Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Movimentos sociais latino-americanos e o Estado neoliberal



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Movimentos sociais latino-americanos e o Estado neoliberal

Em meados dos anos 1970, as economias dos países desenvolvidos e também

das   nações   da   América   Latina   foram   atingidas   por   uma   crise   mundial

provocada pelo mercado do petróleo. Quando os países produtores do Oriente

Médio uniram-se para fixar um volume de extração de petróleo, o custo dessa

matéria   -prima   subiu,   levando   a   uma   queda   de   lucratividade   no   sistema

capitalista. Essa crise contribuiu para fragilizar as ditaduras, principalmente por

obrigar os Estados a modificar sua política econômica, pois os empréstimos

externos ficaram mais escassos e os juros internacionais, mais caros. Setores

conservadores passaram, então, a defender a proposição neoliberal, ou seja, a

redução da participação do Estado nos assuntos econômicos, como visto nos

Capítulos 5 e 8.

Glossário:

juro: de forma simplificada, é o valor do dinheiro comercializado. Ou seja, é a

remuneração adicional paga por um indivíduo, instituição ou país que tomou

um empréstimo ou comprou algo a prazo àquele que financiou o valor, ou seja,

o   tomador   do   dinheiro   precisa   pagar   o   montante   original   acrescido   de   um




percentual a título de remuneração (o juro). Quando os juros sobem, o valor a

ser pago por novos empréstimos também sobe.

Fim do glossário.

LEGENDA: Filas para comprar combustível após o súbito aumento do preço do

barril de petróleo. Foto de 1973 na cidade de Nova York (EUA).

FONTE: AP Photo/Marty Lederhandler/Glow Images



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Para compreender a adesão mundial ao neoliberalismo - especificamente, de

muitos países latino-americanos - é preciso considerar dois fatores ocorridos

nos anos 1980 e 1990. Países da América Latina viram a inflação se elevar e a

atividade econômica estagnar ou cair, ao mesmo tempo. Também as relações

de forças entre as nações alteraram-se com o fim da União das Repúblicas

Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991, e o abandono do sistema socialista - o

único que se apresentava como alternativa ao capitalismo - em boa parte dos

países   que   o   adotavam.   Abriu-se   a   possibilidade   para   a   aceleração   da

globalização da economia capitalista e o fortalecimento da ideologia neoliberal.

As   políticas   neoliberais   apresentam   ações   que   tendem   a   reproduzir   as

desigualdades   sociais,   restringindo   os   direitos,   tais   como   a   estabilização

monetária mediante o controle dos salários, a redução dos gastos públicos e a

liberalização   dos   preços   de   venda   das   mercadorias.   Por   isso,   vários

movimentos   sociais   contrários   aos   efeitos   da   implantação   dessas   políticas

constituíram-se na América Latina, desde o século XX até a atualidade.

Na Argentina, por exemplo, as políticas neoliberais provocaram a diminuição

drástica   da   participação   do   setor   industrial   na   economia   e   mudanças   nas

relações   de   trabalho   que   afetaram   milhões   de   trabalhadores   e   parcelas   da

classe média. Isso ocasionou a formação de movimentos exigindo mudanças

na política econômica do país, como o dos cartoneros (catadores de papelão) e

o   dos  piqueteros  (piqueteiros),   que   reunia   trabalhadores   desempregados.

Constituíram-se formas de organização alternativas, como as cooperativas de

trabalhadores para gerir empresas desativadas pelos patrões durante a crise

que o país enfrentou a partir de 2001. Segundo o sociólogo argentino Héctor



Palomino,   a   base   desses   movimentos   estava   em   exigir   do   Estado   o

atendimento às necessidades de subsistência da população.

No   México   (mais   precisamente   no   estado   de   Chiapas),   no   Equador   e   na

Bolívia,   destacaram-se   os   movimentos   indigenistas.   Esses   movimentos

buscavam alterar a relação entre o Estado e as comunidades indígenas - das

quais provém parcela significativa da população desses países -, a fim de que

estas obtivessem maior autonomia, reconhecimento e poder. Compostas de

setores indígenas e das classes trabalhadoras (notadamente as camponesas),

essas organizações sociais se colocaram contra as imposições de um sistema

econômico excludente, que mantém parte da população em estado de pobreza.

Além   disso,   valorizaram   a   diversidade   cultural,   em   contraposição   à

homogeneização direta e indiretamente promovida pela economia globalizada.

Atualmente,   muitos   movimentos   sociais   combatem   as   novas   formas   de

desigualdade e pobreza provocadas pelas políticas neoliberais.

LEGENDA: Manifestantes participam, em fevereiro de 2008, de cerimônia em

La Paz, capital da Bolívia, em favor da nova Constituição do país, aprovada por

referendo popular no ano seguinte. Entre outras mudanças, o texto concede

mais autonomia aos povos indígenas e repudia toda forma de discriminação.

FONTE: Gaston Brito/Reuters/Latinstock

LEGENDA: Congresso Nacional Indígena ocorrido na Cidade do México, em

2014.

FONTE: Cristian Estrada/Politicasmedia 2014




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