Filha e Rival henri ardel



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CAPÍTULO XVIII
Apesar de fascinada pelo encanto do sonho que vivera nesses dias de festa, Sílvia tinha o espírito bas­tante observador para não notar a atitude de Joceli­na, sobretudo depois que Estevão Rimbault viera no­vamente passar em Bex suas férias. Sua presença não só parecia ter contribuído para agravar o estado da enferma, como se ela houvesse sido encerrada nalguma misteriosa masmorra, como a tinha impedido de gozar o alegre ambiente da peque­na estância de águas, de interessar-se pelo sucesso da amiga ou mesmo pelo da quermesse. No entanto, a repentina partida de Estevão, talvez provocada pela atitude de Jocelina, não parecia tê-la livrado dessa obsessão. Por isso, muito surpresa ficou Sílvia quando, na manhã seguinte, a viu aparecer na fileira de árvores do parque, onde ela devaneava com um livro inutilmente caído sobre os joelhos. À vista da delgada e bastante com­balida figura de Jocelina, não pôde evitar uma excla­mação de assombro:

— Jocelina, você está sentindo alguma coisa? Que é que tem?

Jocelina fez um gesto com a cabeça e, como as forças a abandonassem, deixou-se cair numa poltrona ao lado do banco em que Sílvia devaneava. Depois, disse lentamente:

— Não se incomode comigo, Sílvia; tenho este aspecto porque não consegui dormir nem um pouco durante toda a noite. É por isso que estou assim... No entanto, tinha tanta necessidade do abençoado es­quecimento do sono!

— Que sucedeu, Jocelina? Se pode dizer-me, confie em mim. Talvez assim possa você suportar melhor seu pesar. Sua mãe sabe?

Jocelina não pôde reprimir um estremecimento e Sílvia viu alterar-se ainda mais, de modo que não jul­garia possível, a fisionomia descorada que de súbito parecia a de uma mulher de idade, acabrunhada por desgosto inconsolável. Novamente pediu:

— Jocelina, não posso fazer alguma coisa por você?

— Nada, nada absolutamente, Sílvia, salvo, se lhe for possível compreender-me, depois que souber... Por quanto tempo ainda terei forças para calar-me? Adivinha naturalmente que se trata de Estevão, não é?

— Ele não foi embora?

— Sim, foi, porém o mal que fez ficou e a ele nun­ca mais me restabelecerei. Prefiro morrer. Escute o que se passou. Ontem à noite, depois que Estevão partiu...

Como as águas de uma represa a cujo ímpeto o dique não tivesse resistido às palavras se precipitaram pelos lábios contraídos da enferma:

— Durante todo o dia de ontem não se separou de mamãe um só instante; bem notei que conversa­vam procurando a solidão, com ar grave, resoluto. Eu sentia que minha presença lhes era importuna, por isso me refugiei no parque e, depois, no meu quarto, até o momento em que ouvi passar o ônibus que o levava para a estação. Afinal, tinha ele partido! O suplício da sua presença iria deixar de me torturar! Entretanto, nesse momento sentia-me incapaz de ir ter com mamãe que contribuíra para o meu suplício; fal­tou-me coragem para ir ao quarto dela dar-lhe o meu beijo de boa-noite. Foi ela, Sílvia, foi ela que cruel­mente veio ao meu.

Jocelina deteve-se; tinha a voz baixa e rouca, os olhos chamejavam-lhe no rosto pálido. Inconsciente­mente, e sem que a amiga procurasse impedi-lo, Síl­via segurou-lhe a mão emagrecida que amarfanhava a seda do vestido. Desenrolava-se na alma da doente um drama tão violento que se pôs a confidenciar com os seus lábios trêmulos. Jocelina falara com a mãe na véspera, e, na calma daquela manhã tão serena, mas cuja sere­nidade não se lhe comunicara, repetia as mesmas pa­lavras que sua angústia tinha proferido algumas horas antes.

— Eu disse à mamãe — lembro-me muito bem — que não desejava mais ver Estevão e muito menos to­lerar a atitude que ele tomava junto dela... Enfim, eu precisava saber o que se havia passado entre ambos. Sim, eu queria, eu precisava saber a verdade! Por um segundo a voz da jovem estrangulou-se num soluço. Depois, retomou a mesma violência, que mal podia reprimir:

— Então mamãe respondeu-me com a sua entoação meiga que geralmente me acalma. Estava pá­lida, mas com os traços severizados por expressão tão resoluta que experimentei a impressão do inevitável. E ela disse a terrível verdade que eu tão brutalmente pressentira durante a primeira visita de Estevão, havia cerca de um mês. Lembra-se, Sílvia? Hoje, Estevão ama mamãe não apenas como irmão dedicado; apesar da diferença de idade entre ambos — mamãe é alguns anos mais velha do que ele — Estevão a pe­diu em casamento. Creio que mamãe ainda hesita por saber o sofrimento que vai causar-me. Quanto a ele, a quem jamais pude tolerar, não desejo que me arrebate mamãe! Â este pensamento, fico louca. Ma­mãe julga que agora já estou quase restabelecida e que logo eu poderia tratar do meu próprio futuro; pensa que não me é mais indispensável. Mamãe é agora como as outras mulheres, que exigem o seu quinhão de felicidade... Este quinhão de felicidade, confesso-o, mamãe nunca o teve: sua mocidade de­correu triste, pois aos vinte e três anos já era viúva e desde então sempre viveu sobrecarregada de cui­dados, de responsabilidades...

— Unicamente por sua causa, Jocelina — observou docemente Sílvia, que era dotada de um sentido de justiça intransigente.

— Admito que seja por minha causa, mas nunca por minha culpa, atalhou Jocelina rispidamente. Lem­brei-me disso, que também é verdade. Nós, os filhos, somos verdadeiros monstros de egoísmo pela fé abso­luta que temos no coração de nossas mães que pen­samos que nos pertencem inteiramente, do mesmo modo que nós a elas, tão alto lhes prezamos o coração e a dedicação. Ah, minha dedicação já não lhe era su­ficiente, bem que o sentia! Tornava-me feroz tal pen­samento! Creio que se Estevão estivesse ali e eu possuísse uma arma, o teria matado sem a menor hesi­tação, tal a necessidade feroz que tinha de não o ver interpor-se entre mim e minha mãe. As palavras de mama me caiam no coração como o ferro em brasa em cima de uma chaga viva; éramos dois adversá­rios que se defrontavam! Mamãe, porém, me falava com uma ternura desesperada enquanto eu estava dominada por um desejo louco de lhe fazer tanto mal quanto ela me havia feito. Com voz entrecortada, que ao mesmo tempo me exasperava e dilacerava, mamãe se esforçava por fazer-me compreender o que se tinha passado sem que ela o pudesse prever. O sentimento fraterno que os li­gava há tantos anos se transformara pouco a pouco fazendo com que ela não mais fosse para Estevão ape­nas a irmã mais velha, como sempre imaginara ser. Mesmo porque, acrescentou mamãe, eu a absorvia completamente, no entanto, estava pronta a fazer o sacrifício de recusar o pedido que Estevão lhe fize­ra, ele que também tinha necessidade dela, mais do que eu, que agora me achava restabelecida. O “sacrifício”! Pode avaliar, Sílvia, que sofri­mento me causou esta palavra? Não sei por quanto tempo falamos, enquanto nossos corações se defron­tavam como adversários. Depois, quase que imedia­tamente, nossas fisionomias nos fizeram apiedar-nos uma da outra. Nos olhos de mamãe, porém, não ha­via mais aquele brilho que somente Estevão sabia dar-lhes e que tantas vezes me parecera cruel. Quanto a mim, ignoro qual a fisionomia que tinha então, mas no rosto de mamãe notei a mesma expressão angustiada que por vezes havia observado, sempre que a atormentava. Tornou-se mais calma, porém seu rosto descomposto me fazia lembrar uma Pietá que eu tanto admirara numa igreja italiana. Estremeci ao ouvi-la dizer com muita doçura:

— “Mais tarde, minha querida, quando ambas estivermos mais calmas, tornaremos a conversar a res­peito. Precisamos descansar esta noite”.

Pude responder-lhe:

— “Sim, mamãe. Quando tivermos a cabeça mais tranquila, continuaremos este assunto”.

— Mamãe envolveu-me com os braços e seus lábios me beijaram o rosto. Este continuava de pedra. . . Depois saiu. Conseguiria ela dormir? Quanto a mim, nem um só instante. . .

Com infinita compaixão, Sílvia, que a compreen­dia muito bem, passou o braço sob o de Jocelina que sentia estremecer de angústia; depois, com suavidade de que sua própria mãe não a julgaria capaz, mur­murou-lhe:

— Para encontrar a força de resignação de que necessita, Jocelina, você deve pensar na alegria que por sua vez vai causar. Pelo amor que dedica à sua mãe e em sinal de gratidão por tudo quanto ela tem feito por você... penso, estou certa mesmo, de que para você é um dever. . .

Mas a tempestade rugia tão violenta na alma per­turbada da amiga que afastava qualquer possibilida­de de resignação.

— Neste momento, o que você me pede é impos­sível Sílvia. Meu sofrimento me tortura tanto que me sinto enlouquecer. Apenas desejo escapar dele, não importa por que preço!

Os lábios de Jocelina se crisparam para reprimir palavras tão vãs. Querendo acalmá-la, Sílvia lhe di­zia apaziguadoramente:

— Você deve deixar passar estes primeiros mo­mentos tão cruéis. . . para vocês duas. Agora, vamos dar um pequeno passeio de auto. Talvez depois vo­cê esteja mais calma e possa conversar melhor com sua mãe.

— Passear de auto com você! Que má compa­nheira lhe serei!

No entanto, não recusou o convite.
CAPÍTULO XIX
A tranquilidade do Sr. Daubert ter-se-ia modifica­do muito se pudesse avaliar quanta falta fazia a Noel trabalhar em companhia de Sílvia, sobretudo se pudes­se verificar o domínio que nele exercia a linda moça, cuja presença parecia ser-lhe tão necessária como água a um sedento. Assim, vendo que seu trabalho naquele dia não lhe havia afastado do espírito a ima­gem de Sílvia, que naquele momento passeava de auto com Jocelina, Noel pensou com um rebate de prudência:

— Seria muito melhor se eu voltasse para Paris, caso não deseje deixar-me enfeitiçar completamente por essa temível e deliciosa Sílvia!

E, consciente de não haver feito naquela tarde trabalho algum de importância, tomou o caminho do hotel certo de encontrar ali a companhia desejada e com a esperança de ter a jovem para si unicamente, à hora do chá, pois sua mãe levara em sua compa­nhia a Sra. Contal, numa excursão.

Com passos apressados entrou no hotel notando logo a animação inusitada que reinava no hall. O porteiro falava nervosamente e parecia examinar a álea principal que vinha ter ao hotel, embora não se visse veículo algum que pudesse chamar a atenção. Instintivamente Noel o interrogou:

— Que sucedeu? Está tão preocupado. . .

— É que a Sra. Albret, muito inquieta, veio por várias vezes perguntar-me pela Srta. Jocelina, que saiu depois do almoço e não voltou até agora.

— Ela não saiu em companhia da Srta. Herblory?

— Justamente, senhor.

— E então?

— As duas senhoritas disseram que iam dar um pequeno passeio de automóvel, e até agora não che­garam. A Sra. Dalbert está com cuidados.. . Feliz­mente a Sra. Contal ainda não voltou, não sabendo portanto do que se passa.

— Quem guiava o auto?

— Creio que a Srta. Jocelina, pois é ela quem diri­ge sempre que sai com a Sra. Dalbert. Parece-me po­rém que a Srta. Jocelina não se sentia hoje muito bem. Tinha a fisionomia bastante alterada, e os olhos bri­lhantes, como quem sente febre. Peço a Deus que não lhe tenha acontecido alguma coisa durante o ca­minho! A tarde vai bastante adiantada e elas disse­ram, ao sair, que estariam de volta às quatro horas — a hora do chá.

Todo loquaz, o porteiro desfiava suas explicações, sempre com os olhos fixos no caminho. Noel também se pôs a olhar ansiosamente.

— Para que lado elas se dirigiram?

— Não sabemos, senhor. Nada disseram a esse respeito.

— Não é possível obter-se uma informação na garagem?

— Creio que não, senhor. Em todo caso, acres­centou o porteiro, a Sra. Dalbert nada disse a respeito, depois que foi lá para se informar. Essa pobre senhora me causa piedade. Está tão inquieta.

Também Noel começava a ficar inquieto. Quan­do estamos na incerteza todas as possibilidades se nos apresentam ao espírito. E cada vez mais a inquieta­ção se apoderava dele, mais premente ao pensamento de que Sílvia estava num auto dirigido por uma jovem nervosa e impulsiva; ela nada sabia a respeito de guiar automóveis. Nesse momento, a Sra. Albert vol­tou ao hall com a fisionomia tão transtornada, que demonstrava sua verdadeira idade, o que no seu estado natural não se notava. À vista de Noel teve uma ex­clamação, um grito de angústia.

— Então, nenhuma notícia ainda? Que suplício!

— Sra. Albert, queira entrar. . .

— Soube de alguma coi­sa? Meu Deus, onde teriam ido essas moças? Jocelina guia com perícia, mas não se sentia muito bem quando lhe dei permissão para sair. Pensava que a companhia de Sílvia lhe faria bem. Queira Deus que nada lhes tenha acontecido!

E retorcia desesperadamente as mãos cerradas.

— Ela sempre tão senhora de si!

Sua ansiedade aumentava a de Noel. Este teve uma súbita visão do rosto radiante de Sílvia, de seu corpo esbelto, talvez desfigurados agora, e que jamais tornaria a ver no seu esplendor juvenil. . .

Disse de repente:

— Vou até a garagem; talvez lá saibam alguma coisa. Oxalá se trate de pequeno desarranjo do mo­tor, que as tenha retardado. Tranquilize-se Sra. Albert.

— Sim, vá Sr. Daubert, vá depressa.

Na garagem, porém, a brutal evidência destruiu a esperança a que o rapaz se apegava: as duas moças ainda não tinham voltado e delas nada sabiam. Então, sentiu-se aniquilado pela sua impotência e incapaz de conservar-se inativo diante dessa incerteza que pare­cia não findar. Não desejando voltar novamente ao hotel onde encontraria a aflição da Sra. Albert, to­mou o caminho pelo qual supunha que as duas jo­vens tivessem ido. Pouco a pouco caía o crepúsculo de setembro.

Não se via nenhum automóvel no percurso, ape­nas um delicado vulto que o fez estremecer. Esse vulto, aumentava rapidamente, aproximando-se. Reconheceu-o de súbito: era Sílvia! Não podia duvidar. Reconhecia-lhe a forma esbelta, o passo li­geiro, os cabelos que lhe escapavam de sob o chapéu claro... Mas, por que vinha ela a pé, sem Jocelina?

Lançou um apelo que ressoou no ar fresco da tarde como um grito, um grito de alívio. Sentia uma alegria irresistível apoderar-se dele e apaziguar-se instantaneamente sua ansiedade.

— Sílvia, é você mesma, não é? Criatura traves­sa, onde esteve escondida? Por que Jocelina não es­tá em sua companhia? É um absurdo, um verdadeiro crime afligir dessa maneira os seus amigos! Estou muito aborrecido com você!

Estas palavras, que ele não pesava, escapavam-lhe ao acaso, ditadas pela espécie de cólera que sen­tia ao lembrar-se dos atrozes minutos que acabava de viver. Uma alegria louca, verdadeiramente louca, agi­tava-lhe a alma ao ver Sílvia à sua frente, sã e salva, dirigindo para ele os seus olhos brilhantes, onde se vislumbrava qualquer coisa de indefinível — não ape­nas a surpresa do acolhimento que recebia.

Sim, era bem ela, e não seu fantasma! Nesse instante foi necessário a Noel grande esforço para não a tomar entre os braços como a um tesouro perdido, de súbito recobrado, beijando-lhe sofregamente o rosto. Como se de repente um cansaço a dominasse, agora que não mais se encontrava sozinha, Sílvia se havia sentado, deixando-o falar à vontade:

— Como se explica a sua presença sozinha aqui? Não saiu em companhia de Jocelina?

— Sim, nós saímos da garagem juntas, mas, ape­nas nos afastamos de Bex, Jocelina parou o carro e, como não quisesse mais ter-me em sua companhia, pretextou que somente a solidão lhe poderia fazer bem. Pedi-lhe que me trouxesse de volta, ou que déssemos um passeio a pé, como tínhamos combinado de manhã. Não lhe compreendia esse repentino capri­cho. Qualquer coisa no andar dela, no fulgor dos seus olhos, me assustou; minha insistência, porém, não serviu senão para aumentar ainda mais a sua decisão — de fazer mal a si mesma, como eu bem adivinhava. Afinal, resignada e receando ser indiscreta, ace­di ao desejo dela; descemos ambas do auto. Logo em seguida ela pareceu acalmar-se, quase sorrindo para mim, depois, pronta para subir novamente no auto, abraçou-me num súbito impulso.

Não fique com esse ar tão assustado, Sílvia, garanto-lhe que tenho o juízo perfeito e que procedo da melhor maneira, sabendo perfeitamente o que vou fazer. Muito agradecida, Sílvia, você tem sido mui­to boa para mim. Tudo acabará bem”.

— E ela tomou lugar no auto, pondo-o em movimen­to com uma velocidade tão louca que não pude dei­xar de gritar-lhe:

— Você não vai muito longe, não é verdade?

Com voz já distante, respondeu-me:

— Não, não irei longe; pode ficar tranqüila.

— De tranquilidade eu nada tinha, tanto assim que, apenas o auto desapareceu na estrada rápido como uma flecha, dirigi-me sem refletir para a aldeia da Virgem do Carvalho, que havíamos escolhido como ponto final de nosso passeio. A pé era muito mais longe do que parecia. Por isso é que estou voltando tarde. Quando cheguei lá, Jocelina ainda não tinha aparecido; não sabendo onde pudesse encontrá-la, pus-me imediatamente de volta para Bex. Só você sabe o que aconteceu a ela, diga-me logo, Noel. Ela voltou para o hotel, não? Oh, por que não responde? Não vai dar-me a terrí­vel notícia de que Jocelina ainda não voltou, não é?

Esta narrativa Sílvia a tinha feito com palavras entrecortadas, e enquanto caminhava. Como Noel nada respondesse, a moça parou de repente, com os olhos esbugalhados por tal temor que ele disse, ape­nas para acalmá-la:

— Certamente a esta hora Jocelina já deve es­tar no hotel, o que é um alívio para a aflição da Sra. Albert.

— Oh, compreendo. .. Meu Deus, por que fui eu aceder ao desejo dela? Por que a deixei ir so­zinha?

— Ainda bem que foi assim — murmurou Noel en­tre dentes.

Tê-lo-ia a moça entendido? Novamente Sílvia recomeçou a andar, quase a correr, sem mesmo no­tar que ela, que era tão independente, tinha o braço apoiado ao de Noel. Muitas pessoas que haviam sido informadas da demora das duas moças aguardavam-nas no portão florido do hotel. Entre elas a Sra. Albert, aflita, en­costada ao pilar do portão; ao lado dela se encontra­va Suzana Contal, que acabara de voltar da excursão feita em companhia da Sra. Daubert e tinha sido avi­sada da demora das duas jovens. Escapou-lhe um grito quando avistou a afilhada sozinha:

— Jocelina! Onde está Jocelina?

— Ela vem no auto — respondeu Sílvia instinti­vamente ao ver o desespero estampado no rosto da Sra. Albret.

Desta vez a Sra. Albret não disse uma palavra sequer; apenas cerrou ainda mais as mãos e conti­nuou na sua dolorosa espera.

Quando se soube afinal do que sucedera, já era quase noite. A notícia foi trazida por alguns automobilistas. Dirigiam-se para Bex quando ao sair da flo­resta, nas proximidades da curva situada aquém do Vale Florido, encontraram, junto do veículo ali exis­tente, um automóvel tombado, que parecia ter ido de encontro a uma árvore; ao lado estava o corpo de uma jovem. Tinha a cabeça ensanguentada, e uma perna e um braço fraturados. Haviam-na trazido de­sacordada, mas com vida, ao que parecia.

Foi somente noite avançada que Jocelina voltou a si. No delírio da febre deixara escapar o segre­do que tinha resolvido guardar consigo. Tinha sido propositalmente que jogara o auto de encontro à ár­vore situada à entrada do viaduto, no irresistível de­sejo de se libertar para sempre a uma dor que havia atingido uma tamanha intensidade. Tendo tomado esta louca re­solução, havia afastado a companheira para ficar so­zinha, livre para levar a efeito o que planejara.

Foi no silêncio da noite que a Sra. Albret sou­be da verdade que a crucificava, mas nem ela nem a filha falaram a respeito senão mais tarde, bem mais tarde. . . Quando tudo se normalizara. Jocelina ainda continuava no leito, recebendo os cuidados de sua mãe. De repente, murmurou-lhe, com os olhos fitos no rosto dela, que parecia enve­lhecida pela aflição por que passara:

— Oh, mamãe, como foi bom tornar a vê-la, não ter morrido! Mas é preciso, querida mamãe, que tor­ne a vê-la como antes do acidente.

Após pequeno silêncio, acrescentou:

— Mamãe, quando eu estiver melhor, a senhora escreverá a Estevão, para que venha. Tenho a certeza de que somente ele poderá torná-la como desejo que seja.

E enxugou com beijos as lágrimas que caiam das pálpebras cerradas da mãe...


CAPÍTULO XX
Depois desse dia cheio de emoções para alguns dos hóspedes do hotel, o repouso da noite foi pertur­bado pela recordação do acidente (julgavam ter sido um acidente) no qual pouco faltara para que Jocelina Albret perdesse a vida.

Noel dormiu mal, muito mal, agitado por pesa­delos que o despertavam de súbito, com os nervos tensos; depois, retomava consciência da realidade, ve­rificando que seu receio não tinha razão de ser. A pouca distância dele, sob o teto do mesmo ho­tel, sem dúvida dormia a jovem por causa de quem passara por desesperada e imprevista angústia. Es­ta certeza alternativamente o exasperava e enchia de uma alegria absurda, como a aproximação de uma felicidade inaudita, cuja realização ele aguar­dava com ansiedade e com o pensamento rebelado diante da perspectiva dos laços que o prendiam a Sílvia, dos quais tivera repentina revelação.

— Como sou nervoso algumas vezes, pensou Noel ao despertar no dia seguinte. Essa jovem me fez perder ontem todo o bom senso.

Embora. . . Este bom senso, porém, ele o torna­ra a encontrar, experimentando forte impressão de alívio ao dizer:

— Nada mais tenho a recear por causa de Síl­via. Dentro de poucas horas vou encontrá-la como desejo, como era ontem, toda minha, ela que tão zelosamente evita qualquer intimidade.

E a moça lhe aparecia como uma presa tenta­dora em redor da qual movia seu desejo, violen­to e sincero, e contra o qual sua prudência se revoltava. Pensou:

— Felizmente parto amanhã com mamãe. Lon­ge dela verei melhor de que lado sopra o vento.

Naquela manhã, entretanto, o vento soprava como tempestade, avivando-lhe ainda mais o desejo embriagador que tinha de estar ao lado dela. Mas isso lhe parecia impossível naquela manhã de setembro. Sílvia estava invisível para ele, em companhia de Jocelina. Dedicadamente a jovem havia oferecido seus préstimos a Sra. Albret, como se o fato de, na véspe­ra, ter cedido à vontade de Jocelina, deixando-a só, a tivesse tornado a única responsável pelo que su­cedera.

Noel somente pôde vê-la à hora do almoço, jun­to à porta do salão de refeições, onde aguardava a chegada da madrinha. O rapaz tomou entre as suas a pequenina mão que imediatamente se estendeu para ele e seu ner­vosismo desapareceu de repente ao contato dos per­fumados dedos que seus lábios roçaram impacientes.

— Bom dia. Foi o que apenas Sílvia lhe pôde dizer.

Tinha um ar de felicidade e nos seus olhos bri­lhava o mesmo clarão misterioso que tanto o havia impressionado na véspera quando, na estrada, se aproximara dela, emocionado pela alegria de encon­trá-la de repente.

A Sra. Contal chegou nesse momento e Noel foi obrigado a afastar-se, dirigindo-se para o lado onde estava sua mãe, já sentada a uma das mesas.

Nesse mesmo dia partiu Marise, que até o últi­mo instante enviava a Noel seu sorriso evocativo de discretas promessas, que disfarçava a ferida de tantos sonhos desfeitos... Não mortos ainda, tal­vez susceptíveis, de ressuscitar, pois, apesar de tudo, bem sabia como proceder para encontrá-lo em Paris, por mais desejoso que o rapaz estivesse de conservar sua liberdade. Também, na falta de melhor, ainda restava Hugo de Pradon...

A moça apenas pôde dirigir breve adeus a Noel, muito preocupado pelos aborrecidos preparativos das bagagens e do automóvel em que devia conduzir sua mãe. À medida que os minutos decorriam rápidos, estupidamente tomados, uma cólera impaciente invadia o rapaz diante da persistência da má sorte que o perseguia tornando-lhe impossível, justa­mente quando se aproximava o momento de sua par­tida, um encontro a sós com Sílvia. Esta tinha voltado ao apartamento da Sra. Albret.

Quando, no fim da tarde, depois de aborrecida espera e já exasperado, Noel passeava pela álea das tílias, teve repentino estremecimento ao ver Sílvia que subia pelo atalho das cabras. Ela, porém ignorava que, imóvel no caminho, Noel a via aproximar-se como um raio de sol dissipador de densa nuvem.. Espera­va-a, naquela mesma álea que ambos tinham percor­rido, um ao lado do outro, no inesquecível dia da mis­sa de caridade, que havia decidido da aproximação dos dois.

Um derradeiro eco de sua furiosa impaciência vi­brava-lhe ainda na voz quando lhe disse, estendendo-lhe a mão:

— Até que enfim! Afinal você se digna deixar que me aproxime. E não é sem tempo, ingrata criatura, pois ainda me ressinto da emoção de ontem, quando a julguei perdida, ferida, morta. Que sei eu? Acho que bem mereço, eu também dos cuidados de um coração compassivo.

Sílvia sorriu-lhe e um brilho lhe iluminou o pe­queno rosto misterioso, enquanto contemplava o largo horizonte que se descortinava diante de seus olhos, oferecendo-lhe o magnífico espetáculo do pôr-do-sol.

Noel, entretanto, nada via a não ser a jovem que lhe dizia com uma espécie de ironia cariciosa:

— Certamente que sim, você bem merece caloro­sos agradecimentos, ainda mais que tenho certeza de que quase teve medo por minha causa.

— Quase?! Por que essa maldosa restrição? No entanto você não é namoradeira...

— Quem sabe? Talvez o seja, à minha moda. Do que, todavia, não resta a menor dúvida, é que não o sou à maneira de Marise. Acima de tudo, sinto neces­sidade absoluta de sinceridade, tanto da minha como da parte dos outros.

— Sim, compreendo. . .

E os olhos do rapaz a envolviam de modo que mais parecia um ato de posse absoluta.

— Compreendo, Sílvia, e é essa a razão por que você é a mais preciosa criatura que tenho encontrado até hoje, sem contar minha mãe, é claro. Peço-lhe, por isso, que não falemos mais a respeito de Marise. Ela não significa coisa alguma para mim.

Seu tom era breve, quase impaciente e compará­vel ao gesto com que se repele um bibelô qualquer, tornado inútil. Os olhos de Sílvia se ergueram para ele, com sua expressão misteriosa: pensativos, um tan­to desdenhosos, mas também luminosos, de uma lumi­nosidade de aurora...

— Sim, compreendo — disse ela. — Marise partiu esta manhã. Você não teria falado dessa maneira há três semanas atrás, antes de o sortilégio da música ter des­pertado em você tão poderosamente, mais forte do que os encantos dela. Pobre Marise, obrigada a deixar Bex sem saber por que, de repente, deixou de parecer-lhe atraente! Sem dúvida deve pesar-lhe na consciên­cia o remorso de tê-la iludido.

— Iludido, por quê?

— Porque, pelo seu modo de proceder para com ela, bem podia Marise supor que o tivesse conquista­do de modo completo.

— Por causa da refinada arte de conquista de Marise, à qual, no entanto, dei o valor que merecia? Desde criança que conheço o jogo da pesca, que me divertia imenso quando era pequeno. Agora, sou grande e, apesar da idade, não deixo de ser infantil a certos respeitos. Eu e os outros rapazes aceitamos de boa vontade o que as lindas e espertas moças de hoje nos oferecem, dando a esse jogo a importância que merece. As sabidas moças modernas — note que não me refiro senão a estas — conhecem perfeitamen­te o que é um namoro, suas leis, suas vantagens e também seus riscos, conscientes do que elas e nós ne­le arriscamos. Depois, quando o jogo perdeu toda a sua sedução, nós nos despedimos com um delicado adeus e vamos procurar um outro namoro.

— Isso não é bonito, nem correto e muito menos delicado. — Replicou a moça num tom de convicção tal que o impressionou, causando-lhe, sobretudo o receio de ter sido demasiado franco para com Sílvia, que ele sabia ser muito sincera.

— Não tome esse ar tão severo, Sílvia. Confesso que não sou mais santo do que os outros, e que as nossas mais encantadoras moças sabem muito bem como se precaver. É verdade que somos um tanto exi­gentes quanto às qualidades das jovens às quais sen­timos a tentação de ligar para sempre nossa vida. Confesso que, de minha parte, jamais apresentarei à mamãe uma jovem a quem ela não possa considerar como filha. Por mais insensato que eu seja, tenho cer­teza disso. Você acredita, não é? Principalmente agora que nossos exercícios de música desfizeram a muralha através da qual ambos procurávamos conhecer nosso eu interior. Com que alegria penso que poderíamos recomeçar novamente aqueles exercícios assim que eu estiver de volta a Bex, depois de ter conduzido ma­mãe para nossa casa! Desejava rever aqui a minha partitura, revê-la com você... Se o consentir antes de submetê-la à autoridade que vai julgar da sorte dela. Além disso, desejo mostrar-lhe os trabalhos que tenho feito aqui.

Sílvia não respondeu logo; depois disse pausadamente:

— Quando você voltar sem dúvida já terei partido.

— Terá partido?! — Exclamou o rapaz. — Mas a Sra. Contal me disse que desejava passar mais algumas semanas em Bex...

— Sim, madrinha tinha essa intenção. . . mas re­cebeu chamados insistentes. Também sou esperada com impaciência em N.

— Esperada com impaciência? Acaso será noiva?— Perguntou Noel de repente, detendo-se no meio do ca­minho ainda iluminado pelos últimos clarões do pôr-do-sol.

Sílvia fez um gesto negativo, intimamente diverti­da pela inesperada suposição.

-— Não sou noiva!

Bem longe, na sua lembrança, surdia a imagem de Felipe.. . Sim, se o tivesse desejado, seria espera­da em N. por um noivo dedicado.,.

Como Sílvia nada respondesse imediatamente, Noel dirigiu para elas seus olhos que a interrogavam imperiosos, adivinhando-lhe no rosto expressivo um pensamento que a jovem não exprimia. Para forçá-la a dizer alguma coisa, repetiu:

— Diga-me que não está noiva e que não vai en­terrar-se em N.? Isso seria impossível, você morreria de tédio. . .

— Pelo contrário. Em N. encontrarei minha que­rida vovó, a quem amo infinitamente, acima de qual­quer outra pessoa.

Seria essa a verdade?

— Já lhe falei a respeito de vovó muitas vezes. — continuou. — Você já deve conhecê-la um pouco, pois sabe por que a admiro tanto. É tão bondosa quanto sua mãe, possui uma alma muito elevada, a alma das pes­soas que muito sofreram e que já estão a caminho do céu. Ela me adora e, no entanto, já faz três meses que a deixei! Preciso, oh, sim, preciso voltar para jun­to de vovó. Vovó, que com tão boa vontade me emprestou à madrinha! Só o pensar na felicidade que vou causar-lhe ao voltar compensará meu pesar de ver terminados os bons tempos de Bex.

— Sente pesar em deixar Béx?

— Sim, para mim esta temporada passou mui­to depressa.. . Bastante razão têm as pessoas de experiência em dizer que tudo o que é bom dura pou­co.. . Depois que saí de N. minha vida interior tem sido intensa, intensa como sempre desejei que fosse! A alma, o cérebro.. .

— O coração também? — Interrompeu-a Noel.

Síl­via não repetiu esta frase. Continuou:

— Tudo teve a sua parte...

— Gostou de nossos exercícios de música? — Per­guntou-lhe ele, procurando arrancar-lhe a revelação que os lábios dela teimavam em lhe ocultar. — Para mim, foram tão preciosos que não posso vê-la partir sem me deixar a esperança de encontrá-la em Paris, dentro em breve. A Sra. Contal a considera como fi­lha e, como tal, lhe reclamará novamente a companhia.

— Em Paris madrinha não tem necessidade de mim. Creio mesmo que eu dificultaria sua exis­tência independente e tão ocupada! Salvo algum im­previsto, penso que ficarei ao lado de vovó, procuran­do indenizá-la do seu isolamento de três meses. Sem dúvida, em breve teremos necessidade uma da outra...

Sílvia deteve-se novamente, isolando-se por um segundo no seu jardim secreto. Pensava em sua mãe, no Sr. tesoureiro...

Noel não o podia adivinhar, nem tinha o direito de interrogar. E com um ar melancólico e garoto, e, ao mesmo tempo, de gravidade, concluiu:

— Aliás, julgo que não seria bom para mim le­var uma existência tão diferente daquela que, segun­do todas as aparências, o futuro me reserva...

— O futuro? Que sabe a esse respeito? Apesar do que disse, sua madrinha certamente a chamará e você voltará... Eu o quero, suplico-lhe, Sílvia! Sim, você voltará, atendendo à generosa ternura de sua avó que, esquecendo-se de si mesma, a enviará para junto de nós, sabendo que em Paris está a sua feli­cidade.

— Mesmo assim, mamãe não o permitiria, embo­ra não tenha necessidade alguma de minha presença. Ama-me à sua maneira e não consentirá que eu a deixe por causa da madrinha.

O rosto de Noel tomou sua expressão imperiosa:

— Tanto pior para ela. Oh, perdoe-me esta ir­reverência, se não soube cercá-la da necessária ternura a fim de impedir que os outros, as pessoas que a estimam, a queiram tomar para si.

A moça teve um estremecimento, mas não se vol­tou para ele. Seu olhar se dirigia para o longínquo horizonte que aos poucos emergia nas sombras. Um desejo intenso de desabafar-se lhe queimava os lábios.

— Oh, não fale assim! Não o deve fazer. Não mereço que me trate como Marise!

O rapaz se inclinou, obedecendo a um impulso soberano que o levava para ela.

— Posso perguntar-lhe se deseja compartilhar co­migo do coração amoroso de minha mãe? Sei que o coração de mamãe está pronto a abrir-se para você.

— Quanto à sua mãe, não duvido. Ela é bondosa e deseja sempre fazer as suas vontades, mas há seu pai. Muito melhor do que eu, você conhece os proje­tos dele a seu respeito, o desejo que ele tem de se re­compensar do que chama a sua decepção. Noel, con­fesso-lhe que sou mais exigente do que a música e ja­mais consentiria em pertencer à sua família, a não ser a pedido de seu pai. Além disso, tenho medo de você! Receio que mais tarde você venha a arrepender-se do que fez, alegando tê-lo feito sob a influência do en­canto de tudo o que nos aproximou por momentos. Talvez mesmo venha a considerar-me um obstáculo para o futuro que o aguarda dentro de pouco tempo. Você compreende o que quero dizer. . .

Noel a escutava estupefato e mortificado por ou­vir a jovem pronunciar em tom resoluto estas pala­vras desenganadoras que revoltavam o que de melhor havia nele, sua avidez de liberdade e horror dos en­traves e responsabilidade.

— Sílvia, quererá você dizer que eu não soube atraí-la, nem sequer fazer-me estimar por você? Então quer dizer que faz de mim muito mau juízo para confiar-me sua vida. . .

— Nem sequer pensei nessas coisas. — Respondeu a moça francamente.

Seus lábios tremiam ligeiramente ao responder. Desesperada, acrescentou:

— A verdade é que você é demasiadamente ri­co para mim e o tempo dos contos de fada já passou há muito... Sei o que todo o mundo diria e jamais poderia conformar-me com isso!

— Demasiado rico! — Repetiu o rapaz quase encolerizado. — Meu pai, sim, é rico! Eu não! Aliás, você bem sabe a importância que dou a essa riqueza.

Desta vez Sílvia se voltou para ele. Em seu rosto radiante havia uma expressão de ternura e resolução. Sua mão apoiou-se ao braço de Noel.

— Peço-lhe em nome de nossa felicidade que seja sensato. Parta amanhã com sua mãe; quando estiver em sua casa poderá conversar com ela, com seu pai, enfim, refletir melhor longe de mim. . . Então você compreenderá quem de nós está com a razão... E verá se não é preferível que continuemos como ami­gos, amigos sinceros, incapazes de esquecer um ao ou­tro. Ou então você virá procurar-me, se vovó consen­tir, em separar-se da Alegria de sua Vida sem muito sofrimento. E depois, depois... Oh, voltemos depres­sa! Já deve ser muito tarde.

Noel ergueu os ombros.

Justamente nesse instante o sino da igreja dava as primeiras badaladas do Ângelus, que vibraram no céu escuro, onde se avistava uma primeira estrela.

— Sim, talvez mamãe e a Sra. Contal estejam à nossa espera, mas como são boas, nos perdoarão, ob­servou o rapaz indiferentemente.

E seus lábios beijaram inúmeras vezes as mãos de Sílvia, única coisa que ele se atrevia a fazer


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