candido Portinari.

Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira.. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Os murais Guerra e Paz, de Portinari, medem, cada um, aproximadamente quatorze metros de altura e dez metros de largura (14 m × 10 m). Já imaginou estar diante de pinturas gigantes como essas?

As produções artísticas de grandes dimensões são aquelas que exploram medidas maiores que o habitual. Os artistas dessas obras buscam suportes que possam atender a esse fim. Suportes são as superfícies em que podemos criar diferentes trabalhos artísticos, como paredes, madeira, folhas de papéis, tecidos, pedras, telas, materiais tecnológicos. Até mesmo o próprio corpo humano pode ser considerado um suporte.

No mundo da arte, o suporte pode ter infinitas possibilidades. Alguns podem ser enormes, como murais, painéis, paredes, muros, trens, aviões, cilindros de concreto, entre outros.



AMPLIANDO
As produções artísticas de grandes dimensões são aquelas que exploram medidas maiores. Linguagens como a pintura mural, em painéis, grafites, intervenções e outras são exemplos.
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- Suportes bidimensionais e tridimensionais

Os suportes podem ter formatos bidimensionais ou formas tridimensionais. O que são suportes bidimensionais ou tridimensionais?



Bidimensionais são os suportes que possuem altura e largura (são duas dimensões, por isso, chamados bidimensionais).

Tridimensionais são suportes cujo formato pode ser medido por sua altura, largura e profundidade (apresentam três dimensões, por isso, tridimensionais).

Para produzir essas obras gigantescas, além de pincéis e tintas, os artistas precisam também de escadas, andaimes e até guindastes.

Observe as imagens a seguir.

Figura 24

1955. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Para pintar os painéis Guerra e Paz, Portinari precisava subir em escadas de vários tamanhos.

Figura 25

1939. Coleção particular. Foto: Everett Collection Inc/Courtesy CSU Archive/Easypix



Diego Rivera Painting Mural (Diego Rivera pintando mural), foto de Manuel Álvarez Bravo, 1939.

Figura 26

Toni William Crosss

Grafite em parede de prédio feito pelo grupo Objetos Pixadores Não Identificados (OPNI), da Zona Leste da capital de São Paulo. O grupo tem vários projetos de inclusão social por meio das artes, principalmente do grafite.
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Agora, observe estes exemplos de obras de arte de grandes dimensões.

Observe a pintura Homem, Controlador do Universo (1934), do artista mexicano Diego Rivera (1886-1957). Será uma obra bidimensional?

Figura 27

Homem, Controlador do Universo, de Diego Rivera, 1934. Mural no Palácio de Belas Artes, na Cidade do México.

Diego Rivera. 1934. Mural. 4.80 × 11,45 m. Palácio de Bellas Artes, Cidade do México. Foto: Lonely Planet Images/Getty Images



Figura 28

Detalhe da obra Homem, Controlador do Universo, de Diego Rivera, 1934.

Agora, compare-a com a obra de outro artista mexicano, David Alfaro Siqueiros (1896-1974).

Figura 29

El pueblo a la Universidad y la Universidad al pueblo (O povo na universidade e a universidade para o povo), de David Alfaro Siqueiros, 1952-1956. Mural no edifício administrativo da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), no campus Cidade do México.

David Siqueiros. 1952-1956. Mural. Universidade Nacional Autônoma do México. Foto: Patrick Escudero/Hemis/Corbis/Latinstock



Figura 30

Detalhe do mural de David Alfaro Siqueiros.

Que diferença há entre essas duas pinturas?
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As imagens da página anterior mostram obras e artistas que fizeram parte do movimento muralista mexicano.

Há pinturas que apresentam relevos. O artista Siqueiros, além de criar muitas pinturas bidimensionais, também fez experiências com enormes painéis conhecidos como “escultopinturas”. O que isso quer dizer?

A escultura é uma linguagem artística tridimensional. A pintura teve por certo tempo, na história da arte, a tradição de ser bidimensional. Artistas como Siqueiros, porém, criaram pinturas em que as formas saltam do suporte. Para criar a obra O povo na universidade e a universidade para o povo (iniciada em 1952 e inaugurada em 1956), o artista utilizou a técnica de modelagem em concreto para fazer as figuras em relevo e depois as pintou. Assim, podemos, ao primeiro olhar, considerar que se trata de mais uma das pinturas bidimensionais desse artista. No entanto, olhando mais atentamente, vemos que essa imagem pode ter tanto altura e largura quanto profundidade.

Será essa obra de Siqueiros uma pintura tridimensional ou a mistura entre bi e tridimensional?

Atualmente, vários artistas têm se dedicado a criar as chamadas pinturas em 3D (três dimensões ou tridimensionais).

Observe a imagem a seguir.

Figura 31

Fotos: Haas&Hahn

Imagem do projeto Favela Painting, de Jeroen Koolhaas e Dre Urhahn, conhecidos como Haas & Hahn, que promovem grandes pinturas nas favelas do Rio de Janeiro desde 2005, como estas pinturas no Morro Santa Marta.

Figura 32

Detalhe das pinturas nas casas do Morro Santa Marta, Rio de Janeiro, 2005.



AMPLIANDO
O Movimento Muralista Mexicano nasce no início do século XX, no México. Motivados pelas ideias socialistas, os artistas mexicanos criaram imagens em grandes dimensões, preferencialmente em espaços públicos, com a intenção de dialogar com as pessoas e tornar a arte mais acessível a todos.
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Os holandeses Jeroen Koolhaas e Dre Urhahn, conhecidos como Haas & Hahn, promovem grandes pinturas nas favelas do Rio de Janeiro desde 2005, como as pinturas nas comunidades do Morro Santa Marta e da Vila Cruzeiro.

Utilizando a linguagem dos grandes formatos e a tridimensionalidade das construções e do morro, a pintura colorida foi executada ao redor das casas da praça e parte da rua. Moradores receberam treinamento e, junto com Haas & Hahn e artistas locais, criaram uma obra de arte de 7 000 metros quadrados que abrange mais de 34 casas, tornando-se uma das maiores atrações dos morros cariocas.

Nesta outra imagem, uma escadaria da favela mudou drasticamente de visual após receber desenhos com correntes de água e carpas gigantes formando um grande rio. A arte gráfica da pintura, inspirada na estética tradicional japonesa, foi concebida pelo mestre tatuador holandês Rob Admiraal.



Figura 33

Fotos: Haas&Hahn

Imagem do projeto Favela Painting, dos holandeses Haas & Hahn. O Rio Cruzeiro, na Vila Cruzeiro, concluído em 2008, situava-se em uma enorme estrutura de concreto construída para conter deslizamentos de terra em períodos de chuva. Os jovens da comunidade ajudaram no projeto e foram remunerados por isso. A pintura, inspirada em uma arte tradicional japonesa, foi concebida pelo mestre tatuador Rob Admiraal.

Figura 34

Detalhe da pintura Rio Cruzeiro, 2008.


Página 34

Figura 35

Alunos compondo imagens na arte muralista.

Mariana Waechther

A arte contemporânea apresenta-se cada vez mais sem limites em relação ao uso de suportes e grandes formatos.

O artista francês Marchal Mithouard, conhecido como Shaka (1975), por exemplo, mistura as linguagens da escultura e da pintura, criando imagens 3D. Há partes pintadas e outras em que o artista agrega mais materiais para criar relevos. O resultado são imagens que parecem saltar da tela em efeitos de tridimensionalidade. Esse artista também cria em grandes formatos explorando a linguagem do grafite. Veja imagens desse artista no site


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