História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez


A aniquilação de livros eletrônicos



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A aniquilação de livros eletrônicos
Nos últimos anos do século XX e início do XXI encontramos uma mudança de formato no livro que, além de transformar a leitura e introduzir elementos de interação bastante úteis, gera novos problemas. Existe agora o compact disc (CD), uma estrutura feita com uma base de policarbonato de 1,2 mm, com uma capa de alumínio de 100 mm e uma última capa de verniz acrílico cuja espessura é freqüentemente de 10 mm. A informação contida é armazenada por intermédio de um laser que produz microssulcos codificados segundo normas binárias da informática. Esses microssulcos se chamam ou pits (sulcos) ou halls (trilhos), e a presença do feixe de luz de outro laser de 0,8 mm se reflete numa superfície cujos pulsos finais são recolhidos por um diodo que os transforma em impulsos elétricos.

A importância de um CD pode ser medida considerando que um único disco pode armazenar toda a literatura grega antiga (como é o caso do famoso Thesaurus Linguae Graecae, que inclui textos desde os tempos de Homero até o império bizantino). Também pode conter toda a obra de Miguel de Cervantes ou de William Shakespeare. Pode conter integralmente a Enciclopédia Britânica ou um Atlas atualizado do mundo, pode guardar fotos digitalizadas de milhares de manuscritos medievais, o que indica que quando alguém destrói um disco com tal informação destrói uma biblioteca inteira. E de fato isso ocorre em muitos casos, pois os CDs, quando são arranhados ou já não podem ser lidos pelo leitor de CDs, são jogados no lixo.

A cada momento que passa o livro está se transformando. Começou uma revolução que exibe apenas os primeiros resultados. Nos últimos anos, apareceu no mercado um novo tipo de livro chamado em inglês ebook (eletronic book). Há um amplo mercado para esses livros, embora ainda não consigam substituir o livro tradicional com suporte em papel. Existem mecanismos como o Smart ebook, o Rocket ebook e o Softbook, para nomear apenas os mais importantes deste momento. Cada um pode armazenar milhões de dados e já se comenta que, em poucos anos, um estudante irá para a aula com toda uma biblioteca de mais de 14 milhões de livros no bolso. Esta era, naturalmente, ainda está no início, mas é óbvio que a destruição contínua desses livros, por acidentes ou vontade, não poderá ser evitada. Imaginemos que um desses estudantes destrua sua biblioteca eletrônica portátil: pelo menos 14 milhões de textos desaparecerão, embora sua existência obedeça a benevolências elétricas e químicas.

Por outro lado, convém assinalar que milhões e milhões de livros foram digitalizados e convertidos em dados eletrônicos recebidos por uma espécie de biblioteca de caráter virtual. A Universidade da Virgínia e o chamado Projeto Gutenberg, para mencionar apenas dois conhecidos patrocinadores de livros eletrônicos, oferecem pela internet milhares de clássicos em diferentes idiomas. Essas bibliotecas de traços futuristas, no entanto, não estão a salvo. Dezenas de hackers, ou piratas informáticos, tentam atacá-las constantemente para destruir seus arquivos. Não está longe o dia em que no lugar de fogo os biblioclastas utilizarão programas informáticos destrutivos, limpos e devastadores.

A internet, sem dúvida, foi um primeiro passo para a globalização do conhecimento e possivelmente tornará mais difícil o trabalho de destruidores de livros, mas não impedirá que a censura aos grupos promova a destruição dos centros de armazenamento de dados.

A destruição dos livros está longe de acabar.



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