Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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China, em 2015.

FONTE: AsiaTravel/Shutterstock



ESTUDAREMOS NESTE CAPÍTULO:

as   motivações   e   as   estratégias   empregadas   pela   Sociologia,   pela

Antropologia   e   pela   Ciência   Política   no   estudo   da   sociedade

contemporânea.   Ao   evidenciar   e   explicar   fenômenos   como   as

desigualdades   sociais   -   demonstrando   que   não   são   "naturais",   e   sim

sociais -, as Ciências Sociais desvendam os mecanismos de dominação


social.   Nas   próximas   páginas,   você   vai   conhecer   outros   fenômenos   e

abordagens, bem como aprimorar a sua capacidade de investigar, indagar

e refletir sobre a sociedade em que vive.

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As transformações da sociedade

De alguma maneira todos interagimos com os fatos que acontecem no mundo,

seja   porque   os   estudamos,   seja   por   estarmos   informados   sobre   a   nossa

comunidade, cidade, país e o mundo: um show, eleições, um desastre aéreo, a

safra recorde de grãos, a reforma da escola, as recentes crises econômicas

mundiais, entre tantas outras ocorrências.

No caminho para a escola, para o trabalho ou em outros percursos diários,

mesmo sem querer, vamos sendo informados sobre notícias divulgadas pelas

emissoras de rádio, pelas conversas paralelas que ouvimos nas ruas e nos

transportes públicos, pelas manchetes que estampam as capas de revistas e

jornais nas bancas e pelas publicações nas redes sociais. É uma quantidade

enorme de informações que nos dizem e não nos dizem respeito.

A principal função dos meios de comunicação é nos manter informados sobre

os   acontecimentos.   Na   maioria   dos   casos,   a   repercussão   das   informações

veiculadas adquire proporções gigantescas, parecendo fugir ao nosso controle.

Mas como se chegou a esse ponto? É preciso ter em mente que vivemos em

sociedade. Isso significa que participamos de um complexo conjunto de grupos

sociais que têm laços entre si por meio do idioma, da cultura e das relações

pessoais,   produtivas   e   de   trabalho   entre   as   pessoas.   Assim,   indivíduo   e

sociedade influenciam um ao outro o tempo todo. O filósofo e sociólogo francês

Edgar   Morin   (1921-)   mobiliza   nossa   compreensão   sobre   a   relação   entre

indivíduo e sociedade, que diz respeito à nossa própria forma de organização

social.

O   ser   humano   define-se,   antes   de   tudo,   como   trindade

indivíduo/sociedade/espécie: o indivíduo é um termo dessa trindade. Cada um

desses termos contém os outros. Não só os indivíduos estão na espécie, mas

também   a   espécie   está   nos   indivíduos;   não   só   os   indivíduos   estão   na

sociedade, mas a sociedade também está nos indivíduos, incutindo-lhes, desde



o nascimento deles, a sua cultura.  [...]  a cultura e a sociedade permitem a

realização   dos   indivíduos;   as   interações   entre   os   indivíduos   permitem   a

perpetuação da cultura e a auto-organização da sociedade.

MORIN,   Edgar.  O   método   5:  a   humanidade   da   humanidade.   3ª   ed.   Porto

Alegre: Sulina, 2005. p. 51-52.

FONTE: Felipe Rocha/Arquivo da editora

O   século   XX   e   as   duas   primeiras   décadas   do   século   XXI   apresentaram

profundas   e   intensas   transformações   no   modo   de   viver   em   sociedade:

fronteiras   e   alianças   entre   países   se   alteram;   as   grandes   potências   tentam

manter   sua   posição   dominante;   muitos   povos   e   nações   clamam   por   paz   e

justiça;   avanços   tecnológicos   surpreendem;   a   quantidade   e   a   variedade   de

informações aumentam; artistas e ativistas buscam ser ouvidos, vistos ou lidos.

As estruturas familiares se diversificam; instituições tradicionais da política ora

ganham,   ora   perdem   credibilidade;   a   economia   se   torna   mundialmente

interligada.   Regimes   políticos   entram   em   colapso;   mobilizações   sociais

convergem e divergem sobre problemas e soluções para os problemas



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de seu tempo. Estamos imersos em mudanças que afetam nossos hábitos,

costumes, modo de pensar, estilo de vida, visão do mundo, forma de organizar

a vida coletiva. As  mudanças sociais  resultam de fatores culturais, políticos,

econômicos,  religiosos que  intervêm nas diversas dimensões da sociedade,

dando-lhe outro sentido.

Ao analisarmos tantas e tão aceleradas mudanças, poderemos perceber o que

é "ser contemporâneo". Ser contemporâneo é "estar no mundo", no presente,

participar  do  "aqui  e  agora"   e,  de  certo  modo,  captar  os  anseios  do  nosso

tempo.


FONTE: Elio Rizzo/CB/DA Press

FONTE: Pascal Rossignol/Reuters/Latinstock

FONTE: Matt Rourke/Associated Press/Glow Images

LEGENDA   DAS   FOTOS:   Cenas   da   vida   contemporânea:   jovens   fazem

grafitagem   em   Guará,   região   administrativa   de   Brasília   (DF),   em   2011;



voluntária dá aula de francês para imigrantes em Calais, França, em 2015;

trabalhador opera robô em indústria de produtos plásticos em Hatfield, Estados

Unidos, em 2013. Entre outros aspectos, as Ciências Sociais se dedicam a

estudar as características e as transformações da cultura, das tecnologias, dos

direitos políticos e das relações sociais.

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Mesmo   com   a   quantidade   de   notícias   que   recebemos,   algumas   mudanças

passam despercebidas porque, na maioria dos casos, já estamos acostumados

às  transformações  e   ao   seu  ritmo   e  amplitude:  chips  minúsculos   controlam

grandes máquinas e sistemas; a caneta que usamos na escola muitas vezes

nem é produzida em nosso país; computadores são fabricados em formatos e

tamanhos variados; telefones celulares nos conectam com inúmeros lugares e

pessoas. Com as constantes mudanças tecnológicas, temos a necessidade de

nos adaptar a valores e situações em rápida mutação.

Embora   de   modo   heterogêneo   e   em   diferentes   graus,   as   tecnologias   e   os

processos de modernização vão aproximando, cada vez mais, campo e cidade.

Tal aproximação, contudo, não significa o desaparecimento de determinados

hábitos   e   características   do   mundo   rural,   trazendo   novos   desafios

interpretativos para as Ciências Sociais.

Para aqueles que têm acesso à comunicação, o mundo torna-se "pequeno",

muito   próximo,   mas   não   necessariamente   mais   igual.   As   relações   sociais

continuam   assimétricas,   entre   pessoas   e   nações.   Embora   a   realidade   em

nosso entorno se mostre com novas roupagens, o modo como a sociedade se

organiza perdura em suas características gerais.

Os cientistas sociais indagam constantemente sobre o que se altera e o que

permanece, o que rompe com estruturas antigas e o que se constitui como

novo na sociedade. As Ciências Sociais analisam e tentam explicar o que está

acontecendo nos âmbitos  político,  econômico,  cultural e social da realidade

complexa que existe sob a aparência das mudanças sociais.




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