Tempos modernos tempos de sociologia helena bomeny


Monitorando a aprendizagem



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Monitorando a aprendizagem

1. Os tempos modernos propiciaram o surgimento de novos saberes, como a Biologia, a Economia Política, a Psiquiatria e a própria Sociologia, e de novos dispositivos de disciplina. A influência progressiva desses saberes e a multiplicação dos dispositivos disciplinares por toda a sociedade levaram à consolidação de um modelo peculiar de organização social: as “sociedades disciplinares” dos séculos XIX e XX, fundamentadas na lógica do controle e da penalização.

2. Cada disciplina ou especialização passou a tratar de determinado assunto respaldada no saber científico. Isso garantiu aos especialistas a última palavra sobre o saber que dominavam. Médicos, engenheiros, pedagogos, advogados, administradores etc. passaram a ser autoridades em suas áreas. O poder, portanto, deixou de estar concentrado em um único centro ou de ser exercido com base nele. Ele está difundido em toda sociedade – a pessoa pode ser autoridade em determinado assunto e leiga em muitos outros; pode exercer o poder em um campo e estar sujeita ao poder em outros.

3. As sociedades pré-modernas excluíam do convívio social aqueles que eram considerados “anormais”. Nas sociedades modernas, a proposta é controlá-los e discipliná-los a fim de trazê-los de volta à “normalidade”, recuperando-os em instituições especializadas.

4. Karl Marx focalizou as relações de poder no campo econômico, enquanto Michel Foucault observou as relações de poder que perpassam toda a sociedade. Marx falava na luta de classes, em que, de um lado, estariam os opressores, e de outro, os oprimidos. Segundo Foucault, as relações de poder não podem ser reduzidas à dimensão econômica ou à esfera do Estado, porque elas permeiam de forma difusa e pouco evidente as diversas práticas sociais cotidianas. Nem os governantes nem as elites são os titulares do poder, porque ele se espalha em várias direções, em diferentes instituições, na rua e na residência, no mundo público e nas relações afetivas. Foucault se preocupou com as relações de poder onde elas não são normalmente percebidas. Uma das situações estudadas por ele diz respeito ao poder do conhecimento científico, que, apesar de sua “neutralidade”, volta-se, na prática, para o controle social.

5. Enquanto o poder disciplinar tem como alvo o corpo de cada indivíduo, o biopoder se dirige às massas, ao conjunto da população e ao seu hábitat – a metrópole, sobretudo.

O biopoder é percebido em fenômenos coletivos, como a natalidade, a longevidade e a mortalidade, que passam a ser medidos e controlados por novos dispositivos, como os censos e as estatísticas. Políticas de natalidade, de higiene pública, de educação (campanhas de uso de camisinha de vacinação, de matrícula dos filhos na escola), entre outras, são exemplos de respostas e de controle dos problemas da coletividade.



De olho no Enem

Os quatro itens propostos possibilitam trabalhar com diferentes aspectos do pensamento social de Foucault. Em sua concepção, o poder permeia a sociedade.

A construção da sociedade com base nas leis e normas relaciona-se com esse poder, que não é simplesmente político, mas está presente nas lutas diárias, grandes ou pequenas. Focault afirma ainda que temos a relação entre saber e poder: a construção de um campo de conhecimento – a papiloscopia – e seu uso por uma nação colonizadora sobre seus colonizados (o caso mostrado recai sobre coletividades, mas também podem ser explorados exemplos de saberes que disciplinam indivíduos).
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Apresenta um caso de resistência ao biopoder, a conhecida Revolta da Vacina. É interessante buscar outras situações de resistência para que os alunos tenham uma percepção equilibrada da concepção de Foucault sobre poder/dominação e lutas/resistências.

A última questão explora o poder sutil dos pan-ópticos na vida contemporânea, por meio do adestramento do corpo e da vigilância.

Assimilando conceitos

1. a) Ela é usada em elevadores, repartições públicas, lojas, escritórios, enfim, em espaços onde há circulação de grande número de indivíduos. É uma forma simpática de dizer que as pessoas estão submetidas à vigilância.

b) Em um ambiente vigiado por uma câmera, nada que o indivíduo faça ficará oculto. Roubos, atos violentos, vandalismos e outras ações podem ter autoria identificada e os responsáveis, punidos.

Olhares sobre a sociedade

A atividade possibilita o trabalho interdisciplinar com Literatura. As representações sociais presentes em obras literárias podem ser objetos de investigação dos cientistas sociais. Elas também podem elucidar aspectos sociais que ainda não foram explorados pelos cientistas sociais. Talvez esse seja o caso do livro 1984, de George Orwell. Sua sensibilidade social ajudou a formular imagens muito ricas a respeito do poder, que posteriormente foram examinadas, à luz das ciências sociais, por Michel Foucault. Esses entrelaçamentos e distinções entre a arte e a ciência podem ser explorados durante a realização da atividade.



Exercitando a imaginação sociológica

Ao longo deste curso, os alunos estão construindo conhecimentos acerca das tecnologias, seus usos e implicações sociais. Atividade consiste na seleção de argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) à vida social. A tarefa envolve a compreensão de que o acesso às NTIC tem sido considerado um direito social, que elas contribuíram para o surgimento de outras formas de sociabilidade na atualidade, bem como puseram em discussão as noções de público e privado e o fato de que os espaços virtuais não estão livres de controle.

Capítulo 11: Sonhos de civilização

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os estudantes deverão:

• relacionar manifestações culturais do presente a seus processos históricos;

• compreender as relações entre cultura e natureza;

• relacionar identidade cultural a alteridade;

• compreender o conceito de etnocentrismo, identificar situações concretas e analisar as relações de poder nele implicadas;

• compreender o conceito de processo civilizador e associar aprendizagem da civilidade à formação dos Estados Nacionais e pacificação interna das sociedades plurais;

• relacionar tecnicização a processo civilizador e analisar os desafios que o uso das novas tecnologias traz para a convivência social, implicando a criação de novos códigos e regulamentações.

Recursos e questões motivadoras

Os Estados Nacionais são plurais desde a origem. No processo de formação dessas organizações políticas, a ideia de nação foi importante para unificar as múltiplas identidades reunidas nessas “comunidades imaginadas”, como sugere Benedict Anderson.

No final do século passado, a valorização da diversidade cultural, o respeito à diferença e a discussão sobre direitos das minorias se tornaram temas da ordem do dia e, desde essa época, vêm impactando os campos político, social e econômico. Na agenda pública estão as políticas de reconhecimento e as ações afirmativas; na esfera da sociedade civil percebemos a organização de grupos em defesa de direitos à diferença; e o campo econômico mostra-se atento às oportunidades de formação de mercados ligados à cultura de segmentos sociais específicos.

No ordenamento de uma sociedade plural, os desafios da convivência são amplos. Os manuais (ou cartilhas) de civilidade permaneceram como recursos dos Estados para “pacificar” e “educar” suas populações. Recentemente vimos surgir no Brasil uma série de demandas socioeducativas que vêm originando novos “catecismos sociais”.


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São cartilhas de educação sexual; educação ambiental; educação para o trânsito; educação das relações de gênero e étnicas; educação preventiva contra usos de drogas, bebidas alcoólicas, cigarros, doenças sexualmente transmissíveis e muitas outras. Ainda que a “formação para a cidadania” – “educação cívica” ou outras expressões equivalentes – faça parte dos desafios da educação escolar, não se deve atribuir a esses instrumentos (manuais e cartilhas de cidadania) neutralidade e, muito menos, absorvê-los no processo escolar de forma acrítica. Norbert Elias conferiu legitimidade a esses materiais como objetos de estudo. Por meio da discussão sobre o processo civilizador, ofereceu elementos para sua análise crítica. O distanciamento analítico não deve ser confundido com uma recusa ao engajamento da escola, ou seja, negação do fato de que uma de suas atribuições seja “formar indivíduos para a cidadania”. Contudo, o sucesso desse empreendimento não deve ser medido pela capacidade de doutrinar o educando para assumir determinados comportamentos ou pontos de vista, mas de dar-lhe condições para o exercício da reflexão crítica (conhecer, analisar, avaliar, propor) e para a ação. Entendemos que essa é a base da socialização cívica no âmbito escolar.

Esperamos que o estudo desse capítulo não seja reduzido ao velho modelo das aulas de Educação Moral e Cívica, mas que seja uma oportunidade – com base no aporte das Ciências Sociais – para que os estudantes desenvolvam olhar crítico sobre os grandes temas de nosso tempo, trazidos para a escola por meio da perspectiva transversal e democrática, e que sejam estimulados a elaborar propostas de intervenção na realidade.

Desenvolvimento das aulas

Explore o filme. Qual seria a concepção de felicidade do casal ao imaginar uma casa repleta de bens da civilização? Seria interessante abordar aspectos da cultura moderna (individualismo) e algumas concepções de felicidade que surgiram nos tempos modernos: narcisismo, hedonismo, consumismo etc. Essa apresentação geral do tema do capítulo pode ser sincronizada com conteúdos das aulas de Filosofia. Esse momento é rico para mostrar como uma sociedade assentada no ideal da igualdade é capaz de produzir tantas visões diferentes de mundo. O desafio da sociedade moderna nos campos social, político, cultural e econômico tem sido construir condições para a convivência de tantos sonhos de civilização diferentes – e muitas vezes opostos.

Explore as imagens. O capítulo disponibiliza duas imagens acompanhadas de perguntas em suas legendas. A primeira procura criar uma ponte entre o manual de Erasmo e os manuais de etiqueta e civilidade dos dias atuais. A pergunta visa contextualizar o problema estudado por Elias. Estimule a turma a identificar os atuais instrumentos que cumprem a função do manual de etiqueta de Erasmo na época – cartazes de campanhas públicas e cartilhas de cidadania, sem falar nos manuais de etiqueta propriamente ditos, abundantes nos ambientes de trabalho e na vida social. Essa tarefa pode ser complementar à discussão do conteúdo do boxe Civilidade: aprendendo a conter-se (página 167).

A segunda imagem, cuja legenda propõe uma questão para os alunos refletirem, refere-se ao cartaz comemorativo e educativo sobre igualdade racial. A relação do cartaz com o processo civilizador foi desenvolvida nos comentários gerais dessa seção.

Recursos complementares para o professor



Leituras

ELIAS, Norbert. Norbert Elias por ele mesmo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

______. Escritos & Ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.

HEINICH, Nathalie. A sociologia de Norbert Elias. Bauru: Edusc, 2001.



Sites

Norbert Elias Foundation: . Acesso em: maio 2016.

Ministério das Cidades: . Acesso em: maio 2016.

Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial: . Acesso em: maio 2016.



Filmes

Gentileza. Brasil, 1994, 9 min. Direção de Dado Amaral e Vinícius Reis. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.

Porr gentileza. Brasil, 2002, 14 min. Direção de Dado Amaral. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.
Página 449

Práticas inter e multidisciplinares no ensino



Civilidade e cartilhas de cidadania

Sugerimos o desenvolvimento de uma atividade em que os estudantes analisem os “manuais de civilidade contemporâneos”, que podem ser encontrados nos próprios espaços escolares. A proposta é tirar o aluno da posição de passivo receptor e estimulá-lo a analisar de forma crítica esses conteúdos usando, para isso, o aporte das Ciências Sociais. Essa tarefa deve ser conduzida levando-se em conta o momento de aprendizagem dos alunos, que são secundaristas e não pesquisadores acadêmicos. Estamos falando de uma pesquisa escolar, na qual eles devem escolher uma fonte (manual de cidadania), selecionar as ideias centrais, contextualizar os problemas que os manuais pretendem enfrentar (com base em dados estatísticos, por exemplo), comparar as opiniões de especialistas no assunto, produzir uma síntese e encaminhar propostas de intervenção na realidade. Esse conjunto de objetivos precisa ser ajustado à realidade da escola/turma, e sua orientação na construção das coordenadas é fundamental para o bom desenvolvimento do trabalho. Os alunos terão a oportunidade de vivenciar uma das dimensões da pesquisa social: com relativo distanciamento, analisar um objeto cultural de nosso tempo. Os resultados dessa experiência podem ser apresentados na escola em atividades como fórum de debates organizados por temas, no qual os grupos fariam a exposição de suas descobertas.

Sugerimos que o projeto pedagógico dessa atividade seja desenvolvido com professores de outras disciplinas cujo campo dialoga com a temática da cartilha. Exemplos: se o tema for meio ambiente, elabore um projeto junto com os professores da área de Ciências da Natureza e Geografia. Se for manual orientando sobre sexo seguro, consumo de substâncias tóxicas, por exemplo, uma parceria com os professores de Biologia e Filosofia será enriquecedora.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

O texto proposto foi extraído de um ensaio de Norbert Elias, no qual ele estabelece conexões entre desenvolvimento tecnológico e processo civilizador. Para criar uma nova tecnologia, o processo civilizador atua no campo da disciplina e do autocontrole, levando indivíduos e grupos a abrir mão de satisfações imediatas. Quando os objetivos são alcançados, novos desafios surgem, pois a sociedade tem de enfrentar situações novas para as quais não existem regras. Desse modo, a tecnicização influencia o processo civilizador. Para defender esse argumento, Elias toma como exemplo o desenvolvimento tecnológico dos meios de transportes – carro e avião especificamente. Ele mostra como foi longo o processo de “invenção” e discute sua dimensão coletiva. Para que em 1835 houvesse uns poucos carros com motor de explosão trafegando na Inglaterra na velocidade máxima de 1,6 km/h, houve, antes, um século de experimentação. Elias aborda a recepção dessa invenção com base nas primeiras regulamentações de tráfego que foram criadas para contornar os transtornos que aquelas “monstruosidades tecnológicas” criavam para as pessoas. A novidade trouxe consigo um novo processo de aprendizagem, mas também um impulso de descivilização: falta de civilidade no trânsito, acidentes etc.

Com base na análise do texto proposto, debata com a turma como o emprego de novas tecnologias traz desafios para a organização da vida social que implicam a construção de novas regras de convivência e o autocontrole. O caso dos transportes tem sido emblemático no Brasil – alvo de campanhas de órgãos multilaterais, como a Unesco e o governo federal. Você pode também trabalhar com as NTIC e a questão dos direitos autorais; com as tecnologias de monitoramento e rastreamento; e a questão da privacidade, entre outros exemplos.

Sessão de cinema



Santa paciência

O filme possibilita discutir o senso comum de que a natureza biológica tem participação ativa na formação da identidade cultural. Essa compreensão aparece frequentemente nos estereótipos construídos sobre etnias, nacionalidades, segmentos sociais etc. Percebemos os alemães como frios, os brasileiros como alegres, os americanos como pragmáticos... Parece que basta ter a Certidão de Nascimento de uma dessas nacionalidades para “herdar” as características do grupo social. O desafio é contribuir para que os alunos percebam o quanto a cultura participa na construção de nossa identidade por meio da socialização.



Orientações para o debate – Selecione trechos do filme que mostram a dificuldade do protagonista em lidar com a descoberta de que ele não seria quem pensava que fosse (um judeu de nascimento, e não um muçulmano). Depois que os alunos manifestarem suas impressões sobre as cenas, conduza o debate em torno do tema “natureza e cultura”.
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Crash – no limite

O filme aborda as relações sociais no contexto multicultural da cidade de Los Angeles. São múltiplas perspectivas, e as relações são marcadas pelos julgamentos morais feitos sobre o outro (alteridade).

Orientações para o debate – Nas últimas cenas do filme, as tensões entre os vários grupos étnicos atingem o clímax: a cena final é uma grande torre de babel, na qual ninguém se entende. A questão do etnocentrismo e a intolerância podem ser o fio condutor do debate, com a possibilidade de explorar aspectos formativos e conceitos das Ciências Sociais, como estereótipos e identidade cultural.

Entre os muros da escola

O filme mostra o cotidiano dos estudantes que vivem em um país multicultural como o nosso – a França. A experiência escolar da juventude brasileira não é a mesma da francesa, mas a rotina mostrada no longa-metragem pode levar os alunos a pensar: “A escola em todo lugar é a mesma coisa”. Caberá a você desconstruir essa imagem generalizante e ajudá-los a identificar as especificidades do sistema escolar francês e daquele contexto social mais amplo. Na obra, a especificidade mais evidente é a presença de imigrantes e filhos de imigrantes nas escolas públicas – um tema muito atual devido à recente onda imigratória vivenciada pela Comunidade Europeia. As tensões giram em torno da questão da diversidade cultural e da relação professor-aluno.

Construindo seus conhecimentos

Monitorando a aprendizagem

1. Civilidade é o conjunto de normas de comportamento que funcionam como linguagem comum para todos os segmentos sociais. Seu objetivo é levar o indivíduo ao autocontrole do corpo e das emoções, evitando atitudes desagradáveis, inesperadas, ofensivas ou violentas diante de outras pessoas. Enfim, civilidade é o modo de agir – ou as “boas maneiras” – esperado em várias situações sociais.

Exemplos de códigos (regras, leis, normas) de civilidade: convenção do condomínio; regulamento da escola; manuais de etiqueta; leis de trânsito; regras esportivas etc.



2. Sim. Os costumes, os hábitos, os modos de ser das pessoas revelam o que cada sociedade é. Conhecendo os códigos de comportamento ou os hábitos mais comuns, podemos ter informações sobre como uma sociedade pensa, como é percebida e como se movimenta. É possível descobrir aquilo que ela aceita e o que rejeita.

3. O etnocêntrico olha o mundo com base no que considera melhor – em geral, pautado nos padrões do próprio grupo ou sociedade em que vive – e classifica o que é diferente, distante, desconhecido como “ruim”, “atrasado”, “decadente”, “selvagem”, “rude”. Uma manifestação de etnocentrismo é a xenofobia (repulsa aos estrangeiros). Os preconceitos raciais e étnicos também são exemplos.

4. O estereótipo é uma generalização, um lugar-comum ou um chavão que simplifica a imagem do outro: “mulher é ruim de roda”; “velho é cabeça-dura”; “os índios são preguiçosos” etc. Quer sejam positivos ou negativos, elogiosos ou degradantes, os estereótipos e o etnocentrismo remetem a relações desiguais, hierarquizadas.

De olho no Enem

O conjunto de questões explora aspectos dos conceitos de etnocentrismo, relativismo cultural e cultura. As duas primeiras mostram como o etnocentrismo interfere na leitura e representação do mundo, das culturas e da vida, e é intolerante com relação à diferença. As duas seguintes exploram o relativismo, que, com base na comparação de sistemas culturais, põe em questão juízos de valor estabelecidos. A última questão aborda como a cultura modela a percepção das sociedades, dos grupos, dos valores e das concepções de mundo.



Assimilando conceitos

1. a) Sim. Elas apontam comportamentos indesejáveis em diversas situações e deixam claro que houve quebra de alguns códigos de civilidade.

b) Advertências, multas, encarceramento, prestação de serviço à comunidade etc.

2. Sugerimos que a questão proposta seja explorada com os estudantes antes do desenvolvimento da atividade. No segundo volume do livro O processo civilizador, o autor, Norbert Elias, ocupa-se de questões relacionadas ao conteúdo da pergunta. Os Estados Nacionais, no período de sua formação, precisaram pacificar os grupos diversos que passavam a fazer parte da comunidade política. Muitos desses Estados foram constituindo-se em decorrência de disputas dinásticas, conflitos que resultaram na incorporação de etnias e outros segmentos na vida política. A sociedade de corte, para Elias, representou o momento em que surgiu a preocupação de construir uma linguagem comum para possibilitar a convivência em um contexto cultural multifacetado. O poder público atuou no sentido de estabelecer as leis, garantir seu cumprimento e regular as relações entre os indivíduos na medida em que fosse exigido para a convivência social.

Olhares sobre a sociedade Explore com os alunos as imagens da atividade.

Peça que identifiquem o sentido de “civilizado” e “não civilizado” que as imagens comunicam.


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É muito comum associar a ideia de “não civilizado” à selvageria e barbárie, bem como a noção de “civilizado” à evolução e ao progresso. Use as imagens para problematizar as hierarquias que essas noções aportam e aproveite para discutir com eles os paradoxos do progresso tecnológico, por exemplo, bem-estar e sustentabilidade do meio ambiente.



Exercitando a imaginação sociológica

O tema proposto envolve reflexão sobre o “bem” e o “mal” que o “outro” pode fazer a um indivíduo. Bem e mal não no sentido maniqueísta de certo e errado, mas no sentido de exercer dupla influência na construção das identidades individuais: confrontando, desestabilizando ou mesmo impondo padrões e expectativas, e também possibilitando reações, ou respostas, que constroem as subjetividades.

Sugerimos, contudo, uma reflexão voltada para o papel do “outro” na construção de identidades coletivas ou culturais, que, assim como as identidades subjetivas, constituem-se de forma relacional.

Nas interações entre grupos humanos, as dimensões da afirmação e do reconhecimento são tão importantes quanto o são nas relações interpessoais. Há muitas formas de um grupo negar ao outro o direito de ser diferente: disciplinando, punindo, excluindo, exterminando, estigmatizando etc. Essas situações foram exploradas em vários momentos nas aulas de Sociologia, sobretudo nas discussões sobre o pensamento social de Michael Foucault e Norbert Elias, e podem ser acionadas pelos estudantes na elaboração da dissertação.

Sugerimos que, antes da atividade, você faça uma explanação sobre os conceitos de identidade cultural, alteridade e diferença, articulando-os com o conceito de etnocentrismo, de modo que ofereça mais elementos para que os alunos leiam os textos propostos e deem asas à imaginação sociológica.

Capítulo 12: Sonhos de consumo

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os alunos deverão:

• identificar as contribuições de Walter Benjamin no que tange à incorporação de novos temas ao trabalho dos sociólogos;

• compreender um dos paradoxos da vida moderna – a força da ideologia do consumo e as possibilidades de liberdade individual;

• compreender que os recursos tecnológicos contribuem para a praticidade da vida e, ao lado disso, podem alterar a forma de as pessoas perceberem o mundo;

• compreender o fenômeno das mídias no mundo contemporâneo;

• construir uma visão crítica da indústria cultural e dos meios de comunicação, particularmente das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC).

Recursos e questões motivadoras

As discussões presentes nesse capítulo caminham sobre três eixos temáticos:

• a construção da imagem da modernidade como o corolário da civilização e seus paradoxos;

• a transformação dos produtores, da tecnologia, do produto criado por ela e da cultura em mercadorias;

• o surgimento da cultura de massas coexistindo, ameaçando e criando novas possibilidades para as configurações culturais de grupos particulares ou nacionais.

Levando em conta a abrangência do pensamen to social de Walter Benjamin, sugerimos que, no planejamento das aulas, o tempo dedicado a essas discussões seja generoso, para maior proveito dos alunos.

Desenvolvimento das aulas

Contextualize. A primeira sugestão refere-se à contextualização histórica. Os estudos de Benjamin trazidos para a reflexão nesse capítulo abordam aspectos da urbanização de meados do século XIX e o desenvolvimento tecnológico entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Vale a pena extrapolar o contexto europeu e abordar aspectos da Belle Époque brasileira, que coincide com o momento em que o Brasil deixava o regime monárquico e se organizava em república – quando a questão da identidade nacional era debatida nos círculos intelectuais, ao lado dos questionamentos sobre as possibilidades de o Brasil se tornar uma nação moderna. Nesse período de expansão imperialista, quando prevalecia a visão de que as sociedades europeias eram civilizadas e as demais atrasadas (bárbaras), a imagem da modernidade estava associada à industrialização, tecnicização e desenvolvimento econômico.


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Com a Primeira Guerra Mundial, momento em que a tecnologia mostrou de forma contundente sua capacidade de destruição, surgem reflexões sobre os limites da civilização. Esse contexto histórico oferece o cenário para a compreensão das discussões propostas pela Escola de Frankfurt na década de 1920, à qual Benjamin é frequentemente associado.

Explore as imagens. O campo artístico é abordado no capítulo sob a perspectiva proposta por Benjamin, mas acrescentamos uma breve incursão sobre a história da arte na passagem do século XIX para o XX, quando novos paradigmas foram estabelecidos. As concepções que davam substrato à arte impressionista foram abaladas com o advento da fotografia e do cinema, cuja característica mais marcante, segundo Benjamin, era a reprodutibilidade que extraía a “aura” da obra. Além disso, indagava-se sobre os princípios norteadores da arte no momento em que a representação do real parecia ser mais fidedigna por meio da fotografia e do cinema. Contudo, não se deve perder de vista outro aspecto ligado ao desenvolvimento tecnológico que provocou reflexões nesse terreno: por muito tempo, os pigmentos das tintas foram misturados pelo pintor, gerando cores tão pessoais quanto seus desenhos. Falava-se em “palheta do artista”. Com a industrialização das tintas no final do século XIX, passou-se a ter uma tabela de cores industriais padronizadas, levando a outras indagações sobre os aspectos subjetivos e pessoais das pinturas. Em suma, os artistas passaram a defender a expressão dos sentimentos e demonstrar sua sensibilidade diante das cores fabricadas. No Livro do Aluno foram reproduzidas duas telas, uma de matriz impressionista e outra expressionista. Elas estão relacionadas a seções específicas, auxiliando a compreensão das ideias de Benjamin, mas podem e devem servir como exemplo para a comparação entre esses dois estilos artísticos em suas intenções, representações, uso das cores etc. Vale lembrar que essa transformação nas concepções de arte impactou a sociedade brasileira na década de 1920, com o movimento modernista.

Oriente uma pesquisa. Até certo ponto, é possível compreender o estranhamento de Walter Benjamin numa época em que a propaganda era novidade. O desafio é exercitar o estranhamento atualmente, quando o marketing se mostra um elemento comum do dia a dia. Proponha aos alunos a realização de um levantamento de dados: slogans, anúncios, comerciais de TV sobre produtos, empresas e políticos. Eles podem organizar os dados em mídias (arquivos digitais), pois nos dias atuais a propaganda está presente em diversos meios de comunicação (cartazes, revistas, jornais, rádio, TV, internet etc.), envolvendo sons, imagens e textos. Após o levantamento, eles farão a análise desses materiais levando em conta o contexto em que foram produzidos, o público a que se destinam, a origem do produto etc. O conceito de propaganda disponibilizado no texto do capítulo pode orientá-los na formulação de perguntas sobre os materiais escolhidos. Com base na análise e classificação dos materiais, deverão produzir um pequeno ensaio sobre suas descobertas e reflexões.

Recursos complementares para o professor

Leituras

BARBOSA, Lívia. Sociedade de Consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

BUCK-MORSS, Susan. Dialética do olhar: Walter Benjamin e o projeto das passagens. Belo Horizonte; Chapecó: UFMG; Argos, 2002.

HOBSBAWM, Eric. Barbárie: manual do usuário. In: Sobre a história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 268-280.

ORTIZ, Renato. Walter Benjamin e Paris: individualidade e trabalho intelectual. Tempo Social: revista de sociologia da USP, São Paulo: USP, v. 12, n. 1, maio 2000, p. 11-28. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.

Filmes

Invasões bárbaras. França/Canadá, 2003, 99 min. Direção de Denys Arcand.

A Era do Rádio. Estados Unidos, 1987, 88 min. Direção de Woody Allen.

Práticas inter e multidisciplinares no ensino



O consumo em perspectiva transversal

A propaganda e o consumo estão fortemente relacionados em nossa sociedade. Não é à toa que se diz que “a propaganda é a alma do negócio” – e negócio lembra capitalismo e industrialização. No entanto, se formos mais precisos, teremos de admitir que a revolução do consumo se deu antes da Revolução Industrial. Isso ocorreu nos séculos XV e XVI com as viagens marítimas em busca de rotas para o Oriente, de onde eram levados os bens de consumo da época – especiarias e outros – para as diversas regiões da Europa.


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Então, o que mudou com a industrialização? A economia de mercado acentuou a competição por consumidores. Por essa razão, o convencimento por meio da propaganda foi se tornando peça central para o capitalismo, frequentemente mobilizando valores, expectativas de status e distinção social.

Hoje, a associação do consumo com consumismo de bens supérfluos muitas vezes ofusca a ideia de que o consumo está relacionado com a cidadania. O acesso à água encanada, à luz elétrica, à linha telefônica, aos alimentos, entre outros bens, é um indicador que possibilita a análise da inclusão ou participação da população nos bens de civilização, ou seja, bens que garantem a sobrevivência e possibilitam uma vida com melhor qualidade. Não é preciso dizer que há contingentes expressivos no Brasil e no mundo que estão excluídos do consumo desses bens.

Nesse sentido, sugerimos que sejam abordadas em perspectiva transversal questões ligadas: 1) à ideologia consumista;



2) à chave inclusão/exclusão do acesso aos bens fundamentais;

3) ao desenvolvimento da legislação sobre direitos e deveres dos fornecedores e consumidores (Código de Defesa do Consumidor).

Essas temáticas podem ser desenvolvidas em atividades extracurriculares, em parceria com os professores das demais áreas de conhecimento, nas quais o objetivo central recaia sobre aspectos formativos dos estudantes – convencionalmente chamado de educação para a cidadania.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

Nesse texto, Walter Benjamin se propôs a ponderar sobre as perdas e as possibilidades abertas pelas transformações culturais na modernidade. Logo no primeiro parágrafo, Benjamin conta uma história fundamentada na sabedoria popular. Então ele indaga: O que foi feito com tudo isso? Em outras palavras, Benjamin questionava-se sobre a perda de significado da experiência das gerações mais velhas para as gerações mais novas. Em sua época, nem todas as pessoas haviam se desvinculado da experiência acumulada por gerações, mas Benjamin estava preocupado com algo que parecia ser uma tendência geral que estaria permeando a sociedade: os ensinamentos de vida foram, por muito tempo, transmitidos por meio de diálogos e interações pessoais e, com a difusão dos meios de comunicação de massa, eles começaram a ficar padronizados, sujeitando as pessoas às mesmas informações e visões de mundo. Embora a sociedade moderna tenha proporcionado recursos tecnológicos que tornavam a vida melhor, as pessoas, segundo o sociólogo, estariam ficando mais pobres de experiências.

Norbert Elias dedicou-se ao estudo do processo civilizador – os modos pelos quais as pessoas foram aprendendo a ter autocontrole e conter seus impulsos –, e Walter Benjamin mostrou-se inquieto com o fato de a modernidade estar comprometida com a civilização, e, paradoxalmente, provocando uma nova barbárie. Primeiro, ele aponta o lado negativo dessa barbárie, sugerindo em seguida que uma nova barbárie poderia abrir caminho para a construção de novas experiências na sociedade. O lado negativo seria abandonar as conquistas da civilização em favor do novo, do imediato, das facilidades e da padronização. O lado positivo seria a possibilidade de avançar sobre as fronteiras (tal como os bárbaros fizeram) e criar. Curiosamente ele toma como exemplo o cinema, uma arte emergente que nascera da técnica. Walt Disney, por meio de Mickey Mouse, trouxe à tona o desejo de um mundo tecnológico, porém mágico, onde bichos, árvores e seres inanimados seriam heróis e vilões. Vê-se em sua análise uma aposta, ainda que tímida, na capacidade da suplantação da massificação pela criação. Seria interessante relembrar com os alunos a cena de Carlitos no Red Moon Cafe. Pouco antes de entrar em cena, ele se deu conta de que havia esquecido a letra da canção. Mas o espetáculo tinha de continuar. Então, criou seu próprio texto e encantou a plateia.

Com base no questionamento de Benjamin, estimule o debate fazendo a seguinte pergunta: Quais histórias, ensinamentos, conselhos recebidos dos mais velhos tiveram significados para vocês? A lembrança dessas histórias deve ser estimulada e canalizada como recurso didático para o entendimento do conceito de cultura popular. Em seguida, a pergunta pode ser reformulada com uma orientação mais geral: Onde as pessoas hoje em dia têm sido mais expostas aos ensinamentos sobre a vida? Em quais espaços as mensagens “faça isso, faça aquilo”; “pense isso, pense aquilo”; “escolha isso, escolha aquilo”; “goste disso, goste daquilo...” fluem permanentemente? Introduza os conceitos de cultura de massa e indústria cultural.
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Sessão de cinema



A alma do negócio

As promessas de facilitar a vida, proporcionar prazer, economizar tempo e oferecer liberdade acompanham o marketing de vários produtos: “tudo o que você precisa”, “seus problemas acabaram”. Esses argumentos podem levar o consumidor a acreditar na necessidade dos produtos (mesmo quando são supérfluos) e criar o desejo de adquiri-los. Sugerimos um debate sobre a cultura consumista ressaltando suas implicações no convívio social. Também seria interessante explorar alguns aspectos das normas de proteção e defesa do consumidor relacionados à propaganda e à falta de informação sobre os produtos. Estimule os alunos a conhecer seus direitos e problematizar valores relacionados à cultura consumista.



O diabo veste Prada

Explore com os alunos os dois sentidos da palavra etiqueta no mundo da moda: marca e símbolo de status e adequação dos trajes a cada situação. Em ambos os casos, o vestuário opera como dispositivo de distinção social. Sugerimos uma série de perguntas para promover um debate sobre consumo entre os alunos: Houve alguma alteração em seu padrão de consumo recentemente? Se houve, a que você a atribui? O que você acha do consumo que observa a seu redor? É possível consumir sem se tornar consumista?



Criança: a alma do negócio

Uma das maiores preocupações com as crianças na atualidade remete à influência dos meios de comunicação e das novas tecnologias sobre elas. Imagina-se que a criança se rende com facilidade ao estímulo da propaganda e é alvo para captação de novos consumidores. Isso significa que as crianças são percebidas como consumidoras e como influenciadoras do consumo de seus pais. Após a exibição do documentário, você pode sugerir aos alunos que analisem suas biografias, identificando as relações que mantiveram com o consumo, em especial durante a infância. A sistematização da proposta em um texto pode ser sequenciada pela elaboração de um painel em que todos possam ler os relatos dos colegas e formular problemas sobre geração e consumo.



Os delírios de consumo de Becky Bloom

O filme trata, de forma lúdica, uma questão que preocupa muitos especialistas: o endividamento, sobretudo aquele ligado ao consumo compulsivo. Dada a relevância do tema, algumas emissoras de televisão exibem programas, séries e reality shows que exploram as dimensões psíquicas, sociais, subjetivas, econômicas etc. do consumismo. Uma atividade de pesquisa que você pode propor é investigar, com base no conceito de fato social, como os transtornos ligados ao consumo extrapolam o indivíduo e fazem parte de uma estrutura social mais ampla. De que forma o desejo de um jovem por um equipamento eletrônico, por exemplo, relaciona-se com a sociedade em que ele vive? Estimule a imaginação sociológica dos alunos.

Construindo seus conhecimentos

Monitorando a aprendizagem

1. Porque ele abordou aspectos de uma sociedade cujos padrões sociais, valores e costumes passavam por transformações. Nos temas escolhidos por Benjamin vemos fatos que se caracterizavam pela coercitividade sobre os indivíduos; pela exterioridade, pois eram independentes da consciência individual; e pela generalidade, já que eram aspectos coletivos que diziam respeito a toda a sociedade.

2. Para Benjamin, as passagens eram espaços de opressão e de libertação. Eram opressoras porque impunham a ideologia do consumo, mas também carregavam o que ele chamou de “utópicas promessas de liberdade”, porque apontavam para a possibilidade de construir, graças à tecnologia, uma sociedade próspera. Seguindo o caminho traçado anteriormente por Marx, Benjamin reconheceu uma dimensão positiva no capitalismo. O que impedia que produtos e sonhos fossem acessíveis a todos não era uma falha técnica do capitalismo, mas a lógica egoísta e desigual em que se baseava esse sistema.

3. A inexistência de um original da fotografia criava um mundo repleto de cópias e reproduções. Além disso, a fotografia possibilitou uma nova relação entre o indivíduo e sua imagem e, por fim, contribuiu para a mudança na relação da sociedade com a memória, que deixou de se basear principalmente na tradição oral e/ou escrita e passou a contar com imagens como forma de registro do passado (álbuns de família, arquivos públicos de imagens etc.).

De olho no Enem

Na primeira questão, encontramos uma definição geral de propaganda elaborada pelo cientista político Norberto Bobbio. Sugerimos que na resolução desse item sejam retomadas as ideias centrais do boxe Propaganda (página 182).

A segunda questão traz um fragmento de Teodor Adorno – filósofo alemão com formação em Música. Adorno fez parte da corrente de pensamento conhecida como Escola de Frankfurt, juntamente com Walter Benjamin e outros.
Página 455

O termo “indústria cultural” foi cunhado por ele e Max Horkheimer, a fim de designar a situação da arte na sociedade capitalista industrial. A particularidade que viam na indústria cultural era que ela não apenas adaptava seus produtos ao consumo das massas como determinava o próprio consumo e trazia em si os elementos característicos do mundo industrial moderno.

A terceira questão explora o conteúdo abordado na seção final do capítulo – o efeito das novas tecnologias na formação das subjetividades –, mas vai além discutindo as implicações morais dessas transformações na tentativa de conjugar valores universais e particulares.

Assimilando conceitos

A charge compara a capital paulista com um shopping center: os que estão dentro dele, os incluídos (classes média e alta), têm acesso à tecnologia (elevador), às paredes de vidro e ao ambiente selecionado. Os de fora, os excluídos (pobres), ficam cada vez mais distantes do padrão de vida dos outros dois segmentos. A charge retrata um contexto de grandes desigualdades sociais. A sociedade é próspera, mas não para todos.



Olhares sobre a sociedade

1. O compositor retrata o comércio praticado nas lojas que têm vitrines (cenários de vidro para exposição de produtos). Nesses “cofres de vidro”, é exposto todo tipo de mercadoria (“o cosmo lotou a vitrine”). Esses espaços não são marginais ou informais. O compositor aborda no último verso a ideia de que, na sociedade de consumo, as próprias pessoas se transformam em vitrines – lugares de exposição de seus bens ou dos sonhos de quem as vê.

2. A pesquisa pode ser feita em anúncios impressos em revistas, jornais e panfletos. Mas a atividade pode ser enriquecida com a discussão de vídeos de comerciais produzidos para a TV e internet, amplamente disponibilizados em sites de compartilhamento, como o YouTube. Analise com os alunos os slogans e os recursos usados para convencer os “consumidores” acerca da importância do produto – seja serviço, seja bem.

Exercitando a imaginação sociológica

Essa atividade dialoga com a segunda parte da seção Olhares sobre a sociedade, que propõe a análise de propagandas. O tema proposto contribui para a desnaturalização da sociedade contemporânea que, em grande medida, sustenta-se na ideologia do consumo (ou consumismo). Para que os alunos tirem maior proveito da proposta de redação, seria interessante problematizar a noção de “inclusão” implícita no slogan: ter acesso ao que há de melhor por meio do simbólico “dinheiro de plástico” e sua promessa de adiantamento do benefício em troca do pagamento de juros e outras taxas de serviço – aspectos que a propaganda omite. Seria interessante retomar o que foi trabalhado no Capítulo 6 sobre a importância do crédito no capitalismo moderno, a visão de Karl Marx a respeito da mercadoria como fetiche, e articular com a análise de Benjamin sobre a propaganda. Além de revisitar os conteúdos estudados, o aluno pode recorrer à teoria social para elaborar sua dissertação.

Capítulo 13: Caminhos abertos pela Sociologia

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os alunos deverão:

• identificar os pontos principais de cada autor estudado e comparar suas análises;

• compreender que o conhecimento sociológico não pretende abarcar a totalidade da experiência social. Ele é parcial em função do ponto de vista de quem observa e porque a sociedade está em transformação permanente;

• compreender duas orientações metodológicas presentes na Sociologia: as pesquisas macrossociológicas e as pesquisas microssociológicas;

• aprofundar a compreensão da sociologia como um campo científico distinto de outras formas de saber sobre o mundo social.

Recursos e questões motivadoras

Esse capítulo retoma um tema abordado ao longo do curso: a construção do conhecimento pelas Ciências Sociais e os desafios dessas disciplinas em um mundo em transformação. O estudo permite a discussão com os alunos sobre o tema da interdisciplinaridade e multidisciplinaridade em caráter introdutório. No que concerne à perspectiva transversal, a discussão central gira em torno da ideia de respeito e de tolerância ao ponto de vista do outro, da importância do diálogo/debate na convivência social como forma de expressão da liberdade.

Página 456

Sugerimos organizar as aulas para que os objetos de conhecimento da disciplina e aspectos formativos sejam trabalhados concomitantemente em proveito dos estudantes.

Desenvolvendo as aulas

Explore os conceitos. O capítulo recupera as ideias centrais de cada teórico estudado na Parte 2. Essa construção foi elaborada para possibilitar a comparação entre pontos de vista de pesquisadores que pretendiam compreender a vida em sociedade. A ideia é explorar o que é “perspectiva do observador” e a objetividade das Ciências Sociais. Enfim, o que se pretende é discutir com os alunos o tipo de conhecimento produzido pelas Ciências Sociais.

Use filmes. Um recurso que pode ser utilizado para a apresentação dessa temática é a exibição do filme Narradores de Javé (indicado na Sessão de cinema; ver comentários).

Explore as imagens. O capítulo foi enriquecido com imagens em pares que indicam desafios para a compreensão do mundo contemporâneo. Sugerimos que essas imagens sejam exploradas juntamente com o texto da Leitura Complementar desse capítulo (ver comentários).

Recursos complementares para o professor

Leituras

LEVINE, Donald. Visões da tradição sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

REIS, Elisa P. As Ciências Sociais e o bug do milênio. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 14, n. 39, p. 5-11, 1999.

Sites

Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS): . Acesso em: maio 2016.

Associação Brasileira de Antropologia (ABA): . Acesso em: maio 2016.

Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP): . Acesso em: maio 2016.



Filme

Ponto de vista. EUA, 2008, 90 min. Direção de Pete Travis.

Programa de televisão

TV Cultura: Fronteiras do pensamento – entrevista com Zygmunt Bauman e encontro com o pensador Edgar

Morin. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.

Práticas inter e multidisciplinares no ensino



Luz, câmera, ação...

Os grupos de trabalho deverão reunir-se para produzir o roteiro de um filme (ou uma peça teatral). A história poderá ser uma paródia do filme Tempos modernos, mas abordando os dilemas das sociedades contemporâneas. A pesquisa envolverá o levantamento de questões nas esferas da produção e consumo, política, social e ambiental. O projeto pode ser desenvolvido junto com as demais disciplinas da área de Ciências Humanas e com a área de Linguagens. Se a proposta dos grupos for ampla, as Ciências da Natureza e a Matemática poderão contribuir para a elaboração de cenas sobre as questões tecnológicas e ambientais da atualidade. Essa atividade poderá se converter em evento de encerramento do ano letivo do colégio.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

O texto de autoria de um dos mais conhecidos sociólogos brasileiros – Octávio Ianni (1926-2004) – discute o papel das Ciências Sociais no contexto da globalização, a qual ele chama de “ruptura histórica”. É conveniente traçar um paralelo entre o conteúdo desse texto e o conteúdo abordado no Capítulo 2: a Sociologia surgiu com a missão de interpretar os tempos modernos e com isso ela se tornou uma espécie de “autoconsciência” científica do mundo. As transformações históricas decorrentes do processo descrito no texto – globalização e seus desdobramentos sobre todas as esferas da vida – colocam novos desafios às Ciências Sociais para que elas continuem cumprindo esse mesmo papel.

Esse desafio é vivido da mesma forma que foi vivido em suas origens: com base em perspectivas teóricas diferentes, primando pelo rigor científico e com atenção aos novos desafios da sociedade (muitos deles elencados por Ianni).

No esforço de compreender o mundo em transformação, entende-se que as fronteiras disciplinares não são mais suficientes. A comunidade científica tem chamado atenção para a necessidade de trocas entre as disciplinas que possibilitem a compreensão maior de realidades complexas. A esse movimento tem-se chamado de inter e multidisciplinaridade.
Página 457

Nesse sentido, o ponto de vista do outro (entendido aqui como outro campo científico) pode tornar-se uma nova forma de construção do conhecimento no mundo atual.

Se o professor optar por trabalhar com esse texto em suas aulas, recomendamos atenção especial ao vocabulário e ao esclarecimento das ideias centrais. Como tema de debate sugerimos: O que ocorre no mundo de hoje que você gostaria de compreender melhor por meio do conhecimento das Ciências Sociais?

Sessão de cinema



Narradores de Javé
O grande ditador

Nossas crenças religiosas, opiniões políticas, valores culturais, gostos e pontos de vista nos ligam à sociedade em que vivemos: não são posições exclusivamente individuais, ainda que façam parte de nossa individualidade. O debate proposto com base nos filmes indicados contribui para a compreensão da natureza da subjetividade dos indivíduos nas sociedades modernas. Como nossa maneira de ver o mundo não é algo intrínseco, ao longo da vida podemos adquirir novos pontos de vista, novas percepções da realidade e ampliar nossos horizontes culturais, mudando de opinião e compreendendo – sem tecer juízos de valor – a experiência de outros grupos. Segundo C. Wright Mills, esse é o projeto cultural das Ciências Sociais. O que ele chamou de “imaginação sociológica” é justamente a capacidade de ligar a biografia à História, o individual ao geral, as escolhas pessoais à cultura mais ampla.

Instigue os alunos a discutir como cada filme explora essas ideias: De que forma nosso lugar na sociedade (papel, classe social, cultura etc.) influencia a percepção que temos do mundo e dos outros grupos? Se nos colocarmos no lugar do outro, enxergaremos as questões de outro modo? Se isso acontecer, poderemos ampliar os horizontes e obter novas perspectivas da realidade social?

Construindo seus conhecimentos



Monitorando a aprendizagem

1. Dizer que a Sociologia é um “mapa imaginário” é entender que ela oferece perspectivas parciais da realidade social. Seu papel é chamar nossa atenção para uma pluralidade de opções, de contribuições, de olhares e sugestões diferentes, às vezes contraditórios; outras, complementares. É como se esses olhares nos ajudassem a desenhar mapas de orientação cultural, política, religiosa. Tais mapas nunca são completos, assim como a vida em sociedade nunca se esgota. Mesmo parciais, os “mapas sociais” são essenciais porque indicam as fronteiras, as distâncias, os obstáculos e as possibilidades da vida em sociedade.

2. A Sociologia faz muitas perguntas e oferece respostas variadas diante de desafios comuns. Em qualquer investigação sociológica, são usadas “ferramentas” de pesquisa adequadas para cada tipo de pergunta. Exemplos: se quero saber por que a sociedade é desigual e por que a riqueza não é distribuída de forma justa, terei de procurar dados e informações que mostrem como a economia está organizada, como a riqueza se distribui entre os grupos, onde está concentrado o volume de recursos, como se conta tal volume etc. Mas, se o que quero realçar é a maneira como os indivíduos percebem, agem e são afetados por esses processos, as ferramentas de pesquisa e as informações são distintas. O importante é saber que é possível contar com inúmeros caminhos e ferramentas para chegar ao que mais me impressiona ou inquieta. Os caminhos são os métodos de pesquisa. E as interpretações ou explicações que darei são as teorias construídas como sugestões de respostas aos dilemas que estou tentando explicar.

3. Porque os cientistas sociais transformaram as próprias perguntas em problemas, investigaram esses problemas com métodos, traduziram as descobertas em conceitos e submeteram seus trabalhos a outros pensadores, que analisaram os procedimentos e a coerência de suas conclusões. As ideias desses cientistas são saberes sociológicos porque foram regidas pela lógica científica. As metodologias empregadas pelos sociólogos são classificadas em dois grandes grupos: metodologias quantitativas e qualitativas.

De olho no Enem

As duas questões propiciam uma reflexão sobre os seguintes aspectos: a pluralidade de pensamento em uma mesma cultura, a diversidade de concepções de vida (diversidade de culturas) e de conhecimento sobre a realidade.

Na medida em que as sociedades vão se diferenciando, especialmente as sociedades individualistas, as visões de mundo, as concepções de bem e as percepções sobre a realidade também vão se diferenciando. O desafio não é coibir essas diferenças, e sim construir caminhos para que os conflitos não se tornem violentos, mas em conformidade com a convivência democrática e pacífica.
Página 458

A segunda questão menciona a concepção do filósofo alemão Jürgen Habermas acerca do discurso. Em seu livro Teoria da ação comunicativa ele argumenta que as pessoas são capazes de ação e, para tanto, utilizam a linguagem a fim de se comunicar com seus pares para chegar a um entendimento. Segundo o filósofo, em sociedades plurais a democracia é possível por meio da comunicação, que visa ao consenso.



Assimilando conceitos

1. a) Que existem diferentes concepções de verdade, que seguem caminhos diversos. Isso acontece em termos religiosos, políticos, filosóficos, existenciais etc.

b) Não, uma vez que todos os representantes dos dogmas estão de costas uns para os outros – não se veem, não se falam e não se escutam.

2. a) Essa questão pede que o estudante apresente seu ponto de vista sobre o que representou a mudança de ponto de vista de Calvin (ainda que a tira não mencione o assunto em questão para Calvin e seu pai). Atento a isso, você pode criar um clima de debate e levar os estudantes a refletir sobre essa questão por meio: 1. do ponto de vista de Calvin; 2. do ponto de vista do pai dele; 3. do ponto de vista dos próprios alunos acerca do que pode representar a mudança de opinião, de percepção de um fato, ou levar em conta ideias opostas às suas ainda que mantendo seu ponto de vista.

Observação: ao considerar o ponto de vista do outro nem sempre se muda de opinião. O benefício do debate e/ou diálogo consiste em aprender/mudar, tolerar/respeitar, argumentar/ponderar; descobrir alternativas/negociar etc.



b) Exemplos históricos: o Renascimento, a Revolução Científica e a Reforma Protestante do século XVI contribuíram para a ruptura com a visão única da Igreja Católica. Exemplos contemporâneos: a luta das minorias (grupos étnicos, mulheres, gays) que buscam a liberdade para se expressar e viver; para isso, enfrentam pontos de vistas que, se não são únicos, predominam em determinados contextos sociais – hegemonia dos brancos, da cultura machista ou da heteroafetividade como padrão de relacionamento. Ainda hoje, há sociedades que lutam pela liberdade religiosa (em regimes teocráticos) e liberdade de expressão e de pensamento.

Olhares sobre a sociedade

1. O autor quer ter flexibilidade para rever os pontos de vista não apenas em determinados momentos mas também como uma postura para toda a vida.

2. A canção não defende a ausência de opinião, e sim a abertura para novos ângulos e perspectivas diferentes do que a pessoa tinha no primeiro momento. O sujeito não deve satisfazer-se com o que já sabe de qualquer assunto – é preciso conhecer novos pontos de vista, confrontá-los com os próprios e mudar ou não (“dizer” e “desdizer”).

3. Porque conservar determinadas ideias por incapacidade de abrir-se para outras opiniões e informações pode gerar uma postura intolerante, intransigente e preconceituosa. É fechar-se para o diálogo.

4. A obtenção de informações sobre um assunto específico na internet, em editoriais e reportagens de jornais e revistas, programas de TV etc.

A descoberta de informações pela literatura, por filmes, músicas, debates etc.

A ampliação do horizonte cultural por meio de viagens e participação em redes sociais ou grupos de discussão.

Ampliação do conhecimento. O estudo da sociologia e de outras ciências sociais torna possível observar como outras sociedades ou grupos lidam com as mesmas questões sobre as quais temos opiniões formadas.



Exercitando a imaginação sociológica

Quem está subindo ou descendo? Quem está do lado de dentro ou de fora? Qual é a entrada principal dessa construção? A gravura de M. C. Escher é um recurso rico para discutir com a turma a questão da perspectiva de quem vê e analisa determinada situação.

Ao longo do curso, os estudantes aprenderam que as Ciências Sociais constituíram-se, desde seu surgimento no final século XIX, em um campo com múltiplas abordagens sobre o mundo social. Começamos apresentando os “saberes cruzados” – Sociologia, Antropologia e Ciência Política –, que estudam a sociedade com recortes distintos. Em seguida, apresentamos algumas matrizes teóricas que procuraram compreender as transformações do mundo moderno. O exercício proposto de encerramento da segunda parte do livro foi imaginar um debate entre os oito teóricos apresentados a fim de mostrar que o mesmo objeto – o filme Tempos modernos – poderia provocar reações, inquietações e respostas distintas. Nos capítulos seguintes, esse mesmo exercício prossegue por meio da pergunta: Como explicar o Brasil?
Página 459

Os temas que serão abordados são pedaços da realidade social brasileira que mostram o Brasil por diferentes ângulos.

A proposta da dissertação é argumentar a favor da necessidade de compreender outras perspectivas para um convívio melhor. Seria interessante discutir com a turma o questionamento que o tema proposto traz: Por que a compreensão da perspectiva do outro é uma necessidade? Não daria para viver sem ela? O resultado dessa compreensão é “um convívio melhor” ou haveria outros ganhos, por exemplo, uma nova compreensão da realidade, seja ela social, do mundo físico, seja mesmo filosófica? Sugerimos explorar o tema relacionando-o com o papel da ciência como um ponto de vista em relação a outras leituras da realidade. Outro aspecto que pode ser abordado é o quanto foi importante para a ciência moderna fragmentar-se em diferentes perspectivas – as disciplinas –, pois isso possibilitou o desenvolvimento de olhares específicos sobre a realidade. O desafio da ciência no início do século XXI é recompor o todo – ou seja, reintegrar o saber, a fim de alcançar um conhecimento mais complexo da realidade. Esse movimento intelectual tem recebido alguns nomes como interdisciplinaridade e multidisciplinaridade. Tais ponderações não precisam ser adensadas. O fundamental é contribuir para que a turma compreenda que, para a ciência, o que chamamos de “conviver melhor” pode ter o sentido de “compreender melhor” ou “compreender mais” por meio das perspectivas diferentes e do debate, considerando sempre o rigor científico.
Página 460

Parte III: A Sociologia vem ao Brasil

Que país é este?

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os alunos deverão:

• entender que, para apreender a complexidade social brasileira (estrutura social e diversidade cultural), são necessários estudos com abordagens diferentes e investigações permanentes;

• identificar manifestações e representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico brasileiro;

• relacionar manifestações culturais do presente a seus processos históricos.

Recursos e questões motivadoras

A proposta do capítulo inicial da Parte III, Que país é este?, é lançar bases para a compreensão sociológica da sociedade brasileira, levando à compreensão de que tanto no plano social quanto no âmbito das Ciências Sociais as interpretações do Brasil são múltiplas. O que à primeira vista parece algo simples é tarefa cheia de armadilhas. Uma delas, talvez a maior, é não oferecer elementos para os estudantes diferenciarem a percepção social sobre o Brasil da análise científica desse mesmo objeto. A pluralidade de abordagens sobre a sociedade brasileira nas Ciências Sociais não dispensa o rigor científico, a metodologia de investigação nem o diálogo com as teorias sociais. Os estudantes deverão, ao longo do curso, aprender a reconhecer o discurso científico disponibilizado pelas Ciências Sociais e ser instrumentalizados para posicionarem-se diante de novas pesquisas sociais e continuarem aprendendo após o término da formação do Ensino Médio.

Os temas propostos nessa parte do livro podem ser classificados como temas que “todo mundo sabe, tem opinião e pode falar a respeito”. Mas o objetivo do ensino de Ciências Sociais é contribuir para que os alunos desenvolvam a imaginação sociológica.

Desenvolvendo as aulas

Explore a imagem de Rugendas e o fragmento do livro Rio das Flores. Essas fontes apresentam visões do Brasil construídas por artistas estrangeiros de épocas distintas. Se desejar, você pode explorar outros recursos, como fragmentos literários de escritores brasileiros (disponíveis na seçãoConstruindo seus conhecimentos, página 213), e a tela de Luis Pedro de Souza Soares (página 211). Esses cruzamentos servem para construir noções como: O que são percepções sociais? O que elas informam? Como os cientistas sociais e os leigos podem, com base nelas, compreender aspectos da realidade brasileira?

Recursos complementares para o professor



Leituras

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

BOTELHO, A.; SCHWARCZ, L. (Org.). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Site e aula em vídeo na internet

Ministério da Cultura (MinC): . Acesso em: maio 2016.

Visões do Brasil, século XIX. Ciclo de conferências “Artes Visuais no Brasil do século XIX”. Oito aulas realizadas pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP em out./nov. 2010. Disponível em:


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