A destruição da Bíblia de Gutenberg
Tudo o que sabemos sobre Johannes Gutenberg é duvidoso, distorcido e ambíguo. Acredita-se que nasceu em Mogúncia, em 1394 ou 1397, mas não há comprovação. Sabe-se que não se chamava Johannes Gutenberg, e sim Johann Gánsfleish zur Laden, mas optou por adotar sobrenomes mais aristocráticos. Dizem que seus pais foram Friele Gánsfleisch e Else Wyrich. Dela nada se sabe, embora se suponha que pertencia a uma família aristocrática. Em determinado momento, talvez em 1437, Gutenberg amou uma jovem, mas acabou no tribunal por quebrar a promessa de casamento, o que o fez decidir abandonar a idéia para sempre, se é que não havia tomado tal decisão previamente.
Ao que parece era ourives, especialista na cunhagem de moedas e medalhas. Por motivos ainda não esclarecidos, associou-se a Hans Riffe, Andres Dritzehn e Andres Heilmann para comercializar algumas invenções: uma ferramenta para polir pedras preciosas, instrumentos para fabricar espelhos perfeitos e uma imprensa de livros. Os negócios fracassaram e, durante o processo no tribunal, se tornou público o segredo: alguém pretendia inventar uma máquina de imprimir.
A falta de dinheiro obrigou Gutenberg a pedi-lo emprestado a um advogado de Mogúncia, Johannes Fust, que se tornou seu sócio. Gutenberg desenhou para sua máquina as letras que usaria, embora não se conheça o modelo que utilizou. O tipo de letra deveria ser idêntico ao gótico alemão da época, ilegível, firme, e quis que as páginas reproduzissem os antigos manuscritos com iluminuras, para não quebrar a tradição. O resultado foi a Bíblia de 42 linhas, que concluiu entre 1453 e 1455. Desse livro foram impressos cerca de 180 exemplares, mas só restam as partes de 48 cópias, 36 impressas em papel e 12 em pergaminho. O Museu Britânico guarda dois exemplares completos em suas prateleiras.
O próprio Gutenberg, segundo algumas fontes, destruiu exemplares em seu afã de aperfeiçoar a beleza dos textos. Para se ter uma idéia do valor desse livro, uma única folha vale atualmente setenta mil dólares.
O caráter do inventor, o zelo exacerbado ou o atraso nos resultados incomodaram Fust, que processou Gutenberg. Ganhou o pleito e a prensa passou para as mãos de Peter Schoffer, de Gernsheim, a serviço de Fust. Ironicamente, em 1457 Fust produziu o Saltério de Mogúncia.
No fim de seus dias, Gutenberg ficou cego e foi sustentado pelo eleitor Adolph von Nassau. Pelo menos é a informação alimentada pela lenda. Morreu em 3 de fevereiro de 1468.
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