De descartes



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intereç,@s entre células, nas qu@is as mQl@culas,4e adesäo

ce.l.ular,e as moléculas de adesäo ao svbstxato, es pe
@ em, Mam

u@, papel únportante. O que aconlteçe,e@t re as células, à m.e 

.@i a que o desenvolvim, nto se desewola, coa@rola de facto,

@ çi,


grq p,@@e, a expre@o dos genes queregu@am 9 (Ae,5envol 

vimentg irucial  Ass@, o que se pode,dizer é que @uitas das

esp,@,'@dades,es,tr,u,tu,rais säo @te@@daspqrge,,qes, sen 

çlo que vm gra4de @mer e o, as especificidad s porte


o d 14tr e
ser çleter,@,, o,a, @penaspgla açtivid@cle do pr@prio orga 
@o viv'Q,à mec b'da,que se,d,@volve e continu@mente se

16
modifica aolongo,@o seu tempo cle vid@


2. Og@oma aj.@@a a est b
a@ elecer a e;strutura exacta ou epro 

@a4amente exacte de deter@ados sistema5 e circuitos

impo,r,tantes nos sectores evolutiv@meii@e nti,gos do cérebro

hum@Q.@Embor@@tenha osumaneçessidade 1 ext@ema de @s 

tudos modernos sobre o de@envolvimento destes,sectores

cgrebrais, e embora muito se,pç)ssa alterar à medida que tais

estudQsseconcretizem,aafirmaçäo.prece entepareceestar

razoavelmente correcta nç) q4e diz respeito ao tronco ce 

rebral, o @hipotálamo e . o pro@encéfalo basal e ser bastante

provável relativamente à amigdala e à regiäo do cingulo.

(Nos próximos capitulos abo rdarei mais aprofundadamente

estas estrgturas e funçöes.) Partilh@Qs a essência destes

secto@es cerebrais com,individuos de muitas outras espéçies.

O principal,papel das estruturas destes sectores é o de regu 

,Iar os processos vitaisbásicos sem recorrer à mente e à razäo.

Os paçlröes inatos* da actividade dqs,neurópios nestes cir 

cuitos näo geram imagens (embora as conseqpências cia sua

actividade possam ser imagéticas); eles regulam mecanis 

mos homeostáticos sem os quais näo existe sobrevivência.

É de notar que quando uso a palavra inatç) (literalmente: presente no nasci 

mento) näo estou a excluir a existência de um papel para o ambiente e para a

aprendizagem n'a determinaçäo de uma dada estrutura ou padräo de actividade.

Nem estou a excluir o potencial de ajustamen to desenvolvido através da ex 

periência. Estou a utilizar o termo i@ato no sentido 4ue William íames usou <,pré 

 estabelecido», para referir estruturas ou paciröes que s~ao largamente, mas näo

exclusivamente, determ inados pelo genoma e que estäo çlisponíveis para os re 

cém nascidos, permitindo lhes a obtençäo de regulaçäo homeostática.

126 O ERRO DE DESCARTES


Sem o conjunto inato de circuitos destes sectores cerebrais,

näo seriamos capazes de respirar, de regular o nosso ritmo

cardiaco, de equilibrar o nosso metabolismo, de procurar

comida e abrigo, de evitar predadores e de nos reproduzir.

Sem esta regulaçäo biológica recheada de

fusos», a sobrevivência individual e evolutiva cessaria. No

entanto, existe um outro papel para estes circuitos inatos,

para o qual devo chamar a atençäo porque é normalmente

ignorado na concepçäo das estruturas neurais que suportam

a mente e O comportamento: os circuitos inatos iiitervêm näo só

na regiilaçäo corporal como também no desenvolvimento e na

actividade adiilta das estruturas evoliitivamente modernas do

cérebro.

3. O equivalente das especificidades que os genes ajudam a es 

tabelecer nos circuitos do tronco cerebral ou do hipotálamo

chegam ao resto do cérebro muito tempo depois do nasci 

mento, durante o desenvolvimento do individus através da

infäncia, da meninice e da adolescência e à medida que esse

indivíduo interage com o ambiente fisico e com outros indi 

viduos. É de todo provável, pelo menos no que diz respeito

aos sectores cerebrais evolutivamente modernos, que o ge 

noma ajude a estabelecer, näo um arranjo preciso, mas um

arranjo geral de sistemas e circuitos. E como é que o arranjo

precisoseestabelece?Estabelece sesobaili llêliciadecirclins 

täncias ambientais que säo complementadas e restriiigidas pela

iníiiiência dos circiiitos estabelecidos de forma inata e precisa,

relacioiiados com a regulaçäo biolégica.
Em suma, a actividade dos circuitos nos sectores cerebrais modernos

e estimulados pela experiência (o neocórtex, por exemplo) é indispensá 

vel para a produçäo de uma classe particular de representaçöes neurais

nas quais se baseiam a mente (imagens) e as acçöes intencionais. Contudo,

o neocórtex näo pode produzir imagens se o subterräneo antiquado do

cérebro (o hipotálamo, o tronco cerebral) näo se encontrar intacto e coope 

rativo.

Este arranjo pode parecer estranho. Temos aqui circuitos inatos cuja



funçäo é a de regular o funcionamento do corpo e de assegurar a so 

brevivência do organisme, a qual é alcançad@l através do controlo das

operaçöes bioquimicas internas do sistema endócrino, do sistema imuno 

O ELABORAR DE UMA EXPLICAÇAO 127


lógico e das visceras, assim como através dos impulsos e dos instintos. Por

que deveriam estes circuitos interferir na modelaçäo dos circuitos mais

modemos e plásticos, responsáveis pela representaçäo das nossas expe 

riências adquiridas? A resposta a esta importante pergunta assenta no

facto de tanto os registos das experiências como as respostas para elas

deverem ser adaptativos, deverem ser avaliados e modelados por um

conjunto fundamental de preferências do organisme que considera a so 

brevivência como objective supremo. Parece que, devido a esta avaliaçäo

e modelaçäo serem vitais para a continuidade do organisme, os genes es 

pecificam também que os circuitos inatos devem exercer uma influência

poderosa sobre virtualmente todo o conjunto de circuitos que podem ser

modificados pela experiência. Essa influência é desempenhada, em grande

parte, por neuronios «moduladores» que actuam nos restantes circuitos.

Estes neuronios moduladores estäo localizados no tronco cerebral e no

prosencéfalo basal e säo influenciados pelas interacçöes do organisme

que ocorrem a todo momento. Os neuronios moduladores distribuera

neurotransmissores (tais como dopamina, norepinefrina, serotonina e

acetilcolina) por regiöes dispersas do córtex cerebral e dos núcleos sub 

corticais. Este inteligente arranjo pode ser descrito da seguinte maneira:

(1) os circuitos reguladores inatos têm como funçäo principal a sobrevi 

vência do organisme e, como consequência, säo inteirados do que se es 

tá a passar nos sectores mais modemos do cérebro; (2) o aspecto bom e

mau das situaçöes é lhes regularmente assinalado; e (3) eles expressam a

sua reacçäo relativa a essa qualificaçäo, influenciando a forma como o

resto do cérebro é modelado, de modo a que este possa apoiar a sobrevi 

vência da maneira mais eficaz possivel.

Assú n, à medida que progredimos da infäncia para a idade adulta, o

design dos circuitos cerebrais que representam o nosso corpo em evoluçäo

e a sua interacçäo com o mundo parece depender tanto das actividades

em que o organisme se empenha como da acçäo de circuitos biorregu 

ladores inatos, à medida que os últimos reagem a tais actividades. Esta abor 

dagem sublinha a inadequaçäo de conceber cérebro, comportamento e

mente em termos de natureza versus educaçäo, ou de genes versus ex 

periência. Os nossos cérebros e as nossas mentes näo säo tab lae rasae

quando nascemos. Contudo, também näo säo, na sua totalidade, geneti 

camente determinados. A sombra genética tem um grande alcance mas

näo é completa. Os genes proporcionam a uma dada componente cerebral

a sua estrutura precisa e a outra componente uma estrutura que está pal,a

ser determinada. No entanto, a estrutura a ser determinada só pode ser

obtida sob a influência de três elementos: (1) a estrutura exacta; (2) a acti 

vidade individual e as circunstäncias (nas quais a palavra final cabe ao

.128 O ERRO DE,PESCARTES


@eio ambientehumanoe fisico, assim como ao acçi@o); e (3) @spress@e@,da

agto grganizaçäo que emerzem da,extraordinária complexidade do,sis 

t a. O i)erfil únp@evisivel das experiênc@las de cada indivíduo tem, de

facto, uma


_palavra çli7,er no des' n dos circuitos, tantç) d ecta como in 

19

@ectamente, através da leacçäo que desencadeia nos circuitos inatos e



dçis consequências que tais,reacçöes têm no processo global de modelaçäo

de circuitos" 

Aíi einoCapituloPoisqueaoperaçäodos,circuitosdeneurónios

depende do,padräo de conexöes,existentes entre os neuronios e do poder

,das sinapses que estabelecem e,s.sas.conexöes. Num neurónio em estado

de excitaçäo, por,exempIQ, as sinapses estiinuladoras facilitam o disparo,

enquanto as sinapses inibidoras,fazem,o contrário. Neste momento,

ppsso dizer qiqe, devido a diferentes experiências causarem a variaçäo da

.potência.sinát)tica dentro e através de muitos sistemas neurais, a expe 

riência modela, o design dos circuitos. Além disso, mais nalguns sistemas

@o que noutros, as potências sinápticas podem alterar se ao longo do

periodo de vida do,individuo para refleçtir as diferentes experiências do

organisme e, cqmç) resultado, o design dos circuitos cerebrais continua

também a alterar se. Os circuitos näo säo apenas,receptivos aos resulta 

dos da primera experiência, mas repetidamente flexiveis e susceptíveis

de serem modificados por experiências contínuas" 

Alguns circuitos säo remodelados vezes sem conta ao longo do tempo

de vida do indivicluo, de acordo com as alteraçöes que o organisme sofre.

Outros circuitos permanecem predominantemente estáveis e formam a

«coluna vertebral» das noçöes que construúnos sobre o mundo interior e

sobre o mundo exterior. A ideia de que todos os circuitos säo evanescen 

tes faz pouco sentido. A susceptibilidade de modificaçäo indiscriminada

teria criado individuos incapazes de se reconhecerem uns aos outros e

desprovidos d o sentido da sua própria biografia. Este arranjo näo seria

adaptativo, e é bastante claro que tal näo acontece. Uma prova simples de

que algumas representaçöes adquiridas säo relativamente estáveis encon 

tra se no estado conhecida como membro fantasme. Alguns individuos

que soírem a amputaçäo de um membro (por exemplo, a perda da mäo

e dobraço, deixando oscom um coto acima donível do cotovelo) relatam

aos seus médicos que ainda sentem o membro ausente, que conseguem

apreender os seus movimentos ima@ários e que conseguem sentir dor,

frio ou calor «no» membro ausente. É óbvio que estes doentes possuem

uma memoria do seu membro ausente, ou näo seriam capazes de formar

'uma imagem dele nas suas mentes. No entanto, com o tempo, alguns

doentes podem experienciar uma reduçäo do membro fantasme, o que,

O ELABORAR DE UMA EXPLICAÇAO 129


aparentemente, indica que a memôria   ou a sua reproduçäo na cons 

ciência   é passivel de revisäo 

O cérebro necessita de um equilibrio entre os circuitos cuja fidelidade

de disparo é volatil como omercúrio e os circuitos que säo mais resistentes

à mudança. Os circuitos que nos ajudam a reconhecer o nosso rosto no

espelho, hoje, sem qualquer surpresa, têm sido subtilmente alterados

para acomodar as modificaçöes estruturais que a passagem do tempo tem

imposto a esse rosto.

Fomm da Ciência 29   9

Seis
Regulaçäo biologica

^ a

e sobrevivencia



DISPOSIÇOES PARA A SOBREVIVENCIA

sobrevivência de um dado organisme depende de uma série de

Aprocessos biológicos que mantêm a integridade das células e dos

tecidos em toda a estrutura desse organisme. Vejamos um exemplo, ainda

que simples, do que acabo de afirmar. A par de várias outras necessida 

des, os processosbiológicos precisam de um fornecimento apropriado de

oxigénio e nutrientes, fornecimento esse que assenta na respiraçäo e na

alimentaçäo. Para tal, o cérebro possui circuitos neurais inatos cujos pa 

dröes de actividade, coadjuvados por processos bioquimicos no corpo

propriamente dito, controlam de forma segura reflexos, impulsos e

instintos, garantindo assim que a respiraçäo e a alimentaçäo decorram de

acordo com o que for necessário. Retomando o tema do capitulo anterior,

note se que os circuitos neurais inatos contêm representaçöes de disposi 

çöes. A activaçäo destas disposiçöes desencadeia um complexe conjunto

de respostas.

Numa outra frente, a fim de evitar condiçöes ambientais adversas ou

a destruiçäo por parte de predadores, existera circuitos neurais para im 

pulsos e instintos que induzem, por exemplo, comportamentos de luta ou

de fuga. Outros circuitos controlam os impulsos e os instintos que ajudam

a assegurar a continuidade dos genes (através do comportamento sexual

ou do cuidado da prole). Podem mencionar se inúmeros outros circuitos

REGULAÇAO 1310LOGICA E S013REVIVENCIA 131


e impulsos especificos, entre os quais se contam aqueles que se reportam

à procura de uma quantidade ideal de luminosidade ou escuridäo, de

calor ou de frio, ou de acordo com a hora do dia ou com a temperatura
ambiente.

Em geral, os impulsos e os instintos operam quer directamente,

através da geraçäo de um determinada comportamento, quer através da

induçäo de estudos fisiológicos que levam os individuos a agir de de 

terminado modo, de forma consciente ou näo. Praticamente todos os

comportamentos que resultam de impulsos e instintos contribuera para

a sobrevivência quer em termos directes, através da execuçäo de acçöes

de preservaçäo da vida, quer em termos indirectes, através da criaçäo de

condiçöes vantajosas para a sobrevivência ou da dirninuiçäo da iníluên 

cia de condiçöes potencialmente adversas. As emoçöes e os sentimel'itos,

que säo centrais para a perspectiva de racionalidade que estou a propor,

säo uma poderosa manifestaçäo dos impulsos e dos instintos, consti 

tuindo uma parte essencial da sua actividade.

Näo traria qualquer vantagem permitir que as disposiçöes que con 

trolam os processos biológicos básicos variassem muito. Uma alteraçäo

significativa acarretaria o risco de disfunçöes graves em diversos siste 

mas de órgäos, e a eventualidade de um estado de doença ou mesmo de

morte. Isto näo invalida que possamos influenciar intencionalmente os

comportamentos que säo habitualmente conduzidos por esses padröes

neurais inatos. Podemos suster a respiraçäo quando nadamos debaixo de

água, durante algum tempo; podemos decidir fazer um jejum prolonga 

do; podemos influenciar o nosso ritmo cardiaco com bastante facilidade

e até alterar a nossa pressäo sanguinea sistémica (um pouco menos de fa 

cilidade). No entanto, em nenhum destes casos existe evidência de que as

disposiçöes mudem. O que muda é uma ou outra componente do padräo

comportamental subsequente, que conseguimos inibir de diversas manei 

ras, seja através da força muscular (sustendo a respiraçäo pela contracçäo

das vias respiratórias superiores e caixa torácica), seja através da simples

força de vontade. Täo pouco isto invalida que os padröes inatos possam

sermodulados em termos do seu disparo   sejam tornados mais suscep 

tiveis de disparar ou näo   pelos sinais neurais de outras regiöes do cé 

rebro ou por sinais quimicos, como as hormonas e os neuropéptidos que

lhes chegam na corrente sanguinea ou através de axónios. De facto,

muitos neuronios em todo o cérebro possuem receptores para hormonas,

por exemplo para as que säo produzidas pelas gländulas reprodutoras,

supra renais e tiroideia. Tanto o desenvolvimento inicial como o funcio 


132 O ERRO DE DESCARTES


namento regular dessas redes de circuitos säo influenciados por esses

sinais.


Alguns dos mecanismos reguladores básicos actuam de forma oculta

e nunca vêm a ser directamente conhecidos pelo individus dentro do qual

actuam. Desconhecemos o estado dos diversos iöes de potássio e hormo 

nas em circulaçäo ou o número de glôbulos vermelhos no nosso corpo, a

menos que o determinemos por meio de uma análise directa. Contudo,

existera mecanismos reguladores ligeiramente mais complexes que envol 

vem comportamentos visiveis, que nos däo indirectamente a conhecer a

sua existência quando nos levam a agir (ou näo) de um determinada

modo. Säo os chamados instintos.

A regulaçäo por instintos pode ser explicada em termos simples atra 

vés do seguinte exemplo: algumas horas depois de uma refeiçäo, o nivel

de açúcar no nosso sangue desce e os neurónios no hipotálamo detectam

essa alteraçäo; a activaçäo do padräo inato relevante leva o cérebro a alte 

rar o estado do corpo de modo a que a probabilidade de correcçäo possa

ser aumentada; sentimos fome e empreendemos acçöes para pôr termo à

nossa fome; comemos, e a ingestäo de alimentes acarreta uma correcçäo

no nivel de açúcar no nosso sangue; por último, o hipotálamo volta a de 

tectar uma alteraçäo no açúcar no sangue, desta vez um aumento, e os

neuronios apropriados fazem o nosso organisme passar a um estado em

que a experiência associada é a sensaçäo de saciedade.

O objective de todo o processo foi salvar o corpo. O sinal para iniciar

o processo partiu do corpo. Os sinais de que tivemos consciência, a fim de

salvar o corpo, provieram também do corpo. Ao concluir se o ciclo, os si 

nais que nos informaram de que o corpo já näo corria perigo partiram do

corpo. Podemos dizer que se trata de um controlo do corpo e pelo corpo,

ainda que seja sentido e gerido pelo cérebro.

Estes mecanismos reguladores asseguram a sobrevivência ao acciona 

rem uma disposiçäo para excitar alguns padröes de alteraçäo do corpo

(um impulso), o qual pode ser um estado do corpo com um significado es 

pecifico (fome, náusea) ou uma emoçäo identiíicável (medo, raiva) ou

uma combinaçäo de ambos. A activaçäo pode ser desencadeada a partir

do interior «visceral» (um baixo nivel de açúcar no sangue, no meio inter 

no), do exterior (uma ameaça) ou do interior «mental» (a percepçäo de

que está iminente uma catástrofe). Qualquer delas pode desencadear

uma resposta biorreguladora interna, um padräo de comportamento

instintivo ou um plano de acçäo recém criado, ou uma combinaçäo de

algumas destas coisas ou de todas elas. As redes de circuitos neurais bá 

RECULAÇAO BIOLOGICA E SOBREvrvENCIA 133


sicos que executam a operaçäo de todo este ciclo constituera um equi 

pamento standard do nosso organisme e estäo para este como os travöes

estäo para um carro. Näo precisaram de uma instalaçäo especial. Consti 

tuem um «mecanismo pré organizado>@   uma noçäo a que regressarei

no capitulo seguinte. Tudo o que precisámos fazer foi sintonizar esse me 

canismo para o meio ambiente que nos rodera.

Os mecanismos pré organizados näo säo importantes apenas para

efeitos de regulaçäo biológica básica  Eles ajudam também o organisme

a classificar as coisas ou os fenómenos como «bons» ou «maus» em vir 

tude do seu possivel impacte sobre a sobrevivência. Por outras palavras,

o organisme possui um conjuntobásico de preferências  ou critérios, ou

tendências, ou valores. Sob a influência destas preferências e do trabalho

da experiência, o repertório de coisas categorizadas como boas ou más

cresce rapidamente e a capacidade de detectar novas coisas boas e más

cresce exponencialmente.

Se uma determinada entidade no mundo é uma componente de uma

situaçäo em que uma outra componente foi uma coisa «positiva» ou

«negativa», isto é, activou uma disposiçäo inata, o cérebro classifica a en 

tidade em relaçäo à qual näo estava pré estabelecido qualquer valor de

maneira inata, tal como se também ela fosse positiva ou negativa, quer de

facto o seja ou näo. O cérebro estende o tratamento especial a essa nova

entidade simplesmente porque se encontra próxima daquela que é, sem

dúvida, importante. Poderemos apelidar este fenômeno de «glória reflec 

tida», se a nova entidade estiver próxima de algo positiva ou de «culpa

por associaçäo», se está próxima de algo negativo. A luz que ilumina uma

coisa genuinamente importante, boa ou má, brilha também sobre o que a

rodera. Para que o cérebro possa actuar deste modo, tem de vir ao mundo

já dotado de um considerável «conhecimento inato» acerca de como se

regular a si próprio e ao resto do corpo. A medida que o cérebro vai in 

corporando representaçöes de disposiçöes de interacçöes com entidades

e situaçöes relevantes em termos de regulaçäo inata, ele aumenta a proba 

bilidade de abranger entidades e situaçöes que podem ou näo ser direc 

tamente relevantes para a sobrevivência. E, quando tal sucede, o nosso

crescente sentido daquilo que o mundo exterior possa ser é apreendido

como uma modificaçäo no espaço neural em que o corpo e o cérebro in 

teragem. Näo é apenas a separaçäo entre mente e cérebro que é um mito.

É provável que a separaçäo entre mente e corpo näo seja menos ficticia. A

mente encontra se incorporada, em toda a acepçäo da palavra, e näo ape 

nas cerebralizada.

134 O ERRO DE DESCARTES


MAIS ACERCA DE REGULAÇÄO BASICA

Os padröes neurais inatos que se afiguram mais criticos para a sobre 

vivência säo mantidos em circuitos do tronco cerebral e do hipotálamo.

Este último tem um papel preponderante na regulaçäo das gländulas en 

dócrinas   entre as quais se contam a pituitária, a tiróide, as supra renais

e os órgäos reprodutores, todas elas produzindo hormonas   e no funcio 

namento do sistema imunológico. A regulaçäo endócrina, que depende

de substäncias quimicas libertadas na corrente sanguines e näo de impul 

sos neurais, é indispensável para manter a funçäo metabólica e dirigir a

defesa dos tecidos biológicos contra micropredadores como os virus, as

bactérias e os parasitasl.

A regulaçäo biológica relacionada com o tronco cerebral e o hipotá 

lamo é complementada por controlos no sistema limbico. Näo cabe

discutir aqui a complicada anatomia e o funcionamento pormenorizado

deste sector cerebral relativamente grande, mas cabe salientar que o siste 

ma limbico participa também no estabelecimento de impulsos e instintos

e tem uma funçäo especialmente importante nas emoçöes e nos senti 

mentos. Suspeito, no entanto, que, de modo diferente do que se passa no

tronco cerebral e no hipotálamo, cuja rede de circuitos é, na sua maior

parte, inata e estável, o sistema limbico contém tanto redes de circuitos

inatas como redes de circuitos modificáveis pela experiência do orga 

nismo em constante evoluçäo.

Com o auxilio de estruturas vizinhas do sistema limbico e do tronco ce 


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