História Revisada pelas Revisoras da Romances Sobrenaturais



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— Eu não sabia de outra maneira para aquecê-la.

— Foi você? — Novamente o calor subiu pela espinha de Allegra ao saber que aquele homem, o qual considerava seu inimigo devido às circunstâncias, fora quem a salvara.

— Você ficou tão gelada que temi que estivesse morta. — Ele estreitou os olhos para observá-la. — Você estava?

Allegra sacudiu a cabeça.

— Não. Eu estava... num outro lugar.

— Não num lugar quente e amistoso, levando em conta o seu estado. Mas não importa. Agora, você está de volta. — Em vez de se afastar, ele limitou-se a mudar ligeiramente de posição, de modo que ela teve de pousar-lhe uma mão no peito para não ser pressionada por seu peso.

Merrick afastou-lhe os cabelos ruivos com gentileza do rosto.

— Isso acontece com frequencia, essa ida para um outro lugar?

Diante do toque, ela estremeceu, embora não de frio daquela vez. Na verdade, com o mero roçar daquela mão em sua pele o calor aumentou.

Perguntou-se quanto deveria lhe contar. Depois de um momento de hesitação, respondeu:

— Acontece apenas quando sou obrigada a usar todo o poder dentro de mim.

Ele refletiu apenas por um momento antes de menear a cabeça, uma expressão sincera nos intensos olhos azuis.

— Eu lamento. Não me dei conta do que estava pedindo a você. Eu só sabia que faria tudo o que fosse necessário para poupar meu filho. Hamish deve ter chegado muito mais perto da morte do que eu havia pensado se foi necessário todo o seu poder para trazê-lo de volta.

Allegra não soube dizer o que a surpreendeu mais, o pedido de desculpas dele, ou sua aceitação sem questionamento da explicação que lhe dera.

— Você acredita em mim? — perguntou sem conseguir ocultar sua surpresa.

— Depois de ter visto o que você fez pelo meu filho, estou disposto a acreditar em qualquer coisa. Quer você seja uma feiticeira, ou uma maga, eu não me importo, cara dama.

— Não sou uma feiticeira, milorde. Sou meramente uma mulher que aprendeu a usar certos poderes que existem dentro de todos nós.

Uma simples mulher? Merrick duvidava daquilo. De quaquer modo, não havia como negar a maneira como seu corpo reagia à proximidade que mantinha com ela no momento. Na verdade, estando próximos ou não, percebera logo desde o primeiro instante em que a vira quanto Allegra o afetava. Se fosse qualquer outra mulher, talvez estivesse disposto a sucumbir ao desejo de encontrarem mútuo prazer um nos braços do outro. Tinha de se lembrar repetidamente que ela poderia enfeitiçá-lo, se assim quisesse, e ele estaria de mãos atadas para impedi-la.

— Se é o caso, então porque todos não possuem esses poderes?

— Minha avó disse que é porque as pessoas se esqueceram.

O comentário o fez abrir um sorriso que lhe iluminou o semblante sério.

— E como você lembrou desses poderes?

Allegra tentou ignorar aquele sorriso e a maneira como lhe alterava a expressão, mas não foi fácil. Preferia vê-lo de cenho franzido. Ao menos, daquele modo, podia se lembrar de que ele era o bruto que a tirara da proteção de seu lar e de sua família. Quando o via sorrindo daquela maneira sentia algo se aquecendo em seu íntimo.

— Eu aprendi com a minha mãe. Ela aprendeu com a sua e, assim, sucessivamente. Talvez aqueles sem mãe tenham sido os primeiros a esquecer.

Allegra viu o sorriso dele se dissipando e lembrou-se tarde demais, da mulher pairando ao lado da cama do jovem Hamish

Sua voz baixou.

— Outros simplesmente ficaram descuidados. Ou envergonhados dos poderes que possuíam. De acordo com minha mãe, aqueles que perderam seu poder começaram a perseguir os que ainda o tinham.

— Então é por essa razão que vocês vivem no Reino Místico? Para evitar perseguição?

— A vida é mais simples lá. Nós aceitamos o que temos sem questionamento, pesar ou arrependimento.

— E há outras pessoas como você vivendo lá?

Ela sacudiu a cabeça.

— Apenas minha família, Bessie e Jeremy.

— Vocês não tem nenhum homem lá exceto esse troll?

Um brilho de desafio surgiu nos olhos verdes dela.

— Que necessidade temos de homens? O que poderiam fazer por nós que nós mesmas não somos capazes de fazer?

— Homens podem protegê-las. Caçar para lhes prover alimento. E construir boas cabanas.

— Nós sabemos nos proteger, milorde, embora o único perigo venha de fora do nosso reino. E quanto a comida e abrigo, nós mesmas cuidamos disso muito bem.

— Eu vi a sua horta. E vi quanto trabalho árduo você lhe dedica para mantê-la.

— Não me importo com o trabalho árduo. Nem tampouco as outras mulheres de minha família. Está vendo? Nós nos arranjamos perfeitamente bem sozinhas. Não precisamos de homens.

— Sim. Estou vendo. Ao que parece, sua mãe não contou tudo a você.

Allegra viu algo surgindo nos olhos azuis de Merrick, um brilho peculiar e enigmático que a deixou intrigada.

— Eu não entendo.

— Homens podem ser bons para outra coisas. — Ele baixou a cabeça até que seus lábios estivessem muito próximos dos dela. — Como isto.

Aqueles lábios cálidos roçaram os de Allegra com a gentileza das asas de uma borboleta. Ele viu-a arregalando os olhos com ar de grande surpresa, sem se dar conta de que sua própria reação fora semelhante.

Quisera apenas provocá-la. Mas as coisas haviam fugido de seu controle. Bastara provar-lhe os lábios de leve e sabia que queria mais.

Antes que ela pudesse afastá-lo, Merrick estreitou-a com firmeza junto a si e aprofundou o beijo.

Que combinação de sabores havia ali. Uma doçura que ele queria explorar com todo o vagar. Allegra tinha a vivacidade do verão. Quente. Vibrante. E da água de chuva, pura, fresca e cristalina. Jamais beijara lábios tão macios. Tão perfeitos.

Não planejara aquilo, por certo. Mas agora que os lábios de ambos haviam se encontrado, não havia volta. Estava completamente perdido na doçura daquele beijo.

Allegra, por sua vez, só se dava conta de que não conseguia pensar com clareza. Não era capaz de formar um só pensamento coerente. Tudo o que podia fazer era afundar os dedos nos pelos que cobriam o peito dele e apoiar-se enquanto o quarto parecia rodopiar sem parar a sua volta.

Por que seu coração estava tão disparado? O que acontecera com sua força de vontade? Por que estava contente em ficar deitada ali, nos braços daquele homem, permitindo-lhe tomar tais liberdades.

Tomada pelas incríveis sensações evocadas pelo beijo, suspirou. Nunca soubera que os lábios de um homem podiam ser tão habilidosos. Com apenas o menor movimento sobre os seus roubavam-lhe o fôlego, causando deliciosos arrepios pelo corpo. Podia sentir seu pulso acelerado e perguntou-se como seu coração podia continuar batendo tão alucinadamente sem explodir no peito.

Quando Merrick continuou beijando-a até deixá-la lânguida e, ao mesmo tempo, eufórica, Allegra soltou um gemido abafado. Em resposta, ele também gemeu e aprofundou ainda mais o beijo, fazendo-a retribuir instintivamente.

Só depois de um longo tempo conseguiu reunir forças para erguer a cabeça, rompendo o contato.

— O que você me fez? — Fitou-a como se estivesse atordoado e o aviso do primo voltou-lhe à lembrança. — Mulher, você me enfeitiçou.

Afastando as cobertas de peles, ele se levantou abruptamente, apoiando-se em pernas não tão firmes.

Junto à porta, fez uma pausa.

— Pedirei a sra. MacDonald que envie uma criada com uma refeição para você e Hamish.

— E um cavalo — retrucou Allegra quando conseguiu encontrar sua voz. — Pois eu fiz o que você mandou, e agora tem de cumprir sua promessa e me devolver a minha família.

— Eu lhe disse que sou um homem de palavra. Um cavalo será preparado. — Merrick virou-se e seguiu depressa pelo corredor, furioso consigo mesmo por ter-se esquecido, até mesmo por um minuto, de como aquela mulher era perigosa. Mesmo agora, com alguma distância entre ambos, continuava desejando-a. Tinha as mãos trêmulas e cerrou os punhos ao longo do corpo enquanto se afastava o mais que podia daquele quarto.

Se permitisse que a mulher o seduzisse, ela logo usaria seus poderes para controlá-lo. Era imprescindível que reunisse forças para resistir.

Por outro lado, era mais fácil dizer aquilo a sua mente do que a seu corpo. Bastara um simples beijo para que o fogo do desejo se alastrasse por suas veias, consumindo-o com sua intensidade. Havia algo de tão doce, de tão inocente em Allegra Drummond... Se soubesse que não devia ser o caso, poderia ter jurado que ela nunca estivera com um homem. E quisera, mais do que qualquer outra coisa, ser o primeiro. Quisera, naqueles poucos momentos, preencher seu próprio coração com toda aquela bondade e inocência. Dar e receber até que ambos tivessem ficado saciados.

Mas como podia saber se era reamente uma donzela, ou se aquilo não passava de um plano astucioso da parte dela para confundí-lo?

Era magia, pura e simples, e ele faria bem em se livrar da jovem ainda naquele exato dia.

Com a mente num turbilhão, foi ríspido com uma criada, impacientou-se com a pobre sra. MacDonald e logo teve o castelo inteiro em polvorosa, todos ansiosos para atenderem as ordens de seu amo.

Nos aposentos de Hamish, que ainda dormia serenamente, Allegra andou de lá para cá diante da lareira, tentando entender o que acabara de acontecer. Num minuto Merrick a estivera beijando até deixá-la com a mente girando. No minuto seguinte, saíra bruscamente do quarto, acusando-a de o ter enfeitiçado.

Na verdade, era ela que havia sido enfeitiçada. Por um guerreiro impetuoso e obstinado. Aquelas estranhas sensações que o homem lhe despertara a haviam feito tremer de medo. Nunca soubera que o toque de um homem, que seu beijo podiam afetá-la de maneira semelhante.

Durante aqueles poucos momentos, Merrick exercera um poder sobre ela que fizera seus próprios poderes diminuírem a ponto de torná-la competamente indefesa, vulnerável. Não era uma sensação da qual gostava.

E ainda assim... Tocou os lábios com a ponta do dedo. Ainda agora podia sentir o calor onde seus lábios tinham-na tocado. As sensações desconhecidas que a tinham percorrido tão intensamente. O que era aquele poder? Como era chamado?

Aquele homem era um enigma. Levara-a até ali contra a vontade. Achara-se no direito de dar ordens, ameaçara-a, chamara-a de bruxa e a vigiara atentamente como alguém teria vigiado um ser cruel. Por outro lado, aquele mesmo homem passara a noite em sua cama, aquecendo-a com seu próprio corpo, trazendo-a de volta através de pura determinação da beira do profundo abismo.

Sentia-se grata a ele, evidentemente. Mas agora estavam quites, pois ela se empenhara para lhe trazer-lhe o filho de volta do abismo também.

Hamish. Allegra virou-se do fogo e ajoelhou-se ao lado da cama do menino. A cor dele estava boa, a respiração, normal. Estava prestes a se afastar quando sentiu algo perturbador. Tocou-lhe as têmporas com a ponta dos dedos e ficou imóvel. Na mente do menino, havia um grande tormento. Ela podia sentir nuvens plúmbeas e agitadas que bloqueavam a luz.algo acontecera ao menino. Algum conflito o deixara terrivelmente assustado. O que quer que tenha sido ainda não fora resolvido. E até que fosse, a escuridão continuaria anuviando-lhe a mente.

Allegra levantou-se e, cruzando os braços sobre o peito, ficou absorta em pensamentos. Os medos que assolavam o menino não eram seu problema. Com o amor de todas aquelas pessoas à volta dele, Hamish encontraria a solução para seu íntimo turbilhão a seu devido tempo. Além do mais, ela tinha o poder de curar, não de ler mentes.

Havia feito o que o pai do menino exigira. Trouxera-o de volta dos umbrais da morte, recuperado. Agora, sem mais demora, devia voltar para a segurança do Reino Místico e o amor de sua família. Especialmente levando em conta sua reação àquele beijo inesperado. Tinha de fugir de Merrick MacAndrew e do estranho poder que ele exercia sobre si.

— Eu trouxe pão e queijo. — A sra. MacDonald entrou depressa no quarto e deu instruções a uma criada que carregava uma bandeja.

Allegra virou-se para fitá-las, conseguindo se recompor.

— Obrigada — disse à governanta com um leve sorriso.

Enquanto a grande bandeja era descoberta, a mulher mais velha tornou a virar-se para fitá-la.

— Como nosso menino dormiu essa noite?

Allegra fez um gesto na direção de Hamish, que continuava dormindo sob as mantas de peles.

— Dormiu bem, como pode ver.

— Sim. — A expressão da governanta suavizou-se com um sorriso afetuoso. — O castelo inteiro está radiante de alegria com a boa sorte de nosso amo, especialmente depois de pai e filho terem sofrido tanta dor.

— Dor? — Allegra arqueou uma sobrancelha.

— É claro. Você não teria ouvido falar. — A sra. MacDonald apressou-se a dispensar a criada. Quando a porta foi fechada, baixou a voz para explicar: — A mãe do menino foi encontrada morta, depois de ter caído do balcão do seu quarto.

— Como uma coisa dessas pode ter acontecido?

A governanta entrelaçou as mãos com força.

— Não há nenhuma explicação para isso. — Sua voz soou consternada. — Ao menos nenhuma que seja aceitável. — De repente, a mulher ergueu a cabeça num gesto incomum de desafio para alguém sempre tão humilde. — Eu sei o que os outros pensam. Que milorde causou esse ato absurdo.

— Mas por que?

A sra. MacDonald deu de ombros.

— Alguns dizem que, quando ele se cansou do comportamento estranho da esposa e ameaçou trancá-la para o próprio bem, ela preferiu acabar com a própria vida em vez de se submeter a isso. Outros comentam aos sussurros que ele simplesmente foi levado além do limite de sua paciência e resolveu o assunto com as próprias mãos.

Allegra levou a mão ao peito, chocada. Uma coisa daquelas era impensável em sua terra encantada. Mas ouvira histórias de sua mãe e avó sobre os espíritos malignos que pairavam sobre a terra, incitando os mortais a abraçar o mal.

Acredita numa coisa dessas, sra. MacDonald?

A mulher de compleição pequena sacudiu a cabeça prontamente.

— Eu sei do que os outros o chamam. A Espada das Terras Altas. Um guerreiro cruel e implacável. Mas não foi sempre assim. Quando era um menino feito Hamish, era bom e afetuoso. Mas ele mudou. Tanto milorde quanto a esposa mudaram.

— De que maneira?

A governanta tornou a dar de ombros.

— Milady ficou... estranha. Alguns dizem que ela enlouqueceu. Passou a zanzar pelo castelo à noite, ou pelos jardins, como se estivesse atormentada por almas penadas.

— E quanto ao pequeno Hamish? — Allegra lançou um olhar ao garoto adormecido. — Como ele foi afetado por tudo isso?

— Acreditamos que ele estivesse bem, em princípio. Mas eu o vejo mudando também. Com o pai frequentemente ausente em batalhas, tem havido... crises.

— Crises?

A mulher mais velha baixou ainda mais a voz.

— Ocasiões em que o menino parece se distanciar de nós. Ele parece ir para algum lugar em sua mente e, então, não se lembra das coisas que disse ou fez. — Ela começou a torcer as mãos. — A morte de lady Catherine deixou tanto milorde quanto seu filho sozinhos. Há mais de um ano que ele vive se ausentando, lutando numa batalha atrás da outra. E embora seus conterrâneos fiquem gratos, nós aqui no Castelo de Berkshire podemos ver o que sua ausência constante está causando ao menino. Não que culpemos milorde, nós entendemos. Pois ele tem de zelar pela segurança de todo seu povo. E talvez decida se ausentar porque, quando retorna e olha para Hamish, vê a sua amada Catherine. Isso é razão o bastante para um homem colocar distância entre si e aquilo que lhe causa dor, até que possa encontrar algum tipo de paz.

— Você realmente acredita que seu amo possa encontrar paz algum dia se causou a morte da própria esposa?

— Isso não cabe a mim saber. — A governanta endireitou os ombros, dando-se conta de que revelara demais àquela estranha. Mas era tão fácil conversar com a feiticeira. Dizer-lhe coisas guardadas dentro de si havia tanto tempo. Agora, era momento de ser prudente. — Eu providenciei para que seu vestido fosse limpo, em preparação para sua jornada de volta para casa. — Estudou-a atentamente por um longo momento. — As criadas estão cochichando entre si por causa dele, pois é mais refinado do que qualquer coisa que já tenham visto.

— Minha mãe trabalha no tear, tecendo a lã e, depois, costura os vestidos que eu e minhas irmãs usamos. Aprendeu essa arte com a mãe, cujo trabalho foi encomendado numa certa época pela realeza.

— Não é de admirar que seja tão fino. — A sra. MasDonald virou-se na direção da porta. — Você deve chamar uma criada tão logo nosso menino acorde. Milorde designou seus mais leais guerreiros para escoltar você de volta a sua casa.

— Obrigada, boa senhora.

Quando a mulher mais velha se foi, Allegra ignorou a comida e voltou a andar de um lado ao outro do quarto a mente em súbito turbilhão.

A história sobre a morte misteriosa a havia tocado fundo. Não sentira as trevas tomando conta de tudo no minuto em que pisara pela primeira vez no Castelo de Berkshire? Não tinha como saber se o lorde se envolvera na morte da esposa, pois era impossível ver-lhe o coração. Mas e quanto ao inocente menino? Fez uma pausa para estudá-lo. Era tão jovem. Tão doce. E sem uma mãe com quem pudesse contar.

Allegra tentou imaginar sua vida sem a mãe e a avó. Mulheres tão fortes e sábias. Nunca houvera nada que não lhes pudesse ter contado. Sabia que sua família estava sofrendo com sua ausência involuntária, assim como também sentia falta dela. Podia sentir aquilo em sua alma. Ansiava por estar de volta ao Reino Místico. E se não dissesse mais nada sobre os problemas do menino, poderia estar de volta em casa àquela hora no dia seguinte.

Evidentemente, se ela partisse agora, Hamish teria de lidar com os próprios fantasmas sozinho, pois só lhe restava o pai. Um pai que se mantivera ausente durante a maior parte da jovem vida do filho. Ainda assim, Merrick era forte e capaz. Um guerreiro experiente que sabia tudo o que era necessário sobre como lutar contra seu inimigo num campo de batalha. Um homem justo que ficara ao lado dela ao longo da noite, trazendo-a de volta do Vale das Sombras. Naquele exato momento, seguia sua palavra, tomando providências para que ela fosse levada de volta para casa.

Mas ele conseguiria lidar com o íntimo turbilhão de um menino pequeno? Estaria preparado para ensinar ao filho como enfrentar os terrores que o assolavam à noite?

Talvez, se ela não tivesse ouvido sobre a morte trágica e inexplicável da mãe de Hamish, não estivesse tão ansiosa naquele momento quanto a deixar o menino sozinho com seus problemas.

Pressionou a ponta dos dedos nas têmporas, esperando acalmar seu próprio turbilhão. Por que tinha de se importar tanto com os outros? Aquela sempre havia sido sua maior fraqueza. E era algo que sempre acabava causando grande conflito dentro de si.

Depois de ter andado mais um pouco de lá para cá, soltou um suspio resignado e despiu a camisola emprestada. Colocando seu vestido, começou a se preparar para a jornada de volta para casa.

CAPÍTULO 6

— Vejo que está acordado, querido. — A sra. MacDonald entrou com seu jeito eficiente nos aposentos, guiando uma criada. — Recebi ordens diretas de milorde para que você coma muito bem a fim de recobrar suas forças. Mara lhe trouxe mingau de aveia com mel.

Enquanto a jovem criada colocava a tijela quente sobre a mesa, a mulher mais velha parou junto à cama do menino.

— Você está forte o bastante para se sentar à mesa?

— Acho que sim. — Enquanto Hamish se apoiava no braço da governanta e se adiantava até a mesa, lançou um olhar a Allegra, que estava parada do outro lado quarto. —Quem é a linda dama?

— A curandeira.

— Curandeira? — O menino arregalou os olhos enquanto caminhava devagar até a mesa. — Você tem um nome?

— Allegra Drummond. — Ela se aproximou e lhe ofereceu um sorriso.

— Allegra. — Ele pensou por um instante. — Isso significa alegremente. Você é alegre?

— Acho que sim. Ao menos na maior parte do tempo. Como você sabe o significado do meu nome?

— Minha mãe me ensinou o sinificado de muitos nomes. Disse que o meu significa presente dos céus. — Depois que se sentou à mesa, indicou-lhe a cadeira diante da sua.

Allegra sentou-se e aceitou um cálice de vinho quente que a criada lhe estendeu.

— Você é um garoto de sorte por ter tido uma mulher tão sábia como mãe.

— A sua mãe era sábia?

— Ela é.


— Ainda está viva? — Ele começou a servir-se do mingau, comendo devagar, como alguém que quase tivesse se esquecido de como fazê-lo. — Ela costuma contar histórias e cantar para você até que adormeça?

— Minha mãe fazia isso quando eu era pequena.

O menino pensou a respeito por um momento e, então, disse num tom casual.

— Meu pai falou que eu caí de uma árvore.

Allegra meneou a cabeça, satisfeita em observar a maneira como a mente dele se alternava facilmente de um pensamento para o outro, o raciocínio bastante claro. Talvez tivesse se preocupado em vão. Hamish parecia esperto, forte e alegre.

— Diga-me, quantos anos você tem?

— Cinco. — Ele lançou um olhar incerto à governanta. — Ou já fiz seis?

— Você ainda tem cinco, querido.

Hamish tornou a se virar para Allegra.

— Por que eu precisei de uma curandeira?

— Por causa de sua queda, você adoeceu. Mergulhou num sono profundo e aqueles que o amam temeram que talvez você não acordasse sem minha ajuda.

Ele ficou pensativo e piscou, lembrando-se apenas por um fugaz momento daquele rosto e daquela voz suave e melodiosa que havia penetrado na escuridão que o envolvera. Subitamente, então a imagem se dissipou, sua mente tornando a ficar vazia no que se relacionava a sua enfermidade.

O menino comeu em silêncio antes de levantar os olhos na direção da governanta.

— Meu pai está realmente em casa, sra. MacDonald? Ou isso foi apenas um sonho?

— Não, não foi um sonho, meu jovenzinho. Milorde parece realmente contente em estar em casa com você.

Hamish baixou a cabeça, mas não antes de Allegra notar-lhe o sorriso de feicidade que lhe iluminou os olhos azuis. Comeu apenas mais um pouco do mingau antes de deixar de lado a tijela que ainda ficara pela metade.

A governanta estalou a língua com ar de reprovação feito uma mãe contrariada.

— O que você comeu não foi o bastante nem para sustentar um passarinho, menino.

— Tentarei comer um pouco mais depois, sra. MacDonald.

Allegra sorveu seu vinho e olhou para a porta quando Merrick entrou depressa no quarto, seguido dos primos.

— Mordred e Desmond se ofereceram para levar você de volta para sua casa.

Allegra sentiu um estranho frio percorrendo-a. Olhando na direção do balcão, perguntou-se se haveria ameaça de uma tempestade. Não avistando nuvens no céu, tornou a se virar para dentro do quarto.

— Eu lhe agradeço, milorde. Mas por que não envia um grupo de guerreiros?

A voz de Mordred soou com ativez.

— Meu irmão e eu não precisamos de guerreiros.

Ela teve de forçar um sorriso.

— A coragem de vocês é admirável. Não há muitos homens que concordariam em fazer uma jornada até o Reino Místico sem a escolta de exército.

Mordred soltou um pequeno resmungo.

— Ora, nosso primo fez isso e não parece ter sofrido consequência alguma. Além do mais, Merrick nos assegurou de que já matou o dragão que montava guarda às margens do Lago Encantado.

Allegra não pôde deixar de perguntar:

— E o que os faz pensar que havia apenas um dragão?

Logo viu o sorriso confiante de Mordred se dissipando.

Merrick estudou-a com um olhar calculado.

— Você me dará sua palavra de que meus primos não serão hostilizados quando chegarem a seu reino. De que não haverá tempestades súbitas? Nem monstros saindo do lago?

— Posso lhe garantir que, uma vez que eu chegar em minha casa a salvo, minha família estará lá para me receber. Será providenciado para que minha escolta seja recompensada com um banquete antes de ser enviada de volta perfeitamente a salvo.


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