Sam bourne o código dos justos



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As aparências enganam
Will começava a suar. TC estava tendo de pensar como um gran­de mestre numa daquelas exibições de xadrez, movendo-se pela sala, jogando numa centena de tabuleiros diferentes de uma só vez. Exigi­ra-lhe um longo tempo decodificar apenas uma mensagem. Agora tinha seis.

— Escute, Will. Não há como desvendar o que é isso antes que ele termine de enviar as mensagens. Sempre que tento uma teoria, ela vai por água abaixo quando a outra mensagem chega. Precisamos do con­junto total e depois ver o que esse cara está tentando dizer.



  • YY.

  • Se for ele, sim.

  • Quem diabos mais pode ser?

  • Me deixe em paz, Will.

Ele não podia culpá-la por se irritar. Sabia que estava sendo insu­portável, despejando sua raiva, seu sofrimento e puro cansaço sobre ela. Ela não precisava aceitar isso dele. Podia ir embora e ele ficaria de pés e mãos atados.

Teve vontade de pedir desculpas, mas era tarde demais. Ela se vi­rara de costas para ele, sabiamente impedindo qualquer escalada nas hostilidades. Era uma pena que nenhum dos dois houvesse sido tão perspicaz quando ainda eram amantes.

Não mais que dois minutos depois, chegou outra mensagem:
Diga-me com que andas e te direi quem és
Era alguma forma de estimular Will a pensar nas pessoas em vol­ta do rabino quando o interrogara na noite anterior? Esquecê-lo, co­meçar a pensar nos seus capangas? Era isso que tentava dizer a última mensagem?

E então, uns trinta segundos depois:


O grande carvalho brota da pequenina bolota
Nossa, aquele cara era um chato. O que era aquilo, alguma referên­cia indireta a pais e filhos? O esforço que punha nas mensagens, digitando textos longos quando só precisava enviar poucas e simples palavras: o endereço onde Beth era mantida em cativeiro. A ira que estava sentindo tornava-se visível nas veias do pescoço.

Nem sequer mostrara a TC a mais recente mensagem, quando co­meçou a responder:


Chega dessas merdas de charadas. Você sabe do que preciso.
Assim que a enviou, Will se arrependeu. E se fizesse com que Yosef Yitzhok fugisse de medo? TC tinha razão: ele era tudo o que tinham. Pior, e se sua mensagem fosse interceptada pelos linhas-duras de Crown Heights, que perceberiam de imediato no que YY se envolvera, comunicando-se com o inimigo, e o punissem? Will imaginou YY num beco logo depois do Eastern Parkway, curvado sobre o celular, talvez usan­do o xale de preces como proteção, e dois homens a agarrá-lo por detrás, arrancando-lhe o telefone e arrastando-o para um encontro imprevisto com o rabino.

E, no entanto, sentiu uma descarga se espalhar por todo o corpo. Não agüentava mais a passividade de sua situação, ali sentado, mãos estendidas, à espera que pistas caíssem como migalhas de pão da mesa hassídica. Era bom revidar.

Por fim, o céu começou a escurecer. Will continuava andando de um lado para o outro, a mão direita agarrada ao BlackBerry, tornan­do-o úmido e pegajoso. Às 19h42 em ponto, TC assentiu com a cabeça, dizendo-lhe que o Shabat terminara. Will baixou os olhos, esperando uma luz vermelha piscar em segundos. Não, não, aconselhou TC: de­viam esperar no mínimo trinta minutos por uma resposta. Havia coi­sas a fazer após o Shabat, incluindo a cerimônia do Havdalah, que usava vinho, especiarias e uma vela trançada para a despedida final ao dia de descanso. Depois a caminhada de volta da sinagoga, para celebrar o Havdalah em casa. A maioria dos homens na certa ia querer refrescar-se depois disso. Ainda que os hassídicos lessem a mensagem de Will num computador em casa ou no escritório, não iam querer responder dali: arriscado demais e fácil de localizar. Não por Will, claro, mas pela polícia numa futura investigação. Portanto, teriam de voltar ao Internet Hot Spot — tudo isso levaria no mínimo uma hora. Mesmo esse roteiro era otimista, advertiu TC. Will sabia que lhes enviara um e-mail, mas eles não. Se não esperavam recebê-lo, por que se apressariam a checar?

Por outro lado, talvez essa noite fosse diferente. Crown Heights fervilhava de detetives investigando um assassino à pedido da Interpol. O rabino que torturara Will não poderia ater-se ao seu ritual habitual. Estaria respondendo a perguntas, e não seriam sobre as dimensões corretas de um forno talmúdico. Estaria sendo submetido a interroga­tório — e sob pressão. (A idéia dessa inversão de papéis agradou Will.) Se era essa a atmosfera, reconheceu que haveria uma centena de moti­vos para checarem o e-mail assim que pudessem. Mesmo que não es­perassem notícia dele, teriam de comunicar-se com seu pessoal em Bancoc. Imaginou que ligariam os laptops assim que fosse teologica­mente decente.

Às oito da noite, seu palpite se confirmou. Vinte minutos depois do pôr-do-sol, a luz vermelha do seu BlackBerry piscou. Will acessou a mensagem e viu aquela mesma escrita hieroglífica, os caracteres que agora sabia serem hebraicos. O assunto era: Beth.
Você não dá pé onde está. Não se afogue.


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