O Talmude e outros livros hebraicos
O Talmude, compilação hebraica de comentários e interpretações da Bíblia, foi um dos livros mais perseguidos da história. No Egito, em 1190, alguém ordenou a eliminação de vários exemplares para cumprir as nobres verdades do Evangelho. Gregório IX, em 1239, nomeou vários censores e mandou-os procurar exemplares do Talmude. Quando soube que foram armazenados, os fez queimar. Em Paris, dezenas de sacerdotes eliminaram centenas de exemplares em 1244. Luís IX, na França, mandou buscar cópias, de 1247 e 1248, e as destruiu. Também Filipe III, em 1284, e Filipe IV, entre 1290 e 1299, converteram a obra em cinzas.
Em 1319, em Perpignan e Toulouse, a Igreja queimou dezenas de exemplares. Em 1322, o bondoso papa João XXII mandou queimá-lo publicamente. Em 1490, em Salamanca, um auto-de-fé incluiu o Talmude e outras dezenas de livros hebraicos.
Em abril ou maio de 1559 foram queimados 12 mil livros, escritos em hebraico, em Cremona, cidade onde havia uma tipografia de livros judaicos.
Entre alguns dos livros destruídos estava o Ziyyuni, cujos mil exemplares desapareceram quase completamente. Em 9 de setembro de 1553, um grupo de sacerdotes em Roma recolheu exemplares do Talmude e optou por queimá-los em Campo di Fiore.
Uma polêmica célebre estalou entre Johann Reuchlin (1455-1522) e Johann Pfefferkorn. Segundo se sabe, o imperador ordenou, em 1509, a destruição de todas as cópias do Talmude no reino, o que foi avalizado pelo fanatismo piedoso de Pfefferkorn, mas Reuchlin se opôs à decisão e defendeu a utilização, com fins teológicos, do Talmude, o Zohar, os estudos de Rashi, Ibn Ezra, Gersonides ou Nahmanides, mas repudiou outros como o Toledot Yeshu, onde se denigre a figura de Jesus. Por ignorância, temor ou desejo secreto de equanimidade, o imperador revogou o edito de destruição em 23 de maio de 1510.
O livro Gelilot Erez Yisrael, do viajante Gershon Ben Eliezer Ha-Levi, provavelmente publicado em Lublin em 1635, foi queimado pelos jesuítas em Varsóvia logo depois, e se impôs uma segunda edição, em 1691, para evitar seu desaparecimento.
É bem conhecida uma das queimas mais recentes do Talmude, na Polônia, em 1757. Os kamenets-podolski pegaram mil exemplares dessa obra e as destruíram publicamente. E, naturalmente, os nazistas, de quem falaremos mais adiante, não perderam a oportunidade de aniquilar qualquer exemplar do Talmude existente na Alemanha.
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