A destruição de livros durante a Revolução francesa
A Revolução iniciada em 1789, na França, destruiu finalmente o regime monárquico e o sistema feudal, mas se caracterizou por desordens, saques, assassinatos e ataques diretos às propriedades daqueles que foram definidos como inimigos da liberdade. A guilhotina acabou com a vida de milhares de franceses. Saint-Just, no entanto, não estava satisfeito com o número de mortos e advertiu que era preciso aniquilar o centro mesmo do poder, isto é, o rei. Dessa forma, em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI foi executado. Em 10 de outubro, a Convenção anunciou que a França só seria revolucionária com a chegada da paz, mas a paz demorou mais de dez anos para chegar. Uma tentativa de matar Robespierre culminou com a criação da Lei do Terror, que serviu para condenar milhares de suspeitos.
Enquanto essa violência se manteve, as bibliotecas também foram atacadas. Só em Paris se destruíram mais de oito mil livros; no resto do país desapareceram mais de quatro milhões, dos quais 26 mil eram manuscritos antigos.
Em várias oportunidades os escritos de Simon-Nicolas-Henry Linguet sofreram censura e confisco. O Parlamento de Paris, por exemplo, num contra-ataque à difusão das idéias revolucionárias, ordenou que o número 116 dos Anais, onde aparecia um texto reformista seu, fosse destruído publicamente, e, especificamente, na escadaria do Palácio de Justiça. Outro livro seu perseguido foi La France plus quangloise (1789).
Um texto pouco citado e menos lido, redigido pelo jesuíta P. Jean-Joseph Rossignol, intitulado Traité sur 1'usure, desapareceu quase por completo ao ser destruído pelos temidos sans culottes. Os incêndios provocados aniquilaram milhares de obras, e é certo que pelo menos o Conciliorum Galliae (1789) ficou reduzido a cinzas. Nos arquivos se perdeu, por ocasião de um incêndio, o Recueil des édits, déclarations, lettres patentes e arrêts du conseil enregistrés au parlement de Metz (cinco volumes, 1774-1788).
Os revolucionários não respeitaram as Réflexions édifiantes (dois volumes, 1791) de uma mulher pouco ortodoxa chamada). A. Brohon. Uma magnífica edição de Sancti Gregorii Nazianzeni opera omnia (1788) foi interrompida pela violência e os exemplares aniquilados. Um estudo das normas jurídicas provinciais francesas intitulado Costumes et status de Ia ville de Bergerac (1779), que era no fundo a tradução de um texto escrito em latim, queimou num incêndio em 1792. Em 1794 foi incendiada a abadia de Saint-Germain-des-Prés, e toda a biblioteca se consumiu nas chamas.
Foi uma época ruim para os livros.
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