indivíduos, mas muito mais a síntese das interações sociais. As ações e sentimentos
particulares, ao serem associados, combinados, dão origem para algo novo e exterior àquelas
consciências e às suas manifestações. A sociedade sai dessa síntese e cria uma vida própria.
Para o autor o grupo possui algo que não pertence a mentalidade particular. A
sociedade tem uma mentalidade psíquica própria, ela representa uma realidade específica e
possui características particulares. Porém é importante ressaltar que mesmo um pensamento
encontrado em todas as consciências particulares ou um movimento que todos repetem não
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A vida psíquica a qual Durkheim (2003) chama de sociedade está em “como a
sociedade vê a si mesma e ao mundo que a rodeia” (p. 20). “Um sistema de ideias,
sentimentos e de hábitos que exprimem em nós... o grupo ou os grupos diferentes de que
fazemos parte”, opiniões e atos coletivos de toda espécie (1955, p. 67). Dessa forma as
concepções religiosas, crenças, leis, instituições e normas, são criadas, nascem, da e na vida
coletiva. Por isso “os fenômenos da sociedade têm sua origem na coletividade, e não em cada
um dos indivíduos” (1955, p. 67). Só na vida coletiva o indivíduo passa a idealizar.
Durkheim afirma que a sociedade é como um ente superior, mais perfeito que os
indivíduos e, de certa forma, independente, pois vem antes deles, e continuará a existir depois.
É claro que a sociedade é formada por indivíduos, mas com o tempo ela passa a ser
independente, embora necessite da existência destes. Esses elementos que formam as
representações e comportamentos sociais, que são componentes da vida psíquica
independente, são os formadores da consciência coletiva. Isso se dá em oposição ao que o
autor chama de consciência individual. A consciência coletiva é a média das consciências
(opiniões, crenças, valores) presente nos indivíduos, ela faz parte da consciência da sociedade.
Referente a consciência individual, Durkheim afirma ser essa formada de “de todos os
estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de
nossa vida pessoal” (1955, p. 67). É difícil pensar até que ponto estamos isentos das
influências coletivas. O que é natural do ser humano? Quais comportamentos são adquiridos
enquanto aprendizado social e quais são parte de um código genético? Quando apenas nos
relacionamos conosco e não encontramos traços da sociedade nessa relação? Essas
problematizações ainda permeiam o mundo científico, estão em constante debate. É possível
afirmar que a sociologia conseguiu desmistificar muito do que era atribuído à natureza
humana, colocando características para o domínio do social, da cultura, do aprendizado
coletivo.