Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


A integração social em perspectiva



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A integração social em perspectiva

Émile  Durkheim  (1858-1917)  considerava  a  integração  social  um  imperativo

para   a   existência   e   manutenção   da   sociedade.   A  integração   social  é   a

tendência de a sociedade manter-se com um grau baixo de confl itos quando

suas   partes   se   integram   num   todo   harmonioso.   Em   uma   sociedade   pré-

capitalista, isso ocorre pela chamada solidariedade mecânica, instituída pela

semelhança entre os indivíduos, que executam as mesmas tarefas e, por isso,

unem-se em torno dela.

Com   o   desenvolvimento   da   sociedade   industrial   moderna,   ocorre   a

especialização   de   funções   -   a   chamada   divisão   do   trabalho   social.   Para




Durkheim,   nessa   sociedade   manifesta-se   a   solidariedade   orgânica:   como

dependem   uns   dos   outros   para   complementar   suas   funções,   os   indivíduos

manteriam a coesão social. Porém, sem que se regule a divisão do trabalho, a

sociedade   fica   sujeita   a   conflitos.   Por   causa   desse   aspecto,   críticos   de

Durkheim   alegam   que   sua   teoria   da   integração   estaria   a   serviço   da   ordem

social e do poder vigente.

O decorrer  da  história mostra que  diversos obstáculos - valores,  costumes,

tradições   e   ideologias   que   regem   as   relações   entre   as   pessoas   -

impossibilitam, muitas vezes, a integração social harmoniosa e abrangente. O

sociólogo   brasileiro   Florestan   Fernandes   (1920-1995)   estudou,   em   1953,   o

preconceito racial e a integração do negro à sociedade paulista num momento

de   transição   da   sociedade   agrária   escravista   para   uma   capitalista   urbana.

Fernandes identificou a existência tanto de condutas e crenças internalizadas,

que   perpetuavam   a   exclusão   social,   quanto   novas   condições   (como   os

concursos públicos, impessoais), que abriam brechas para a integração social

dos afrodescendentes.

Os movimentos sociais reagem aos componentes de desintegração reunindo

excluídos de mesma natureza. Na sociedade globalizada, a integração ocorre

na heterogeneidade e nas particularidades locais, sociais e culturais, em uma

comunidade de interesses que não se deve mais apenas à proximidade física

ou pelo consenso nas ideias, mas pela diferenciação social e cultural.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora

Fim do complemento.


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