Complexo de Cinderela Colette Dowling CÍrculo do livro para minha mãe e meu pai Agradecimentos



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Libertando-se
O objetivo final é a espontaneidade emocional — uma vivacidade interna que permeia tudo o que fazemos, todos os projetos de trabalho, todas as interações sociais, todos os relacionamentos amorosos. Ela provém da convicção: "Sou a força básica de minha vida". E ela conduz ao que Karen Horney denomina sinceridade — a capacidade de "ser sem fingimento, ser emocionalmente sincero, ser capaz de colocar-se integralmente nos próprios sentimentos, no trabalho, nas próprias crenças".

Penso nas mulheres que conheci e que parecem possuir essa sinceridade. Algumas são pessoas criativas e altamente talentosas; outras levam vidas mais simples, menos visivelmente dramáticas. Mas quer sejam multi-talentosas e sofisticadas habitantes de centros urbanos, quer sejam donas-de-casa do interior, a característica de "estar presente" — de se haverem "libertado" — é inegável. A maneira como experimentam a vida é qualitativamente diversa da daquelas que não se libertaram; a das primeiras é mais rica, menos rotineira, menos regulada por regras e convenções institucionais. Até sua forma de expressar sua experiência é diferente.

Pearl Primus, a coreógrafa, conta como executou seu doutorado em antropologia simplesmente sendo:

"Minha vida tem sido como subir um rio. Vez ou outra eu ouvia cânticos atrás de alguma curva do rio, e lá ia eu e me ocupava com viver. Às vezes anos se passavam e aí eu me dava conta: 'Ah, meu Deus, preciso terminar este doutorado'. Assim, no processo de fazer o doutorado, tenho vivido muitos rios e muitas pessoas. A antropologia se tornou parte de mim, em vez de algo super-imposto".

Surge um momento — um "momento psicológico" que pode durar semanas ou até meses, mas que é freqüentemente experimentado como um momento específico no tempo — no qual os determinantes de personalidade criadores do conflito parecem se desenredar, e a mulher é libertada da prisão que a mantinha imobilizada. Quando isso acontece, tudo se torna possível. Pode haver mudança de emprego, mudança de casa, novos relacionamentos, produções criativas nem sonhadas anteriormente.

As mulheres que se libertaram descobrem-se repentinamente com energia para o engajamento. Elas se agarram com tenacidade à vida, sendo ao mesmo tempo livres para acompanhar os altos e baixos de seus eventos. Há a nova experiência de estar completamente viva, na qual se é mais livre que nunca para tomar decisões, aceitar ou rejeitar coisas de acordo com os desejos do verdadeiro "eu".

Experiências emocionais poderosas aguardam aqueles que realmente abandonam os "scripts" sociais. Uma mulher de Chicago de quarenta e poucos anos, que ainda vive com o marido e o ama, está também intensamente envolvida com um homem com quem trabalha. Ele também é casado, de modo que o tempo de que dispõem para estarem sós é limitado. Várias vezes ao ano viajam juntos à negócios. Em uma dessas viagens, após alguns dias, a mulher sentiu vontade de esquiar. O amante não gostava de esquiar, e, além disso, não terminara o trabalho que tinha de realizar em Boston. "Decidi esquiar sozinha", disse-me ela. "Tomei um ônibus no meie da tarde; enquanto subíamos as montanhas de Vermont, começou a nevar. Lembro-me da sensação de estar sentada sozinha naquele ônibus, olhando pela janela e vendo as luzes se acenderem nas cidadezinhas por onde passávamos. Senti-me tão bem, tão segura no reconhecimento de que podia ser eu mesma, fazer o que quisesse — e também ser amada — que comecei a chorar."
A mulher que se libertou tem mobilidade emocional. Ela é capaz de mover-se em direção às coisas que lhe são gratificantes e distanciar-se das que não o são.

Ela também é livre para ser bem-sucedida: para estabelecer objetivos e agir de modo a atingir esses objetivos sem temer o fracasso. Sua autoconfiança deriva de uma avaliação realista de suas limitações e capacidades. Um dos exemplos mais inspiradores que conheço de uma mulher que foi livre para vencer é o de Jean Auel. (Seu primeiro romance, The clan of the cave bear — "O clã do urso da caverna" —, tornou-se de imediato um sucesso de vendagem.) Eis uma pessoa que se recusou a deixar sua vida à mercê de ocorrências externas. Em vez disso, ela assumiu a responsabilidade pelo delineamento de sua vida — muito embora existissem outros que dependiam dela.

Jean casou-se aos dezoito anos de idade. Aos vinte e cinco já tinha cinco filhos. Além de cuidar da casa e das crianças e simultaneamente trabalhar como perfuradora numa fábrica da Tektronix perto de sua casa em Portland, Oregon, ela ainda estudava à noite, para obter um mestrado em administração. (Ela não tinha o bacharelado.) De posse do mestrado, conseguiu subir até a posição de gerente comercial da Tektronix, responsabilizando-se, assim, por operações financeiras no valor de oito milhões de dólares. Então, alguns meses depois de seu quadragésimo aniversário, ela deixou o emprego; decidira escrever um romance.

Tudo começou com uma idéia que lhe ocorrera numa noite, e que se desenvolveu numa história sobre uma menina Cro-Magnon que vive na sociedade mais primitiva dos Neanderthals. Jean Auel leu mais de cinqüenta livros, a respeito dos povos primitivos. Em seguida fez o primeiro rascunho — quatrocentas e cinqüenta mil palavras. Ao fazê-lo, aprendeu uma coisa: não sabia o suficiente para escrever romances. Portanto, passou a preparar-se para isso. Partiu de leituras dos livros da filha sobre literatura de ficção. Escreveu e reescreveu. Então, após algumas recusas por parte dos editores, mandou uma carta para um agente literário de Nova York que conhecera num encontro de escritores em Portland. Oito semanas depois, ela assinava um contrato de cento e trinta mil dólares por The clan of the cave bear.

Eis uma mulher que abriu as portas de sua vida aos ventos da mudança. Eis uma mulher sem medo de trabalhar, de adentrar áreas não experimentadas — de adentrar o desconhecido, o estranho, o novo. Eis uma mulher que acredita em si mesma, e a crença em si própria é a linha mestra do viver plenamente.

Aprendi que a liberdade e a independência não podem ser arrancadas dos outros — da sociedade em geral, ou dos homens —, mas podem ser ativamente desenvolvidas a partir de dentro. Para alcançá-las, teremos que renunciar às dependências que temos usado qual muletas para sentir-nos seguras. E, no entanto, a troca não é tão perigosa. A mulher que acredita em si mesma não precisa enganar-se com sonhos vazios, com coisas que estejam além de suas capacidades. Ao mesmo tempo ela não vacila em face de tarefas para as quais se acha preparada. Ela é realista, segura e ama a si própria. Ela está finalmente livre para amar os outros, porque ama a si mesma. Todas essas coisas, e nada menos que elas, constituem a mulher que se libertou.



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