Nos passos de Uma vida Pelo espírito Marcione Ortencio



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CAPITULO IV




P
línio e Tivas Neto saíram numa manhã de segunda-feira com o propósito de visitarem Sâmara no educandário. Chegando lá procuraram a diretora responsável.

- Pois não?

- Sou Plínio Ortencio, e minha irmã esta internada aqui.

- Qual é mesmo o nome dela?

- Sâmara Ortencio.

- O caso dela é um típico caso de esquizofrenia mental vive chorosa pelos cantos acabrunhada, não sei se seria um bom momento dela revê-lo senhor Plínio, pois quando a deixou conosco virou as costas para ela que ficou de braços entendidos em sua direção deu pena de ver a coitadinha sendo abandonada. Agora vem querendo visitá-la assim sem mais nem menos depois de tanto tempo.

- Minha senhora – Foi Tivas quem tomou a palavra – O que aconteceu no passado está morto e enterrado o importante é que o moço esta aqui querendo um novo contato com a irmã. Sabemos que ambos passaram um processo traumático na vida que preferimos não comentar. Vendo a jovem Sâmara em sofrimento sujeitou-se a buscar para si uma melhor sorte.

- Suas palavras são bonitas mais hoje ela esta um pouco melhor do que do dia que aqui chegou, tenho um temor por esta sorte que o senhor diz.

- Plínio após dez anos reencontrou sua outra irmã que também esta disposta a proporcionar a Sâmara uma vida digna e melhor, um novo ambiente lhe fará bem.

- E onde esta essa irmã?

- Em nossa estância num povoado logo após o grotão do Mogi, posso lhe afiançar que ela será bem acolhida e que a partir de hoje não chorara uma só lágrima que não seja de alegria.

- Então vamos lá.

Saíram do gabinete da diretoria indo direto ao pátio, Sâmara estava em um banco segurando uma boneca cabisbaixa longe de seu melhores dias. A diretora encostou lhe a mão no ombro chamando sua atenção e ao avistar o irmão seus olhos marejaram, ela soltou um gritou de dor e de saudade incrustada há anos, o mesmo grito que ela deu a me ver no umbral da porta de casa chegando com Plínio e Tivas, Belarmino no seu banquinho apenas sorrindo. Corri a ate ela e abracei-a como nunca abracei, choramos de contentamento ela suspirava gesticulava minha emoção foi maior quando ela pos em minhas mãos a boneca de pano, que eu lhe fiz de presente de aniversario. Jurei por tudo que é sagrado nunca mais me separar da irmã tão querida ao meu coração, uma alma pura e inocente que veio num corpo com privações para evoluir e se depender de mim vou lhe proporcionar uma razão a mais para viver.

Foi uma semana inteira de festa e alegria que passou tão rápido que veio a sexta-feira, noite de nossas orações pedi que Tivas abrisse o evangelho e na ocasião leu-se:


Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; fazer o bem sem ostentação. Tende cuidado não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistos, pois do contrário não recebereis a recompensa de vosso pai que esta nos céus. Assim quando destas esmolas não trombeteais como se fosse os hipócritas na sinagoga e nas ruas para serem louvados pelos homens. digo-vos em verdade que eles já receberam suas recompensas quando não sabia a vossa mão esquerda o que fazia vossa mão direita afim de que a esmola fique em segredo e vosso, por que vê o que se passa em segredo vos recompensará. (Matheus cap. VI VS, 1 a 4)

A recompensa para mim já estava chegando, só de ter ao meu lado meus irmãos e vê-los sorrindo, era tudo pra eu ver o contentamento deles. Tivas fez sua dissertação sobre o tema e encerrou com uma prece de gratidão as recompensas de Deus a nos simples s puros imperfeitos mortais.



Felicidade é caminhar sem pressa então pra que querer correr para alcançar a felicidade?

Amor se planta de vagarinho no coração, amor é que nem semente voadora daquela que voa no bico do passarinho.

E cai na rocha dura, na montanha grande há um pedacinho de terra para receber calor, chuva e a brandura do vento.

Ela germinará, ela vingará e começará a crescer, assim é o amor acompanhado da felicidade sejamos o passarinho que leva semente na rocha do coração dos embrutecidos.

Sejamos o vento que sopra o sol que aquece a chuva que abranda, só assim fazemos crescer esta planta de amor e felicidade.

Quando ele terminou deu um suspiro disse calmo e sereno: palavras de Pai Benedito.

Perdoar, desculpar, absolver as faltas, as penas, dividir e poupar, ser humanitário tolerante, conceder perdão, desculparem-se, poupar-se, visivelmente, este ultima adjetivo verbal, torna o ser humano grandioso, em suas busca, as incertezas de ontem não afiança a dúvida nem tão pouca a certeza de amanhã. O coração humano esta aquém de se entender com o cérebro, tudo se passa nas opinarias da consciência.

O subconsciente implanta, na rotineira vida subseqüente diário as vicissitudes que nos abraça num monopólio sentimental espiritual, o perdão é ato de misericórdia para com os nossos semelhantes. Mas quando visionamos a ver somente o nosso próprio eu, massageando o ego, começamos a inserir um pouco de vaidade que nos excluí de todas as maravilhas da renúncia. Quando pensamos em perdoar não vemos qual ofensa, qual a culpabilidade de nosso agressor? Simplesmente perdoamos e começamos a fazer uma reflexão sobre os perdões, perdoadores e perdoáveis. Num ritmo sincronizado nenhum perdão vem em hora errada, ninguém se dispõem a perdoar sem se sentir tocado no coração. Revendo estes conceitos papai ficou por anos se martirizando, entregou-se as autoridades sem se titubear, pensando que a justiça o pouparia alguns anos de prisão, pura ilusão. Os homens ainda não estão preparados para analisar os fatos com a sabedoria de ver abastados lados. Papai pegou vinte anos de prisão e já havia se passado doze que ele estava encarcerado.

Doze anos após aquela noite fatídica todos os minutos naquela cela fria, o tempo já não marcava dia nem noite tudo era um vazio, uma solidão infinita. E por quê? Qual o motivo pensava. Minha filha que pensei proteger abandonou a mãe doente a irmã muda, não apoiando o irmão que necessitava de seu amparo. Não quero nem pensar em mim que estou jogado aqui com pena já comprida mais não sai por causa do capricho de um pai revoltado. Que suborna as...

- Papai! Quebrei o silencio daquele cárcere gélido cheirando a mofo retirando-o de seus devaneios.

- FILHA! Papai olhou-me e como foi doido aquele olhar, dor, agonia, revolta e alegria as sentimentalidades brigando dentro de nós, desesperei-me não sabendo o que fazer desfaleci de felicitação e emoção. Meu coração aflito queria atravessar os vãos das grades, Plínio e Tivas tentaram me conter, o carcereiro vendo meu desespero acelerou o processo de destrancar a porta da cela me dando passagem. Jogada aos seus pés com a cabeça no seu colo fiz uma prece de agradecimento a Deus e entre lágrimas supliquei, implorei seu perdão por todas as minhas falhas e faltas para com ele, ah! E chorei como eu chorei, mais de arrependimento do que de contentamento, por ser a causadora das dores e dos sofrimentos de meu pai.

Passadas as emoções preliminares sentamos em volta de papai. E pude notar o quanto a reclusão fora prejudicial a ele e a sua saúde, notei ao seu lado uma sombra que não desgrudava dele firmando bem a mente percebi que se tratava do doutorzinho filho do prefeito, que lhe sugava todas as suas energias, enquanto que a espreita me fuzilava, com seu olhar de ódio e vingança. Contei a papai tudo que ocorrera comigo e que ele tinha um lindo neto, papi sorriu e o espírito recuou um pouco, mas não deixando nada do meu relato passar despercebido, notei que em alguns trechos da minha narrativa ele ficava apreensivo, outros ele levantava e investia contra papai e eu. Mas em prece continha suas ofensivas. Finalizando prometi ao meu pai.

- Sei que a vida tem sido injusta para com o senhor, mas eu não o abandonarei por nada neste mundo.

- Não filha, fui eu no meu ato impensado que causei toda esta demanda em nossas vidas.

- Nada disso não é hora para lamentações e sim de um novo recomeço em nossas estradas. – Atalhou Plínio, já viram aquele ditado: “é mais fácil concertar uma cancela do que abrir outra!” Todos riram e papai me disse olhando no fundo dos olhos:

- Filha só tem neste momento, que render graças a Deus, por me valer por mais esta oportunidade de vê-los e poder pedir o meu perdão a vocês e principalmente ao criador por ter tirado do mundo duas vidas a de um pobre diabo que com seu orgulho e dinheiro pensou que teria tudo. Falando assim o espírito tentou nova agressão partindo pra cima de papai. Mais em prece pedi amparo de nossos maiorais, papai naquele ato de sublimação estava aureolado por uma tenra energia fluídica e prosseguiu.

- E a minha que sai de circulação e hoje estou aqui por vários anos trancafiados, mas Deus minha filha, não foi de todo injusto comigo. Deu-me a oportunidade de refletir esses anos sobre minha situação, sei que um dia pagarei um preço caro pelos atos que cometi. Neste instante a vibração de papai baixou e o seu algoz aproximou-se dele e gritando despautérios em seu ouvido o fazendo cambalear e balançar a cabeça. Sentindo sua negatividade, gargalhando lançou-me um olhar sinistro e sarcástico.

Plínio e Tivas que se mantinham calados observaram que eu travava uma disputa campal com alguém mais nada disseram. O carcereiro chegou avisando que nosso tempo venceu e que papai ainda receberia outra visita, percebi que papai se encolheu e o seu perseguidor agigantou-se gargalhando alto e estridente.

- Papai antes de sair preciso ouvir de sua boca se me perdoou pelo mal que lhe fiz? O espírito assassinado espantou-se com meu gesto e ficou meio que confuso fazendo uma confusão também no seu coração e no de papai.

- Mais filha eu que matei, eu que causei tantos infortúnios! E mesmo assim quer o meu perdão?

- Sim papai, pois sei que se tivesse evitado as investidas do filho do prefeito ninguém estaria nesta situação por isso quero seu perdão. O espírito que ate então estava pomposo recarregado de forças, amiudou-se tentando entender quem era vitima e quem era carrasco olhou pra mim e vendo meu pai me abraçar dando seu perdão não compreendendo nada saiu correndo mudo no mundo sem direção.

Todos nós atreláramos numa só corrente de amor, enchemos nossos olhos de lágrimas, o coração de esperança e Plínio fez uma oração agradecendo àquele nosso reencontro. Deixamos papai revitalizado para sua próxima visita.

Saímos da ala de reclusão em direção a saída principal do presídio quando ouvimos alguém na sala do diretor gritando.

- Eu não falei nada da visita para aquele verme.

- Mas prefeito, eram seus filhos não pode negar.

- Mas eu disse que poderia ser o Cristo em carne viva, que não era para vê-lo.

- Sim, mas temos normas a cumprir, se eles descobrem o que vem acontecendo durante todos estes anos estaremos perdidos.

- Só se você der com a língua nos dentes seu besta. Eu quis entrar na sala, mas Plínio e Tivas me impediram o carcereiro sem saber o que fazer tentava me tirar de frente da sala, e eu quis ouvir mais e ouvimos.

- Prefeito o senhor sabe que este pobre homem já cumpriu mais de um terço de sua condenação e que bom comportamento já devia estar na condicional cuidando dos cacos da sua família.

- Em cacos ficou foi a minha família sem meu filho ainda novo com um futuro todo pela frente e este miserável cortou pelo início sua juventude matando-o.

- Sei, sei disso, mas a lei é igual para todos.

- Não para aquele maldito.

Não suportando mais ouvir aquela conversa invadi a sala ainda sendo contida por Plínio e Tivas, com o carcereiro dando com os ombros sem nada dizer. Fui logo gritando:

- Quem o senhor pensa que é? Estupefatos os dois homens me olharam não sabendo o porquê da minha invasão. E minha voz continuou com ironia.

- Deus o Grande desceu dos céus e esta fazendo justiças na terra agora? Pois se ele estiver julgando veremos se estou certo ou errado, pois apossando de um corpo que não é meu, de uma voz que não me pertence pela qual faço esta interlocução neste momento. Dialogando com um ser pensante que pensa ser juiz, julgando o futuro do próximo, que aquele bestial foi um fraco em sucumbir à fúria momentânea não questiono, se ele esteja pagando por uma infração grave cometida, não duvido que esteja arrependido, pois sua própria consciência lhe cobra o homicídio impensado. E o Senhor o que faz nesta ocasião? Providenciando que suas penas o machuquem mais ainda?

- Quem é você? O prefeito tentou argumentar, mas a força dentro de mim impulsionava minha voz e eu falava.

- Sou aquele que prevalece pela justiça, não esta justiça pífia das leis dos imorais dos homens, mais sim da lei do Grande, sabes quem é o grande meu camarada? É o ser que o seu desejo de vingança o afastou de si mesmo. É ele que quando estamos de bem com a vida o esquecemos, só lembramo-nos dele quando as horas de dores nos são chegada cancela adentro do peito. E você meu amigo sabes muito bem que estais em falta contigo mesmo, pois seu orgulho, sua vaidade, seu amor indigno e próprio vem desajustando vidas, querendo castigar um mancebo, mais não nota que és também um medíocre imprudente do destino e está sugestivo a sucessivos erros.

- Não admito isto nem que falem deste jeito comigo, sou a lei desta cidade.

- Concordo que manda, mas promove mal o seu mandato, pois seus desmandos são apenas para encher seus cofres esvaziando as barrigas dos moribundos que te confiaram um cargo e que estão sob suas responsabilidades. E a sua sede de vingança fez com que esquecesse o seu próprio filho morto, pois nenhum dia se quer levantou e acendeu um lume para seu anjo de guarda.

- Como pode querer justiça se és injusto para com seu próprio motivo de vingança, como pode querer a lei olho por olho, dente por dente se não olha para sua esposa e seus outros filhos? O prefeito ouvia e não sabia ao que fazer, foi acomodando numa cadeira e a força continuava maior dentro de mim.

- Não estou aqui tentando livrar a pele de ninguém e sim para que a lei seja justa, poderia eu aqui destrinchar a sua vida, por isso eu vos peço, reflita em tudo que venha fazendo. Deixe que todos sigam seus caminhos, falando estas últimas palavras, suspirei fundo tonteei-me e cai em um pranto condoído pedindo a Plínio e Tivas que me levasse pra longe dali.

- Quem é você? – Ouvi a voz do prefeito me indagando.

- Eu sou a filha de láurico, sinto muito pelo seu filho, mas eu um dia pensei amá-lo e ser amada por ele.

- Então você é...

- Sim a mãe do filho do seu filho, que é seu neto, lamento que nos conheçamos nesta situação depois de tantos anos e tantos dramas.

- Você me fez acordar e ver a vida hoje por outro prisma, mas na hora de falar parecia outra pessoa.

- Há várias outras maneiras de expormos nossos sentimentos e quando guardamos para nós mesmos, sempre há alguém que intercede por nós.

- Não entendi?

- Um dia o senhor prefeito irá entender, por hora acho que já desgastamos demais.

- Mas tudo aquilo que me falou como sabia?

- Não se trata de saber e de sentir, a ira o ódio o orgulho, a vaidade sopitam pelos poros, o amor ferido este sentimento causa muito mais dor, hoje somos carnes, amanhã seremos verme destruindo a carne. Se não cuidarmos do espírito a promovermos a renúncia em carne, teremos o auxilio de outros vermes que postulam a nossa carne. O prefeito olhou-me demoradamente não sei se me compreendeu mas se calou, saímos do presídio rumo ao nosso recanto com os corações aliviados e eu com uma certeza dentro de mim.

Dei mais um pequenino passo na vida, e que o grande arquiteto do universo nunca nos abandone, mais uma vez não acredito em coincidências e sim em providencia divina. Contamos todos os acontecimentos ricos em detalhes para Belarmino ele com seu cachimbo e sua caneca de café apenas sorriu e baforou mais uma vez o seu cachimbo soltando a fumaça pelo ar.

Passado alguns meses do incidente ocorrido no presídio fazendo minhas obrigações não pude deixar de ouvir um diálogo entre Plínio e Belarmino.

- Fio, olha, assunta; o seu coração já decidiu por você, sua decisão é esta que grita em seu peito a chamar.

- Sei disso seu Belarmino, mas já foram se tantos anos que não sei o que fazer, nem por onde começar.

- Fazer fio ou não fazer na sua situação dá no mesmo.

- Como assim? Plínio indagou enquanto eu chegava mais perto para me inteirar melhor com o assunto.

- Amor é uma palavra bonita dita por muitas bocas, pouco sentido pelos corações, amor é uma expressão que muitas vezes pra nós passa despercebida, mas nós meu fio, devemos nos flexionar o pensamento e buscar o verdadeiro amor. O amor de pai pra fia, o de mãe pro fio, de irmão pra irmão, o amor verdadeiro fio num tem cobranças, nem tem barreiras, é sem egoísmo. Quando se ama com a alma meu fio o tempo é apenas um número evasivo na terra. O amor não tem medo, não tem síndrome do acaso, tem acontecimentos que ocorrem na vida e em nome do amor, servem tão somente para tentar-nos é por em prova este amor. Desse amor Plínio, estamos tão longe deste amor que o que sentimos é carinho mútuo um pelo o outro.

E se você esta sentindo este amor, vá a onde está este amor, ande como o tempo andou e lute por este amor menino, vendo que eu ouvia a tudo ele quis saber minha opinião.

- Concordo com Belarmino temos que almejar o que é de melhor para nós e se esse amor o fará feliz, vá e tente mais uma vez.

- Mas se passaram tanto tempo outra vez inspirado Belarmino conclui.

- O amor vence as barreiras do tempo, mesmo quando ele parece esquecido.

- Mas eu não a esqueci um só momento.

- Então vá meu irmão, vá à busca de Dorinha.

Seguindo nossos conselhos nosso “Romeu” como na epopéia Shakespeareana partiu em busca de sua “Julieta” proibida, com o coração cheio de dúvidas, repleto de anseios o tempo passou e Dorinha como o veria novamente depois daqueles anos todos. E seu filho será se pelo menos nasceu sabedor da história contada por mim e Belarmino o tinha a certeza que se tratava de Dorinha.

Hoje ele era um caixeiro andante muito respeitado na região ao lado de Tivas havia expandido sua clientela, mas jamais ousava por os pés na cidade onde o Coronel mandava. Coronel prefeito era assim que ele gostava de ser chamado, às vezes na cabeça de Plínio se passava como uma flor tão bela como Dorinha pudesse nascer de espinhal igual o Coronel?

Divagando em seus pensamentos Plínio rompeu a barreira da cidade há quais cinco anos atrás, deixara um grande amor, um filho e um orgulhoso pai vaidoso e preconceituoso, homem que odiava não pelo que fizera a filha e sim por ser pobre. Quis nesta hora recuar na sua decisão, porém uma força superior o impulsionava, respirou fundo e foi adentrando a cidade pacata, onde todos conheciam a todos, onde alguns eram amigos outros inimigos. Um buraco tão pequeno que da entrada já se via a praça central minúscula que devido à proporção era igual à prefeitura, chegando nela coração batendo a pino, olhou tudo e uma atendente veio lhe receber.

- Boa tarde em que posso serví-lo?

- Boa tarde o prefeito está?

- Está sim, quem gostaria de lhe falar?

- Diz a ele que é Plínio o caixeiro viajante.

- Tem hora marcada Sr. Plínio?

- Não, mas eu preciso ter com ele um dedo de prosa.

- Vou ver o que posso fazer. A secretária saiu e ele ficou observando ela indo, seu pensamento foi a mil quando ouviu ser chamado.

- Senhor Caixeiro o prefeito vai atendê-lo venha comigo. Plínio acompanhou aquela moça arrastando seus pés, seu corpo parecia ter chumbo nas costas. Adentrando o gabinete do prefeito Plínio levou um susto e sorriu.

- Pois não senhor caixeiro em que posso lhe ser útil?

Refazendo-se do Plínio soltou uma gargalhada e pensou como foi tolo em procurá-lo na prefeitura já se passaram mais de cinco anos e um mandato dura apenas quatro anos e ele já era prefeito na época de seu envolvimento com Dorinha.

- Desculpe-me senhor prefeito, estava à procura por outra pessoa.

- Há! Sim sei você deve esta procurando o Coronel?

- É. Pensei que ele ainda era o...

- Era, mais o coronel perdeu a última eleição para mim, e hoje tento por em ordem alguns dos seus desmandos, mas o que o senhor tem com ele, algum negócio?

- Não é bem com ele, se é que me entende é com a filha dele.

- Dorinha.

- Conhece?

- Se não! Um anjo de pessoa, uma grande mulher se não fosse ela esta cidade estaria pior. Plínio interessado sentou-se se pos a ouvir o prefeito falar de sua amada.

- Dorinha meu rapaz é uma mulher de fibra, com seus préstimos e afrontas ao coronel prefeito mudou muito de seus maus feitos. Pois se tratando daquele traste mandaria matar todos os pobres do mundo, nunca vi homem igual a ele, odeia pobre, preto então, nem olhava, quem tratava era seus subordinados, mas Dorinha abraçou as causas dos pobres. Fazendo a contra gosto do pai campanha de auxilio aos desfavorecidos, trazendo médico e melhorando a alimentação dos menos favorecidos. A quem diga que ficou assim devido ao amor.

- Como assim?

- Ah meu rapaz! Dorinha amou um serviçal do Coronel, filho de dois velhinhos, emprenhou-se dele e por ser pobre seu pai expulsou eles de suas terras, e quis que ela tirasse o filho bastardo, mas ela menino, enfrentou o pai e teve a criança, uma linda menininha e desde então ela luta para confortar os pobres e necessitados. Uma lagrima discreta brotou nos olhos de Plínio, ele se levantou e mais do que nunca agora sim ele queria rever Dorinha, necessitava em falar do seu amor que nunca tivera outra no coração, fazendo como Dorinha fez, passando por cima do Coronel se preciso for.

Despediu-se do prefeito agradecendo-o pelas informações e rumou-se para a fazenda do prefeito Coronel, aliás, ex-prefeito Coronel. Nos arredores da fazenda Plínio foi sentindo uma euforia tão intensa que quase não continha em si. Vinha ele caminhando pela estrada lembrando-se do rosto de sua flor que na sua imagem desabrochou em seus braços e da força que adquirira nos últimos anos. E sua filha como seria há deve ser linda feito a mãe, e Dorinha e se ela não me aceitar por eu ter partido, me chamara de fraco por não lutar pelo nosso amor. Já na porteira percebeu as mudanças do local que deixara as famílias cheias de filhos, coisa que o coronel não permitia, certa paz aparente tomou conta da instância em seu intimo, as esperanças renovadas com aquela visão. Adentrou as terras do Coronel. Avistando ao longe a casa grande. Com crianças correndo e brincado em derredor dela. Foi aproximando-se viu uma menininha com seus quatro ou cinco anos no meio de uma dezena de meninos e meninas não teve dúvida, era ela a sua filha querida que não viu nascer, mas que reconquistaria o seu lugar de pai no seu coração.

- PLINIO! Ouviu o grito vindo da varanda, era Dorinha segurando um senhor emborcado, embasbacado parecendo um mongolóide, sem os movimentos dos braços, não falava, andando com dificuldades ela acomodou o pai numa espreguiçadeira e correu para os braços de seu amado. Chorando e sorrindo ao mesmo tempo sem ter o que falar matando a saudade de noites e dias, semanas, meses e todos os anos que os separaram.

A voz naquele instante foi o beijo em forma de som do grito que vinha de seus dois corações apaixonados e apartados pelo tempo e o preconceito. Até o céu chorou uma chuva fina, um pranto de alegria as crianças sem nada entender juntaram-se a eles naquele eclipse mágico de amor incondicional.

O coronel apavorado de olhos arregalados, espumando pelo canto da boca, odiando presenciar aquela cena de sublimação. Vendo chegar à suas terras o mesmo miserável sem teto que expulsara de sua fazenda. Seu corpo estava imóvel logo seus nervos por dentro tremiam repudiando aquilo, todo seu cérebro trabalhava normalmente e queria poder esganar aquele verme com suas mãos, mas aquela maldita doença infernal o reprimindo daquela forma, não era justo isso, pensava ele, dono de todo um poder num cárcere de carne, que ia a cada dia morrendo aos poucos. Passado a euforia do reencontro Plínio chegou perto dele e olhou nos fundos de seus olhos com piedade.


- Miserável afaste-se de mim, agora pode ate me matar estou indefeso. – Pesou o Coronel.

- Bom tarde Coronel!Que Deus lhe de forças para suportar sua batalha na vida.

- Papai ficou assim desde que perdeu as eleições. Foi um derrame fulminante não morreu por sorte.

- Cretino veio com esta conversa mole, vai querer só uma chance pra acabar comigo.

- Há casos como estes que são irreversíveis, queira Deus que o de seu pai possa ter melhoras.

- Já fizemos de tudo meu amor, mas papai ficará assim pra sempre, é uma pena.

- Que conversa fiada é esta? Não acredito em pobre principalmente neste daí que veio pra dar o golpe do baú.

- Querida depois falaremos de seu pai, quero saber de tudo, de você meu anjo, flor do meu jardim, conta tudo pra mim. Nunca me perdoarei por ter te abandonado. Sendo um covarde não lutando por você...

- Psiu! Dorinha pós o dedo nos lábios de Plínio e o silenciou com um beijo doce com sabor de perdão. Um beijo de amor de renovação e recomeço esquecendo de vez o passado. Pois o que importava para eles naquele dia era ter um ao outro em comum acordo para o resto da vida junto com Ângela o fruto do amor dos dois.

Horas mais tarde naquela mesma noite Dorinha narrou a Plínio a dor do pai, contou que o Coronel abusou do poder político angariando mais riquezas dos fundos de reservas do município para si. Seus meios não justificavam os fins, chorou ao contar da luta que teve para ter sua filha, as afrontas de seu pai o apoio da mãe, até a triste morte de sua mãezinha querida. Que depois da morte da esposa o Coronel, seu pai, perdeu mais ainda o escrúpulo ao ponto de perseguir os pobres e os negros da região, para açoitar ou até mesmo aniquilar da face da terra como ele dizia em alto brado.

- Raça de bestiais. – Pensava o Coronel e Dorinha continuava sua narrativa emocionada.

- Foi até que um dia eu cansada de ver os destemperos de papai decide unir-me ao novo prefeito então candidato a prefeitura e o apoiei a postular o cargo foi nesse intervalo que papai sofreu o derrame e vives assim, dependendo de tudo, tem horas que me sinto constrangida e, culpada por ele estar molestado desta forma.

- Não se culpe querida! Aprendi com a vida que somos os responsáveis, inocentes ou culpados pelos nossos próprios atos.

- Que isso agora! Quer me culpar? – continuava pensando o Coronel.

- Como assim explique-me.

- Ah não, me poupe, vai dar conversa pra esse petulante, ah nem me tira daqui, quero ir pro meu quarto.

- Não sou conhecedor profundo deste seguimento religioso, mas o estudo bem. Minha irmã, Tivas Neto e Belarmino, este último sim ele é conhecedor e sábio além de tudo.

- Que isso Plínio você ligado a Crendice popular, e sem a base de Cristo, protegida pela santa igreja católica? – Brincou dorinha.

- O! Opa! Pera ai que o assunto me interessou, o velho bruxo que não me atendeu aquele infame conte tudo que estou ansioso. Ah! Se eu ponho minhas mãos nele. Vamos ordinário desembucha.

- Ele nos ensinou que quase tudo que fazemos e passamos nesta vida são reflexos de outras vidas que vivemos. Se formos bons seremos bem recebidos, se fomos maus seremos mal recebido. Hoje consigo ter uma pequena compreensão do que corre na vida da gente.

- Mais papai foi mal nesta vida.

- É isso ai sabichão. Hei espera ai não fui mal coisissima nenhuma fui apenas criterioso.

- Sim, mais quem garante que em outra vida ele também não foi um rico Coronel e não soube administrar nem dividir seus bens com o próximo? E nesta encarnação veio, com o propósito de reparar os erros do passado e de novo sucumbiu ao seu orgulho e a sua vaidade preconceituosa de não admitir a pobreza.



- Não disse que ele ia me apedrejar, demorou pra me ofender.

- Querido! Uma mansuetude de voz chegou aos ouvidos do Coronel feito uma melodia harmoniosa.

- Dora é você? Grunhiu o Coronel.

- Sim Vespúcio sou eu. Meu querido.

- Você morreu! Pensou o Coronel Vespúcio.

- Morri e você vive. Ouça o que este rapaz está a dizer.

- Mas ele Dora, só que ir a desforra comigo.

- Não Vespúcio o ouça e depois lhe contarei uma história. E Plínio continuava seu enredo.

- Agora estamos aqui para melhorar nossa vida e reparar nossos erros.

- Então tudo é por uma causa? É muito difícil de aceitar.

- É lógico o efeito sempre tem uma causa, se não tivesse, qual seria a razão de nascer e morrer?

- É tem sentido. Mas continuo com um pé atrás.

- Os mistérios de Deus, minha bela, são frutos de uma sabedoria infinita, se não vejamos, vou contar a você a história de minha família e você verá que eu tenho mais motivos para acreditar na providência divina do que duvidar.

- Vespúcio.

- Sim Dora minha flor, sou todos ouvidos.

Há muitas eras atrás nasceram dois meninos um em cada família um rico e o outro pobre, um teve de tudo e do melhor e o outro, teve que lutar para conseguir ao menos sobreviver. Os anos se passaram eles se formaram homens feitos e formosos e belos. O rico, mais rico ainda, o pobre menos pobre, mas ainda pobre. Suas vidas transcorreram normalmente assim como a amizade que um nutria pelo outro desde a infância. Ate quando eles fizeram uma aposta num tabuleiro de xadrez, quem ganhasse consumiria a vida do outro e todos os seus bens. E o jogo começou uma partida de xadrez que travaram durante dias e noites seguidas, pois se tratavam de dois excelentes enxadristas de um lado o rico do outro o pobre. O XEQUEMATE saiu para o pobre, e o rico não se conformando com todo o dinheiro que possuía perdera no melhor jogo que jogava. Para o pobre isso era o cúmulo, não satisfeito com o resultado pediu revanche ao adversário que negou prontamente exigiu o comprimento da aposta. Ferido no brilho e no orgulho, o rico enfurecido sacou-se de uma arma de fogo, porém o pobre com uma agilidade gatuna tomou-lhe a pistola disparando no outro a queima roupa um tiro sem misericórdia.

Com remorso o pobre infeliz naquele momento mortífero, vendo o amigo de infância morto na sua frente, quis correr, mas os presentes não deixaram e de pavor pôs a arma de contra ao ouvido e sucumbiu pela suas próprias mãos morrendo instantaneamente.

Encontrados no plano de cá, firmaram o compromisso de voltar à gleba das expiações e voltaram. O rico como o Coronel prefeito Vespúcio e o pobre na pele do bom velhinho João do Norte. E novamente meu querido você sucumbiu aos seus afazeres com a riqueza e seu amigo pobre tentou redimir-te as duras penas e, como o resgate é de fórum íntimo, João do Norte hoje se encontra de cá e te amparará. Então aceite a sua sina com devoção e comoção.

O coronel prefeito chorava comovidamente. Dorinha e Plínio olharam pra ele e foi Plínio quem disse.

- Pobre coitado, o Coronel ouviu a historia da minha família e se comoveu.

- Deve ter se arrependido – Falou Dorinha levantando-se depositando um beijo na face empapada de pranto e dor.




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