As contribuições das Ciências Sociais
Com sua proposta de imaginação sociológica, o sociólogo norte-americano Charles Wright Mills (1916-1962) exemplifica um modo de diferenciarmos a relação entre a sociedade que se organiza e os acontecimentos cotidianos na vida dos indivíduos:
Quando, numa cidade de 100 mil habitantes, somente um homem está desempregado, isso é seu problema pessoal, [...] mas quando numa nação de 50 milhões de empregados, 15 milhões de homens não encontram trabalho, isso é uma questão pública e as soluções não podem ser individuais.
WRIGHT MILLS, Charles. A imaginação sociológica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1972. p. 15.
Estudar Sociologia aprimora a nossa capacidade de observar o universo das relações sociais e nos torna, de um modo geral, mais atuantes e participantes nas questões que envolvem a comunidade. Os seus apoios conceituais são históricos e contextualizados, relacionados à compreensão das necessidades locais e coletivas em diferentes momentos. Procuramos estabelecer nesta obra pontes de entendimento entre as realidades local e global, os níveis individual e coletivo, a teoria e a realidade empírico-prática, a sociedade ampla e os pequenos grupos sociais, mantendo a ideia de totalidade e das inter-relações que constituem a sociedade.
Para discutir, por exemplo, problemas como inclusão e exclusão sociais, desemprego, violência urbana e no campo, participação política, segurança, cidadania, consumo, individualismo, educação e saúde, a Sociologia Crítica articula-os teoricamente a fenômenos amplos: a mundialização da economia, o capitalismo transnacional, as condições do trabalho, a degradação ambiental, o Estado neoliberal, a mercantilização posta nas relações sociais, os conflitos étnico-raciais, a cultura de massa, os estilos de vida.
A produção sociológica traz para o debate diferentes concepções teóricas que buscam compreender e explicar questões que a sociedade se coloca ao longo do tempo. Por isso, não está livre de contradições. O pensamento sobre a sociedade tem sido construído na contraposição dessas variadas formas de se apreender e compreender o real. Mas essa característica do conhecimento sociológico, antes de ser uma fragilidade, mostra como a Sociologia, em diferentes épocas, localiza problemas e aponta condições para superá-los.
A Sociologia está ligada ao tempo presente e às questões sociais emergentes, mas atenta à estrutura social que permanece, dialogando com a Ciência Política, a Antropologia e outras ciências, como a História, a Economia e a Geografia, que se ocupam do ser humano em sociedade, no tempo e no espaço.
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Cabe ao sociólogo, como agente social ativo, desenvolver uma reflexão para criticar, de modo coerente, a sociedade em que vive, instigando os indivíduos a pensarem a sua realidade social, experimentando uma avaliação de valores e compreendendo o sentido cultural das Ciências Sociais. O filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937) dizia que todo ser humano é um intelectual, pois participa do mundo em que vive e pensa sobre ele. Assim, podemos afirmar que aquele que desenvolve consciência do espaço social que ocupa também pode ser considerado um crítico da sociedade, assim como os cientistas.
LEGENDA: Moradores de rua escolhem peças de vestuário e calçados durante evento de doação em Belo Horizonte (MG), em 2015.
FONTE: Cristina Horta/EM/DA Press)
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