Sam bourne o código dos justos



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Avinu Malkeinu Chatmeinu b'sefer chaim...

Nosso Pai, Nosso Rei, inscrevei-nos no Livro da Vida...
Mesmo abafada pelas paredes, a intensidade da súplica era incon­fundível. Ele não entendia as palavras, mas sabia o significado. Eles oravam, no último minuto da última hora, pela salvação.

A lâmina cintilava, tão brilhante e ameaçadora quanto a chama no olhar do pai. Embora ele falasse calmamente, tinha os olhos em brasas.

— Pegue esta faca, Will, e faça o que é certo. Faça o que Deus lhe ordenou. Chegou a hora.

Will lançou um olhar ao rabino, que finalmente articulou algumas palavras, a voz pesarosa. Viu que ele tinha o rosto salpicado do sangue da mulher assassinada diante deles. Parecia ofegar.

— Seu pai tem razão, Will. Este é o momento de você agir. É o que o próprio Deus, em sua sabedoria, nos deu a todos nós: livre-arbítrio. Ele nos dá escolhas. E agora essa escolha é sua. Precisa decidir o que fazer.

Will deu uma última conferida no relógio. Se pudesse ganhar mais tempo...

Mas o segundo seguinte afastou a decisão. Olhos-de-Laser deu um grito:

— Chega de conversa! — e apontou a arma para Will, apertando o olho enquanto mirava.

Will viu que o verdadeiro alvo não era de modo algum ele: Olhos-de-Laser mirava Beth e o bebê que levava dentro dele. Inutilmente ergueu as mãos para gritar:

— Não!


Mas a palavra mal saiu. Em vez disso, sentiu-se empurrado para o lado. Ao cair, ouviu primeiro um disparo, depois outro — e viu o vulto do rabino Freilich caindo, quase voando. O rabino saltara e empurra­ra-o do caminho, cobrindo Beth com o próprio corpo. Tomara sua pró­pria decisão: proteger o filho de Will.

Will aproveitou a oportunidade do momento e atacou Olhos-de-Laser, segurando-lhe a mão que empunhava a arma. O homem aper­tou o gatilho, mas perdera o equilíbrio com o golpe que recebera: o tiro atravessou o vidro da janela que dava para a rua. Will tinha de tirar-lhe a arma. Mas agora via o pai, a lâmina brilhando em sua mão, avan­çando para o cadáver do rabino Freilich — procurando por Beth.

Encontrando uma força que jamais sentira, Will agarrava o braço do assassino, tentando puxá-lo para trás das costas: a chave de braço que aprendera na escola. O homem começou a guinchar, o punho que segurava a arma quase largando-a. Will chegou a tocar um dedo no cabo da arma, mas não foi o suficiente. Pelo canto dos olhos, viu que o pai puxara Freilich: em questão de segundos, conseguiria mergulhar a faca em Beth.

Quis soltar-se de Olhos-de-Laser e deter o pai, mas sabia que de nada adiantaria: seria baleado antes que pudesse atravessar a sala. Tinha de pegar a arma. Deu mais um puxão no braço do sujeito, numa desespe­rada tentativa de arrancar-lhe a pistola, mas não funcionou. A arma não se soltou da mão dele. Em vez disso, o assassino instintivamente cer­rou o punho, inadvertidamente apertando o gatilho.

Will ouviu o barulho e baixou os olhos para suas mãos, esperando vê-las atingidas. Embora coberto de sangue, percebeu um segundo depois que o sangue não era o seu. Olhos-de-Laser atirara em suas pró­prias costas.

Agora podia ver seu pai claramente, ele se afastara por segundos de sua missão com o barulho do disparo. Por um momento, seus olha­res se cruzaram. Ele se virou de costas, o rosto vermelho, quando aca­bou por empurrar o corpo sem vida de Freilich para o lado. Ergueu bem a faca, pronta para mergulhá-la na barriga de Beth.

Will voou para cima dele, o mesmo movimento de ataque no rúgbi que o pai lhe ensinara talvez uns vinte anos antes. Derrubou-o no chão, para longe de Beth, mas ainda com a faca na mão. Will estava em cima do pai, encarando-o direto no rosto.

— Saia de cima de mim, Will — ele disse rouco, as veias do pesco­ço saltadas. — Temos muito pouco tempo.

A força do pai o assustou. Exigia um esforço supremo manter-lhe os braços presos ao chão; seus próprios punhos já quase não agüenta­vam. O pescoço do Sr. Monroe se inchava com o esforço para empur­rar Will de cima dele. E ainda assim continuava com a faca nas mãos.

De repente, Will sentiu uma nova pressão. O pai usava os joelhos para empurrá-lo, e estava funcionando; Will começava a ser empurra­do para trás. Com mais um chute, o velho lançou-o para fora e levan­tou-se de um salto. Com a faca ainda na mão, deu três passos decididos em direção a Beth, que agora estava encostada na parede lateral.

Will viu o pai recuar a mão para esfaquear a barriga da nora. Mas Beth agarrou-lhe o pulso com as duas mãos, usando toda a força para empurrá-lo. A faca pairou no ar por um segundo — mantida em sus­pensão pela igual força do desejo de um verdadeiro crente de trazer o

Céu à Terra e a determinação de uma mãe a proteger o filho por nas­cer. As duas forças eram iguais. Will percebeu que já vira aquele fogo nos olhos da mulher uma vez antes; era a mesma determinação selva­gem que vislumbrara em seu sonho. Então, também, Beth defendia uma criança de um terrível mal.

Agora a força maior do homem começava a se mostrar. Ele avan­çava a mão, a faca cortando furiosos arcos no ar, bem diante da barri­ga de Beth. A lâmina tocou-a — fazendo um profundo corte no tecido da saia.

A adrenalina tomou conta de Will, como acontece quando se está em verdadeiro desespero. Cambaleando até o corpo caído de Olhos-de-Laser, desenroscou os dedos do assassino, ainda rigidamente agar­rados à arma, e arrancou-a. Pondo-se paralelo a Beth, mirou a cabeça do pai e apertou o gatilho.



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