Tempos modernos tempos de sociologia helena bomeny



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. Acesso em: maio 2016.

a) Dogma, como você deve lembrar, é uma doutrina que não admite contestação ou discussão. O que a charge está retratando?

b) A noção de diálogo está presente na charge?
Página 206

2. Leia a história em quadrinhos:

Calvin & Hobbes, Bill Watterson © 1990 Watterson/Dist. by Universal Uclick

Quadrinho de Bill Waterson, publicado em 17 de junho de 1990. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.

a) Em sua opinião, o debate entre Calvin e o pai foi bem-sucedido? Explique.

b) O abandono do “único ponto de vista” alterou a percepção de Calvin sobre o mundo. Cite exemplos de transformações históricas e/ou sociais que decorreram/decorrem do abandono do “único ponto de vista”.

OLHARES SOBRE A SOCIEDADE

[ícone] ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR

METAMORFOSE AMBULANTE

Eu prefiro ser


Essa metamorfose ambulante [...]

Eu quero dizer


Agora, o oposto do que eu disse
antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião


Formada sobre tudo [...]
Sobre o que é o amor

Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator...
É chato chegar
A um objetivo num instante

Eu quero viver


Nessa metamorfose ambulante

[...]


Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

[...]


Raul Seixas, Krig-ha, bandolo! 1973. Warner Chappell Edições Musicais Ltda. Todos os direitos reservados. © 2008 by KK Seixas Edições, adm. por Nowa Produções Artísticas LTDA.
Página 207

1. O que os versos “Eu prefiro ser / essa metamorfose ambulante” significam no contexto da canção de Raul Seixas?

2. Desde pequenos ouvimos que é importante ter uma opinião pessoal a respeito do que se passa no mundo. Você acha que a mensagem da canção se opõe a essa concepção?

3. Por que a música sugere “que ter aquela velha opinião / formada sobre tudo” é algo negativo?

4. Que experiências permitem a mudança de ponto de vista de uma pessoa?

[ícone] ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR

EXERCITANDO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA
TEMA DE REDAÇÃO DO VESTIBULAR DA UERJ (2009)


UERJ, 2009

A gravura acima, chamada “Relatividade”, é de autoria do artista holandês M. C. Escher. Ela combina, numa mesma imagem, várias maneiras de perceber o espaço. Na realidade, não se podem perceber ao mesmo tempo todas as possíveis visões de um acontecimento; é preciso, junto com o artista, fazer um esforço para imaginar outras perspectivas, ou as perspectivas dos outros. Recorrendo [...] à imagem, demonstre, em uma dissertação de 20 a 30 linhas, a necessidade de que todos compreendam perspectivas diferentes das suas próprias para se conviver melhor. Utilize o registro padrão da língua e estrutura argumentativa completa. Atribua um título ao seu texto.
Página 208

PARTE III A Sociologia vem ao Brasil

José Caldas

José Caldas, Vila da Felicidade. Manaus (AM), 2003.
Página 209

Que país é este?

14 Brasil, mostra a tua cara!

15 Quem faz e como se faz o Brasil?

16 O Brasil ainda é um país católico?

17 Qual é sua tribo?

18 Desigualdades de várias ordens

19 Participação política, direitos e democracia

20 Violência, crime e justiça no Brasil

21 O que consomem os brasileiros?

22 Interpretando o Brasil
Página 210

Que país é este?



In: Viagem pitoresca ao Brasil. Coleção particular

Johann Moritz Rugendas. Rua Direita, 1822-1825. Aquarela, 29 cm × 21 cm. Ao longo do século XIX, viajantes europeus estiveram no Brasil com o objetivo de conhecer a “natureza” tropical e a nova sociedade que ali nascia. O pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1852) registrou essa natureza exuberante e uma vida urbana complexa. O olhar estrangeiro reconhecia aspectos civilizados, que colocavam essa gente luso-brasileira no mesmo “patamar” de um europeu, e percebia modos e costumes que apontavam para a ausência de civismo na mesma ótica eurocêntrica. Para alguns comentaristas de sua obra, Rugendas documentava em suas pinturas a impossibilidade de a realidade brasileira se converter em impressão artística.

Se alguém lhe disser que é fácil apresentar o Brasil, desconfie logo: você está diante de um daqueles enganos que a “imaginação sociológica” ajuda a desfazer. Este é o desafio desta parte do livro, que você está começando a ler agora.

Exatamente porque sabemos que a tarefa não é simples, vamos tomar a literatura como inspiração. Iniciaremos nossa apresentação do Brasil com um viajante: Diogo Ribera Flores, personagem do livro Rio das flores, do escritor português Miguel Sousa Tavares.

[...] enfim, uma explosão sociológica incontrolável, incompreensível e impossível de catalogar, porque, no mundo inteiro, nunca tinha existido um país assim como o Brasil, uma tamanha orgia de raças e proveniências, de instintos e emoções, de selvagem e de civilizado, de primitivo e de moderno, de mar e de floresta, de cidades e de selva, de sons, de música, de cheiros, de cores, de amores. E, sobre tudo isso, mesmo sobre as imensas tristezas, desgraças, injustiças e abusos de toda a ordem, sobrava sempre uma incompreensível alegria – uma alegria que brotava das montanhas e das florestas por desbravar, pairava sobre os morros como os gaviões, descia sobre as cidades com um cheiro flutuante a clorofila, introduzia-se nas conversas dos botequins e dos cafés, infiltrava-se entre o beijo dos namorados incendiando o seu desejo, transformava-se em sons nas ruas e em música nos bares, enrolava-se como um novelo sobre a areia das praias e nunca, nunca, partia pelo mar fora, abandonando essa terra brasil.

TAVARES, Miguel Sousa. Rio das flores. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 401-402.
Página 211

Homem de negócios, sufocado pelo regime de Salazar em Portugal, Diogo veio para o Brasil na década de 1930 esperando encontrar “espaço, ar, vida, um país novo e jovem, um país onde três quartas partes do território ainda estavam por desbravar e quase tudo ainda parecia possível e desconhecido”. A respeito desse país, que tanto o atraía, sabia que havia indígenas na Amazônia, pescadores quase bíblicos na Bahia, jagunços no Nordeste, migrantes vindos do Nordeste para o Sudeste em paus de arara, descendentes de antigos escravos e caboclos construindo arranha-céus nas grandes cidades, brasileiros “de todas as cores e raças” se movimentando de uma região para outra, músicos e cantores fantásticos, e novos deuses do futebol – um esporte “que juntava pretos e brancos numa anarquia de talentos misturados”.

O escritor usa as palavras e imagens para traduzir a sensação do protagonista de seu romance ao entrar em contato com o Brasil.

O texto fornece todos os ingredientes para nos aproximarmos do que alguns chamam de “o gigante adormecido” e outros, de “o país em convulsão”. Estão ali a paixão, o encantamento, o espanto e a perplexidade que sempre encontramos quando vamos buscar as impressões que a terra brasileira deixou naqueles que a conheceram, desde tempos remotos. Foi assim com os viajantes europeus do século XIX, com os intelectuais que quiseram compreender o país, e assim permanece com escritores contemporâneos, como Sousa Tavares.

Que ingredientes mais se salientam nessas impressões? A exuberância dos recursos naturais, o clima, a imensidão do território, o temperamento do povo, a sensualidade, a cordialidade, a alegria, os sofrimentos provocados pelas desgraças, os abusos de toda ordem, a injustiça social, tudo isso se mistura nos relatos daqueles que tomaram o Brasil como alvo de comentários ou como objeto de estudo.

É essa complexidade de indicações simultâneas que explica a frase do compositor Antonio Carlos Jobim (1927-1994) endossada pelo antropólogo Roberto DaMatta: “O Brasil não é para principiantes”. Isso significa que o Brasil não cabe em uma fórmula, não se esgota em uma teoria, não admite uma única explicação.

Aproximar-se sociologicamente do Brasil como universo de pesquisa é ter, antes de qualquer coisa, uma atitude de abertura, flexibilidade e reflexão diante de muitas possibilidades de interpretação.

Apresentaremos a seguir um conjunto de informações e pesquisas que têm o Brasil como motivação. Elas estão longe de esgotar o que é possível conhecer do Brasil e o que é possível pensar a respeito dos temas e problemas mencionados. Trata-se, portanto, de uma introdução, oferecida com a certeza de que muito mais pode ser incluído e muito mais pode ser exercitado com base na “imaginação sociológica”. Iniciemos a aventura. O que podemos escolher para desenhar em grandes linhas a cara de nosso país?



Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - USP

Luís Pedro de Souza Soares (1875-1948). Maracatu – Cabinda Velha, s. d. 25,1 cm × 18,2 cm.
Página 212

Leitura complementar


O destino nacional

Que é o Brasil entre os povos contemporâneos? Quem são os brasileiros? Enquanto povo das Américas contrasta com os povos testemunhos como o México e o altiplano andino, com seus povos oriundos de altas civilizações que vivem o drama de sua dualidade cultural e o desafio de sua fusão numa nova civilização.

Outro bloco contrastante é a dos povos transplantados, que representa nas Américas tão só a reprodução de humanidades e de paisagens europeias. Os Estados Unidos da América e o Canadá são de fato mais parecidos e mais aparentados com a África do Sul branca e com a Austrália do que conosco. A Argentina e o Uruguai, invadidos por uma onda gringa que lançou 4 milhões de europeus sobre um mero milhão que havia devassado o país e feito a independência, soterrando a velha formação hispano-índia, são outros transplantados [...]

Os outros latino-americanos são, como nós mesmos, povos novos, em fazimento. Tarefa infinitamente mais complexa, porque uma coisa é reproduzir no além-mar o mundo insosso europeu, outra é o drama de refundir altas civilizações, um terceiro desafio, muito diferente, é o nosso, de reinventar o humano, criando um novo gênero de gentes, diferentes de quantas haja.

Se olharmos lá para fora, a África contrasta conosco porque vive ainda o drama de sua europeização, prosseguida por sua própria liderança libertária, que tem mais horror à tribalidade que sobrevive e ameaça explodir do que à recolonização. São ilusões! Se os índios sobreviventes do Brasil resistiram a toda a brutalidade durante quinhentos anos e continuam sendo eles mesmos, seus equivalentes da África resistirão também para rir na cara de seus líderes neoeuropeizadores. Mundos mais longínquos, como os orientais, mais maduros que a própria Europa, se estruturam na nova civilização, mantendo seu ser, sua cara. Nós, brasileiros, nesse quadro, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos sem consciência de si, afundada na rünguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros. Um povo, até hoje, em ser, na dura busca de seu destino. Olhando-os, ouvindo-os, é fácil perceber que são, de fato, uma nova romanidade, uma romanidade tardia mas melhor, porque lavada em sangue índio e sangue negro.

Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. Tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante.

Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural.

Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso autossustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 452-454.

Sessão de cinema



Central do Brasil

Brasil-França, 1998, 113 min. Direção de Walter Salles.



Audiovisual Development Bureau e associados

O filme mostra migrantes que buscam melhorar de vida ou reencontrar parentes deixados para trás.

Olhar estrangeiro

Brasil, 2006, 70 min. Direção de Lúcia Murat.



Taiga Filmes

O documentário aborda os clichês sobre o Brasil no estrangeiro por meio da visão que o cinema mundial tem do país.
Página 213

Construindo seus conhecimentos



[ícone] ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR

DE OLHO NO ENEM

1. (Enem 2010)

CHEGANÇA

Sou Pataxó,


Sou Xavante e Cariri,
Ianomâmi, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Sou Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-ô, Tupinambá.
Eu atraquei num porto muito seguro, Céu azul, paz e ar puro...
Botei as pernas pro ar.
Logo sonhei que estava no paraíso,
Onde nem era preciso dormir para sonhar.
Mas de repente me acordei com a surpresa:
Uma esquadra portuguesa veio na praia atracar.
Da grande-nau,
Um branco de barba escura,
Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar.
E assustado dei um pulo da rede,
Pressenti a fome, a sede,
Eu pensei: “vão me acabar”.
Levantei-me de Borduna já na mão.
Aí senti no coração,
O Brasil vai começar.

NÓBREGA, A.; e FREIRE, W. C. D. Pernambuco falando para o mundo, 1998.

A letra da canção apresenta um tema recorrente na história da colonização brasileira, as relações de poder entre portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia presente no chamado mito

(A) da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses e nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.
(B) da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.
(C) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros aceitaram as regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
(D) da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.
(E) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.

2. (Enem 2004)

BRASIL

O Zé Pereira chegou de caravela


E preguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha


Tomou a palavra e respondeu
– Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval

(Oswald de Andrade)


Página 214

Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é



(A) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
(B) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.
(C) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.
(D) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.
(E) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.

3. (Enem 2007)

O CANTO DO GUERREIRO

Aqui na floresta


Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
– Ouvi-me, Guerreiros,
– Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
– Guerreiros, ouvi-me;
Quem há, como eu sou?

Gonçalves Dias.



MACUNAÍMA

(Epílogo)

Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera
tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos
dela se acabaram de um em um. Não havia mais
ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos,
furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos,
aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do
deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio
Uraricoera.
Nenhum conhecido sobre a terra não
sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos
tão pançudos. Quem podia saber do Herói?

Mário de Andrade.

A leitura comparativa dos dois textos acima indica que

(A) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro apresentada de forma realista e heroica, como símbolo máximo do nacionalismo romântico.
(B) a abordagem da temática adotada no texto escrito em versos é discriminatória em relação aos povos indígenas do Brasil.
(C) as perguntas “Quem há, como eu sou?” (1º texto) e “Quem podia saber do Herói?” (2º texto) expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira.
(D) o texto romântico, assim como o modernista, aborda o extermínio dos povos indígenas como resultado do processo de colonização no Brasil.
(E) os versos em primeira pessoa revelam que os indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas foram silenciados pela colonização, como demonstra a presença do narrador, no segundo texto.
Página 215

4. (Enem 2008)

A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada... Que talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!

Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.

José Lins do Rego. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).

Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha

(A) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.
(B) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.
(C) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.
(D) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.
(E) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia universalizada.

5. (Enem 2002)

“Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção as merece. Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja. Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a vergonha [...], vamos sentar no meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser brasileiro, amigos.”

Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela primeira vez. O texto foi extraído da crônica “A alegria de ser brasileiro”, do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada naquele ano pelo jornal Última Hora.

Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson Rodrigues quis dizer que o comportamento dos jogadores dentro do campo



(A) foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a conquista da copa do mundo.
(B) mostrou que os brasileiros tinham as mesmas qualidades que admiravam nos europeus, principalmente nos ingleses.
(C) ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros em relação aos europeus, o que os impediu de revidar as agressões sofridas.
(D) mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de que os europeus eram superiores aos brasileiros.
(E) mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus, podendo comportar-se como eles, que não respeitavam os limites da esportividade.
Página 216

14 Brasil, mostra a tua cara!



© DAE/Alessandro Passos da Costa

Fonte: SOMAIN, René. A população do Brasil em 2010. C onfins . Disponível em:


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