Marian keyes



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CAPÍTULO 31
- Então, quando vai viajar? - perguntou mamãe.

- Você vai viajar? - gritou Helen.

- Vou - resmunguei, consciente de como devia parecer fraca e patética, aos olhos dela.

Acho que você é louca! - ela exclamou.

Mas Helen, você não entende... - Lutava para explicar a ela.

- Não foi culpa dele. Ele teve momentos realmente difíceis comigo. Eu era muito exigente e infantil. E ele não conseguiu enfrentar isso. Então, por desespero, foi procurar o que queria em outro lugar.

E você acredita nisso? - indagou ela, em tom de zombaria e repugnância. - Você é louca. Já é bastante ruim que ele estivesse transando com outra pessoa, mas que ele ponha a culpa de tudo em você, ora, isso é uma loucura completa. Você não tem nenhum amor- próprio?

Helen, tudo isso vai além de um simples caso de amor-próprio

- insisti, tentando desesperadamente convencê-la. Talvez, se eu a convencesse, pudesse convencer também a mim mesma. - Ele é o pai da minha filha. E éramos felizes juntos. Muito felizes. - E tínhamos sido, mesmo. - E, se nos esforçarmos, poderemos voltar a ser.

Então, por que você está com um aspecto tão infeliz? - perguntou ela. - Não deveria estar feliz? O homem que você ama vai levá-la de volta. Embora tenha sido infiel a você.

Helen, chega - disse mamãe, em tom de advertência. - Você não pode entender. Nunca foi casada. Nunca teve um filho.

Bem, com certeza nunca desejarei ter, se isso me transformar numa completa idiota - vociferou, olhando-me com desprezo. - Você é louca!

E saiu da sala, pisando forte. Houve um silêncio.

Ela tem alguma razão - disse mamãe, afinal.

O que quer dizer? - perguntei, apática.

Ora, você não parece... lá muito feliz. Não está decidindo outra coisa, não é?

Não - suspirei. - Não estou. Devo a todos nós uma nova tentativa. Mas percebo que está tudo errado. Sinto-me manipulada. É como se ele me esmagasse. Como se não admitisse um não como resposta. Sinto-me mais ou menos como se tivesse muita sorte de consegui-lo de volta. Sim, é como ele me faz sentir. Com sorte!

Mas você não tem sorte de ganhar uma segunda oportunidade? Nem toda mulher o consegue - disse mamãe.

Não, não é sorte desse tipo - falei, desesperada para fazê-la entender, para entender a mim mesma. - Ele me faz sentir como se eu tivesse sorte, mesmo não merecendo. Como se ele fosse bonzinho comigo, embora não tenha a obrigação de ser. Mas apenas porque é uma boa pessoa. Por causa da bondade do seu coração. Ou algo parecido. Realmente não sei. Mas parece errado.

Mas ele está sendo bom com você - disse mamãe, agarrando- se à única coisa importante para ela.

Sim, mas...

Mas o quê?

Mas... mas... ele está sendo bom comigo, mas como alguém que é bom com uma criança teimosa, que foi muito petulante, mas que a pessoa decide perdoar. E, embora eu seja uma porção de coi­sas, não sou uma criança teimosa.

Você, provavelmente, é apenas paranóica - disse ela, tentan­ do ser útil.

Obrigada, mamãe!

Não pode ter sido fácil para ele voltar, humilhar-se, admitir que estava errado.

Mas é exatamente isso! Ele não se humilhou. Mal chegou a admitir que estava errado.

Claire, você está com a cabeça fora dos eixos. Ele não voltou em meio a uma torrente de lágrimas, com um estoque inteiro de rosas vermelhas, ele não suplicou para você recebê-lo de volta - ela ponderou.

Teria sido bom - admiti.

Mas flores não têm a menor importância. O amor, sim - ela disse.

Eu sei - concordei, melancólica. - Mas sinto que ele agora me colocou numa armadilha - explodi, afinal, percebendo exata­ mente como me sentia. - Tenho que ser perfeita o tempo inteiro, senão ele me deixará de novo. Não posso dizer uma só palavra contra ele, porque assim só provarei que penso apenas em mim mesma. Sinto que devo estar tão grata por voltar com ele que não posso nunca mais ousar queixar-me de nada. Que ele pode comportar-se mal como quiser, que tenho de manter a boca calada.

Ora, ora, você não tem de tolerar nenhuma outra tolice da parte dele - esbravejou mamãe. - Se houver qualquer indício de que há outra mulher, volte para cá imediatamente.

Obrigada, mamãe.

Mas, enquanto isso, fique satisfeita de ter outra oportunida­de. E faça com que funcione. Tente o melhor que puder. E aposto que ficará agradavelmente surpresa.

Tentarei - prometi. Afinal, o que eu tinha a perder?

Outra coisa - disse ela, um tanto sem jeito.

Que é?

Não tenho certeza se devo dizer-lhe.



O quê? Não tem certeza de que deve me dizer o quê? Diga, pelo amor de Deus - pedi.

Bem - disse ela, com ar envergonhado -, aquele Adam telefonou para você.

Adam!

Meu coração deu um salto. Ou talvez fosse meu estômago que se revirasse. A única certeza que tenho é de que alguma coisa saiu do lugar.



- Quando? - perguntei, sem fôlego. Sentia-me excitada, tonta, feliz.

Você sabe, a maneira como James devia fazer com que eu me sen­tisse.

Algumas vezes - ela admitiu, parecendo, na verdade, muito envergonhada. - Ontem de manhã. Ontem à tarde, quando você estava dormindo. A noite passada, quando você saiu.

Por que você não me disse?

Não achei que distrações de qualquer tipo fossem boa coisa, enquanto você resolvia as coisas com James - disse ela, humilde­ mente.

- Você devia ter deixado a meu critério - disse eu, aborrecida. Um pensamento me ocorreu.

Você não contou a ele onde eu estava a noite passada, contou? - perguntei, rapidamente.

Contei - disse ela, com a voz soando defensiva. - Disse que você tinha saído com seu marido. Por que não deveria dizer? Era a verdade, não?

Sim, mas... - minha voz foi sumindo.

Que importância tinha isso agora? Eu voltaria para Londres. Voltaria para James. Nada mais com Adam.

Mas eu precisava vê-lo. Tinha de me despedir. Tinha de lhe agra­decer por ser tão bom comigo. Por me fazer sentir tão linda, desejá­vel, interessante e especial.

Ele deixou algum número de telefone? - perguntei, esperan­çosa.

Hã, não - disse ela, olhando para o outro lado, com o rosto envergonhado.

Talvez ele torne a telefonar - disse eu, um tanto desesperada.

Talvez - duvidou ela.

O que realmente ela lhe dissera?

E, se ele telefonar, quero falar com ele, está ouvindo? - exigi.

Não precisa bater em mim - ela resmungou.

Fiel à palavra dada, James ligou para mim mais tarde, na noite de terça-feira, para dizer que chegara bem de viagem. E, quanto a mim, já marcara a data da volta?

Não, ainda não - disse eu, fraca -, mas marcarei logo, prometo.

Basta ter certeza de que marcará - disse ele, com uma entonação sugestiva em sua voz. Que, na verdade, provocou em meu corpo inteiro um espasmo de horror, de medo, ou quase isso. A idéia de dormir com ele, de tornar a fazer sexo com ele, não era nada agra­dável.

Logo que eu - graças a Deus - desliguei, depois da conversa com James, o telefone tornou a tocar.

Era Adam!

O Adam lindo, alto, gentil e engraçado.

Alô, Claire - disse ele, com sua bela voz.

Oi, Adam - sentia-me tão feliz de ouvi-lo. Sentia-me uma menininha, risonha, cheia de alegria e de felicidade.

Ouvi dizer que a hora é de dar parabéns - disse ele, com uma voz fria e dura.

Aquilo foi como um balde de água fria em meu caloroso encan­tamento por estar falando com ele.

- O... o que quer dizer? - perguntei.

Eu era uma filha da puta sem coração, que o seduzira simples­mente para me divertir. Que não tinha nenhum verdadeiro interesse nele. Agora que meu marido estava de volta, eu não tinha mais utili­dade para ele.

Helen acabou de me dizer que você voltará para Londres. Voltará para James - disse ele, acusador.

Bem, é verdade - disse eu, em tom de quem se desculpa. - Sinto isso como um dever. Você sabe, por causa de Kate.

E quanto a você própria? - perguntou ele.

Tive vontade de explodir em prantos. Tive vontade de lhe dizer que eu estava inteiramente infeliz com a perspectiva de voltar para aquele porco hipócrita, que só fazia me criticar.

Como você vê, James, aos meus olhos, piorava a cada segundo. E Adam tornava-se mais desejável e atraente. Estava louca para me encontrar com ele.

Mas não podia dizer-lhe isso. Tinha de corrigir as coisas com James. Desejar poder estar com outra pessoa era inútil.

- Dará certo - disse-lhe eu.

- Sem dúvida, parece que sim - concordou ele, amargo. Sentia-me envergonhada demais para dizer qualquer coisa.

E eu? - perguntou ele. - E eu? Será que domingo à noite não significou nada para você?

Claro que sim - gaguejei.

Ora, não pode ter significado muito, se em menos de dois dia você vai voltar para outro homem - disse ele, sem rodeios.

Adam, não é assim... - tentei desesperadamente explicar. - Tenho que... Tenho que dar a isso uma nova chance.

Por quê? Ele foi horrível com você - comentou Adam.

- Sim, mas... não foi realmente culpa dele. Adam soltou uma agressiva risada sem humor.

De quem foi a culpa então? Não me diga. Não, por favor, não me diga. Ele falou que foi sua culpa - disse ele.

Bem, sim, mas, você sabe...

Simplesmente não acredito - ele interrompeu, cheio de raiva. - Você é uma mulher inteligente, uma mulher muito inteligente. Co­ mo é que deixou esse idiota engabelá-la.

E Adam continuou, em pleno vôo:

Que foi que ele lhe disse? Vejamos. Que precisava de sexo, enquanto você estava grávida, mas que você não podia atendê-lo? Hum? Foi isso?

Não - disse eu, com uma vozinha fraca.

Que você estava concentrada demais no bebê que ia nascer e ele se sentiu ignorado e posto de lado, tendo de ir buscar afeição em outra parte?

Não, também não foi isso - disse-lhe eu, agradecida por ele não ter encontrado ainda o motivo certo.

É bastante óbvio que você não vai me contar exatamente por­ que a culpa é sua - esbravejou ele -, mas pode ter certeza de que «5o é culpa sua. Por que deixa que ele a manipule dessa maneira?

Boa pergunta, pensei. Por que eu deixava que ele me manipulas­se assim? Ah, sim, já sei.

- Porque era tão bom, antigamente, que vale a pena tentar de novo - disse eu a Adam.

Mas isso soou insincero e pouco convincente, até para mim.

E, Adam - continuei, com voz trêmula -, de fato passei momentos maravilhosos com você. Você fez com que eu me sentisse novamente linda, especial, uma pessoa que tinha valor.

Estou à disposição - disse ele, sarcástico.

Ah, por favor, não fique zangado comigo - disse eu, triste. - Lamento muito. Lamento. Mas não tenho escolha. Preciso fazer isso.

Você tem escolha - disse ele.

Não tenho - respondi. - Quanto mais não seja, por Kate.

Então você vai voltar para um relacionamento horroroso, com um homem que não a respeita nem gosta de você, apenas por causa de Kate - ele disse.

Ele gosta de mim - protestei.

Ele tem uma maneira engraçada de demonstrar isso - retru­cou Adam.

Escute. Há alguma possibilidade de sermos amigos? - per­guntei a Adam, tentando desesperadamente resgatar alguma coisa de toda aquela situação desagradável.

Não.


Por que não? - perguntei, desesperada.

Porque não consigo acreditar que esteja falando com a mesma pessoa com quem estive na noite de domingo. Pensei que aquela mulher era inteligente, tinha amor-próprio e sabia o que queria.

Sou inteligente e tenho amor-próprio - disse eu, quase em prantos. Tinha de convencê-lo. Não queria perdê-lo. Sabia que não podia haver romance algum com Adam. Naquele momento, não. Mas continuava achando o maravilhoso e queria ser sua amiga.

De qualquer jeito - ele suspirou -, não posso ser seu amigo. Porque desejo muito mais de você. E aposto que você também não poderia ser minha amiga. Sentimos atração demais um pelo outro.

Ora, se não podemos ser amigos, então não podemos ser mais nada - disse eu. Era uma sentença de morte, mas tive de dizer aquilo. Não poderia voltar para James ainda apaixonada por Adam. Precisava ser dura. Porque tornaria as coisas mais fáceis. Um rompi­ mento claro, honesto, era menos doloroso, a longo prazo.

Pretendia forçá-lo a tomar uma atitude, mas não estava prepara­da para o que ele disse a seguir.

- Então, não podemos ser mais nada - disse ele, com frieza. O pânico me dominou.

Por causa do seu tom de voz. Por perceber o quanto ele estava desapontado comigo. E com a perspectiva de jamais tornar a vê-lo.

- Você me dá seu número de telefone? - explodi eu.

Não conseguia suportar a idéia de simplesmente terminar com ele, naquele momento. Agarrava-me a Adam, esperando que fosse benevolente comigo.

Esperando provar, se ele dissesse que ainda era meu amigo, que eu estava agindo da forma correta.

Não - ele disse, com uma voz que não admitia réplicas. - Por que não? - repliquei, mesmo assim. Fosse lá qual fosse a razão.

Vou lhe responder com uma pergunta: para que você quer o meu número de telefone?

Para lhe telefonar - disse eu.

E me telefonar para quê? - perguntou ele.

Para conversar com você - eu disse, quase chorando. - Não quero perder você.

Claire - suspirou ele -, não seja estúpida. Você já tomou sua decisão. Vai para Londres viver com outro homem. Não pode nos ter aos dois. Não adianta telefonar para conversar comigo. Não vamos ser amigos. E ponto final.

Não há realmente mais nada que eu possa dizer, há? - falei, triste, percebendo que não ia conseguir o que queria. Ele não me daria sua bênção.

E por que, pelo amor de Deus, faria isso?

Não - disse ele.

Faltei a você, não foi? - perguntei.

Você faltou a si mesma - disse ele, friamente.

Desapontei você, não foi? - prossegui, incapaz de parar de pôr o dedo nas feridas.

Sim, você... me desapontou - repetiu, depois de uma peque­ na hesitação.

Bem, hã, cuide-se - disse eu, sentindo-me tola. Desejando dizer tanta coisa. Mas sendo incapaz de dizer o que quer que fosse, a não ser banalidades.

Vou me cuidar - prometeu ele.

Sinto muito - disse eu, sentindo-me profundamente infeliz.

- Não sente tanto quanto eu - retrucou ele. E desligou.

Fiquei em pé junto ao telefone por algum tempo. Era como se meu coração se partisse. E sentia um medo pavoroso. Será que cometera um terrível engano?

Estaria eu num momento crucial da minha vida? Seria eu de fato importante para Adam?

Mas isso tinha importância? Não, porque eu já decidira em que direção seguir.

Mas seria a direção certa?

Como poderia saber?

Minha cabeça girava. Sentia-me assustada e sem controle sobre mim mesma.

Duas vidas possíveis me eram oferecidas. Uma com James. E tal­vez outra com Adam.

Será que eu estava jogando fora a errada? Será que entendera mal meu destino? Será que o rompimento com James queria dizer que eu poderia encontrar Adam e ser muito mais feliz? Será que a dor me fora dada para eu me tornar mais forte?

Será que eu entendera mal todos os sinais?

Captara tudo errado?

Mas era tarde demais. Tomara minha decisão. E a levaria a cabo. Enlouqueceria, se ficasse mudando de idéia.

Meu futuro estava com James. Adam não existia mais em minha vida.

Provavelmente, eu era apenas uma boa transa para Adam. Bem, eu gostava de pensar que era boa. Mas talvez fosse apenas uma ques­tão de sexo.

Mas, e se não fosse?

O que deveria eu fazer, então?

Tinha de superar aquilo. E superaria.

Claro que sim.

Só o conhecia há cerca de três semanas.

Só que, simplesmente, bem, você sabe... ele surtia um tremendo efeito sobre mim. Tocava-me de uma maneira inesperada. Fazia-me sentir vontade de tomar conta dele. Fazia-me sentir especial e mara­vilhosa, de uma forma que James não conseguia mais.

Ora! Talvez isso tivesse a ver apenas com meu ego agressivo. James já não me fazia sentir bem com relação a mim mesma. Então, eu me agarrava ao próximo homem disponível que podia fazer isso. Mas, com toda a minha honestidade, eu de fato não acreditava que fosse por causa disso.

Adam era especial.

Adam e eu éramos um casal especial.

Embora não fôssemos mais.

Adam me desprezava, agora. Por causa da minha estupidez, acei­tando a droga de explicação de James. E pela rapidez com que deixei sua cama e fui embora com outra pessoa. Mesmo sendo essa outra pessoa meu marido.

Realmente me magoava o fato de Adam pensar tão mal de mim. Embora eu não o culpasse. Porque eu também não tinha muito res­peito por mim mesma.


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