Meu mundo por Você Sara Howard



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Capítulo 5
— Emma, você está sonhando? Emma?

Ela abraçou o travesseiro e se enrolou nos lençóis sem conseguir abrir os olhos. De súbito, deu um pulo ao perceber que segurava o receptor do telefone e a voz do outro lado da linha não fazia parte de seu sonho.

— Emma, você está aí?

— Sim, estou — ela disse com voz sonolenta.

— Você estava sonhando?

— O que o faz pensar que eu estava sonhando? — Ela se sentou, contendo um bocejo.

— Bem, você disse alguma coisa sobre a agitação do dia e me chamou de "doutor caubói".

As imagens invadiram a mente de Emma como uma pintura de formas e cores difusas, e então ela se lembrou. O velho casarão, a banda de seu pai tocando uma música antiga na varanda, Rusty trajando um smoking, por trás de uma câmera, Cal com seu traje de caubói com as mãos estendidas para ela. O apito estridente de uma sirene. E então, ela acordou com a campainha do telefone.

— Eu devo ter dito cantor caubói — justificou ela, agradecendo por ele não poder ver o rubor que cobriu seu rosto.

— Entendo. Bem, eu ainda estou no hospital com Walter.

— Ele ficará bem?

— Creio que sim. As seqüelas de um derrame cerebral não são perceptíveis de imediato — A voz profunda assumiu um tom gra­ve e profissional — Ele foi socorrido a tempo, o que é um fator positivo.

— Sinto muito, Cal.

— Infelizmente, não há como evitar esse tipo de acontecimento. Creio que ficarei aqui a manhã toda, e poderemos nos encontrar à tarde.

— Claro.

Emma falou o mais casualmente que pode, tentando esconder a excitação por encontrá-lo novamente.

— Esqueci mi­nha maleta com a câmera na picape, e não poderei trabalhar. Vou aproveitar para dar uma caminhada pela cidade. Por que você não me liga aqui quando voltar?

— Combinado. E não se preocupe, sua câmera está bem guar­dada — Ele limpou a garganta, hesitando antes de prosseguir — Se você não estiver muito ocupada hoje à tarde, conheço outro lugar que gostaria de mostrar.

— E onde é?

— Deixe-me surpreendê-la.

A verdade era que, quando se tratava de Cal, absolutamente tudo a surpreendia, pensou Emma ao desligar o telefone.

Quando Emma passou pela recepção do hotel, Hank ficou frus­trado quando pediu apenas uma garrafa de água, satisfeito com a promessa de que voltaria para tomar o café da manhã em uma hora.

Ela se deteve no jardim e tocou a ponta dos pés algumas vezes, fazendo um breve aquecimento. Assegurou-se de que o toca-fitas portátil estava bem preso à calça de abrigo e seguiu pelo calça­mento que levava à cidade.

Os delicados acordes da canção suave e romântica de Bob Dylan ecoaram nos fones de ouvido. Já ouvira uma centena de vezes aquela música, uma das favoritas de seu pai, mas naquela manhã as palavras pareciam soar com um sentido especial.

Sentindo-se ridícula por colocar Cal e amor na mesma sentença exatamente dois dias depois de conhecê-lo, Emma respirou fundo e se pôs a correr em ritmo lento. Claro, ele era tudo que imaginara em um homem. Mas também era autoritário, mal-humorado, egoísta e beijava como ninguém!

Ela seguiu pela rua que levava ao centro do vilarejo e avistou Beau dois quarteirões à frente.

— Bom dia! — ele saudou com um sorriso cordial.

— Espero não estar ultrapassando o limite de velocidade per­mitido para pedestres — Ela reduziu o passo e abaixou o volume da música.

— O que você está fazendo?

— Ora, estou correndo!

— Desculpe minha indiscrição, mas não estamos acostumados a esse tipo de prática aqui na cidade — Beau franziu o cenho e observou o traje esportivo de Emma — A maioria das pessoas faz muito exercício cuidando da casa ou trabalhando na fazenda.

— Eu sei, e confesso que chego a invejar esse tipo de vida. Em Manhattan, a maior parte das pessoas só anda de carro, ônibus ou metrô, além de viver trancado em um escritório. Não temos o pri­vilégio de ter tanto espaço e tempo livre. Então, somos obrigados a caminhar e correr para manter o corpo saudável.

— Entendo. Bem, temos de nos adaptar ao ambiente em que vivemos, não é? Tenha um bom dia.

Ela se despediu e andou mais uma quadra, quando avistou Ber­tie saindo da única panificadora da cidade.

— Emma! — chamou ela, acenando vigorosamente.

— Bom dia, Bertie. O dia está maravilhoso, não acha?

— Oh, os dias são sempre maravilhosos no outono — Ela es­tendeu um saco de papel que carregava — Aceita uma rosquinha? Pegue uma coberta de chocolate. As rosquinhas de Karl são as melhores que já experimentei, mas jamais diga isso diante de Glenda ou Will Pruit, os donos do café Big Sky.

— Fique tranqüila. Meus lábios estão selados.

Emma riu e experimentou uma rosquinha, meneando a cabeça em aprovação ao senti-la desmanchar na boca.

— Eu soube que Cal levou-a para conhecer o rancho dos Callan ontem, não é? — sussurrou ela em tom de confidencia — Não fique brava. Não é possível manter segredo numa cidade pequena como esta.

Esperava apenas que Beau não revelasse o que acontecera entre ela e Cal naquela tarde, pensou ela com apreensão.

— Suponho que não — Emma respondeu, apanhando outra rosquinha — Você tem razão. Estão deliciosas!

— Eu não disse? — Ela sorriu orgulhosa — Você sabia que eu possuo o único salão de beleza da cidade?

— E mesmo?

— Estou indo para lá. Quer vir comigo? — Bertie apontou para o outro lado da rua, sem dar chance de responder — Estou ansiosa para encontrar as garotas. Temos que trocar algumas im­pressões sobre a festa, você sabe. E é claro, elas vão adorar vê-la.

Ao dizer isso, ela se pôs a caminhar, arrastando Emma pelo braço.

— Eu adoraria ir, Bertie, mas fico embaraçada por todos na cidade me tratarem como se eu fosse uma celebridade de Holly­wood — ela disse, mesmo sabendo que não teria alternativa a não ser segui-la.

— Emma, você ainda não entendeu — Ela meneou a cabeça e sorriu — Todos estão ansiosos por encontrá-la, mas a maioria está mais excitada sobre o filme em si e com as oportunidades que poderá trazer para a cidade, além de melhorar o turismo. É claro, algumas pessoas estão esperançosas com a chance de se tornarem estrelas, especialmente as adolescentes.

Ao menos ela é honesta, Emma pensou enquanto atravessavam a rua. Ser tratada como uma celebridade a deixava constrangida. Mas as mulheres no salão de beleza eram definitivamente os melhores exemplos das pessoas que antecipavam a possibilidade de conviver com estrelas, Emma descobriu assim que entraram.

— Oh, Senhorita Darby! Não estávamos esperando por você! — uma jovem exclamou ofegante.

— Por favor, não repare — outra garota gritou, tentando escon­der a touca térmica que cobria seus cabelos — O que você vai pensar, ao me ver assim?

— Não se preocupem, garotas — Emma tranqüilizou-as — Eu também não estou vestida a caráter, e meus cabelos estão horríveis!

— Já que você mencionou querida, acho que estão precisando de uma boa hidratação — Bertie disse com interesse, avaliando-a com atenção.

— Bertie! — uma voz familiar censurou, e Emma a reconheceu a bonita jovem sob o secador.

— Caroline! O que está fazendo aqui?

— Além do fato de que meu cabelo definitivamente precisa de uma hidratação, vim saber das últimas novidades. Mas aceito uma rosquinha, antes de qualquer coisa.

O saquinho passou de mão em mão e Bertie foi preparar um café na cozinha anexa à sala. As vozes excitadas relaxaram de súbito, em um tom característico das típicas conversas femininas que Emma sempre quisera participar, e Caroline convenceu-a a deixar que Bertie cuidasse de seus cabelos. Depois de se submeter a uma sessão completa que começou com xampu, condicionador e hidratante, ela sentou-se em uma cadeira ao lado de Caroline com os cabelos molhados envolvidos em uma toalha. Encantada com o clima de tranqüilidade e alegria do ambiente, ela agradeceu à sorte por ter esquecido a câmera no carro de Cal. Se não fosse por aquilo, estaria trabalhando e teria perdido a chance de viver a deliciosa ilusão de que fazia parte daquela comunidade pacata e familiar.

— Você já encontrou o lugar ideal para o filme? — Caroline indagou, erguendo a voz para suplantar o ruído do secador.

— Oh, você nem imagina como estou feliz! — Emma inclinou o corpo e se aproximou — Ontem, Cal me mostrou o velho casarão dos Callan. É perfeito para o filme!

— O velho casarão dos Callan? Oh, meu Deus!

De súbito, o burburinho que reinava sobre a sala se silenciou, e todas se voltaram para Emma.

— O que aconteceu? — Emma olhou ao redor, curiosa.

— Bem, aquele casarão... — Caroline hesitou, abaixando a voz — Ele foi comprado há dois meses, mas não conhecemos o comprador.

Emma sentiu o sangue congelar nas veias, como se alguém tivesse roubado seu elemento vital. Por sorte, não ligara para Rusty na noite anterior contando que havia encontrado a locação. Então, subitamente, ela entendeu!

Cal havia planejado tudo! Ele a levara para lá sabendo que o local não estaria disponível, mas fazendo-a acreditar que sua pro­cura havia terminado. E então, ele a seduzira para que ela ficasse tão encantada que não pensaria em mais nada a não ser naquele beijo, esquecendo-se do trabalho. E quando ela descobrisse a ver­dade, seria tarde demais e ela voltaria para Manhattan e esqueceria Amity para sempre. Como fora idiota por acreditar nele!

— Emma, aonde você vai? — Caroline gritou ao vê-la se le­vantar de um pulo.

— Tenho um assunto urgente para tratar com o Médico da ci­dade! — ela disse por entre os dentes, jogando a toalha sobre a cadeira.

— Emma, espere! — Caroline se ergueu e saiu atrás dela, detendo-a na varanda — Cal não sabia que o casarão foi vendido. Ele é o homem mais desligado que conheço. Ele nem sabia de sua vinda para cá, lembra-se?

Emma fitou-a, tentando conter a fúria que crescia em seu peito.

— Nesse caso, quero ouvi-lo dizer que não sabia de nada olhan­do nos meus olhos!

— Não sei tio Frank. Liguei para o motel, mas ela não estava lá — Cal fechou a porta da frente com o celular apoiado no ombro — Vou para a cidade tentar encontrá-la.

Depois de dormir poucas horas e de tomar um banho relaxante. Cal sentia-se revigorado. Durante toda a manhã, ele não conseguira parar de pensar em como fora impetuoso na noite anterior. Emma era romântica e vulnerável, mesmo que a aparência de mulher cosmopolita e independente que ela adotava pudesse enganar.

— E você não pode ao menos me dizer se há alguma novidade? — Frank indagou com insistência — Não vejo nenhum de vocês dois desde que ela chegou e estou curioso por saber se Amity será a locação para o filme.

— Creio que o vento está soprando a nosso favor — Cal disse calmamente.

— Cal, não seja vago. Sei que você não aprova idéia de ver sua cidade natal invadida, e receio que esteja planejando algum tipo de sabotagem.

—Tio Frank, admito que não ficasse feliz a princípio mas, depois de tudo, que mal poderá ter se uma equipe de filmagem e alguns atores ficarem aqui por um período?

— Por quase um ano, filho. E se o piloto do filme fizer sucesso, poderá se tornar um seriado. Aí então, nosso turismo será fantás­tico. Ainda não comecei a pensar sobre o aumento das taxas de...

— Tio Frank, do que você está falando? O que você quer dizer com um seriado!

— Quero dizer exatamente o que eu disse. Sobre o que vocês dois ficam conversam o dia todo? Sobre o tempo?

— Nós não.

Bem, não seria simples explicar a seu tio que eles conversavam a respeito de tudo, exceto sobre o filme, e que na tarde anterior estavam ocupados demais para falar. Cal se pôs a pensar se Emma havia omitido a possibilidade de que o filme se transformasse em seriado de propósito. Alguns meses de filmagem era uma coisa, mas prolongar a estada dos invasores por um período indefinido estava fora de questão!

— Tio Frank tenho de ir — Cal disse abruptamente, desligando o telefone.

Precisava falar com Emma naquele exato momento. Dirigiu feito um louco para o motel, ignorando todos os buracos da estrada, e depois de saber que Emma saíra para caminhar, seguiu em dire­ção ao vilarejo. Emma caminhou pela rua deserta com a sensação de que estava em um filme de faroeste, mesmo que não houvesse cavalos e nem pistoleiros. Avistou Cal estacionando a caminhonete e seguindo em sua direção como se ela fosse a vilã, mas não se importou.

Aquele seria um duelo mortal e não pretendia adiá-lo nem mais um minuto. Seguiu com passos firmes, tentando ignorar as batidas descompassadas do coração pelo simples fato de vê-lo.

— Procura por alguém? — ele indagou quando se encontraram.

— Na verdade, estava a sua procura — Ela deteve-se diante dele e cruzou os braços sobre o peito.

— Que coincidência! Nesse caso, vamos para um lugar mais reservado para conversarmos — ele disse em tom frio, tomando-a pelo braço.

— Vamos conversar aqui mesmo — E ela fez um gesto brusco para se desvencilhar da mão possessiva — Não tenho nada a es­conder, ao contrário de certas pessoas que conheço.

— Do que você está falando?

— Ora, Doutor Worth, não se faça de inocente! Não fui eu quem escondeu o fato de que o velho casarão foi vendido e não está disponível para as filmagens!

— O quê?

Cal tomou o braço dela com mais firmeza e conduziu-a pela calçada.

— Você ouviu — replicou ela, afastando-se.

O simples toque dos dedos em sua pele foi o bastante para provocar uma cascata de que arrepios em sua espinha.

— Quem disse que foi vendido? E por que você está com os cabelos molhados?

— Caroline me contou. Eu a encontrei há pouco, no salão de beleza de Bertie.

— É mesmo? E eu achei que você estivesse trabalhando.

— Como, se meu equipamento ficou na picape? E, além disso, o que faço ou deixo de fazer não está em discussão. Estamos falando a seu respeito! — Emma estendeu o dedo diante do rosto dele — Quero que diga, olhando nos meus olhos, que não pla­nejou me levar ao velho casarão ontem à tarde com a idéia de me desestimular.

— Por que não discutimos também a razão por você ter omitido que o filme poderia se transformar em um seriado? — Cal esbra­vejou, estendendo o dedo e imitando-a.

Ela o fitou, surpresa. Aquele homem conseguia inverter os pa­péis e transformá-la em vilã de um minuto para outro!

— E então?

— Não precisa gritar, eu ouvi o que disse. Simplesmente não posso acreditar que você não sabia sobre a possibilidade da série de televisão. Por que acha que eu manteria isso em segredo? Estou aqui a negócios. E não adianta tentar mudar de assunto, Cal Worth!

Ele suspirou fundo, tentando se acalmar.

— Ouça, não estou planejando nada — disse por fim, fitando-a profundamente — E ontem à noite você não pareceu se importar com aquele beijo. Aliás, caso eu não esteja enganado, achei até que tivesse gostado.

— Eu... — Emma começou, mas calou-se em seguida, sem encontrar argumento.

— Já disse que Amity significa muito para mim. Eu não sabia nada a respeito do filme até o dia em que você chegou e admito que não fiquei feliz com isso. Na verdade, me ofereci para ser seu guia turístico porque julguei que pudesse convencê-la a encontrar uma locação longe daqui, mas isso não quer dizer que pretendia enganá-la.

— Você não está brincando, não é? — Ela o encarou e a ho­nestidade dos olhos castanhos a convenceu — Obrigada, Cal. Vou me lembrar de chamá-lo na próxima vez em que quiser ter minha carreira destruída.

— Sabe de uma coisa, Emma? Há dois dias, eu não sabia quem você era e apesar de tê-la achado atraente, não me importava com seus planos. Mas depois de passarmos o dia juntos, comecei a conhecê-la e percebi o que este filme significa para você.

—Obrigada pela generosidade, mas não preciso de sua piedade.

— Por favor, ouça. Eu não sabia que o velho casarão havia sido vendido, e nem que o filme se tornaria uma série de televisão. Um filme representa algumas semanas de tumulto, mas uma série — Ele meneou a cabeça em negativa — Quando penso no que isso pode trazer para minha cidade.

— E você nunca pensou nos benefícios que a cidade poderá ter? Nunca considerou, nem por um momento, o que outras pessoas sentem a respeito disso? Nunca pensou que as famílias de Amity poderão contar com mais oportunidades de emprego para seus filhos?

— Não fale sobre o que você não conhece Emma.

— Bem, suponho que eu não esteja qualificada para falar a respeito de família, já que nunca tive uma, certo? — Ela riu com amargura.

— E você nunca considerou o tumulto que as filmagens trariam para cidade?

— Você acha que Amity deve se transformar em um tributo vivo de sua infância idílica? Meu Deus, Cal, é apenas uma cidade com pessoas que querem viver no mundo real, e não em sua fan­tasia de manter sua preciosa cidade natal intocada. Aqui há pessoas que gostariam de experimentar alguma coisa nova, como mais oportunidades de trabalho e mais aventura!

Contendo o pranto, Emma deu-lhe as costas e seguiu com pas­sos firmes pela calçada. Ao chegar ao motel, seguia às pressas para seu quarto quando Hank a chamou.

— Senhorita Darby? Há um recado para a Senhorita.

Ela apanhou o papel escrito com uma caligrafia infantil,


“Senhorita Darby

O Senhor Rusty ligou às dez horas da manhã perguntando sobre o andamento da pesquisa. Pediu que ligasse e disse que o calendário das filmagens precisa ser apressado.

Hank.”
O calendário das filmagens precisava ser apressado? Emma fran­ziu a testa. Como, se não havia sequer um elenco contratado?

Ela agradeceu e subiu para o quarto pensando no que dizer a ele.

Ainda não conseguira nenhum progresso, o que significava que teria de inventar uma história criativa. Isto é, se conseguisse pensar em alguma coisa que não fosse a discussão que acabara de ter com Cal!

Sentou-sena cama e refletiu por alguns minutos antes de apa­nhar o telefone.

— Searchlight Filmes, pois não?

Ela respirou aliviada ao ouvir a voz de Angie do outro lado da linha.

— Olá, Angie! Sou eu, Emma.

— Emma! Como vai o velho oeste?

— Confesso que não fiz grandes progressos — ela confessou — Acabei de receber o recado de que Rusty me ligou. Como está o humor dele hoje?

— Bem, ele está irritado, sensível, deprimido. O de sempre. Emma suspirou. Não que aquilo fosse fazer sua vida mais fácil, mas ao menos sabia o que esperar.

— Por favor, você poderia chamá-lo?

— Certo. Boa sorte.

Emma tentou se concentrar enquanto ouvia ruídos abafados do outro lado da linha.

— Alô?


— Olá, Rusty — ela disse com cuidado para manter um tom de voz suave, tentando não demonstrar que aqueles dois dias ha­viam sido pura perda de tempo — Estou retornando sua ligação. O que há de novo?

— Recebemos alguns investidores que estão interessados no projeto e acho que estamos prontos para contratar o elenco.

— Oh, é mesmo? — E ela se esforçou para demonstrar entu­siasmo.

— Como está a pesquisa?

— Bem, há muitas possibilidades, mas preciso de mais tempo, especialmente se quisermos uma locação permanente.

— Mas você encontrou boas locações, certo?

— Sim, algumas — ela se apressou em dizer — Preciso apenas de ajustar alguns detalhes.

— Ótimo! Mantenha-me informado. Conto com você, Emma — ele disse antes de desligar.

Emma caiu sobre a cama, sentindo o mundo desabar sobre sua cabeça, sem encontrar forças para pensar sobre sua carreira e, pior, sobre o caótico estado de seu coração!

Capítulo 6
— Emma, vamos dançar!

— O que disse? — Emma se aproximou de Caroline, tentando ouvi-la acima da música estridente do bar.

— Vamos dançar! — Caroline repetiu, arrastando-a para pista de dança repleta — Esqueça o trabalho por alguns minutos.

Emma observou-a se agitar no ritmo da música e sorriu. Sim, ela estava certa. Já que aceitara o convite para sair, o melhor a fazer era tentar se divertir.

Caroline ligara para o motel no final da tarde comunicando-lhe que ela e Greg planejavam sair para dançar e que haviam decidido levá-la.

Emma passara a tarde toda trancada no quarto, pensando em vão sobre soluções possíveis para seus problemas. Não pudera sequer trabalhar. Depois da discussão com Cal naquela manhã, saíra tão furiosa que se esquecera de apanhar seu equipamento.

— Gostaríamos de mostrar um autêntico bar do Wyoming — Caroline insistira — Já combinei com Stella, filha de minha vizinha, e ela virá para cá ficar com as crianças.

— Não sei. O que um bar do Wyoming poderia ter de tão diferente dos de Nova York?

— Você terá de descobrir por si mesma, querida. Passaremos por aí para apanhá-la às oito horas.

Caroline havia desligado sem dar chance de resposta, e

Emma não tivera alternativa a não ser aceitar o convite. Subita­mente, a idéia de um bar repleto, com música e risadas, pareceu ser exatamente o que ela precisava.

Ao chegarem ao Bar None, o mais freqüentado do vilarejo, encontraram-se com Beau, Melissa Ebersol, Mark Prentice e seu amigo Paul Evans, e a animação do grupo a contagiou.

— Emma, você tem que se movimentar! — Caroline gritou — Vamos, mexa-se!

Emma obedeceu, fechando os olhos e abandonando-se ao ritmo da música country. Quando soaram os primeiros acordes de uma canção romântica, ela tomou o braço de Caroline, conduzindo-a para a mesa.

— Preciso beber alguma coisa! — Exausta, sentou-se ao lado de Melissa — Está muito abafado aqui.

— Nós estamos acostumados com o clima, mas você deve achar que é muito quente, não é? — Mark indagou, oferecendo um copo de refrigerante.

— Para dizer a verdade, acho que o clima vai esquentar muito quando eu voltar para lá — ela comentou, tentando manter o bom humor.

Quatro rostos curiosos se voltaram para ela.

— Por quê? — Caroline quis saber.

— Bem, quando Rusty, o Diretor da produtora, souber que não consegui encontrar nada, ficará uma fera!

— Mas você ainda tem dois dias para concluir a pesquisa — Caroline lembrou-a.

— Podemos ajudá-la — Beau ofereceu solícito.

— Obrigada, Beau. Você deve conhecer esta região melhor do que ninguém, não é?

— O que exatamente você está procurando?

Com as costas encostas na parede e as pernas estendidas sobre a cadeira diante dele, Beau parecia completamente à vontade na­quele ambiente, pensou ela.

— Um rancho, ou menos uma casa antiga — disse ela, sorvendo um gole de refrigerante — Preciso encontrar um local que tenha sido construído no início do século e seja grande o bastante para a montagem do set.

— Entendo. Você quer um lugar parecido com o que Cal mostrou, ontem.

— Exatamente — Emma prendeu a respiração, receosa de que ele fizesse algum comentário indiscreto.

— Querida, esqueça o casarão dos Callan — Caroline se apres­sou em dizer, percebendo seu constrangimento — Tenho certeza de que você encontrará algo ainda melhor.

— Cal a levou para ver o velho casarão? — Melissa indagou curiosa.

— Você não sabia? — Mark arregalou os olhos, simulando surpresa — Onde você estava hoje? Este foi o assunto do dia!

— Não provoque, Mark — Caroline advertiu — Emma ficou decepcionada ao saber que ele não está disponível.

— E verdade — concordou ela — Era exatamente o que eu precisava para o filme

— E Cal não sabia que o casarão foi vendido dois meses atrás? O que há de errado com ele? — Melissa exclamou — Cal vive dizendo o quanto ama esta cidade, mas não sabe nada do que acon­tece por aqui. Ele sequer tinha ouvido falar sobre a mudança dos Foley para a Califórnia.

— Tem razão — Caroline meneou a cabeça em afirmativa — Ele se recusa a admitir que Amity esteja mudando. Eu tento dizer que mudanças podem ser boas, mas ele não me ouve.

Naquele momento, Paul e Greg juntaram-se a eles, depois de uma partida de bilhar.

— Venci mais uma vez — Greg disse com orgulho exagerado ao sentar-se ao lado de Caroline — Sou o rei do bilhar! Dê um beijo no campeão, querida! Posso ser chamado para outro desafio a qualquer minuto.

— Esbarrei na bola oito acidentalmente — Paul ergueu os om­bros, desolado.

— Você sempre tem uma boa desculpa para perder—provocou Greg, dando-lhe uma palmada no ombro.

— Oh, eu adoro essa música! — Melissa suspirou, enlevada, ao ouvir os acordes de uma melodia romântica — Venha, Mark, vamos dançar!

— Paul, por que você não mostra à nossa visitante como se dança em Wyoming? — Caroline sugeriu.

— Com prazer — Ele se levantou e tomou as mãos de Emma.

Ela o seguiu até a pista de dança, olhando de relance para o perfil de Paul. Ele não era tão alto quanto Cal, mas era um homem charmoso e interessante. Era simpático, divertido e gentil, ao con­trário de Cal, que era mal humorado, autoritário e arrogante. Po­rém, ela o via como um irmão mais velho. Deixou que ele a envolvesse pela cintura, enquanto ele explicava os passos, mas não conseguia concentrar a atenção no que ele dizia.

Mais uma vez, a imagem de Cal ocupava seu pensamento. Não importava o quanto ele a deixara furiosa naquela manhã. Aquilo não mudava o fato de que ele era o homem de seus sonhos.

Cal estacionou a caminhonete na calçada do Bar None. Depois da discussão daquela manhã, não planejava encontrar Emma tão cedo. Porém, precisava devolver-lhe o equipamento que ficara na picape.

Ao passar pelo motel à procura dela, Frank informara que havia saído com Caroline e Greg, e também que ela ficara abor­recida com a mensagem que recebera do escritório de Nova York naquela manhã.

Por mais que tentasse não se importar, não gostava da idéia de vê-la aborrecida, pensou enquanto caminhava para a entrada do bar. Durante a tarde, atendera apenas um paciente e fora para casa. Dedicara-se a consertar a cerca, tentando preencher o tempo com tudo que fosse possível para não pensar nela. O trabalho braçal conseguira aplacar sua irritação, mas sequer tocara no desejo que ainda incendiava seu sangue ao pensar nos lábios macios. Apesar da discussão e de tudo que ela dissera, apesar do fato de não desejar que sua cidade fosse invadida por executivos de Nova York, Emma Darby conseguia ocupar seu pensamento mesmo quando estava ausente.

No final da tarde, tudo que ele conseguira fora uma dor de cabeça insuportável, que fazia sua cabeça parecer uma bomba pres­tes a explodir.

Ele respirou fundo e se recostou no balcão.

— Boa noite, Jill. Como está o movimento hoje?

— Nada mal — respondeu o garçom, colocando uma garrafa de cerveja à frente dele.

— Você viu Lou por aí? — indagou ele casualmente, sorvendo um gole da bebida.

— Ele deve estar lá dentro.

Aquela era a deixa que ele precisava. Depois de tomar mais um gole, colocou uma nota de cinco dólares sobre o balcão e seguiu para o interior do bar. Ao ver os cabelos dourados e o perfil in­confundível, seu coração perdeu um compasso.

Emma estava dançando com Paul McEvan. Os corpos estavam tão próximos que uma onda de indignação fez seu sangue ferver. Quando ela se voltou, seus olhares se cruzaram e ele conteve o ímpeto de arrancá-la dos braços dele e desafiá-lo para um duelo.

Cal respirou fundo e atravessou a pista de dança, sem se im­portar com os protestos dos casais enquanto abria passagem.

— Emma? Você está bem?

— O quê? Oh, sim, Paul! Estou bem.

Ela percebeu que havia parado de se mover, mas era simples­mente impossível dançar enquanto observava Cal caminhando na direção deles. Seu coração começou a bater desenfreado no mo­mento em que o viu e, de súbito, parecia não ter mais ninguém, a não ser ele.

— Desculpe Paul, mas posso interromper?

— Claro, Cal — ele concordou com sorriso — Vejo você mais tarde, Emma.

Ela permaneceu parada no meio da pista com o olhar congelado no rosto de Cal. Queria protestar pela interrupção abrupta, mas as palavras simplesmente desapareceram de seu cérebro.

— Eu trouxe seu equipamento.

Uma onda de desapontamento a invadiu ao ouvir o tom neutro e impessoal.

— Obrigada. Eu deveria ter ido apanhá-lo, mas...

Como terminar a sentença? Eu estava tão deprimida a tarde toda que não conseguia sequer me mover? Aflita, Emma pensou em alguma coisa inteligente para dizer, mas só ocorria o desejo de se atirar nos braços dele.

— Não há problema. Eu tinha mesmo de sair para jantar.

— Oh.


Ela estava procurando alguma coisa para dizer quando alguém esbarrou nela, fazendo com que fosse de encontro ao peito largo.

— Ei, vocês dois! Se não forem dançar, saiam da pista! — reclamou um rapaz abraçado à namorada.

Emma segurou a respiração ao sentir os braços poderosos en­volvê-la, ao mesmo tempo em que começavam a soar os acordes de uma música romântica.

— Respire, Emma — Cal sussurrou, fitando-a profundamente.

Embaraçada, ela colocou os braços ao redor do pescoço dele e sentiu uma poderosa vibração de eletricidade atravessar seu corpo quando ele a puxou para mais perto.

As mãos possessivas em suas costas, o peito largo pressionando seus seios, os músculos vigorosos em contato com a palma de suas mãos.

Emma suspirou, e todas as emoções que haviam atormentado durante o dia todo se dissolveram no mesmo instante. Per­dida na doçura dos olhos de Cal, a tristeza e a frustração daquela tarde pareciam ser nada mais do que uma vaga lembrança. Naquela manhã, tivera certeza de que fora traída. No entanto, ainda o desejava mais do que tudo!

Cal deslizou as mãos pelas costas macias, mergulhando-as nos cabelos sedosos. O contato do corpo sensual de encontro ao seu, o ritmo lento da música que os envolvia, a penumbra aconchegante do ambiente, tudo contribuía para que a chama do desejo o incendiasse mais uma vez.

— Atenção, pessoal!

A voz estridente que soou nas caixas de som interrompendo a música foi como um balde de água fria sobre eles.

— Vamos desejar um feliz aniversário para Jerry Cooper, que finalmente faz vinte e um anos hoje!

Aplausos e gritos entusiasmados irromperam pelo salão, en­quanto alguém começava a cantar a tradicional canção de aniver­sário ao microfone.

Cal permaneceu paralisado como se estivesse em estado de choque.

— Obrigada pela dança — A voz de Emma tirou-o do estado de letargia — E por devolver o equipamento.

— Não seja por isso — disse ele, afastando-se de súbito.

Emma voltou para a mesa onde Caroline a observava com in­teresse.

— Vocês se desentenderam? — ela indagou em voz baixa para que os outros não ouvissem.

Emma meneou a cabeça em afirmativa e tomou um gole de refrigerante do copo diante dela. Observou Cal sair do bar e voltar minutos depois carregando a maleta com seu equipamento. Para sua decepção, ele disse alguma coisa ao barman enquanto apon­tava na direção dela, colocou a maleta sobre o balcão e saiu.


Ficar desapontada seria inútil, Emma tentava se convencer. Era fútil, inútil e desnecessário. E ficar sentada ali pensando em sinô­nimos para a palavra era ainda mais improdutivo. Mas não havia outra saída, ela pensou enquanto apoiava os braços sobre o volante. Não via nada além da imensidão de terra e de céu a sua frente.

O pior era ter de admitir que sentia a falta de Cal, pensou com desgosto. Naquela manhã, decidira sair para procurar locações an­tes que pudesse encontrá-lo, e não imaginava que seria tão difícil de localizar nas inúmeras estradas do condado.

Estacionou o carro na estrada cento e dezessete nas proximida­des de Cody, uma das simpáticas cidades do condado, imaginando que fosse encontrar algumas referências a Buffalo Bill.

A cidade era adorável, com lojas e restaurantes com nomes Sara Haward sugestivos como Silver Dollar Sallon. Porém, a maioria das casas antigas haviam se transformado em cafés ou lojas de souvenir.

Depois de comprar alguns cartões postais, saiu da cidade e se­guiu para a rodovia, parando em cada pequena cidade ao longo do caminho.

Ao entrar em Power, um charmoso vilarejo próximo de Amity, uma magnífica casa no estilo vitoriano chamou sua atenção. Lo­calizava-se em uma esquina ao lado de um parque, e parecia per­feita para seus propósitos. Animada com a possibilidade de ter encontrado o que procurava, Emma estacionou o carro.

Porém, quando se aproximou do portão de entrada, observou uma jovem mãe sair pela porta da frente com um bebê no colo. Antes que a porta se fechasse atrás dela, relanceou o olhar para o interior e concluiu que a casa fora reformada recentemente. Provavelmente, os moradores haviam acabado de se instalar, como qualquer casal começando uma família. O que significava que, a menos que a Searchlight Filmes oferecesse o sol, lua e as estrelas, eles não aceitariam se mudar de lá, especialmente com um bebê.

Ao voltar para o carro, ela tentou se lembrar da razão por ter julgado que Amity fosse uma possibilidade viável.

Bem, um fator indiscutível era o clima estável da região. Atra­vés da internet, ela descobrira que o condado possuía um clima desértico, com poucos dias de chuva. Aquilo certamente ajudaria nas filmagens. Uma companhia de produção poderia simular chu­va, mas não poderia interrompê-la.

E aquele fora o principal argumento para convencer Rusty a autorizar sua pesquisa no condado. Enfrentar o temperamento do diretor nunca fora uma tarefa fácil. O café não estava quente su­ficiente em um dia e quente demais no outro, e ela costumava perder manhãs inteiras percorrendo todos os supermercados das imediações da produtora para encontrar a única marca de iogurte que ele gostava. E aquilo tudo, lembrou-se ela enquanto girava a chave na ignição, porque desejava se tornar assistente de direção.

Emma fez um retorno e seguiu pela estrada que levava de volta a Amity, observando com atenção redobrada qualquer construção que avistasse pelo caminho. Ao se aproximar do vilarejo, avistou uma entrada que não havia notado antes, e seguiu pela sinuosa rua de cascalho. Foi então que Emma se deparou com a casa que pa­recia ter sido feita para o filme.

Circundado por uma cerca de madeira, o casarão de dois andares erguia-se imponente contra o céu azul. Excitada, ela desceu do carro e se aproximou para observar os detalhes da magnífica ar­quitetura da construção. O jardim bem cuidado e a ampla varanda com vasos de flores e uma cadeira de balanço indicavam o cuidado que o proprietário dedicava à casa. Bastava olhar para ela para saber que se tratava de um lar, Emma pensou com alegria. E o melhor de tudo era o imenso celeiro nos fundos e a área de terra não cultivada ao redor da propriedade, o que permitiria a constru­ção dos sets necessários para as filmagens.

Depois de fotografar o casarão em todos os ângulos possíveis, ela voltou para o carro ansioso para chegar logo à cidade. Precisava descobrir a quem pertencia a propriedade. Estava certa de que, fosse quem fosse, aceitaria vendê-la se recebesse uma boa oferta.

Emma seguiu pela rua de cascalho e avistou uma charmosa casa com um jardim repleto de margaridas. Ao passar diante dela, ob­servou que havia alguém deitado sobre o gramado. Curiosa, redu­ziu a marcha e reconheceu Francine Ross, que conhecera na festa em sua homenagem.

Ela permanecia imóvel e, a julgar pela ex­pressão de dor em seu rosto, parecia não estar se sentindo bem.

— Francine? — Alarmada, ela abriu o portão e entrou — Você está bem?

Ela apenas meneou a cabeça em um gesto quase imperceptível e tentou erguer a mão direita. O rosto lívido estava coberto por gotículas de suor.

— Francine, você pode me ouvir?

Emma se abaixou ao lado dela e tomou as mãos geladas entre as suas.

— Dor... — murmurou ela com dificuldade — Chame Cal.

— Fique tranqüila, eu vou ajudá-la a entrar e ligarei para ele.

Com cuidado, Emma se ajoelhou e a envolveu com os braços para carregá-la até o interior da casa. Por sorte, a simpática Senhora era leve como uma pluma. Depois de colocá-la no sofá, Emma olhou ao redor, à procura do telefone. Apavorada, percebeu que não sabia o número do consultório de Cal.

Ao lado do telefone, havia uma lista com os telefones da região e não foi difícil encontrar o nome que procurava.

Caleb Worth. Discou o número com mãos trêmulas, com esperança de que, mes­mo que ele não estivesse no consultório, deveria haver uma recep­cionista.

— Consultório do Doutor Worth — uma voz feminina se fez ouvir do outro lado da linha.

— Cal está aí? E uma emergência!

— Quem está falando?

— Emma Darby. Estou na casa de Francine. Ele precisa vir para cá imediatamente!

— Vou chamá-lo agora mesmo.

Emma desligou e sentou-se ao lado de Francine, respirando aliviada ao tomar o pulso e perceber que os batimentos car­díacos estavam regulares e firmes. Os dez minutos seguintes pa­receram uma eternidade, e então a porta da frente se abriu e Cal entrou na sala,

— O que aconteceu? — indagou em tom profissional

— Eu estava passando quando vi Francine caída na grama.

— Ela estava inconsciente?

— Não sei ao certo. Ela disse que estava sentindo dor e pediu para chamá-lo. Então, carreguei-a para dentro e liguei para seu consultório.

— Você fez muito bem, Emma — Ele endereçou um sor­riso que a fez derreter — Obrigado por socorrê-la.

—Eu jamais conseguiria deixar alguém inconsciente, nem mes­mo em Manhattan.

— Sei disso — Cal tomou Francine nos braços e seguiu para a porta da frente — Tenho de levá-la para o hospital, mas vejo você mais tarde.

— Estarei na casa de Caroline—Emma avisou enquanto seguia para seu carro — Ela me convidou para jantar.

— Eu também fui convidado, a menos que você não queira que eu vá.

— Não seja tolo!

Emma sorriu encantada com a delicadeza e o cuidado com que ele a acomodava no banco de trás do Mustang.

— Que tal se fizéssemos uma trégua novamente? — Cal esten­deu a mão com sorriso irresistível no rosto.

— Está bem — concordou ela, incapaz de dizer não.

Porém, a trégua não duraria muito tempo.


A noite, foi para a casa de Caroline e Greg decidida a descobrir quem era o proprietário do casarão que encontrara naquela tarde. Quando chegou, Frank e Bertie já estavam lá, assim como Charlotte Lopez secretária de Frank e, Bob Johansen, um jovem advogado, que também era fã dos filmes de Hollywood.

— Caroline, sua casa é linda! — comentou encantada com a simplicidade e bom gosto da decoração.

— Oh, eu nunca consigo mantê-la arrumada, com duas crianças fazendo bagunça o tempo todo! — Caroline riu e tomou-a pela mão — Você poderia me ajudar na cozinha por um minuto?

— Claro! — concordou ela, seguindo a anfitriã.

Ao entrar na cozinha, Emma inalou o delicioso aroma de ros­bife.

— Humm. O cheiro está ótimo!

— Espero que você goste de comida caseira.

— Oh, eu adoro! — disse ela com sinceridade — O que você quer que eu faça?

— Por favor, coloque os salgadinhos na bandeja — Caroline pediu enquanto apanhava uma garrafa de vinho no refrigerador — Você já conhecia Bob Johansen?

— Sim, eu o vi na festa, no dia em que cheguei. Ele é muito gentil, não acha?

— Mais gentil do que Cal, você quer dizer?

Caroline sentiu o rosto se tingir de vermelho diante do co­mentário.

— Eu o convidei para o jantar. Espero que você não se importe.

— Oh, claro que não!

— Cal é um velho amigo e me preocupo muito com ele — Caroline se aproximou e abaixou a voz — E gosto muito de você, Emma. Acho que vocês formam um casal perfeito!

Emma engasgou com o salgadinho que levara à boca.

Ela seguiu Caroline para a sala e quase derrubou a bandeja que carregava ao se deparar com Cal.

Ele segurava no colo uma adorável criança de cerca de quatro anos, e colocou-a no chão depois cobrir o rostinho rosado de beijos.

— Ela é louca por você, Cal — Caroline comentou, dando um beijo no rosto.

— Eu também sou louco por ela — ele respondeu com um sorriso — Diga "olá" para Emma, Laureen.

— Olá, Emma. Você é a moça que vai fazer um filme?

— Bem, ao menos estou tentando — ela respondeu, beijando o rostinho angelical — Para falar a verdade, tenho apenas mais um dia para conseguir.

— Muito bem, querida — Greg pegou a filha no colo — Dê boa noite para todos e vamos para o quarto assistir televisão com sua irmã.

— Por falar em filmes, Frank, queria perguntar sobre uma casa que vi hoje — Emma comentou, voltando-se para ele — E simplesmente perfeita!

Cal deteve o movimento, suspendendo no ar o salgadinho que levava à boca.

— Isso é maravilhoso, Emma! — Frank sorriu, entusiasmado — E onde fica a casa?

— Na entrada de Amity. Ela é magnífica, toda pintada de bran­co, com um jardim encantador e uma ampla varanda. Há um celeiro nos fundos e muito espaço ao redor. A casa tem dois andares e uma arquitetura típica da época vitoriana.

Emma estava tão empolgada com a descrição da casa que levou alguns segundos para perceber que todos a fitavam em um silên­cio embaraçoso.

— O que houve pessoal? — Ela indagou intrigada — Não me digam que o proprietário da casa é algum monstro!

— Muitos acreditam que sim — Cal replicou com frieza — Acontece que aquela é minha casa.




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