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Ação e criação – Expressando um movimento
Que tal levar os alunos para pensar a dança moderna no fazer artístico? A partir de uma palavra, neste caso referente a um sentimento, os alunos poderão explorar movimentos que estejam, de alguma forma, relacionados à palavra. A referência do movimento em relação à palavra não precisa ser direta ou ilustrativa. Um movimento relacionado à palavra “raiva”, por exemplo, pode ser um gesto firme, torcido e direcionado, sem ser ilustrativo ou teatral. O movimento será utilizado como uma célula coreográfica. Propusemos que uma coreografia seja criada a partir de quatro movimentos colocados de modo sequencial, ou seja, um após o outro. Se for interessante realizar uma variação, permita que a coreografia tenha mais tempo para se consolidar e os movimentos possam ser usados de outros modos além do sequencial. Pode-se variar também o uso de música gravada, permitindo também a música ao vivo ou o silêncio.
Tal como no teatro, a dinâmica desta proposta pode ter desenvolvimento mais interessante se ocorrer como um jogo. A vivência da dança, ou seja, o pensamento do corpo no ato de dançar, realiza-se durante o procedimento lúdico. É mais significativo nesta proposta estimular a exploração do movimento do que se ater para o resultado das performances. Incentive o uso de diversas partes do corpo e de formas inusitadas de se movimentar. Não é preciso estimular a complexidade dos movimentos, pois mesmo ações simples permitem aos alunos dançar.
Há grande probabilidade de as coreografias não se parecerem com as danças mais conhecidas (sejam elas danças de teatro ou populares), o que não significa que não sejam dança. O pensamento do corpo, seus movimentos, suas formas de ocupação do espaço, com fins artísticos estão no escopo da dança.
Não há necessidade de seguir sistematicamente a proposta de ação. Se, durante o jogo, cinco ou mais alunos entrarem na roda, você poderá disparar novos processos: uma coreografia com cinco movimentos, duas coreografias simultâneas, uma com três, outra com dois movimentos etc. A regra de ouro é aliar a exploração do corpo, o contato com a criação coreográfica e a ludicidade. Inventar e recriar pode ser estimulante para você, professor, e para seus alunos.
Dica didática
Dê liberdade e tempo para os alunos trabalharem. Tenha um rol de músicas preparadas. Procure levar músicas com diversidade de gêneros e ritmos, contribuindo tanto para a dinamização da proposta quanto para a ampliação do repertório dos alunos.
- Misturando tudo!
Neste capítulo, estudamos o teatro e a dança e vimos que ela pode acontecer nos mais diferentes espaços, tendo o espaço cênico como eixo das aulas. Tanto o teatro e a dança podem acontecer em qualquer lugar, assim como a música e as artes visuais podem preencher os espaços públicos, levando arte para todos os locais.
A arte hoje não tem um local específico para acontecer; algumas apresentações de música são feitas para serem transmitidas exclusivamente pela internet e grandes espetáculos de ópera são exibidos em salas de cinema. É importante deixar isso claro para o aluno: a arte pode acontecer em qualquer lugar, independentemente de sua linguagem específica.
Peça aos alunos que registrem suas opiniões nos diários de artista.
Dica didática
Converse com os alunos sobre os espaços e locais da arte, perguntando se eles perceberam os locais em que a arte pode acontecer. É interessante você tomar nota no seu diário de bordo sobre esse percurso de locais da arte.
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- Expedição cultural
Você pode solicitar aos alunos que façam uma reflexão em seus diários de artista quanto ao seu processo de criação pessoal. Eles podem fazer isso através de uma ilustração da aula de que eles mais gostaram de participar.
Diário de artista
É de extrema importância que você valorize a produção do aluno com um todo. Nessa primeira unidade, com o título de “Arte: cada um tem a sua”, toda a produção do aluno é importante, para ele e para você.
Que tal construir um diário de artista com os alunos? Você pode mostrar o diário de bordo como exemplo. Vários artistas usaram e usam o diário para anotações nas mais diversas áreas da arte.
- Proposta
Crie com os alunos o diário de artista. Não precisa ser necessariamente um diário de desenho convencional, mas pode ser um diário onde cada aluno possa se expressar, fazer registros. Deixe claro para eles a importância do diário, não como um meio de avaliá-los, mas como um repositório de ideias, recortes, anotações e desenhos.
O diário será um ótimo portfólio para vocês, professor e aluno, acompanharem o desenvolvimento e registro das aulas.
Professor, pense nesse diário como um objeto para auxiliá-lo no seu dia a dia. Crie também o seu diário de artista e se dê um momento de criação. Nós, que tanto trabalhamos com arte, às vezes pouco criamos... Então, entre na onda com os alunos.
Material necessário
1 diário (no tamanho e formato que o aluno quiser ou o professor sugerir; não é necessário que seja um caderno de desenho ou sem pautas); revistas (para recortes, inspirações e acervo de imagens; revistas as mais diversas possíveis); cola, tesoura, régua, lápis de cor, lápis de escrever, gizes de cera, canetinhas hidrográficas, canetas esferográficas, borracha, apontador, papeis com diferentes texturas, cores e tamanhos.
Peça aos alunos que criem uma capa para o diário. Deixe que exercitem a liberdade de andar em um terreno obscuro que é o da liberdade de criar.
Deixe os materiais disponíveis para que eles possam utilizá-los sem medo. Dê tempo para que essa produção aconteça. Cada aluno pensa e reage de determinada forma ante um desafio novo.
Que outras ideias podem vir dessa nossa conversa? Que outras ideias você pode ter a partir dessas?
Conexão arte
Nesta seção, o aluno tem indicação de sites, livros, músicas e documentários que aprofundam os conhecimentos em arte. Sempre que possível, professor, faça uso dessa seção, indicando para os alunos materiais que tenham ligação com o conteúdo trabalhado.
- Linha do tempo – A pintura em grandes dimensões
Hoje há muitas discussões sobre o trabalho linear ou não do ensino de Arte. A nossa proposta principal é abordar a arte por contextualizações e conexões entre diferentes tempos históricos e situações. A linha do tempo surge como mais um instrumento didático para você, professor, conversar com os alunos sobre as transformações na arte. Ela também é muito útil para localizar os alunos na relação tempo × espaço dos acontecimentos. É importante fazer essa ambientação, mostrando as diferenças entre a época estudada e hoje. Utilize sua abordagem sempre que possível. A linha do tempo aparecerá sempre ao final de cada unidade e terá um tema ligado a uma ou mais linguagens que foram estudadas nos capítulos.
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Caixa de ideias
⋅ Circo
Apresente o circo para os alunos de forma interessante. Uma ideia é levar alguns narizes de palhaço para a sala. Logo no início da aula, coloque um sobre a mesa, em silêncio, e faça uma brincadeira, mímica, uma dança ou um andar divertido. Quebre o gelo, entregue-se ao fazer artístico. Brinque e perceba quais possibilidades podem surgir desse pequeno objeto.
Depois distribua os narizes de palhaços aos alunos e permita que eles interajam com o objeto. Observe-os. Registre em seu diário de bordo os acontecimentos que julgar mais interessantes. Depois de um tempo, peça que os alunos registrem suas sensações no diário de artista como acharem mais interessante.
Na aula seguinte, converse com eles sobre o que foi feito. Quais conversas, opiniões e ideias podem surgir nesse momento?
Outras dicas didáticas
⋅ Dicas culturais
⋅ Procure saber o que está agitando sua cidade culturalmente, se há alguma apresentação teatral na rua ou outro evento. Se possível, participe com os alunos.
⋅ Comente com eles os acontecimentos culturais de sua cidade sempre que possível. Pode ser a estreia de um filme, uma exposição, uma peça teatral, um passeio interessante. Isso é importante, pois mostra que você, professor, está antenado com os acontecimentos do lugar.
⋅ Crie uma agenda cultural com eles. Estimule-os a consumir arte fora da escola.
⋅ Caso não seja possível, esteja atento à programação da TV. Às vezes um filme, uma reportagem, uma cena podem ser complemento para sua aula.
Dicas – Outros procedimentos artísticos
Jogos teatrais e encenações em sala de aula e na escola
⋅ O jogo teatral pode acontecer em qualquer local, desde que seja adequado. Peça ajuda aos alunos e organize a sala de aula deixando um espaço maior na parte da frente. Caso sua escola tenha um espaço que não esteja sendo usado no momento da aula, veja se você pode utilizá-lo. Pode ser uma sala de aula, o pátio da escola, a quadra.
⋅ Às vezes os alunos ficam tímidos e não querem participar do jogo. O que você pode fazer é um aquecimento antes de introduzir o jogo de improvisação. Faça um círculo com os alunos e peça a eles que se soltem, relaxem os braços, as pernas, façam um breve alongamento. Em seguida, proponha uma caminhada pelo espaço, explorando diferentes formas de andar. Esse é um procedimento simples que colabora na conexão dos alunos com a aula.
⋅ Caso algum aluno não queira participar, estimule-o, mas não o pressione. O fato de alguém não querer participar pode influenciar outros a não participar também, porém forçar é pior e pode ser traumático, prejudicando essa relação que está sendo construída com o teatro. Pode ser que em outro momento o aluno queira participar. Ele poderá, dependendo do caso, exercer uma função diferente que não seja a de jogador, como: realizar o registro da aula, fazer a operação do áudio etc.
⋅ Os jogos teatrais, como todos os jogos, têm regras. Esteja atento a elas e relembre-as aos alunos sempre que necessário.
⋅ Explore os temas para improvisação: personagens folclóricos, animais, figuras ilustres, pessoas do cotidiano escolar, profissões, comida.
⋅ Por último, divirta-se com essa aula. Mostre aos alunos que a aula pode ser divertida. Em algumas situações, você poderá inclusive participar do jogo.
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Dança
⋅ Dançar, tal como o fazer teatral, requer um espaço. Peça ajuda aos alunos para deixar livre o centro da sala de aula. Caso sua escola tenha um espaço que não esteja sendo usado no momento da aula, veja se você pode utilizá-lo. Pode ser outra sala de aula, o pátio da escola, a quadra.
⋅ As dicas didáticas para o jogo teatral também valem para a dança. Ajude os alunos a se sentirem relaxados e prontos para a ação. É importante aquecer e alongar o corpo antes da prática.
⋅ Procure criar uma atmosfera leve, divertida e inclusiva, sem deixar, contudo, que a situação de aprendizagem pareça uma brincadeira desvinculada da aula de Arte. Tanto o aspecto lúdico quanto a prática como parte do estudo de Arte auxiliam na inclusão e participação de todos os alunos.
⋅ A qualidade de participação e reação dos alunos durante a prática é singular (o termo “qualidade” se refere ao modo específico de participação). Para alguns, pequenos movimentos requerem grande empenho, enquanto outros se lançam de modo mais expansivo naturalmente. É mais importante incentivar o diálogo entre as diferenças do que incentivar a todos que alcancem a mesma qualidade de movimento.
⋅ Como no jogo teatral, pode ocorrer que um aluno não participe diretamente da proposta de ação. Proponha a ele uma forma diferente de participação, como relator, crítico, observador ou operador de som. Cuidado apenas para evitar que ele se utilize sempre desta possibilidade e evite sempre a ação de dançar.
⋅ Solicite aos alunos que façam registros dos movimentos exploradores e de suas coreografias, podendo desenhar símbolos para os movimentos, marcar a sequência coreográfica, fazer registros escritos, mesclar e explorar formas inovadoras de registro.
Como usar filmes na sala de aula
O filme é um recurso mais que valioso no ensino de Arte, porém pode ser mal aproveitado e principalmente mal-entendido pelos alunos. Muitos consideram que toda vez que o professor utiliza esse recurso não está dando aula e sim “matando o tempo”. Podemos mudar essa visão usando estratégias que modificam o olhar do aluno sobre o filme:
⋅ Verifique a faixa etária do filme.
⋅ Assista ao filme inteiro antes de levá-lo para a sala de aula. Faça anotações que relacionem o conteúdo do filme ao conteúdo que você quer mostrar.
⋅ Escolha o trecho do filme a ser exibido. Não se prenda ao conteúdo que está sendo mostrado, pois um filme tem várias “camadas” de imagens que valorizam a cena principal e geram boas conversas para contextualização, como o ambiente, as roupas, a época. Tudo isso é pensado para valorizar ainda mais o enredo principal.
⋅ Deixe claro que essa é uma aula diferenciada, mas que ainda é aula e que seu conteúdo está relacionado a todo o processo de aprendizagem.
⋅ Explique aos alunos que eles assistirão a um trecho do filme e não ao filme inteiro.
⋅ Diga o nome do filme e explique sua escolha aos alunos. Apresente a história, situando a cena escolhida dentro do enredo e deixando um “gostinho de quero mais”.
⋅ Instigue-os a prestar atenção ao filme, apontando, antes de iniciar, o que você quer que seja visto com mais cuidado.
⋅ Deixe claro que o importante no momento é o trecho do filme, e não o filme inteiro, quando for o caso.
⋅ Peça aos alunos que façam anotações posteriores em seus diários de artista sobre o que assistiram. Tais anotações podem ser escritas ou ilustradas.
⋅ Preste atenção às reações dos alunos ao que está sendo visto.
⋅ Aproveite o filme junto com eles.
⋅ Após a exibição do trecho do filme, converse com os alunos e retome os conteúdos principais com eles.
⋅ Se necessário, passe novamente o trecho, enfatizando o que não foi visto por eles. Pode-se congelar a imagem para dar destaque às cenas. Perceba também o que foi visto por eles e passou despercebido por você. É sempre valioso assistir ao trecho escolhido mais de uma vez. A cada vez encontra-se uma surpresa, um signo novo, algo que pode deixar essa aula ainda mais motivadora e interessante.
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Sugestões de atividades para os diários de artistas
⋅ Uma troca de diário com outros colegas da sala de aula pode ser interessante para perceber como o outro produz.
⋅ Uma exposição dos diários ao final de um período ou de uma atividade nele realizada também é estimulante para os alunos.
⋅ Considere a criação de um diário de uso coletivo para a turma, no qual pode ser realizado o registro da aula do dia.
⋅ Caso não seja possível cada aluno ter um diário de artista, que tal um diário por grupo de alunos – aqui são possíveis as mais diversas divisões – ou por turma?
- Expedições culturais
Que tal levar os alunos a uma expedição cultural? Esse é o nome que usamos atualmente para as idas aos espaços culturais. Mas por que expedição cultural? O termo foi usado pela professora Mirian Celeste Martins, no texto para o guia Horizontes culturais (SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Horizontes culturais: lugares de aprender. São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2008). Ele nos leva a pensar cada visita didática, cada encontro com a arte como uma expedição, fazendo-nos pensar que cada participante tem sua função dentro da expedição. Fazer expedições culturais com os alunos é sempre muito enriquecedor, principalmente se eles estiverem focados, atentos e alertas ao que devem ver (e como ver). Professor, cabe a você orientar a participação de cada um dentro da expedição. O que olhar, como olhar, o que ouvir, como ouvir...
Expedição pelo bairro da escola
Você pode propor expedições culturais pelo bairro da escola, procurando manifestações artísticas que foram ou serão vistas no decorrer do ano letivo.
Comece você fazendo essa expedição. Observe os pontos culturais, os patrimônios históricos, as construções, as intervenções urbanas, os avanços da cidade. Anote em seu diário de bordo tudo que considerar interessante. Fotografe. Faça registros de sons, músicas que aparecem no trajeto dessa expedição, num gravador ou no celular. Anote-os também com a notação que julgar mais adequada e/ou descreva-os num breve texto (por exemplo, som agudo, forte e longo, feito por uma máquina).
Visite locais que julgue interessantes e amplie cada vez mais o olhar sobre o ambiente que cerca a escola. Você pode fazer um mapa com as indicações culturais. Dessa forma, será mais fácil identificar e orientar os alunos nos caminhos dessas expedições.
Expedição cultural por museus e galerias, teatros e espaços culturais
Você pode também levar os alunos a uma expedição cultural por espaços específicos, como teatros, museus, exposições. Nesses lugares, é sempre bom estar atentos às indicações/sinalizações, pois alguns locais têm orientações específicas sobre como o público deve proceder.
Dicas – Expedições culturais
⋅ Procure sempre visitar os espaços antes de levar os alunos: é importante estar preparado para a expedição, saber como funciona o espaço, como é e ver o que está sendo apresentado antes dos alunos, assim você poderá conversar com eles com maior segurança e total controle do assunto.
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⋅ Nessa visita prévia, descubra quais são as regras do lugar. Isso evitará qualquer frustração dos alunos quanto à visita, pois eles já saberão o que esperar e como se comportar. A expedição é mais proveitosa com todos preparados para o que possa acontecer.
⋅ Pense como um aluno na hora de montar uma expedição cultural. Pode parecer bizarra tal orientação, mas às vezes o que nós professores valorizamos não tem importância alguma para os alunos, pois não se relaciona com sua vivência e faixa etária.
⋅ Organize os alunos em relação ao tempo/espaço da expedição. É importante deixar claras as etapas da expedição cultural, desde a hora de chegada à escola até a hora do retorno. Mostre como esses momentos serão importantes e enriquecedores, comente que o ir e vir faz parte da expedição, e não somente o estar lá no local. Indique para a turma pontos interessantes no trajeto.
Antes da expedição:
⋅ Converse com os alunos, prepare-os, tire dúvidas. É importante que saibam onde estão indo, por que estão indo, o que farão no local.
⋅ Motive-os a pesquisar.
⋅ Ajude-os a participar de todo o processo. Assim estarão mais atentos ao que verão na expedição.
Durante a expedição:
⋅ Estimule os alunos a ficarem atentos ao que está sendo proposto e a participar ativamente. É importante que eles façam e respondam perguntas, tirem dúvidas, queiram saber mais sobre o que está sendo mostrado. Esse é um momento de aprendizado fora da escola, mas ainda é um momento de aprendizado.
Depois da expedição:
⋅ Converse com os alunos sobre a experiência. Pergunte se correspondeu às expectativas deles, se desejam voltar ao local com seus familiares. Dê atenção aos comentários da turma.
⋅ Se possível, solicite a eles um relato de como foi a visita, o que mais lhes chamou a atenção, do que mais gostaram, do que menos gostaram.
⋅ Se os alunos fizeram registros, peça a eles que os disponibilizem para a sala e a escola.
⋅ Retome na sala de aula o que foi apresentado na expedição. Estimule-os a continuar o assunto da expedição. Use a visita como exemplo sempre que possível, pois a memória emotiva dos alunos será ativada e ficará mais fácil para eles aprender tal conteúdo.
PARA SABER MAIS
LIVROS
CHACRA, Sandra. Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 2005.
KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2011.
MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2012.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2003.
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UNIDADE 2 - Raízes
- Abertura da unidade
Uma conversa sobre nossas raízes auxilia a entender nosso país tão amplo. Cercados de referências de povos com culturas diferentes, formamos um povo único. A abertura é sobre nossas referências culturais e nossa formação como povo brasileiro.
Converse com os alunos sobre as imagens: qual é a mais instigante e provocativa? Sobre qual eles querem saber mais? Cada imagem provoca uma leitura e uma conversa. Anote essas indagações em seu diário de bordo, professor. Elas são importantes para manter o aluno estimulado. Peça a eles que façam o mesmo, anotando em seus diários de artista as impressões acerca das imagens.
Capítulo 1 A FLORESTA
Que tal propor uma leitura da imagem para saber o que os alunos conhecem sobre ela? Seguem algumas sugestões:
O que é isso? Um desenho? Uma pintura? Quem está pintando? O que está sendo feito? Qual material está sendo usado? É um pincel? Que cores estão sendo utilizadas? E outros materiais? Foi utilizado algum instrumento como régua ou o traçado foi feito a mão livre? A pessoa que desenha segue um modelo ou está criando de sua própria imaginação?
Que outras perguntas podem ser feitas? E quais serão as respostas? Converse com os alunos sobre como era a arte de nossos antepassados, a arte indígena antes da chegada dos portugueses. Como é a arte indígena hoje?
VEM IMAGINAR!
Outra imagem, outra leitura, agora feita pelos alunos. Solicite a eles que observem a imagem e leiam o texto de apoio. Quais serão as respostas? Que outras perguntas surgirão? Converse com eles sobre o que foi lido e sobre a imagem e anote as respostas na lousa.
VEM TRAMAR!
Mais uma seção de leitura de imagem. Você pode proceder da mesma forma, pedindo que observem a imagem e respondam mentalmente às questões do texto de apoio. Depois, converse com eles e anote na lousa o que foi respondido.
Essas três leituras de imagens podem ser feitas na mesma aula, entrelaçando os temas e pontos relacionados. Converse com eles a respeito da cultura indígena presente nessas três manifestações artísticas.
- Tema 1 – A floresta dos curumins
Converse com os alunos sobre a imagem e a música. Qual relação elas podem estabelecer entre a natureza e a convivência dos indígenas? Peça que leiam o conteúdo do tema e converse com eles sobre como percebem a cultura de povos indígenas hoje em nosso país e suas contribuições para o mundo
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das artes. A relação dos indígenas com a natureza também deve ser abordada nessa conversa. O que será que os alunos podem falar sobre o uso consciente dos recursos naturais de nosso país? A cultura indígena é algo próximo ou distante deles?
Há regiões em que os alunos são pessoas pertencentes a povos indígenas. Existem escolas que criaram um currículo voltado a essas realidades. Mesmo quando estamos distantes das comunidades indígenas, é importante tratar o tema como parte da nossa formação cultural e, em alguns casos, a descendência indígena é muita próxima na história das gerações (da família) dos alunos ou mesmo na história de sua família. Assim, os povos indígenas de nosso país não podem ser vistos como povos estrangeiros, porque são todos brasileiros. Também não podemos classificar esses povos como pessoas que vivem da mesma maneira que seus antepassados ou que apenas moram em florestas, porque existem comunidades que fazem uso de tecnologias atuais, como a internet, e pessoas ou grupos indígenas que também moram em áreas urbanas, litorâneas ou rurais.
Chamamos este capítulo de Floresta para estabelecer uma relação entre arte e natureza, povos e tradições, presente e passado na história das culturas brasileiras, mas é importante falar aos alunos sobre as muitas realidades dos povos indígenas. Ao tratar do estudo sobre esses povos, é preciso tomar cuidado com a generalização sobre fatos ou características. É fundamental ter em mente que há muitas abordagens porque existem muitas realidades e culturas. Neste capítulo, citamos apenas alguns aspectos sob um ponto de vista, mas há, certamente, outras visões e estudos, assim como outros costumes pertencentes a outros povos. Cada povo indígena é especial e singular em sua cultura.
Dica didática
Fazer uma busca sobre arte indígena local pode ser enriquecedor.
- Tema 2 – Seres imaginários
Quais são os temas que rondam as mentes dos alunos quando lhes pedimos um desenho de imaginação a partir de uma história contada? Da mesma maneira que a mente deles pode ir longe, a dos artistas também vai quando ouvem histórias. Converse com os alunos sobre como a forma de fazer de um artista, às vezes, é muito parecida com a deles, pois o artista também recebe referências e inspirações de todos os lugares e formas. Passear pelas imagens e histórias pode servir de referência para os alunos criarem seus próprios seres mitológicos.
Quais seriam os seres imaginários que nossos alunos poderiam criar a partir da conversa e das imagens apresentadas? Usando a imaginação, que seres eles podem criar no papel?
Dica didática
Explorar a imaginação dos alunos depois de olhar tantas imagens pode ser enriquecedor. Essas imagens ampliam o repertório visual, mostram outras realidades e trazem para perto deles as culturas de outras partes do mundo. Será que os alunos também têm histórias para contar sobre seres imaginários?
Uma sugestão interessante é propor que eles criem desenhos em folhas maiores que uma folha sulfite ou um caderno de desenho. Você pode alterar o suporte e o material para tirá-los de sua zona de conforto. Que tal usar um papel com textura diferente e um riscador diferente do lápis? O papel camurça e o giz de cera podem ser ótimos materiais a serem explorados nessa atividade.
- Tema 3 – Balaio de histórias
Converse com os alunos sobre as imagens a partir do texto de apoio. Comente com eles sobre os artistas viajantes, seu olhar estrangeiro e suas visões idealizadas, contaminadas de conceitos e ideias distantes da realidade. Convide os alunos a olhar mais atentamente as imagens e fazer descobertas
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sobre ela e sobre o olhar do artista. Se possível, amplie a imagem com o uso de um projetor, converse sobre as ideias que o artista tinha sobre o povo brasileiro. Será que esse olhar é real? Convide os alunos para a leitura das obras de Eckhout.
Dica didática
Professor, converse com os alunos sobre o olhar estrangeiro e sobre como nosso povo e país eram vistos antigamente e ainda são vistos hoje. Muitos de nossos indígenas foram maltratados e obrigados a deixar sua cultura de lado.
As obras de Eckhout nos trazem duas referências femininas para conversarmos sobre elas. Que tal fazer uma leitura sobre ambas as imagens que vimos? Seguem algumas sugestões:
Quem são essas mulheres? São da mesma etnia indígena? O que a indígena Tupi carrega no cesto? Quem é o bebê que leva no colo? É menina ou menino? Por que elas estão enfeitadas? Já era influência dos povos que vieram colonizar nosso país? Ou será uma interpretação deste artista estrangeiro? E a mulher Tapuia, o que carrega em seu cesto? Partes de corpo humano? Que partes? Por que você acha que ela está carregando isso? De quem eram essas partes? Por que ela está nua? Os indígenas eram retratados da maneira como eram de fato? Por que eram vistos dessa forma alegórica? E hoje? Como os indígenas brasileiros são vistos? O que você sabe sobre as comunidades indígenas atuais que vivem em várias localidades do Brasil?
Que outras perguntas podem surgir nesse momento? Se achar adequado, conte aos alunos que essas duas etnias, os Tapuia e os Tupinambá, comiam seres humanos naquela época. Encontramos estudos antropológicos que citam os costumes dos Tupinambá, que comiam os inimigos mortos em batalha por acreditarem que assim iriam adquirir seus poderes e habilidades de guerra. Outros estudos apontam que os Tapuia comiam seus entes queridos mortos (endocanibalismo) porque acreditavam que não havia sepultamento melhor que ser consumido pelas pessoas da própria tribo e família. Há vários estudos sobre os costumes indígenas e diversas versões sobre o tema. Que tal pesquisar mais sobre esses materiais? Algumas sugestões encontram-se disponíveis em:
⋅ Núcleo de História Indígena e do Indigenismo (Nhii/Usp):
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