Cuba: o duplo discurso
Em dezembro de 1999, centenas de livros doados pelo governo espanhol foram destruídos, depois de serem colocados no estacionamento do prédio do Poder Popular numa colina de Havana. O incidente se deveu a que funcionários do Ministério do Interior encontraram oito mil exemplares com a Declaração dos Direitos Humanos aprovada pelas Nações Unidas em 1948.
Esse feito não é novo. Em Cuba existe um magnífico sistema sanitário e educativo, mas o lastro ideológico foi motivo de perseguições incontáveis a intelectuais e de destruições suspeitas de livros. Em alguns casos, o escândalo contribuiu para impedir uma verdadeira análise dos fatos; de qualquer maneira, a revolução cubana tem sido efetiva nos expurgos culturais.
Enquanto eu escrevia este livro me chegaram notícias alarmantes que me comoveram. A coleção de livros de José Maceo foi confiscada e não se voltou a saber do destino dos livros. Em 24 de fevereiro de 2000, a coleção da biblioteca Felix Varela, uma das primeiras instituições totalmente livres, foi saqueada em Las Tunas por delinqüentes interessados, ao que parece, em ler romances de Victor Hugo e Leon Tolstoi. Em 2003, dezenas de bibliotecários foram detidos e alguns de seus livros confiscados e destruídos.
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