Leblon. Os assaltantes estavam misturados na multidão e não tiveram
dificuldades em dominar os funcionários do caixa de uma casa noturna,
de dois andares, mistura de lanchonete, livraria com jogos eletrônicos e
restaurante com shows de músicas ao vivo. Limparam o caixa, que tinha
o equivalente a cinco mil dólares em cédulas e um volume ainda maior
em cheques.
Teria dado certo em menos de três minutos, tempo médio das ações
de surpresa nas agências bancárias, se não fosse um disparo acidental
de uma arma de fogo dos assaltantes. O tiro atingiu o teto sem ferir ninguém,
mas provocou a reação dos seguranças da casa, que estavam em
trajes civis no meio dos jovens. O tiroteio gerou correria e pânico entre
centenas de pessoas. A maioria jogou-se no chão. A confusão aumentou
ainda mais no momento em que os assaltantes jogaram os cheques e um
pouco de dinheiro para o ar. No meio do empurra-empurra, chegaram
até a saída, onde eram aguardados por quatro motoqueiros. Abriram caminho
no meio da multidão dando tiros para o ar. Na garupa da moto de
maior potência estava um jovem moreno, que usava cavanhaque e tinha
os cabelos pretos encaracolados e os olhos característicos dos orientais.
Em duas reportagens, lidas por Luana, esse possível líder do assalto fora
identificado como um dos homens mais procurados pela polícia do Rio,
Juliano.
Bem que Luana havia desconfiado quando certa noite encontrou Juliano
treinando pilotagem de moto na área do Tortinho, na parte alta do
morro. Ele escondera que a moto era dele, comprada com o dinheiro do
roubo do aeroporto e que já era o primeiro investimento para a próxima
ação, que vinha sendo planejada havia meses e anunciada como algo
espetacular.
O plano e o levantamento de informações do novo assalto foram assumidos
por Juliano, que os guardou em segredo por um longo tempo.
Os homens só sabiam que mais uma vez agiriam em parceria com os
caxangueiros, mas que eles não teriam voz de comando. Desde a fase de
planejamento, apenas as pessoas mais próximas de Juliano tinham uma
noção de qual seria o alvo. Ele encarregou a sua irmã de criação, Diva, e a
grande amiga, Luz, da tarefa de gravar imagens do cotidiano de algumas
vítimas potenciais.
Com uma câmera amadora emprestada, elas gravaram mais de seis
horas de cenas do subúrbio da cidade, local escolhido por Juliano para o
que chamava de grandioso ataque. As filmagens mostravam fachadas de
empresas, detalhes de algumas ruas, muitos carros em movimento, cenas
com viaturas no trânsito, policiais em serviço nos postos de vigilância
e muita gente trabalhando na rua: vendedores de cachorro quente, garis
fazendo a coleta de lixo, bombeiros de plantão no quartel.
Para aumentar ainda mais o mistério, uma semana antes do dia do
grande assalto Juliano mandou suspender as atividades da boca e recolheu-
se à Toca para assistir exaustivamente às filmagens feitas por Luz
e Diva e a partir delas elaborar o roteiro detalhado da ação, a definição
do horário, do tipo de equipamento necessário, do número de integrantes
que precisava selecionar. Da Toca só saía, eventualmente, para dar continuidade
a seus diálogos com os intelectuais ou durante a madrugada para
treinar pilotagem de moto no Tortinho. Marcou o assalto para a manhã
de uma segunda-feira. A quadrilha só ficou sabendo disso um dia antes,
no “ensaio geral” do domingo, que foi feito em duas fases, uma teórica
e outra prática. O ensaio teórico foi no barraco de Luz e teve acesso limitadíssimo,
para preservar a identificação dos chamados colaboradores
do assalto. Eram quatro trabalhadores, dois homens e duas mulheres.
Depois de conhecerem o mapa e assistirem ao filme do local escolhido
para o grande ataque, todos tentaram desistir. Ficaram com medo principalmente
de se tornarem conhecidos como assaltantes. Para convencê-los
a continuar fazendo parte do plano, Juliano teve que jurar segredo total
sobre a participação deles. Prometeu que nem os homens selecionados
para a missão seriam informados do papel que cada um iria cumprir. Explicou
que a ação seria feita em dois grupos e nenhum teria conhecimento
dos detalhes da função do outro, nem quais seriam os integrantes. A
aula prática foi no Tortínho, com a participação de apenas cinco homens
convocados. E começou com uma informação preocupante.
- Eu estarei no comando na moto número zero, aí. Na minha garupa
estará o Paranóia. Aí moleque, grava o teu código: “moto zero”, a do comando,
aí! - avisou Juliano para espanto de todos. Por mais que tivesse
treinado durante a semana, continuava um péssimo piloto. Juliano estava
fascinado com o sucesso das motos na favela amiga do Jacarezinho e quis
adotá-las também na Santa Marta. Ignorou um detalhe fundamental: na
favela dos amigos as ruas eram planas, a favela era horizontal, enquanto
o Santa Marta era quase vertical, só existiam becos e vielas com aclive de
até 60 graus. O pessoal tentou fazê-lo mudar de idéia, mas nem precisou
falar dos impedimentos geográficos. A intenção de Juliano não resistiu
ao primeiro exercício da aula prática.
Na hora de fazer o roteiro do caminho que usariam para sair do morro
de madrugada, Juliano perdeu o controle de sua moto ao desviar de uma
criança que cruzou à sua frente. Estava na curva do Salgadinho sobre
uma máquina potente, de 500 cilindradas. Em vez de reduzir a marcha,
ele acelerou ainda mais. Em seguida, brecou forte, provocando a derrapagem
da roda traseira, saindo dos limites da viela. Desgovernado, Juliano
quebrou uma cerca de madeira, bateu com a roda dianteira nos degraus
da entrada de um barraco e caiu sobre duas folhas de amianto cobertas de
roupas úmidas postas a secar ao sol.
- Sou bom pra caralho, aí. Se fosse outro, teria atropelado a criança,
sacou? - disse Juliano com a costumeira falta de modéstia. Precisou Luz
apresentar seus argumentos para convencê-lo de que na garupa da moto
o risco de todos seria menor.
- Tu vai de piloto, não. Tu tá maluco? E a Jovelina? Como tu vai dá
um teco de fuzil com as duas mãos ocupadas no guidão da moto? Eu que
fumo e cheiro e tu que fica boladão, Juliano? Eu hein?
- Até tu, Luz. Até amanhã tarei fera, voando baixo pra cima deles, aí.
Esse morro vai ficá rico, mulhé - rebateu Juliano.
- Mas na garupa, caralho. Se precisá trocá com os homis, como vai
sê? Tu confia no Paulo Roberto?
Todos os outros tinham alguma experiência em pilotagem de motocicletas,
mas principalmente em assaltos motorizados. Paulo Roberto,
escolhido piloto de uma das motos, levaria em sua garupa o jovem caxangueiro
Tucano. o cabeça da segunda moto, o veterano William, também
teria na garupa um adolescente estreante em assalto, Pardal.
Careca ia de carro com Tênis e Nego Pretinho. A intenção de Julíano
era formar três duplas com uma constituição equilibrada entre traficantes
e caxangueiros para agir no momento mais importante e arriscado da
ação, a Etapa B.
A Etapa A começou às sete horas da manhã com a operação de limpeza
da rua da Castanha, em Brás de Pina, que nunca mereceu tanta atenção
da prefeitura. Numa ponta da rua, três homens uniformizados corriam
pela calçada recolhendo sacos plásticos, pretos, amontoados ao lado dos
postes da rede de distribuição de energia elétrica, e os jogavam dentro do
Comlurb 1, o caminhão da Companhia de Limpeza Urbana do Rio. Na
outra ponta, a menos de 300 metros, um outro grupo de lixeiros reforçava
a operação, embora não houvesse mais nada para coletar com o Comlurb
2. Careca, o piloto do Comlurb 1, entrou à direita na travessa do Abacate
e 30 metros adiante estacionou no meio da rua porque as laterais estavam
tomadas pelos carros. A demora na coleta do lixo irritou o motorista do
caminhão que vinha atrás. Ele pressionou com a buzina, piscou os faróis
e acelerou forte, sem movimentar o pesado caminhão blindado da maior
empresa de transporte de valores do país. Tentou sair de ré, mas já era
tarde. Na direção do Comlurb 2, William acelerou para cima do carro
forte, bateu em sua traseira e o lançou contra o Comlurb 1.
O sanduíche do caminhão impediu a fuga por trás e pela frente, mas
os guardas reagiram disparando suas armas pelos orifícios da carroceria,
que só permitem tiros de dentro para fora. Ao mesmo tempo duas duplas
de motoqueiros avançaram dos dois lados da rua. Dois deles, Juliano e
Paranóia, deixaram a moto atrás do Comlurb 2, saltaram sobre o compartimento
de entrada do lixo e se juntaram a Pardal, que já subia pelas colunas
dos grandes amortecedores da caçamba. Os três pularam para o teto
do caminhão blindado, onde não há orifícios para os guardas enfiarem
suas armas e disparar. O teto era a parte mais vulnerável do blindado. As
laterais de aço da carroceria, assim como os vidros, eram à prova de rajadas
de metralhadoras, de tiros de espingardas e de fuzis e até de explosões
de granadas. Mas a capota suportava no máximo tiros de revólver, e os
assaltantes sabiam disso. Quando Juliano começou a disparar a Jovelina
e abrir rombos na chapa do teto, os guardas começaram a gritar.
- Não atira, não atira. Vamos abrir, vamos abrir!
- Abre logo, caralho. Abre! - gritou Juliano.
Em menos de um minuto, os guardas conseguiram abrir a pesada porta
de aço. Ela já estava entreaberta, o primeiro guarda começava a sair
quando um incidente o fez recuar. A súbita aparição
de Paulo Roberto apontando um fuzil contra a porta e aos gritos de
que iria matar, assustou o guarda que instintivamente fechou a porta para
se proteger. E não conseguiu abri-la mais.
- Emperrou! Não dá para abrir, não! Não atira. Não atira! A porta
quebrou! - gritaram nervosamente os guardas dentro do caminhão.
Pouco adiantou a reação deles. Paulo Roberto, Tucano, os dois pilotos
William e Careca, todos disparavam suas armas para pressionar os
guardas a sair, mas eles gritavam que a porta havia emperrado. E tentavam
se proteger dos tiros que vinham do teto, onde Paranóia disparava
o seu fuzil G-3 enquanto Juliano esbravejava, já revoltado com a atitude
de Paulo Roberto.
- Viado! Viado!
A atitude de Paulo Roberto não estava prevista nos planos de Juliano.
Em vez de apavorar os guardas, ele deveria apenas rendê-los e transformá-
los em reféns pelo tempo em que demorariam para tirar os malotes
do caminhão. E, para a fuga, planejara deixar os guardas presos dentro do
blindado. Ao perceber que o assalto começava a fracassar, Juliano saiu
do teto do caminhão e correu, revoltado, na direção de Paulo Roberto,
que já estava sobre a moto, pronto para fugir. Tucano e Patanóia ainda
disparavam enlouquecidos contra o caminhão blindado, enquanto Juliano
ameaçava o cunhado.
- Filho da puta, tu fudeu tudo, caralho!
- A porta emperrô, porra. Vamo vazá. Vamo vazá! - gritou Paulo Roberto,
preocupado em fugir o mais rápido possível.
Careca e William abandonaram os caminhões do lixo e fugiram na
moto que haviam estacionado na rua do assalto. Paulo Roberto e Tucano
saíram juntos em alta velocidade. Juliano não quis acompanhá-los.
Arrasado, foi ao encontro das duas mulheres colaboradoras do assalto
para desativar a Parte 3 de seu plano, que seria a fuga com o dinheiro
do roubo. As duas vendiam cachorro-quente em camionetes que tinham
os vidros cobertos pela palavra hot-dog pintada em letras enormes. Elas
estavam dentro de seus carros, prontas para receber os malotes roubados
e levá-los para a Santa Marta. Certo de que jamais despertariam suspeitas
da polícia, Juliano prometera pagar um bom dinheiro pela tarefa, o
equivalente a cinco mil dólares. Os motores dos carros estavam ligados
quando Juliano apareceu para avisar que o assalto fracassara.
- Já é, aí! Estava tudo perfeito, mas o Paulo Roberto ferrô tudo... vacilô...
vacilô...
- Mas como? Tu não trabalhô três meses nesse plano, Juliano? Pegaram
nada? Nem um pacotinho?
- Nem um centavo. Era pro morro ficá rico. Ficamo mais falido do
que nunca.
CAPÍTULO 29 FAVELA ZAPATISTA
- Você venceu, Luana. Vô entregá as armas! Vô deixá o morro.
O aviso lacônico, com voz embargada, foi gravado na secretária eletrônica
de Luana no dia do assalto fracassado. A namorada ouviu o recado
ao chegar em casa à noite e, cheia de entusiasmo, ligou imediatamente
para Juliano, que estava com o celular desligado. Luana assistiu na TV à
notícia do assalto, que teve grande repercussão por causa do uso de caminhões
de lixo na ação. Desconfiada do envolvimento do pessoal da Santa
Marta no episódio, foi até a favela tirar as dúvidas. Mas não conseguiu
passar do ponto de observação de Mãe Brava. Depois de mais de dois
anos de romance com Juliano, Luana ainda enfrentava as mesmas barreiras.
Por princípio, Mãe Brava negava o acesso das visitas de surpresa.
- Luana, tu aqui a essas horas, mulhé? - perguntou Brava.
- Como está o Juliano, dona Brava? Alguém pode me levar lá em
cima?
- Tá louca, menina? O bicho tá pegando. A polícia invadiu tem mais
de duas horas e ainda não saiu, tá esculachando todo mundo. A rapaziada
tá entocada desde o fim da tarde - disse Brava.
- Então vou ficar aqui. Preciso saber se ele está bem.
Luana só ficou mais calma quando o missionário Kevin apareceu na
birosca de Brava, trazendo notícias do namorado. Disse que Juliano havia
chegado à favela pelo meio da floresta, no começo da noite. E que
marcara um encontro com ele na casa de seu Tinta para informá-lo da sua
intenção de sair do morro e abandonar o tráfico de drogas. A conversa
entre os dois não teria durado cinco minutos
Por medo de ser descoberto, em seguida Juliano teria saído do barraco
à procura de um lugar menos visado. Achava que, por causa da repercussão
do assalto, a polícia iria intensificar ainda mais as buscas por
ele. Estava abatido pelo fracasso do plano e carregava um computador
pendurado no ombro.
- Que novidade é essa, aí? - perguntou Kevin.
- Era de um playboy. Pagamento de dívida, sacumé - respondeu Juliano.
- Aí o cara, aí. Laptop! Gostei de ver.
- Vou aprendê a mexê na internet e o caralho. Tu é bom nisso, Kevin?
- Tem um curso lá na Casa da Cidadania, toda a molecada do morro
tá aprendendo...
- Vô tê aula particular, aí! Depois vô embora. Dá mais, não, Kevin.
- Dou a maior força. Mas tem que ser bem pensada a sua saída, cuidado!
- Qualqué hora eu te ligo para a gente combiná a fuga. Antes vô aprendê
a mexê em computador.
Depois vou precisá de muita ajuda, principalmente da tua ajuda, Kevin.
Luana foi embora feliz com a confirmação de que o namorado pretendia
mesmo largar o tráfico e começar vida nova. O missionário e a Mãe
Brava ficaram preocupados. Passaram boa parte da madrugada discutindo
a decisão de Juliano. Os dois sabiam que ele não tinha muita escolha.
Estava quase falido, o fracasso do grande assalto consumira as últimas
economias.
Além de ter gasto o que ganhara no roubo do Galeão, Juliano endividou-
se com muita gente que participou de seu plano. Não tinha mais
como honrar o pagamento por falta de condições de reativar as vendas
de drogas, reduzidas a um décimo das registradas nos bons tempos. A
pressão do inimigo o impedia de tentar a retomada do comércio.
Os homens davam sinais de cansaço devido à pressão do cerco diurno
da polícia e dos tiroteios com os inimigos que atacavam na madrugada.
O exército minguava dia-a-dia. Era formado por oitenta em 1987 e nesta
crise de 1998 estava reduzido a trinta, na maioria adolescentes que não tinham
mais a unidade de antes. Estavam divididos pela influência de duas
quadrilhas, a de assalto, liderada por Paulo Roberto, e a de tráfico, cuja
origem era a Turma da Xuxa. A maior parte era iniciante na atividade da
boca e tinha à disposição menos de vinte revólveres, uma metralhadora
e dois fuzis.
Ainda na semana do grande assalto fracassado, Juliano escreveu uma
carta para explicar os motivos que o levaram a renunciar ao comando. Ele
convocou uma espécie de assembléia, que deveria reunir as pessoas que
considerava as mais influentes na favela, para anunciar a sua decisão.
Mas no dia em que havia marcado ele próprio não apareceu. Mandou um
representante, a amiga Luz, que leu em público uma carta redigida por
ele a mão e que iria ser enviada aos dirigentes do Comando Vermelho,
que estavam presos nas cadeias de segurança máxima de Bangu:
“Humildemente meu respeito a todos os membros do grupo bem como os
demais irmãos. Pesso a oportunidade de desenrrolá o que houvé contra mim.
Sei que vários irmãos não me conhece realmente, assim quero pasá quem sô, de
que tempo vim, e em que realmente acredito! Me envolvi foi nos anos 80, tempo
que perdemo o morro.
Perdemo para o Tercero Comando. Demorô 4 anos até retomar. Nesses 4
anos vivi na Rocinha, Pavão, Leme, Engenho da Rainha, Santo Amaro, na rua.
Nessa primeira guerra meus pais perderam suas casas e tudo que tinham, só
ficaram com a roupa do corpo. O Robison me enprestô um barraco, para mim
dechá minha família. As deichei lá enquanto ia a luta, dormi no mato, nas lajes,
em barraco de embalação, em igreja. Lutei nas 4 guerras.
Até a útima esperança e momento, fui preso em duas sem interece de ser
nada por pura vontade de ímplantá paz, justiça e liberdade. E voltá para minha
pátria.
Retornamos. Fui vapor, avião, plantão, chefe de plantão, gerente e seria
sempre se o Da Praça quisesse, mas na verdade ele queria um robô, um exemplo.
O Cláudio bem como o Galego subiam o morro encapuzado por ordem dele
no tempo dos alemãos. Quando ele viu que para isso eu não servia, jogô o jogo
com o Cláudio, que jogô o jogo dele. E um foi tramando com o outro.
E a polícia que quase me apanha e se apanhasse eu morreria, fui caguetado
pelo Cláudio.
Nessa exata época saiam gastos muito acima das condições e nunca era
descontado na contabilidade. Eu e Raimundinho reclamava ao contador, o contador
dizia que o que tava acontecendo tinha a supervizão do Da Praça e do
Cláudio. Esse é o contador que mais a frente concluiu a morte do Raimundo!
Naquele tempo era tudo dividido entre 4. Pedi uma reunião, o Da Praça disse
que não vinha, pois diz que eu poderia tramá contra ele. Fiquei como!? O
patrão diz que não vem aqui porque eu vou matá ele? E ele é o cara que eu já
fiquei na frente de tiro para o tiro não acertá nele! Cláudio ri para minha cara
cinicamente. O contador diz que de 10 falta 9 tá certo!? O irmão que tá do meu
lado e irmão do que tá tramando pra mi matá! Deduzi que ô tomo uma atitude ô
morro pois não me querem mais. Usaram o suficiente e já não serve mais. Mas
eu tinha a razão, tinha a comunidade, e o Raimundinho fechava comigo, bem
como 75 por cento da rapaziada.
Mas depois de tanta luta, tanta morte, mais morte agora por causa de olho
grande e dinheiro. Não quis uma divisão. Dechei tudo que tinha, dívidas que
vários morros tinha com migo, minha casa, minhas armas, meu cachorro, meu
filho tudo.
Eu acreditava e acredito na filosofia da família de paz, justiça e liberdade, e
era um momento que precisava sê dado uma chance de vê existindo! Enquanto
sofríamos éramos irmãos, quando o dinheiro apareceu somos amigos ! ????
Com essa atitude decheí o tempo demostrá que a filosofia de paz justiça e liberdade
existe. Tudo que falo se demonstra na prática, em pouco tempo, 3 meses
depois exatamente o Da Praça perde o morro, e 1 ano depois Cláudio manda
matá seu próprio irmão para dominar só o morro! E como por castigo vai preso!
No mesmo momento que o Raimundínho tá sendo jogado nas paineiras, as
armas que vai pro acerto do Cláudio ja eram do falecido Raimundo, vejam bem
nem enterrô o irmão. A trama deles é que o Raimundinho iria me fazê uma visita,
daí sumi. Eu ia sê o culpado e ele mataria 2 coelhos com uma machadada
só! Mas na mesma hora um morador veio me avisá, eu avisei os guerreiros que
não participaram, os quais vão a minha procura pois sempre fui o líder no coração
de todos. E até do Raimundinho. Pelas guerras que participei bem como
a luta para botá na linha a minha irmandade de irmão.
Com total apoio dos moradores e com 80 por cento da rapaziada, voltamos
com as armas que muitos guerreros trouceram, de outros irmãos bem como o
apoio do Dudu da Rocinha que hoje fala mal de mim. Mas pode dizê pois teve
a oportunidade de prezenciá a forma que a comunidade me recebeu. E a recíproca
é verdadeira. Se provô assim que a filozofia de paz justiça e liberdade
eziste.
Mesmo hoje com todos nós duros, em dificuldades, mantemos a moral em
pé. E é dessa moral que queremos falá. Especulam que nós não vizitamos niguem?
quero esplicá que nossa família se mantem na garra. A grande parte
mais conciente tá presa, e fazem muita falta. Mais de 40 morreram, nós aqui
estamos mantendo a bandeira erguida, só no orgunho a 9 meses os Bopes estão
plantados. Na medida do pocível vendemos para nos mantê.
Temos dificuldades de sinceramente de tudo, e sabemos que não podemos
batê cabeça, temos certeza isso será superado. A respeito que estamos longe,
veja todas as horas que sabíamos que a família precisava estavamos, seja na
Rocinha, na Manguera quando os alemão invadiram, no Vidigal, no Turano,
nos Prazeres, no Cerra, no Galo, no Jorge Turco, no Encontro, isso é um pouco
de nossa participação. Hoje nossos brinquedos estão servindo em guerras bem
como fortalecimentos de irmãos.
Portanto não podemos tá em falta de sintonia porque se tivécemos não teríamos
tados prezentes nessas batalhas em tempo distinto uma da outra não é
mesmo? Fora o papo que sempre fizemos por amô a família sem enterece do
famoso precinho de hoje em dia!! Sabemos que devemos fazê vizitas a área de
irmão, e até vamos na medida do pocível, pois temos nossos próprios problemas!!
Nós acreditamos também que irmandade tá no coração, e na conciencia,
como todos achamos que não preciza tá presente para sê respeitado e lembrado
como irmão! Quando isso não acontece como agora que não reconhece o irmão
me subimeto a desenrrolá o que quiserem. Pois o errado permaneceu entre
vocês porque o certo não foi escutado. vou prová isso!!!!!
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